segunda-feira, 31 de maio de 2010

Barriga de cerveja é mito

Cientistas comprovam que consumo moderado da bebida não provoca aumento de peso

O consumo moderado de cerveja, tanto a tradicional como a sem álcool, não provoca um aumento de peso, nem sequer de modificações na composição corporal, segundo o estudo «Associação entre o consumo moderado de cerveja tradicional e sem álcool e a composição corporal», do Instituto Frío-ICTAN do Conselho Superior de Investigações Científicas, em Madrid.

Segundo Ana Veses Alcobendas, a autora do estudo, “tendo em conta o mito que o consumo de cerveja produz distensão abdominal, as conclusões do estudo indicam que o consumo moderado desta bebida fermentada de baixa graduação alcoólica não provoca aumento de peso, nem modificações na composição corporal”.


Um grupo de voluntários foi seguido durante dez semanas. Todos mantiveram os seus hábitos de vida e alimentação habituais. A única alteração foi referente ao consumo de bebidas habituais, em que todos consumiram cerveja tradicional ou sem álcool nos períodos determinados para o estudo.

Durante a primeira semana, todos os indivíduos tiveram de abster-se de qualquer consumo de bebidas alcoólicas. Nas quatro semanas seguintes e de forma aleatória, dependendo do grupo designado, os voluntários incluíram na sua dieta habitual cerveja tradicional ou sem álcool, na quantidade correspondente a um consumo moderado de álcool, ou seja, 20 a 24 gramas por dia para os homens (o equivalente a duas latas de 330 ml) e 10 a 12 gramas para as mulheres (uma lata por dia).

Pesos e medidas

Entre outros parâmetros, o estudo analisou a ausência de variação de peso, o índice de massa gorda e de massa corporal. Também se realizaram analises dietéticas e de actividade física e medições das circunferências corporais.


Consumo moderado não está relacionado com aumento do perímetro abdominal
A conclusão foi clara: O consumo moderado de cerveja não modifica a circunferência do braço, ancas nem da cintura.

Segundo o Centro de Informação Cerveja e Saúde espanhol, esta investigação confirma outra realizada por Ascensión Marcos em 2002, que também comprovou que o consumo de cerveja não modifica os hábitos alimentares dos voluntários que se submeteram ao estudo.

Outros estudos, outros factores

Outros estudos já tinham garantido que o consumo desta bebida não se traduz num aumento da circunferência da cintura e deste modo, a investigação «A cerveja e a obesidade: um estudo transversal» publicada no European Journal of Clinical Nutricion, assinala que é improvável que a ingestão habitual de cerveja esteja relacionada com um aumento significativo do índice de massa corporal.

No entanto, estas investigações apontam outros factores, como o estilo de vida sedentário, os hábitos alimentares incorrectos e a genética, como a variante DD do gene na enzima conversora de angiotensina, como favorecedores da obesidade abdominal.

Bebida cem por cento natural

Na apresentação o estudo, em Cádis, o presidente da Sociedade Espanhola de Dietética e Ciências da Alimentação, Jesús Román, susteve que já se demonstrou que o consumo moderado de cerveja (3 copos para os homens e dois para as mulheres) pode ter efeitos positivos para o organismo, “sempre que se trate de indivíduos adultos e saudáveis”, já que a bebida é elaborada com ingredientes naturais (agua, cevada e lúpulo), além de ser uma das poucas bebidas que contém vitaminas e minerais de forma natural.


"Ciencia Hoje"

Dentes limpos e o coração agradece

Agência FAPESP – Escovar os dentes corretamente não é bom apenas para evitar cáries e mau hálito, mas também para o coração. Um novo estudo reforça que pessoas com higiene bucal deficiente têm maiores riscos de desenvolver problemas cardíacos do que aqueles que escovam os dentes pelo menos duas vezes ao dia.

O estudo, feito por pesquisadores do Reino Unido, foi publicado no site da revista British Medical Journal (BMJ) e faz parte de um levantamento feito na Escócia com 11 mil adultos.

Nos últimos 20 anos tem aumentado o interesse na investigação de relações entre a saúde bucal e a do coração. Sabe-se que inflamações no corpo (na boca e gengiva inclusive) têm papel importante no processo de obstrução de artérias.

A nova pesquisa, feita por cientistas da University College London, procurou avaliar se o número de vezes que se escova os dentes tem relação com o risco de desenvolver doenças cardíacas.

Os pesquisadores analisaram dados a respeito do comportamento dos participantes, como o hábito de fumar, a prática de atividades físicas e rotinas de higiene oral.

Os partipantes foram classificados com relação à frequência de visita ao dentista (uma vez a cada seis meses, a cada dois anos e raramente/nunca) e de limpeza dos dentes (duas vezes ao dia, uma vez ao dia ou menos de uma vez ao dia).

Em outro momento, enfermeiras visitaram os participantes para colher informações a respeito do histórico médico pessoal e familiar com respeito a doenças coronárias. Também foram colhidas amostras do sangue dos voluntários, o que permitiu avaliar os níveis de inflamação em cada um. Os dados das entrevistas foram reunidos com informações de admissões e óbitos em hospitais escoceses.

Os comportamentos de saúde oral foram considerados “geralmente bons”, com 62% dos participantes dizendo que visitam o dentista a cada seis meses e 71% afirmando que escovam os dentes duas vezes ao dia.

Quando os dados foram ajustados para fatores estabelecidos de risco cardíaco, como obesidade, fumo ou histórico familiar, os pesquisadores observaram nos participantes que escovavam os dentes com menos frequência um risco 70% maior de desenvolver problemas cardíacos do que aqueles que escovavam duas vezes ao dia.

Os participantes com higiene bucal mais deficiente também testaram positivamente para marcadores usados para identificar a presença de inflamação.

“Os resultados confirmam e reforçam a associação sugerida entre higiene oral e o risco de doença cardiovascular”, disse Watt. Segundo ele, novos estudos são necessários para confirmar se a associação observada é um fator causal ou apenas um marcador de risco, isto é, que não preenche os critérios de causalidade mas que está associado à maior probabilidade de doença.

O artigo Toothbrushing, inflammation, and risk of cardiovascular disease: results from Scottish Health Survey (BMJ 2010;340:c2451 doi:10.1136/bmj.c2451) pode ser lido em www.bmj.com/cgi/content/abstract/340/may27_1/c2451.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Genoma bacteriano sintético funcional criado em laboratório

Na edição online da Science, da semana passada, foi publicado um artigo que é certamente um dos mais importantes do ano e que reporta a criação em laboratório de um genoma bacteriano sintético funcional. Trata-se sem dúvida de uma investigação altamente inovadora e que vem trazer a possibilidade de manipular genomas que podem depois dar origem a novos organismos vivos.

Este é um resultado com importância semelhante à clonagem da ovelha Dolly e por isso é estranho que não tenha recebido tanta atenção por parte dos meios de comunicação social.

Talvez porque neste caso o resultado foi uma colónia bacteriana milimétrica e não um mamífero como a Dolly. Mas o impacto que poderá ter não é menor. Para além disso vem trazer questões filosóficas sobre o que é a vida e até que ponto deveremos manipulá-la para nosso benefício, assumindo o papel de criadores de vida.

Esta foi mais uma investigação da responsabilidade de Craig Venter que desempenhou um papel muito importante noutra grande descoberta - a descodificação do genoma humano. Um homem que perseguiu este resultado durante 15 anos e que é sem dúvida um cientista visionário. O que a equipa liderada por Venter fez foi sintetizar um genoma e inseri-lo numa bactéria diferente daquela que serviu de molde.

O genoma sintético tinha várias “marcas de água” que o distinguiam e permitia que as bactérias que o adoptassem ficassem azuis. Desta forma, as bactérias que adoptaram o genoma sintético adquiriram as características determinadas por este e deixaram de ter as características da estirpe de bactérias original, que eram brancas.

