segunda-feira, 21 de março de 2011

O Papel da Adrenalina

A adrenalina é uma hormona segregada pelas glândulas supra-renais. Em ocasiões de stress intenso, como uma emergência ou uma situação de perigo, por exemplo, ela é segregada em enormes quantidades e num curtíssimo espaço de tempo.
E porque é que isso acontece?
A adrenalina tem uma função e um papel muito importantes nessas situações extremas. Ela actua principalmente a nível muscular. Estimula o coração, aumentando a frequência dos batimentos cardíacos e elevando a tensão arterial e aumenta o fluxo sanguíneo principalmente nos músculos dos braços e das pernas.
Tudo isto serve para capacitar o nosso corpo a fazer um esforço físico muito superior ao habitual. Numa situação de perigo, capacita-nos a fugir ou a lutar de uma forma que nunca seria possível se os nossos vasos sanguíneos não estivessem inundados de adrenalina. É esta hormona que capacita uma pessoa a lutar com um animal selvagem, por exemplo, para defender a vida de uma criança, ou a entrar numa casa em chamas e cheia de fumo para ir buscar alguém.
Na verdade, ela pode dar-nos uma capacidade sobre humana, no sentido em que nos permite ter uma força muito superior ao que é humanamente habitual. Pode-se dizer que funciona como um mecanismo de sobrevivência - extremamente eficaz!
Mas quando há esta descarga tremenda de adrenalina, o sangue não aumenta no nosso corpo. Ele simplesmente é desviado em maior quantidade para determinadas zonas (principalmente os braços e as pernas). Isto significa que haverá outras zonas que ficam com um défice de sangue. E uma dessas zonas é o cérebro. Ele fica com energia suficiente para funcionar, mas com menos do que é habitual. Ou seja, a nossa capacidade de discernimento e planeamento fica reduzida.
O nosso corpo fica preparado para agir, mas não para pensar. Por isso eu penso que não é muito sensato estar a tomar decisões ou a assumir compromissos em momentos de grande stress. No caso de um conflito, por exemplo, é preferível deixar que os ânimos acalmem antes de procurar chegar a conclusões ou soluções.
Um aspecto interessante da adrenalina, é que ela tem cheiro. Nós, seres humanos, não temos a capacidade de sentir esse cheiro, mas o animais têm. Por isso, um cão pode não reagir muito a uma pessoa que fique indiferente em relação a ele, mas começar a ladrar ou chegar mesmo a morder a alguém que esteja com medo dele.
Parece que não faz sentido, mas lembra-te que a adrenalina serve para aumentar a nossa capacidade de... lutar ou fugir. A hormona é a mesma, o cheiro é o mesmo. O cão não sabe qual das opções nós vamos escolher. Então pode atacar-nos para evitar que o ataquemos a ele.
A adrenalina é segregada em grandes quantidades enquanto o problema durar. Por isso, quando o problema termina subitamente, a adrenalina que está a mais no sangue deixa de ser necessária. No caso de um salvamento dramático, por exemplo, quando a pessoa é posta a salvo, aquele que a ajudou já não precisa de tanta adrenalina.
Mas ela continua a inundar a sua corrente sanguínea. É este excesso de adrenalina que pode levar a pessoa a ter uma grande quebra emocional ou mesmo a entrar em choque.
Lembro-me que um dos meus professores da área de medicina, nos dizia que nestas situações, uma forma rápida de "queimar" essa adrenalina excessiva e prejudicial é irritar a pessoa em questão.
Ou seja, se conhecermos a pessoa o suficiente, podemos dizer algo que lhe pareça tão errado e injusto (depois do seu acto heróico!), que ela se vire para nós com umas palavras de raiva. Essa raiva, que é outra das coisas que queima muita adrenalina, vai absorver a que está em excesso, podendo assim evitar que a pessoa entre em estado de choque.
A adrenalina é fundamental para a nossa sobrevivência mas é nociva no momento em que está em excesso. Para além disso, pode tornar-se um vício, uma dependência. Está a aumentar muito o número de pessoas viciadas nesta substância, que procuram produzi-la intencionalmente em todo o tipo de actividades (cada vez mais) radicais.
Filomena Santos (Conselheira Clínica)

