segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Cubanos só recebem 500 euros

Cada médico cubano contratado pelo Estado português recebe apenas 500 euros por mês dos cerca de 2500 euros de salário pago pelo Ministério da Saúde através do governo de Cuba. Quinze euros vão para as famílias e o restante, cerca de 2000 euros, vão directos para os cofres do Estado cubano, ou seja, 80 por cento do salário vai para o regime de Havana. Cabe às autarquias muitos dos encargos com estes médicos, como rendas de casa, transportes e facturas de água e de luz.
O Governo português está satisfeito com o negócio, porque resolveu o problema da falta de médicos, e Cuba recebe divisas. A situação choca os clínicos portugueses, mas os visados não se queixam e remetem-se ao silêncio.
Inicialmente os médicos cubanos recebiam 300 euros, o equivalente ao que recebem no seu país, mas o custo de vida em Portugal obrigou Cuba a pagar-lhes 500 euros mensais.
Para muitos médicos portugueses, as condições dos cubanos são desumanas. Carlos Santos, dirigente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), declarou ao CM que o assunto já motivou a reclamações às Autoridades Regionais de Saúde do Alentejo e Algarve, regiões que acolhem a maioria dos 44 médicos cubanos, em Portugal desde Agosto de 2009.
A maioria destes médicos não quer falar à imprensa por "não estar autorizada", segundo confidenciou ao CM um dos clínicos.
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, nega ao CM que haja discriminação. "O Estado português paga em iguais condições aos médicos cubanos como a qualquer outro médico de família estrangeiro ou português a fazer 40 horas semanais. E paga horas extra se forem feitas." Quanto ao magro rendimento, Pizarro sublinha que "o Governo português não tem nada a ver com a forma como o pagamento da remuneração é feita por Cuba aos médicos."
Aqueles médicos têm habitação e transporte garantidos pelos municípios das regiões onde estão colocados. A Câmara de Alpiarça, por exemplo, suporta uma despesa de 350 euros pela renda da casa onde habitam os dois médicos cubanos que ali prestam serviço. E paga ainda as facturas da água, electricidade, gás, televisão e internet.
A braços com sete mil utentes sem médico de família, a autarquia viu-se obrigada a aceitar os encargos para não correr o risco de os profissionais cubanos serem colocados em outros concelhos.
ESTRANGEIROS
Médicos estrangeiros registados na Ordem dos Médicos que exercem ou exerceram no País.
Espanhóis: 1948
Brasileiros: 621
Angolanos: 161
Alemães: 130
Ucranianos: 119
Guineenses: 107
Cubanos: 81
Italianos: 74
Cabo-verdianos: 71
Moldavos: 56
Russos: 54
Franceses: 47
São-tomenses: 43
Holandeses: 42
Romenos: 29
Ingleses: 27
Venezuelanos: 26
Moçambicanos: 23
Belgas: 19
Uruguaios: 17
Americanos: 16
Polacos: 15
Búlgaros: 12
Argentinos: 11
Austríacos: 7
Checos: 8
Húngaros: 5
Suecos: 5
Gregos: 4
Letónios: 3
Finlandeses: 2
Sul-africano: 1
Norueguês: 1
Cipriota: 1
Esloveno: 1
Lituano: 1
Chinês: 1
Irlandês: 1
Luxemburguês: 1
CASAL ELOGIA INFORMÁTICA
O casal Jorge Sobriño, de 42 anos, e Mercedez Garcia, de 36, está colocado no Centro de Saúde de Alpiarça. Cinco meses passados, ambos dizem-se "muito satisfeitos"e "adaptados" à vida na povoação. Apesar de garantir que a medicina familiar está mais avançada em Cuba, Jorge Sobriño ficou "agradado com as boas condições" que encontrou em Portugal, elogiandoo sistema informático e o acesso imediato às informações sobreos pacientes. Cada um serve mais de dois mil utentes e chegam a dar trinta consultas por dia.
EXAMES PARA DAREM CONSULTA
Para exercerem medicina em Portugal, os médicos cubanos fizeram um exame preparado pela Ordem dos Médicos, ainda em Cuba,e mais dois exames no Porto, um de medicina e outro de línguas, aquando da sua chegada a Portugal, a 8 de Agosto. Além de Portugal, os únicos dois países da Europa que estabeleceram protocolos com Cuba são Itália e Suíça. Fonte do Ministério da Saúde admitiu aoCM que "este foi um bom negócio para Portugal e que está a dar bons resultados", estranhando a polémica à volta desta contratação.
MINISTÉRIO DA SAÚDE AVALIA TRABALHO DE SEIS MESES
O Ministério da Saúde vai fazer uma avaliação aos médicos cubanos no final de Fevereiro, seis meses após o início das suas funções, em Agosto de 2009. A garantia foi dada ao CM pelo secretário de Estado Adjuntoe da Saúde, Manuel Pizarro: "Será uma avaliação para saber como os médicos se sentem, se estão adaptados. Iremos ouvir os doentes e as direcções das unidades de saúde onde estão colocados." O governante não descarta novas contratações para os próximos anos.
PROTOCOLO: 3 ANOS DE TRABALHO
O contrato de trabalho dos 44 médicos cubanos foi estabelecido mediante um protocolo entre os dois governos, português e cubano, e tem um prazo de três anos
GARANTIA: MENOS CONTRATOS
O Ministério da Saúde garante que se Portugal já tiver resolvido o problema da falta de médicos dentro de três anos então não haverá mais contratações temporária de estrangeiros
PAÍS: COLOCADOS NO INTERIOR
O grupo de 44 médicos cubanos foi contratado para suprir as necessidades das zonas do País mais carenciadas – 24 estão no Alentejo, 18 no Algarve e dois médicos trabalham no Ribatejo