Este avanço foi sobretudo técnico pois o genoma sintético foi feito usando um molde de um genoma bacteriano já existente na Natureza, com algumas alterações não muito significativas. Também importa realçar que o genoma sintético foi transferido para uma bactéria já existente e por isso não se criou vida completamente sintética. No entanto, esta é uma questão menor pois ao fim de várias gerações o que resta da bactéria original é praticamente nada. Além disso tratou-se de bactérias, que são os seres vivos mais simples com reprodução autónoma.

No entanto, este estudo abre a porta a que se possam desenhar genomas com genes novos. E é aqui que se começam a levantar algumas questões: esta técnica tanto poderá ser aproveitada para criar bactérias com características que queiramos, como por exemplo produzir hidrogénio ou combustíveis ou transformar produtos poluentes em produtos biodegradáveis; como poderá também ser usada com fins maléficos para criar bactérias que sejam letais e possam ser usadas como armas de destruição maciça.

Tal como em inúmeras outras descobertas o conhecimento pode sempre ser usado para diferentes fins e por isso é essencial que o público compreenda o alcance deste estudo e que se discutam as implicações morais, éticas e filosóficas que poderão surgir no futuro, usando esta técnica.


"CH"

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Redução de 15% no consumo de sal evitaria quase 9 milhões de mortes até 2015

Os governos de todo o mundo poderiam evitar milhões de mortes prematuras e reduzir seus gastos com saúde se adotassem novas leis para reduzir a quantidade de sal nos alimentos, disse nesta terça-feira um importante consultor nutricional da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Franco Cappuccio afirmou que algumas medidas voluntárias das indústrias representaram progressos, mas que caberia aos legisladores alterar o paladar dos seus cidadãos, refletindo os últimos estudos científicos sobre os malefícios do sal.

– Há uma total aceitação de que o sal é ruim para nós, que comemos demais dele, e que deveria ser reduzido –, disse Cappuccio, defendendo uma "abordagem regulatória para reforçar e sustentar as medidas voluntárias."

Mas esse professor de medicina cardiovascular da Universidade Warwick, onde ele dirige um centro de nutrição que colabora com a OMS, disse haver um poderoso lobby contrário por parte do setor alimentício, cujos lucros são inflados pelo sal.

Um menor consumo de sal reduz significativamente a pressão arterial, o que por sua vez contribui com uma menor incidência de ataques cardíacos e derrames. A hipertensão é a maior causa mundial de mortes, fazendo 7,5 milhões de vítimas por ano no mundo.

Um estudo de 2007 que analisou todas as evidências disponíveis na época concluiu que uma redução global de 15% no consumo de sal evitaria quase 9 milhões de mortes até 2015.

Outro estudo, em março deste ano, disse que uma redução de apenas 10% no consumo nos EUA evitaria centenas de milhares de infartos e derrames ao longo das próximas décadas, representando uma economia de US$ 32 bilhões para a saúde pública.

Nosso organismo precisa de 1,5 grama de sal por dia, e a OMS recomenda um consumo de até 5 gramas, mas ainda assim há excessos: o consumo médio é de 8,6 gramas por dia na Grã-Bretanha e 10 gramas nos EUA.

– A maior parte do sal consumido no mundo ocidental - na verdade, 80% dele - vem do sal acrescido a alimentos pela indústria alimentícia, e apenas 20% vem do saleiro ou do sal que usamos ao cozinhar –, disse Cappuccio.

– Em termos de liberdade do consumidor, efetivamente não temos escolha. Afinal de contas, as multinacionais alimentam a maior parte do mundo.

Em alguns casos, disse ele, a água salgada injetada nos produtos representa até 30% do peso em produtos como o peito de frango.

– Isso é 30% de puro lucro (para os fabricantes) –, afirmou o consultor.


"Reuters"

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Prótese ocular sintética está a chegar

Novo implante poderá ajudar pacientes a recuperar a visão

Para muitos pacientes que ficaram invisuais após um acidente ou doença, um transplante de córnea poderia restaurar-lhes a visão. Cada ano, 40 mil pessoas na Europa – só na Alemanha são uns sete mil – aguardam a oportunidade de poder ver de novo, graças a doadores de córnea, mas os doadores são raros.

Joachim Storsberg, do Instituto Fraunhofer for Applied Polymer Research IAP (Alemanha) desenvolveu um material e um processo de produção para córneas de plástico – o que pode ajudar alguns doentes incapazes de tolerar algumas córneas de doadores devido a doenças específicas. Devido ao seu trabalho, o investigador foi recentemente galardoado com o prémio 2010 Joseph von Fraunhofer Prize.

A córnea artificial de escala em miniatura tem de atender a determinadas especificações quase contraditórias: por um lado, o material deve crescer firmemente com as células do tecido circundante, por outro lado, as células não devem estabelecer-se na região óptica da córnea artificial – isto é, no centro – já que acabaria por prejudicar gravemente a visão.

O lado externo do implante deve ser capaz de humedecer com o fluído da lacrimal – para que a pálpebra possa deslizar, sem fricção –; caso contrário, ficará enevoado no lado de dentro e, por conseguinte, o paciente precisaria de uma nova prótese. Storsberg encontrou a solução para este problema com o seu polímero hidrofóbico. Este material já fora usado durante algum tempo em oftalmologia, por exemplo, para lentes intra-oculares. Para satisfazer as características necessárias, o polímero teve de passar por complexas etapas de desenvolvimento. O material foi completamente modificado a nível químico, e, posteriormente, testado para aprovação pública.


Instituto Fraunhofer
Projecto europeu

A fim de alcançar as características desejadas, o implante foi revestido com vários polímeros especiais e com uma proteína que dispõe de um factor de crescimento. As células naturais envolventes têm a capacidade de detectar essa propriedade, propagando-se e preenchendo a superfície da córnea, até esta alcançar a estabilidade.

A prótese ocular, desenvolvida por médicos e fabricantes do projecto europeu «Córnea Artificial» precisou de três anos de investigação interdisciplinar. A primeira etapa foi enviar o implante para Karin Kobuch, da Universidade de Regensburg e para o centro médico da Universidade Técnica de Munique.

A especialista examinou as córneas artificiais em olhos de suínos dissecados e as culturas de células especializadas. Outra equipa, do Centro Universitário de Oftalmologia em Halle (Saale), testou os modelos mais complexos em coelhos. O desenho foi, entretanto, redefinido: as ópticas ficaram menores, e o implante táctil ampliado, a fim de manter uma construção mais estável. Em 2009, a prótese já estava a ser usada com sucesso; agora, espera-se que os implantes cheguem daqui por uns meses.


"CH"

"Dentes de vampiro" são geneticamente transmissíveis

Hipodontia afecta mais de 130 mil portugueses

Investigadores do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da Universidade do Porto encontraram uma provável explicação genética para a ausência de dentes incisivos laterais superiores (hipodontia), que origina o efeito visual designado por "dentes de vampiro".

Em comunicado distribuído hoje, a Universidade do Porto refere que os investigadores do IBMC, em colaboração com a Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário (CESPU) e com cientistas da Universidade do Minho, analisaram 62 pessoas com hipodontia e recolheram dados de 142 familiares em primeiro grau.


Os resultados do estudo, que acabam de ser publicados no Journal of Dental Research, "sugerem que, quando um dos progenitores tem aquela condição, a probabilidade de os filhos a virem também a ter é 15 vezes superior à da população em geral", salienta a Universidade do Porto.

Nos testes efectuados, foram observados casos de transmissão directa por um dos progenitores, mas os investigadores salientam que "a transmissão genética depende também de interacções entre genes e entre os genes e o ambiente, sendo que a sua frequência varia de região para região".

