quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Recaida em leucemia infantil pode ser evitada

“Cientistas norte-americanos descobriram alteração genética que pode provocar reincidência na forma mais comum de leucemia infantil. Em Portugal, são afectadas 150 crianças por ano.”

Cientistas norte-americanos descobriram a mutação genética que pode levar à recaída das crianças vitimas da forma mais comum de leucemia, acendendo uma nova luz para o seu tratamento. Os investigadores chegaram à conclusão de que passa a ser possível determinar o tipo de tratamento mediante o risco de recaída nos doentes com leucemia linfoblástica aguda. Esta forma de leucemia afecta especialmente as crianças e atinge cerca de 150 por ano, em Portugal.
“Com esta descoberta pode chegar-se à conclusão de que é preciso, à partida, uma terapia mais agressiva”, explica Manuel Teixeira, director do serviço de Genética do IPO do Porto. Os especialistas reconhecem que este é o grande passo da descoberta coordenada pelo Instituto Nacional do Cancro dos EUA.
Este tipo de cancro do sangue tem uma elevada taxa de sobrevivência em Portugal (cerca de 90%), ainda assim 70% dos que sofrem uma recaída não sobrevivem mais do que cinco anos. Daí que a descoberta da possível causa para a reincidência abra as portas à criação de medicamentos que combatem a mudança do gene IKAROS. Por isso, Nuno Miranda, hematologista do IPO de Lisboa, considera que “este é seguramente um passo para tornar algumas doenças eventualmente crônicas, abrindo as portas a uma nova família de medicamentos que leve a isso”.
A mudança genética é detectável no momento do diagnóstico e permite dividir os doentes em dois grupos, dentro da categoria em dois grupos, dentro da categoria de alto risco. Alguns terão de ser submetidos a terapias mais agressivas, enquanto outros podem ser poupados a níveis de toxicidade que podem ser prejudiciais a longo prazo.
O estudo analisou em simultâneo células de 221 crianças com leucemia linfoblástica aguda em fase de diagnostico e o risco de variação do gene em 258 crianças curadas. “O resultado deste trabalho contribui para distinguir aqueles que serão incuráveis e para identificar os pacientes que devem ser submetidos a tratamentos diferentes,” referiu o coordenador do estudo Stephen Fome”.
Nuno Miranda concorda com esta perspectiva ao defender que “é apenas mais uma ferramenta para caracterizar os tratamentos de prognóstico”. Já para Jorge Espírito Santo, presidente do Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos, “o caminho para a cura passa pela descoberta de uma característica única do tumor e pelo seu tratamento”.

Os números da doença infantil

Todos os anos são afectados por leucemia lonfoblástica aguda entre 100 e 150 crianças, até aos 18 anos em Portugal.

A taxa de sucesso do tipo de leucemia mais comum entre as crianças e jovens é de 90% em Portugal.

A taxa de sobrevivência a nível mundial após uma recaída é de apenas 30% nos primeiros cinco anos após a doença.

A taxa de reincidência em casos de leucemia linfoblástica aguda em crianças, a nível mundial, é de 20%.

Avanços para a cura

Diagnostico

Conseguir determinar os níveis de doença mínima residual, que pode ser por exemplo, de 0,01%, à medida que o tratamento avança é descoberto em 2004 e é um dos avanços mais importantes dos últimos anos. A partir desse momento, passou a ser possível diagnosticar precocemente as reincidências em alguns tipos de leucemia graves.

Novos medicamentos

Recentemente foram descobertas novas drogas que deram origem a uma nova família de medicamentos, o que modificou a forma de tratar estas doenças. Perante uma alteração genética em que dois genes, que deviam estar separados, se juntam é lhe aplicado um conjunto de novos remédios evitando uma alteração que podia ser fatal.

Transplantes

O desenvolvimento da transplantação com dadores não familiares teve um impacto significativo no tratamento. Para tal contribuíram de forma decisiva a criação de bancos mundiais de dadores. A juntar-se a esta inovação estão os avanços que permitiram reduzir a probabilidade de rejeição por parte do doente após o transplante.

‘Ana Bela Ferreira’

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