Cristina Serra/J.N.P.

3 comentários:

Anónimo disse...

Como podem faltar médicos em Portugal, se o Estado colocou um crivo fortíssimo, durante décadas, na admissão ao ensino da Medicina invocando, precisamente, a saturação do mercado?



Ass.: Anónimo e talvez ignorante, mas não estúpido.

Anónimo disse...

este blog pretende "recolher informação sobre saúde pública" ? então deixe que lhe dê informação e fale de médicos cubanos: se nos Centros de Saúde OS MÉDICOS algum dia fazem medicina preventiva é por acaso, o que fazem é despachar doentes com uma receita na mão, Cuidados Primários em Cuba não têm nada a ver com os daqui, é que lá OS MÉDICOS previnem mesmo e não gozam de impunidade total.
Querem saber como fazer um levantamento popular em Cuba? É dizer num consultório de médico de familia :"o senhor utente tem consulta marcada para o mês que vem" caía o carmo e a trindade, esperar um mês pelo médico DE FAMÍLIA??? Nem um dia. Se for cá dizem:"que sorte, tão rápido, costumo esperar dois..." trabalhei 8 anos num Centro de Saúde, 21 num hospital. Tchau.

João Massapina - Blog's disse...

Estimado Anonimo

Este blog esta vocacionado para divulgar e debater todos os assuntos relacionados com saude em geral.
Grato pelo comentário, dizer-lhe que a questão sobre os medicos cubanos, e o seu vencimento de 500 euros, é mais uma questão politica que de saude, uma vez que o Estado Cubano se especializou em formar profissionais, e a utilizar os mesmos como meras 'prostitutas' um pouco por todo o lado.
Obviamente que respeito a sua opinião favoravel ao regime cubano, mas de forma alguma posso estar de acordo com esse regime despota e ditatorial que faz de um povo seu escravo, como se a familia Castro fosse uma monarquia sem limites.
A liberdade vai chegar a Cuba, da mesma forma que chegou a todos os outros regimes ditatoriais com o mesmo tipo de filosofia.
Saudações