Apesar dos desenvolvimentos científicos recentes, ainda são desconhecidas as causas da hipodontia, que afecta "mais de 130 mil portugueses".

terça-feira, 25 de maio de 2010

Papel filme com antirretroviral passa em testes primários

Uma espécie de plástico com espessura mais fina que uma folha sulfite, contendo um antirretroviral pode ser capaz de prevenir o HIV em mulheres. Conhecida por "filme vaginal", a tecnologia está em fase de testes com um novo antirretroviral de dupla ação chamado IQP-0528. O tema foi apresentado na conferência “Microbicides 2010” (M2010) em Pittsburgh, Estados Unidos. A ideia é que o material seja dissolvido aos poucos ao entrar em contato com a vagina, liberando doses do remédio no local para combater o vírus da aids.

O IQP-0528 é um novo antirretroviral em fase de estudos também na versão de anel vaginal. Ele tem tem duas ações: inibide a entrada do vírus em células saudáveis e a atividade de transcriptase reversa – quando o HIV usa a célula para fazer mais cópias de si mesmo. “Essa fórmula tem propriedades únicas e por isso que tivemos esta preferência”, declarou o pesquisador Anthony Ham da organização farmacêutica ImQuest BioSciences of Frederick nos Estados Unidos.

O filme vaginal é feito com um plástico sintético usado em produtos biomédicos como contraceptivos e lentes de contato. O material se mostrou efetivo contra múltiplas cepas de HIV e não teve resultados tóxicos para as células ou efeitos negativos para a flora vaginal. O filme se desintegra em cerca de 10 minutos liberando o antirretroviral no local. “Os resultados em laboratório foram promissores, mas ainda são necessários mais testes”, avaliou Ham.

Durante a M2010, outros testes foram apresentados envolvendo outras tecnologias como tabletes e anéis intravaginais, todos em fase inicial de testes.

A conferência tem como tema “Construindo pontes na prevenção do HIV”. A atividade reúne pesquisadores de mais de 35 países em Pittsburgh, Estados Unidos, até esta próxima terça, 25 de maio.

Rodrigo Vasconcellos, direto de Pittsburgh

Glaucoma atinge cerca de 3% da população mundial

Amanhã, Dia do Combate ao Glaucoma, médicos alertam para a necessidade de consulta periódica como medida de precaução contra a doença, que acomete cerca de 3% da população, principalmente a partir dos 40 anos.

Segundo o oftalmologista Vagner Loduca Lima, da Faculdade de Medicina do ABC, uma das principais causas da cegueira irreversível é ser assintomática, e geralmente estar relacionada ao histórico familiar. "Estatística de crescimento (de incidência) nos últimos tempos não há, mas sim há falta do diagnóstico", explicou o médico.

O glaucoma é uma doença causada pela lesão do nervo óptico, relacionada à pressão ocular alta e pode ser crônica ou aguda. Os sintomas surgem no estágio agudo, provocando fortes dores de cabeça, fotofobia, enjoo e dor ocular intensa.

"A pressão ocular mantem-se alta por alguns anos e após esse período, a pessoa vai perdendo os campos de visão", frisou o oftalmologista.

Outras características que facilitam o aparecimento da doença, além do histórico familiar, é ser da raça negra e ser diabético.

O tratamento é feito com colírio e, em alguns casos é necessária cirurgia. Porém, o procedimento não garante a cura, apenas um melhor controle clínico.

O aposentado Antonio Nham, 77 anos, contraiu a doença na adolescência e perdeu a visão direita quando tinha 25 anos. Há dois meses ele teve de operar para continuar enxergando do olho esquerdo. "Ele era muito jovem e acho que não acreditava que o glaucoma podia evoluir e ele perder a visão. Infelizmente quando se convenceu de que estava ficando sem enxergar já era tarde", explicou a mulher, Regina Deitones Nhan, 74 anos.

Nas crianças o glaucoma geralmente é congênito, mas com maiores chances de tratamento com sucesso.

Os médicos costumam fazer o teste do reflexo vermelho logo que a criança nasce.

Muitas vezes, o glaucoma é passado para o bebê devido infecções intrauterinas que a mãe teve durante a gestação, ou também nos casos que a mulher teve rubéola.

DADOS MUNDIAIS - Dados de literaturas científicas estrangeiras apontam que num período de cinco anos, entre 30% e 40% dos glaucomatosos não tratados apresentação cegueira em pelo menos um olho.


Kelly Zucatelli

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Estudo indica que crianças que mentem são mais inteligentes

A capacidade de uma criança contar mentiras pode ser um sinal de inteligência, de acordo com um estudo feito no Canadá. Os cientistas responsáveis pela investigação dizem que os complexos processos mentais envolvidos na formulação de uma mentira são um indicador de que a criança atingiu um importante estado do seu desenvolvimento, sendo que algumas passam por essa mudança mais prematuramente do que outras.

O estudo, realizado pelo Instituto de Estudos da Criança da Universidade de Toronto, no Canadá, envolveu 1,2 mil crianças e jovens com idades entre dois e 17 anos. Apenas um quinto das crianças de dois anos avaliadas no estudo mostrou ser capaz de não falar a verdade. Já aos quatro anos, 90 por cento das crianças envolvidas no estudo mentiram.

Kang Lee, director do instituto que realizou a investigação, testou a honestidade das crianças pedindo-lhes para não olharem para um brinquedo colocado atrás delas. Depois, o investigador saiu da sala para atender um telefonema, sendo que as reacções dos participantes desta investigação foram sempre vigiadas por câmaras.

Quando voltou, perguntou-lhes se tinham olhado para o brinquedo. A comparação das respostas com as gravações, permitiu verificar que muitas delas mentiram. Kang Lee afirmou que os pais não devem ficar preocupados quando os seus filhos contam mentiras, no sentido em que isto é um “sinal de que alcançaram um novo marco no seu desenvolvimento”, sendo que “os que têm melhor desenvolvimento cognitivo mentem porque são capazes de esconder as pistas”.

De acordo com Kang, a mentira só é possível porque as crianças adquiriram a habilidade de realizar um complexo malabarismo mental que envolve guardar a verdade em algum compartimento no cérebro. Esta capacidade não é controlada, segundo o investigador, por uma educação mais severa ou religiosa e também não implica desonestidade na vida adulta.


"CH"

O Que é um Loop?

Para quem não conhece o conceito de LOOP, trata-se de uma terminologia, assim nomeada por estudiosos de informática, para definir uma confusão criada e que não possui uma explicação concreta para solução do problema.

Bem, vou tentar explicar em poucas palavras essa famosa terminologia.

Diz-se que um programa de computação "entrou em loop" quando acontece a seguinte situação:

O diretor chama sua secretária e diz:

- Senhorita Vanessa, tenho um seminário na Argentina por uma semana e quero que você me acompanhe. Por favor, faça os preparativos da viagem...

A secretária liga para seu marido:

- Alô, João! Vou viajar para o exterior com o diretor por uma semana. Cuide-se meu querido!

O marido liga para sua amante:

- Eleonor, meu amor. A bruxa vai viajar para o exterior por uma semana, vamos passar esta semana juntos, minha princesa ...

No momento seguinte, a amante liga para o menino para quem dá aulas particulares:

- Joãozinho, estou com muito trabalho esta semana e não vou poder te dar aulas ...

A criança liga para seu avô:

- Vovô, esta semana não terei aulas, minha professora estará muito ocupada. Vamos passar a semana juntos?

O avô chama imediatamente a secretária:

- Senhorita Vanessa, venha rápido: Suspenda a viagem, vou passar a semana com meu netinho que não vejo há um ano, por isso não vamos participar mais do seminário. Cancele a viagem e o hotel.

A secretária liga para seu marido:

- Ai amorzinho! O babaca do diretor mudou de idéia e acabou de cancelar a viagem.

O marido liga para sua amante:

- Amorzinho, desculpe! Não podemos mais passar a semana juntinhos! A viagem da mocréia da minha mulher foi cancelada.

A amante liga para o menino a quem dá aulas particulares:

- Joãozinho, mudei os planos: esta semana teremos aulas como de costume.

A criança liga para o avô:

- Puta merda vovô! A véia da minha professora me disse que terei aulas. Desculpe mas não poderemos ficar juntos esta semana.

Seu avô liga para a secretária:

- Senhorita Vanessa - Meu neto acabou de me ligar e dizer que não vai poder ficar comigo essa semana, porque ele terá aulas. Portanto dê prosseguimento à viagem para o Seminário.

Entendeu agora o que é um Loop?

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Erradicação da tuberculose em risco

Agência FAPESP – No período entre 1995 e 2008, 36 milhões de pessoas foram curadas da tuberculose, com cerca de 6 milhões de vidas salvas. Mas o cenário da doença no mundo ainda está longe do desejável, uma vez que ela ainda provoca em torno de 1,8 milhão de mortes por ano.

O impacto é maior nos países mais pobres, nos quais a tuberculose é uma das principais causas de óbito entre a população economicamente produtiva, destaca artigo publicado na The Lancet, o primeiro de uma série de oito sobre a doença a ser publicada pela revista médica.

Assinado por Mario Raviglione, do Departamento Stop TB da Organização das Nações Unidas (ONU), e colegas, o texto aponta que em 2008 o mundo ainda tinha cerca de 11 milhões de casos ativos de tuberculose, dos quais 95% se encontavam em países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos.

Os pesquisadores descrevem o impacto mundial provocado pela doença e o que pode ser feito para que ela seja erradicada até 2050, um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidos pela ONU. O objetivo de acabar com o crescimento da doença e reverter sua incidência foi atingido em 2004, mas, segundo os autores do artigo, ainda há muito a ser feito nas próximas décadas.

De acordo com Raviglione e colegas, os medicamentos disponíveis atualmente são capazes de curar a maior parte dos casos de tuberculose e tal intervenção é altamente eficaz com relação ao custo envolvido, levando a ganhos econômicos de até dez vezes o despendido no tratamento.

Os pesquisadores destacam que a rápida padronização no diagnóstico e no tratamento da tuberculose, conforme recomendada pela Organização Mundial de Saúde, teve um efeito altamente positivo no combate à doença.

Mas o declínio atual da incidência é de menos de 1% ao ano e, caso seja mantido, segundo os autores do artigo, a meta de diminuir pela metade, até 2015, as taxas de prevalência e morte verificadas em 1990 será atingida em algumas regiões, mas não em todas.

Para Raviglione e colegas, a conclusão é que atingir a erradicação da tuberculose em 2050 não será possível com as abordagens e tecnologias disponíveis atualmente para o combate da doença.

Segundo eles, as taxas de diagnóstico da tuberculose precisam ser melhoradas substancialmente, com os casos sendo identificados muito antes do que ocorre atualmente. Outra medida sugerida é o aumento da sinergia do tratamento da tuberculose com o de outras doenças, como a Aids.

A coinfecção de HIV e tuberculose é um grande problema, especialmente na África, mas dos cerca de 1,4 milhão de pessoas que os cientistas estimam ser portadores dos dois, apenas 357 mil (menos de 25%) foram identificados em 2008.

A presença do HIV aumenta o risco de contrair tuberculose em mais de 20 vezes. Desnutrição, fumo, diabetes e abuso de álcool podem (cada um dos fatores) aumentar o risco em três vezes.

Vinte e dois países, entre os quais Brasil, China, Índia e África do Sul, respondem por 80% dos casos de tuberculose no mundo.

“Acelerar o declínio atual rumo à erradicação da tuberculose exigirá ações vigorosas em quatro áreas principais: melhoria contínua do diagnóstico inicial e do tratamento apropriado em conformidade com a Estratégia Stop TB; desenvolvimento e fortalecimento de políticas arrojadas nos sistemas de saúde; estabelecimento de ligações com as agendas de desenvolvimento dos países; e promoção e intensificação da pesquisa”, destacaram os autores.

O artigo Tuberculosis control and elimination 2010–50: cure, care, and social development (DOI:10.1016/S0140-6736(10)60483-7), de Mario Raviglione e outros, pode ser lido na The Lancet em www.thelancet.com.

Mais informações sobre tuberculose: www.stoptb.org.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Refrigerante diet pode prevenir pedras nos rins

Alguns refrigerantes diet podem ter o potencial de prevenir o tipo mais comum de pedra nos rins, segundo uma nova pesquisa.

No estudo, os pesquisadores descobriram que as versões diets de refrigerantes populares com sabor limão -como 7Up, Sunkist e Sprite- continham quantidades relativamente altas de um composto chamado citrato. Ele é conhecido por inibir a formação de cálculos de oxalato de cálcio, a forma mais comum de pedra nos rins.

Os resultados, relatados no Journal of Urology, sugerem que os refrigerantes podem ser uma arma extra para algumas pessoas propensas à formação do problema.

As pedras nos rins se desenvolvem quando a urina contém mais substâncias de cristal de formação -como o cálcio, o ácido úrico e o composto chamado oxalato- do que pode ser diluído pelo líquido disponível. A maioria dos cálculos renais são à base de cálcio, geralmente em combinação com oxalato.

- Uma das razões pela qual certas pessoas são propensas a formar as pedras é que a urina contém relativamente pouco citrato -, explicou Brian H. Eisner, urologista do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, e o principal pesquisador do estudo novo.

Por muito tempo, suplementos de citrato de potássio têm sido um tratamento comum para a prevenção de cálculos de oxalato de cálcio e de pedras de ácido úrico.

Ainda não se sabe exatamente quão eficaz é beber limonada para prevenir pedras, mas alguns médicos recomendam aos pacientes, de acordo com Eisner.

O objetivo do estudo, disse ele, foi averiguar se todas as bebidas disponíveis comercialmente tinha um conteúdo similar ao citrato da limonada caseira. Os pesquisadores escolheram o refrigerante diet ao invés do normal, para evitar o açúcar elevado e o teor calórico.

O estudo levantou que os refrigerantes diet sabor limão estudados apresentaram níveis de citrato ligeiramente superiores à limonada caseira. Bebidas à base de cola, por outro lado, tinham pouco ou nada do composto.

Se os refrigerantes podem realmente ajudar a prevenir pedras nos rins ou não ainda é desconhecido. Eisner informou que ele e seus colegas estão conduzindo atualmente um estudo para tentar responder à pergunta.

Por enquanto, o pesquisador disse que não está defendendo que quem sofre de pedra nos rins deve começar a beber refrigerante diet. No entanto, ressaltou que os pacientes são aconselhados a beber de dois a três litros de água ou outros líquidos por dia.

- Se beber esses refrigerantes ajuda as pessoas a alcançar esse objetivo, então isso pode ser uma coisa boa -, disse Eisner.

Ele acrescentou que, mesmo em pessoas que não têm, naturalmente, baixos níveis de citrato urinário, quantidades moderadas de refrigerantes diet não são suscetíveis a causar danos, tanto quanto a formação de pedra.

Muitos refrigerantes contêm sódio e cafeína, mas Eisner e seus colegas dizem que, quando se trata de formação de pedra, não há provas de que o sódio e os níveis de cafeína no refrigerante diet apresentem algum risco.


"JCB"

Carne processada é risco real à saúde

O consumo de bacon, linguiças, salsichas e outras carnes processadas pode aumentar o risco de diabete e doenças cardíacas, disseram pesquisadores nesta segunda-feira, num estudo que identifica os verdadeiros vilões do açougue.
O consumo da carne não processada de vaca, porco ou cordeiro aparentemente não elevava o risco de doença cardíaca e diabete, segundo os pesquisadores, sugerindo que o sal e os conservantes podem ser os verdadeiros culpados.

O estudo foi uma chamada "meta-análise" com a avaliação de pesquisas anteriores. Ele não estava voltado para doenças como hipertensão e câncer, também associadas ao elevado consumo de carne.

- Para reduzir o risco de ataques cardíacos e diabetes, as pessoas deveriam considerar quais tipos de carnes estão comendo -, disse Renata Micha, da Escola de Saúde Pública de Harvard, cujo estudo foi publicado na revista Circulation.

- Carnes processadas, como bacon, salame, linguiças, cachorros quentes e frios processados podem ser os mais importantes de serem evitados -, afirmou ela em nota.

Segundo ela, pessoas que consomem uma porção ou menos de carnes processadas por semana têm menos riscos.

A pesquisadora disse que as pesquisas raramente estabelecem uma diferenciação entre carnes processadas e não processadas. Ela e seus colegas examinaram sistematicamente quase 1.600 pesquisas do mundo todo buscando evidências dessas diferenças e a incidência de doenças cardíacas e diabete.

O grupo definiu como "carne processada" as que são defumadas, curadas ou salgadas para fins de preservação, ou que recebem conservantes químicos. O quesito das carnes não processadas incluía carne de boi, porco e cordeiro, mas não frango.

A conclusão dos pesquisadores foi que cada porção diária (50 gramas) de carne processada representa um aumento de 42% no risco cardíaco e de 19% no risco de desenvolver diabete.

Para quem só consumia carnes vermelhas não processadas, não houve elevação significativa nos riscos. Os pesquisadores disseram que outros cuidados com a saúde eram semelhantes entre os dois grupos.

Micha disse que as carnes processadas e não-processadas à venda nos Estados Unidos contêm quantidades semelhantes de colesterol e gorduras saturadas.

- Por outro lado, as carnes processadas continham, em média, quatro vezes mais sódio e 50% mais conservantes de nitrato.


"JCB"

terça-feira, 11 de maio de 2010

Transtorno bipolar afetivo poderá ser identificado por exames

Exame para detectar transtorno bipolar
O transtorno afetivo bipolar (TAB), doença do campo da psiquiatria, acomete de 1% a 3% da população mundial, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Agora, um estudo desenvolvido por Alessandra Sussulini, do Instituto de Química (IQ) da Unicamp, abre novos caminhos na busca de possíveis biomarcadores para a doença - elementos presentes no corpo que podem ser detectados por exames.
A pesquisa conseguiu diferenciar - com base na análise de proteínas, lipídios e metais - não somente pacientes com TAB de indivíduos-controle, sem a doença, mas também aqueles pacientes tratados com lítio daqueles tratados com outras drogas.
Biomarcadores
A partir da utilização de tecnologia de ponta - ressonância magnética nuclear de prótons e espectrometria de massas - Alessandra revelou que a proteína apolipoproteína A-I, relacionada ao metabolismo de lipídios, é encontrada em menor nível em pacientes com transtorno bipolar e em proporção ainda menor naqueles que não utilizam o lítio, droga predominante no tratamento.
O trabalho inédito, segundo a pesquisadora, abre novas perspectivas para o entendimento da fisiopatologia do transtorno e para a busca de biomarcadores.
De acordo com o orientador da pesquisa, Marco Aurélio Zezzi Arruda, alguns lipídios e outros metabólitos já foram reportados em trabalho recentemente publicado no periódico Analytical Chemistry, referente à parte inicial da tese de Alessandra.
Efeitos dos tratamentos do transtorno bipolar
Alessandra também observa uma distinção nos perfis ionômicos ao comparar indivíduos do grupo controle e os pacientes com transtorno afetivo bipolar a partir das análises das amostras de soro.
Ela acrescenta que os diferentes tratamentos (utilizando lítio ou não) também proporcionaram alterações no perfil ionômico das amostras.
Proteínas e metais
Além da apolipoproteína A-I, a pesquisadora identificou diferenças entre os grupos de pacientes estudados também em relação à transtiretina e à alfa-1-antitripsina, que são proteínas de fase aguda.
Ela explica que, ao comparar o comportamento dessas proteínas com o descrito na literatura para pacientes esquizofrênicos, observou-se que a transtiretina tem variação diferencial em seus níveis, nos dois casos.
Quanto aos metais, a pesquisa levanta uma diferenciação em termos de metais ligados a proteínas de soro. Segundo ela, foram identificadas oito proteínas diferentes contendo metais ligados, destacando-se a apolipoproteína A-I, a transtiretina e a vitronectina, que haviam sido identificadas previamente nas análises proteômicas por apresentarem alterações em suas expressões.
"Ainda não podemos dizer que a apolipoproteína A-I seja um biomarcador definitivo. É necessário ser realizado um estudo com um maior número de amostras, mas é um potencial biomarcador a ser investigado em estudos futuros e mais avançados", explica.
Transtorno bipolar e qualidade de vida
Alessandra traz uma novidade para a literatura com uma pesquisa de ponta que teve origem numa preocupação pessoal de usar a química para contribuir com o avanço da medicina na busca de proporcionar melhor qualidade de vida a pessoas que convivem com a realidade do transtorno bipolar.
A convivência com pessoas que vivenciam o problema e o contato com as técnicas de espectrometria de massas foram a motivação para o desenvolvimento da pesquisa. Alessandra enfatiza que a doença não mobiliza apenas o paciente, mas todas as pessoas a sua volta. "É uma forma de aplicar o conhecimento desenvolvido na Universidade na sociedade", declara.
Muito trabalho à frente
Para Cláudio Banzato, do Departamento de Psiquiatria da Unicamp, a tese representa um estudo avançado, com resultados consistentes entre si e abre perspectivas de estudos para a elucidação dos mecanismos patofisiológicos do TAB, assim como compreensão do mecanismo de atuação das drogas utilizadas atualmente.
"Mas estamos olhando bem de longe ainda. A Alessandra obteve resultados muito interessantes sobre o que acontece no nível molecular com esses pacientes. A esperança é que isso ilumine um pouco os futuros estudos e também nos faça entender melhor por qual via os remédios funcionam. Temos de estudar grupos maiores, com controles mais rigorosos para poder dizer até que ponto tais proteínas são candidatas a biomarcadores. Isso significa estudar inclusive pacientes antes de quaisquer tratamentos e discriminar melhor os diversos regimes medicamentosos", explica Banzato.
As diferenças encontradas entre os pacientes no estudo, segundo o psiquiatra, são interessantes por darem pistas sobre possíveis mecanismos associados ao surgimento do transtorno ou ao tratamento. "Digamos que seja um passo inicial, modesto e ainda assim importante na direção de buscarmos futuros biomarcadores. Descobrimos algumas alterações que valem a pena investigar melhor", enfatiza Banzato.
Banzato explica que o repertório terapêutico psiquiátrico para tratar o transtorno afetivo bipolar inclui o lítio e outros estabilizadores de humor, que têm-se apresentado eficientes no tratamento, porém, com diversos efeitos colaterais. O lítio, segundo o médico, além de utilizado para tratamento de episódios de mania e depressão, tem atuação na prevenção dos mesmos, sobretudo da mania.
O que é transtorno afetivo bipolar
De acordo com Banzato, a doença é um transtorno mental grave, muitas vezes incapacitante e se caracteriza por fases de depressão e fases de mania.
Na fase de depressão, a pessoa apresenta tristeza e desânimo, incapacidade de sentir prazer nas atividades que antes apreciava, às vezes inclusive ideias de morte.
E nas fases de mania (termo técnico da psiquiatria), o paciente experimenta exaltação do humor, expansividade, euforia ou irritabilidade, energia além do normal, podendo realizar gastos excessivos ou se expor de forma inadvertida a inúmeros riscos.
Muitas vezes, o paciente apresenta diversos episódios de depressão e é diagnosticado como tendo um transtorno depressivo recorrente. Mais adiante, por apresentar um episódio de mania, o diagnóstico é modificado para transtorno afetivo bipolar.
Isso tem consequências importantes em termos da escolha de estratégias terapêuticas. O esperado, segundo Banzato, é que depois de uma fase a pessoa tenha uma recuperação e volte a seu nível de funcionamento normal. "Nem sempre isso acontece, mas esse é nosso objetivo."


Maria Alice da Cruz - D.S.

Cientistas inspiram-se no cérebro do gato

Um gato é capaz de reconhecer um rosto mais rapidamente e de forma mais eficiente do que o mais rápido supercomputador existente hoje.
Esta foi uma das razões pelas quais um grupo de cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, resolveu inspirar-se no cérebro do felino para criar um novo tipo de computador, inspirado na biologia.
O objetivo é mais do que construir uma nova forma de reconhecer padrões: se tiverem sucesso, sua máquina será capaz de aprender e fazer um número de tarefas simultâneas e tomar decisões que não podem ser programadas em um computador.
O artigo continua...
Computadores inspirados na biologia Mesmo que a tentativa de replicar um cérebro de mamífero encontre desafios ainda não computados, os primeiros resultados das pesquisas com os memristores mostram uma possibilidade concreta de que máquinas equivalentes aos supercomputadores atuais tenham o tamanho de um smartphone ou, no máximo, de um iPad - dentro de alguns anos.
Apesar de alguns pesquisadores menos realistas sonharem com a construção de um cérebro humano artificial em 10 anos, as pesquisas de inspiração biológica parecem ser um caminho natural para a construção de computadores mais espertos do que os atuais.
Um grupo europeu está tentando construir um cérebro em um chip e até um neurônio artificial já foi demonstrado. Mas talvez o cérebro de gato do professor Lu sinta-se mais à vontade com o computador cognitivo inspirado no cérebro de um camundongo ou com o robô controlado por neurônios de rato.

"U.M."

Imunidade natural contra HIV

Agência FAPESP – Quando alguém é infectado com o vírus HIV, é geralmente uma questão de tempo até que desenvolva Aids – período que pode ser ampliado com a introdução de tratamento medicamentoso, especialmente nos estágios iniciais da infecção.
Mas há um pequeno número de indivíduos que, mesmo exposto ao vírus, leva muito tempo para apresentar sintomas. E, em alguns casos, a doença simplesmente não se desenvolve.
Na década de 1990, pesquisadores mostraram que, entre aqueles que são naturalmente imunes ao HIV – que representam 1 em cada 200 infectados –, uma grande parte carregava um gene específico, denominado HLA B57. Agora, um grupo de pesquisadores nos Estados Unidos revelou um novo fator que contribui para a capacidade desse gene em conferir imunidade.
O estudo é destaque na edição da revista Nature. O grupo, liderado pelos professores Arup Chakraborty, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e Bruce Walker, do Instituto Médico Howard Hughes, descobriu que a presença do HLA B57 faz com que o organismo produza mais linfócitos T – glóbulos brancos que atuam na proteção contra infecções.
Pessoas com o gene têm um número maior de linfócitos T, que se grudam fortemente com mais pedaços do HIV do que aqueles que não têm o gene. Isso aumenta as chances de os linfócitos reconhecerem células que expressam as proteínas do vírus, incluindo versões mutantes que surgiram durante a infecção.
Esse efeito contribui para o controle maior da infecção pelo HIV (e por qualquer outro tipo de vírus que evolua rapidamente), mas também torna as pessoas mais suscetíveis a doenças autoimunes, nas quais os linfócitos T atacam as próprias células do organismo.
“A descoberta poderá ajudar pesquisadores a desenvolver vacinas que provoquem a mesma resposta ao HIV que ocorre naqueles que têm o gene HLA B57. O HIV está se revelando lentamente. Essa descoberta representa outro ponto em nosso favor na luta contra o vírus, mas ainda temos um caminho muito longo pela frente”, disse Walker.
“Esse é um estudo notável, que começou com uma observação clínica, integrou observações experimentais, gerou um modelo valioso e derivou desse modelo um conhecimento profundo do comportamento do sistema imunológico humano. Raramente alguém tem a oportunidade de ler um artigo que expande tão grandemente o conhecimento humano”, disse David Baltimore, professor de biologia do Instituto de Tecnologia da Califórnia e ganhador do Nobel de Medicina e Fisiologia em 1975.
O artigo Effects of thymic selection of the T-cell repertoire on HLA class I-associated control of HIV infection (DOI:10.1038/nature08997), de Arup Chakraborty e outros, pode ser lido na Nature em www.nature.com.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Cigarro oxidante

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – A exposição à fumaça de cigarros – que é um fator importante para o desenvolvimento de doença pulmonar obstrutiva crônica – aumenta o nível de oxidantes nos pulmões, levando ao estresse oxidativo e à destruição do tecido dos alvéolos. Um novo estudo, realizado por cientistas norte-americanos, indicou que a supressão de um gene pode atenuar o dano pulmonar induzido pelo hábito de fumar.
De acordo com um dos autores, Rubin Tuder, professor da Universidade do Colorado em Denver, a pesquisa, publicada na edição de maio da revista American journal of respiratory cell and molecular biology, representa uma importante abordagem genética contra a lesão pulmonar induzida por oxidantes.
Tuder, que é especialista em patobiologia e patologia de doenças pulmonares, apresentou os resultados da nova pesquisa durante a 1st São Paulo School of Translational Science (1ª Escola São Paulo de Ciência Translacional), da qual participou nas duas últimas semanas de abril. O curso, primeiro organizado no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), nova modalidade de fomento da FAPESP, foi realizado pelo Hospital A.C. Camargo.
Segundo Tuder, em resposta à fumaça de cigarro, as células epiteliais do pulmão compensam os altos níveis de oxidantes ativando vias de Nrf-2 – uma proteína que aumenta os níveis endógenos de antioxidantes das células –, elevando a expressão de enzimas desintoxicantes e antioxidantes, protegendo os pulmões das lesões.
“Levantamos a hipótese de que estimulando as vias ativadas por Nrf-2, poderíamos conseguir proteção contra o dano pulmonar induzido pelo cigarro. Para isso, desenvolvemos um modelo animal no qual o gene inibidor de Nrf-2, Keap-1, é suprimido das células epiteliais das vias respiratórias de camundongos”, disse à Agência FAPESP.
O resultado da supressão do gene foi um aumento da expressão de Nrf-2, protegendo as células contra o estresse oxidativo causado pela fumaça de cigarro in vivo. “Os resultados poderão ser importantes para a busca de novas drogas e terapias para os danos causados pelo cigarro”, afirmou.
Segundo ele, nos Estados Unidos a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é a quarta maior causa de mortalidade, sendo responsável por cerca de 120 mil das 400 mil mortes causadas anualmente pelo cigarro. A DPOC atinge preferencialmente indivíduos com mais de 65 anos.
De acordo com Tuder, esse dado é a base de uma das linhas de pesquisa tratadas em seu laboratório: a relação entre o processo de envelhecimento e o enfisema pulmonar – que, juntamente com a bronquite crônica, é uma das principais manifestações da DPOC.
“Sabemos que, teoricamente, todos os seres humanos que venham a viver além dos 105 anos de idade irão eventualmente desenvolver a DPOC – seja com limitação pulmonar ou enfisema senil. Estamos confirmando, passo a passo, que o dano celular causado pelo envelhecimento e pelo cigarro envolvem mecanismos patogênicos inter-relacionados. Queremos entender melhor esses mecanismos a fim de definir grupos de risco e fornecer potenciais plataformas para novas terapias”, explicou.
Tuder afirma, no entanto, que os danos causados pela exposição à fumaça de cigarro não se limitam a causar câncer e DPOC. De acordo com ele, estudos mostram que, nos indivíduos adultos, quando o pulmão é lesionado cronicamente pelo cigarro, a capacidade de resposta do pulmão contra fatores infecciosos diminui. “A fumaça de cigarro induz alterações na resposta imune inata às infecções virais e essas mudanças agravam a destruição alveolar característica do enfisema”, disse.
O cientista acrescenta que alguns vírus se instalam permanentemente no pulmão em estado de latência, não podendo ser eliminados. “Existem dados que mostram que alguns desses vírus, como o adenovírus, por ser persistente, podem fazer com que o processo inflamatório obstrutivo se perpetue”, disse.
Dados epidemiológicos consistentes mostram ainda que, em crianças expostas ao fumo em casa, a predisposição a doenças aumenta. Já se sabia, de acordo com Tuder, que durante a vida uterina o cigarro afeta a criança irremediavelmente, prejudicando o seu crescimento, uma vez que a fumaça afeta a sinalização relacionada com o fator de crescimento endotelial, entre outros problemas.
“Mas, agora, sabemos também que mesmo depois do nascimento existem danos, como a maior predisposição à infecção viral e à asma. O pulmão dessas crianças fica permanentemente avariado e nunca volta a ser totalmente normal. Se começarem a fumar ou tiverem uma infecção na vida adulta, terão provavelmente um risco maior de desenvolver doenças como asma”, afirmou.
Outro efeito conhecido do cigarro é o desencadeamento da mutagênese que causa o câncer. Segundo o cientista norte-americano, no entanto, nem todos os fumantes têm risco aumentado de desenvolvimento de câncer.
“Não sabemos ainda como identificar esses indivíduos que têm risco aumentado, nem sabemos por que razão alguns são atingidos e outros não. Também não sabemos quais os fatores anteriores para que os indivíduos desenvolvam a doença. Mas as pesquisas se encaminham para isso”, disse.
O artigo Deletion of Keap1 in the Lung Attenuates Acute Cigarette Smoke–Induced Oxidative Stress and Inflammation, de David Blake e outros, pode ser lido no American journal of respiratory cell and molecular biology em http://ajrcmb.atsjournals.org/cgi/content/abstract/42/5/524 .

domingo, 9 de maio de 2010

Estudo promove desenvolvento de vacina contra o HIV

Um estudo publicado na revista Nature, da última quinta-feira, pode ajudar no desenvolvimento de vacinas contra o HIV. Quando alguém é infectado com o vírus, é geralmente uma questão de tempo até que desenvolva Aids, mas há um pequeno número de indivíduos que, mesmo exposto ao vírus, leva muito tempo para apresentar sintomas ou em alguns casos nem desenvolva a doença. Na década de 1990, pesquisadores mostraram que, entre aqueles que são naturalmente imunes ao HIV (que representam 1 em cada 200 infectados), uma grande parte carregava um gene específico, denominado HLA B57.

A pesquisa descobriu que a presença do gene HLA B57 faz com que o organismo produza mais linfócitos T - glóbulos brancos que atuam na proteção contra infecções. Pessoas com o gene têm um número maior de linfócitos T, que se grudam fortemente com mais pedaços do HIV do que aqueles que não têm o gene. Isso aumenta as chances de os linfócitos reconhecerem células que expressam as proteínas do vírus, incluindo versões mutantes que surgiram durante a infecção.

Professores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e do Instituto Médico Howard Hughes afirmam que a descoberta poderá ajudar pesquisadores a desenvolver vacinas que provoquem a mesma resposta ao HIV que ocorre naqueles que têm o gene HLA B57. Segundo eles, apesar de terem um longo caminho pela frente, o HIV está se revelando lentamente e essa descoberta representa outro ponto na luta contra o vírus.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Os esquemas da Associação Nacional de Farmácias!‏

De amigo conhecedor da materia em causa, recebi a seguinte informação que não podia deixar de divulgar junto de todos voces, face a sua importancia:

A polémica está instalada entre a Associação Nacional das Farmácias e o Infarmed.

O Infarmed acusa a as farmácias de estarem a gerir os stocks dos medicamentos na expectativa que entre em vigor uma lei que lhes vai aumentar as margens de lucro. Mandou, por isso, abrir um inquérito.

A associação Nacional de Farmácias responde a dizer que quem devia ser investigado era o Governo pois tarda em regulamentar a aplicação da referida lei.

No meio deste disse que disse, a associação lançou um desafio ao Governo e pediu que fossem enuncidas as farmácias com medicamentos esgotados.

Eu, porque acho que a Associação Nacional de Farmácias é um dos lobbies mais poderosos do País, em meu nome pessoal aceitei o desafio. Contudo, e caso a senhora ministra da saúde me pedir, pode utilizar as minhas informações.

Cá vai;

Medicamento: Hydrocortone

Fármacias onde está esgotado:

Nas 5 farmacias da Av. de Roma em Lisboa

Nas 2 farmácias da Av. João XXI em Lisboa

Nas 3 farmácias da Alta de Lisboa

Nas 2 farmácias da Alameda das Linhas de Torres

Nas farmácias da zona da Ameixoreira em Lisboa

Curativo de celulose da cana

Por Fábio Reynol

Agência FAPESP – Um dos mais abundantes resíduos da indústria sucroalcooleira, o bagaço de cana-de-açúcar, poderá ter uma destinação nobre graças a uma pesquisa desenvolvida na Universidade de São Paulo (USP).

A equipe, coordenada pelo professor Adalberto Pessoa Júnior, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, desenvolveu uma fibra que poderá se tornar um tecido que, com o acréscimo de enzimas e fármacos, tem potencial para ser utilizado como curativo com múltiplas aplicações.

A pesquisa surgiu a partir da iniciativa da professora Silgia Aparecida da Costa, do Curso de Têxtil e Moda da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. “O objetivo foi aproveitar dois importantes resíduos, o bagaço da cana e a quitosana, substância extraída da carapaça de crustáceos e que tem propriedades farmacológicas”, disse à Agência FAPESP.

A quitosana é obtida a partir da quitina, um polissacarídeo formador do esqueleto externo de crustáceos como siris e caranguejos, e tem propriedades fungicida, bactericida, cicatrizante e antialérgica.

O trabalho, que contou com apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, uniu as áreas farmacêutica e de engenharia de tecidos e depositou patente do processo de fabricação da fibra com potenciais farmacêuticos.

O primeiro desafio foi extrair a fibra da cana-de-açúcar, trabalho feito por Sirlene Maria da Costa que atuou no projeto com apoio de Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP. Durante o doutorado – para o qual também contou com bolsa da Fundação – Sirlene havia desenvolvido um papel corrugado, utilizado no interior de embalagens de papelão, feito da celulose do bagaço da cana.

“Por ter uma fibra curta, nosso maior receio era que a cana produzisse uma fibra de má qualidade para a fabricação de tecidos”, disse Sirlene. No entanto, em testes efetuados no Laboratório de Têxteis e Confecções do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o tecido derivado do bagaço apresentou um grau de polimerização quatro vezes maior que o da viscose, o que significa maior resistência.

Os bons resultados da fibra extraída do bagaço tornaram desnecessária a sua mistura com outros tipos de celulose, uma alternativa que os pesquisadores previam caso a qualidade do material oriundo da cana não correspondesse aos padrões exigidos.

A fibra obtida pela equipe da USP ainda conta com características que a tornam adequada para a confecção de roupas. “Ela é agradável ao toque e bastante confortável, sendo um tipo de liocel”, disse a professora Silgia referindo-se ao nome comercial da fibra oriunda da polpa da madeira.

No entanto, para ser utilizada como curativo foi preciso analisar se não haviam vestígios dos reagentes utilizados no processo de obtenção da celulose. “Constatamos que 99% do reagente é recuperado após o processo, portanto a fibra não agride a saúde”, afirmou.

Obtida a fibra, o passo seguinte foi agregar enzimas e fármacos. Além da quitosana, a professora Silgia realizou ensaios para imobilizar quatro outras substâncias às fibras de cana: os fármacos comerciais anfotericina B e sulfadiazina e as enzimas bromelina e lisozima, a primeira obtida do talo do abacaxi e a segunda da clara de ovo.

A equipe foi bem-sucedida também nessa etapa e os testes realizados posteriormente em células mostraram que o tecido curativo da cana não apresentava efeitos tóxicos.

“O produto se mostrou tecnicamente viável. A avaliação econômica caberá à iniciativa privada, caso alguma empresa se interesse em licenciar o processo”, disse Pessoa, que considera o material útil para tratamento de queimaduras, por exemplo.

Curativos bucais e roupas repelentes

Um grupo de pesquisa da Faculdade de Odontologia de Bauru da USP entrou em contato com Pessoa a fim de desenvolver um curativo em parceria para ser utilizado na mucosa bucal.

“O local é de difícil aderência, por isso, vamos testar a fibra para verificar se ela adere no interior da boca”, explicou o professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas.

A professora Silgia, por sua vez, pretende agora iniciar uma pesquisa para incorporar citronela a tecidos de algodão. A substância extraída do capim-limão é eficiente para repelir insetos. “Roupas com citronela seriam úteis para afastar insetos como o mosquito da dengue”, destacou.

Os desafios do trabalho, segundo ela, é fazer com que a substância permaneça na roupa mesmo após sucessivas lavagens e que não seja absorvida pela pele.

Corpo de um, cérebro de outro

Agência FAPESP – Um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos, conseguiu modificar o cérebro de uma espécie de peixe de modo que ficasse parecido com o de outra espécie, tanto no formato como em suas características.

A transformação ocorreu por conta da aplicação de substâncias químicas de modo a manipular genes em embriões em desenvolvimento. O estudo será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Os cientistas também descobriram diferenças nos padrões gerais do cérebro no início de seu desenvolvimento, antes que funções neurológicas se formassem por meio do processo conhecido como neurogênese.

No desenvolvimento inicial do cérebro, a parte anterior (ou frontal) é especificada a partir da parte posterior. Em seguida, ocorre a neurogênese, à medida que células precursoras amadurecem e se tornam neurônios. Essas células precursoras podem se replicar indefinidamente, mas, uma vez que se tornam neurônios, a replicação termina.

Quanto mais tarde ocorrer a mudança de precursores em neurônios maduros, maior se torna o cérebro ou a região cerebral em questão. Segundo esse modelo, os cérebros de espécies diferentes, por exemplo, do homem e do camundongo, são semelhantes em seus estágios iniciais de desenvolvimento, mas se tornam bem diferentes por conta do processo posterior de neurogênese.

“Encontramos diferenças no padrão geral do cérebro tão cedo quanto 48 horas após a fertilização”, disse J. Todd Streelman, professor da Faculdade de Biologia da universidade norte-americana e um dos autores da pesquisa.

O grupo estudou o desenvolvimento cerebral em seis espécies de ciclídeos (família de peixes fluviais) encontrados no lago Malauí, na África, três que vivem em ambientes rochosos e três de locais arenosos.

“Repetimos diversas vezes testes de dois a quatro dias após a fertilização e verificamos que os ciclídeos de areia exibiam uma expressão maior do gene wnt1, conhecido como um fator importante no desenvolvimento da parte frontal do cérebro. Isso se relaciona com um maior tálamo, a estrutura posterior usada no processamento visual”, disse Jonathan Sylvester, outro autor do estudo.

As espécies de ciclídeos que vivem na areia usam a visão para detectar plâncton e seus cérebros são fortemente direcionados à integração de sinais visuais. Já aqueles que têm nas rochas seu hábitat se alimentam de algas e possuem cérebros maiores, talvez, segundo os pesquisadores, por conta da necessidade de se movimentar por ambientes mais complexos.

“Os genomas das duas espécies são muito semelhantes, quase tão parecidos quanto os genomas de dois humanos diferentes, mas seus cérebros variam tanto como os de dois grupos distintos de mamíferos”, explicou Streelman.

Os cientistas trataram embriões dos dois tipos de peixes com cloreto de lítio por cerca de quatro horas durante o início do desenvolvimento da parte posterior do cérebro a partir da anterior. Depois, os embriões foram devolvidos à água e analisados em diferentes estágios de desenvolvimento.

Os autores da pesquisa observaram que o tratamento alterou a sinalização do gene wnt1, que levou à redistribuição dos precursores para o tálamo posterior, induzindo a formação de um cérebro diferente.

“A neurogênese é um processo muito importante no desenvolvimento cerebral e em sua evolução. Apenas mostramos que há diferenças no processo de desenvolvimento que ocorrem muito mais cedo do que se suspeitava e que essas mudanças são também relevantes para a diversidade cerebral”, disse Streelman.

O artigo Brain diversity develops at the boundaries (DOI: 10.1073/pnas. 0914697107), de J. Todd Streelman e outros, poderá ser lido na Pnas em www.pnas.org.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sonhos são importantes para a consolidação da memória

Sabe-se que o sono é importante para a consolidação da memória e aprendizagem. Agora, um novo estudo indica o papel dos sonhos nesses importantes processos.
Coordenado por pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Center, nos Estados Unidos, os resultados do trabalho indicam que os sonhos podem ser a forma que o cérebro adormecido tem de dizer que está ocupado em pleno trabalho de consolidação da memória. A pesquisa foi publicada na edição on-line da revista Current Biology.
– O que nos deixou entusiasmados é que, após quase um século de debates sobre a função dos sonhos, esse estudo mostrou que os sonhos são a maneira de o cérebro processar, integrar e realmente compreender novas informações –, disse Robert Stickgold, um dos autores do estudo.
– Os sonhos são uma clara indicação de que o cérebro adormecido está trabalhando com memórias em múltiplos níveis, incluindo formas que terão um impacto direto na melhoria da execução de tarefas aprendidas –, apontou.
Os cientistas examinaram 99 voluntários que foram submetidos a atividades em um videogame em três dimensões, no qual tinham que navegar por cenários virtuais com o objetivo de chegar o mais rapidamente possível à saída.
Após o treinamento inicial, os participantes foram divididos em dois grupos: o primeiro tirou um cochilo com média de 90 minutos e o segundo permaneceu acordado em atividades tranquilas. Em diversos momentos, os integrantes do segundo grupo eram questionados sobre o que estavam pensando. Os que tiraram uma soneca diziam depois o que lembravam de seus sonhos.
Cinco horas depois, os participantes repetiram o procedimento completo, com o exercício virtual e a sequência com soneca ou atividade tranquila. Os resultados surpreenderam os pesquisadores.
Os que se mantiveram acordados não mostraram melhoria no rendimento dos exercícios feitos posteriormente, ainda que tivessem pensado no mesmo durante o período de descanso, o que, em teoria, daria mais chances de se sair melhor.
Dos que dormiram, aqueles que não descreveram sonhos relacionados ao mundo virtual no qual interagiram também não apresentaram melhoria no aproveitamento dos exercícios. Mas os que sonharam com os ambientes tridimensionais tiveram uma melhoria considerada dramática, dez vezes superior aos que dormiram e não sonharam com o exercício.
– Os que sonharam descreveram cenários diversos, como pessoas em pontos específicos nos ambientes, de estar perdido em uma caverna ou mesmo de ouvir a música de fundo do game –, disse Erin Wamsley, outro autor do estudo.
Segundo os cientistas, os resultados indicam que não apenas o sono foi necessário para consolidar as informações, mas que os sonhos se mostraram como uma espécie de reflexo da atividade cerebral intensa nas tarefas de consolidação da memória.
– Mas não estamos dizendo que quando se aprende algo é o sonho o responsável. Em vez disso, aparentemente, quando temos uma nova experiência ela dispara uma série de eventos paralelos que faz com que o cérebro consolide e processe as memórias –, disse Stickgold.