sexta-feira, 18 de março de 2011

Descoberto fármaco que interrompe progressão do Mal de Parkinson

Esperança contra Mal de Parkinson
Em um grande avanço na luta contra a doença de Parkinson, pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, descobriram uma droga que impede a progressão da doença degenerativa.
Os experimentos foram feitos em camundongos e a droga agora está sendo testada em seres humanos.
"As drogas usadas atualmente para tratar a doença de Parkinson tratam apenas os sintomas, elas não impedem que a doença piore," explica o Dr. Curt Freed, coordenador da pesquisa. "Nós agora descobrimos que podemos prevenir a progressão da doença ativando um gene protetor no cérebro."
Gene protetor
O principal autor do estudo é o Dr. Wenbo Zhou, que descobriu que a droga fenilbutirato ativa um gene que pode proteger os neurônios de dopamina na doença de Parkinson.
O gene, chamado DJ-1, pode aumentar a produção de antioxidantes, como a glutationa, para reduzir os efeitos debilitantes do excesso de oxigênio nas células cerebrais.
Além disso, a ativação do gene DJ-1 ajuda a eliminar as células de proteínas anormais que poderiam se acumular e matar as células do cérebro.
Os neurônios dopaminérgicos são particularmente suscetíveis a muito oxigênio e a depósitos anormais de proteínas. A doença de Parkinson é causada pela morte de neurônios dopaminérgicos no mesencéfalo.
Neurônios de dopamina
O gene DJ-1 e seu papel no Mal de Parkinson foram descobertos em 2003 por pesquisadores europeus.
Mas, para converter essa descoberta em um tratamento prático para a doença de Parkinson, era necessário encontrar um medicamento para ligar o gene DJ-1.
Depois de testar várias drogas, a equipe descobriu que o fenilbutirato ativa o DJ-1 e conserva os neurônios dopaminérgicos.
Camundongos que receberam a droga mantiveram a capacidade normal de movimento durante o envelhecimento, não tiveram declínios na função mental e seus cérebros não acumularam a proteína que causa o Mal de Parkinson.
Espera-se para os próximos meses os primeiros resultados da aplicação da droga em seres humanos, com vistas a verificar se a droga é segura e não gera efeitos colaterais danosos.

Estrutura do HDL, o bom colesterol, é finalmente desvendada

Gordura boa
Cientistas da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, desvendaram a estrutura molecular do colesterol HDL humano.
Segundo eles, a descoberta pode ajudar a explicar como este "pacote de gordura" protege contra doenças cardiovasculares, incluindo ataques cardíacos e derrames.
Até hoje, os estudos eram feitos unicamente com base em HDL sintetizado artificialmente em tubos de ensaio.
Sean W. Davidson e Rong Huang publicaram suas conclusões no exemplo de Março da revista científica Nature Structural & Molecular Biology.
HDL e LDL
HDL é uma sigla para High-Density Lipoproteins, ou lipoproteínas de alta densidade.
Também conhecido como "colesterol bom", o HDL é constituído por pacotes de proteínas e gordura. A principal função desses pacotes é levar a gordura para locais específicos dentro do corpo.
Há um esforço crescente para criar medicamentos que ajudem a elevar os níveis de HDL, que atuem em conjunto com as drogas já existentes para reduzir o "colesterol ruim" - o LDL: Low-Density Lipoproteins, ou lipoproteínas de baixa densidade.
Estudos feitos com HDL sintético revelaram que uma proteína abundante no HDL, a apolipoproteína A-I, desempenha um papel fundamental nas propriedades cardioprotetoras, anti-inflamatórias e anti-oxidantes do HDL.
Estrutura molecular do HDL
"Infelizmente, nós sabemos muito pouco sobre os detalhes moleculares que explicam os efeitos protetores do HDL," explica Davidson. "Uma das principais razões para isso é a quase total falta de compreensão da estrutura do HDL e como ela interage com outros fatores importantes no plasma."
"Estudos anteriores só focavam no HDL sintético feito em tubos de ensaio," continua. "Ao isolar o HDL humano, fomos capazes de nos concentrar na ampla gama de partículas de HDL que realmente circulam nos humanos".
A equipe descobriu que as proteínas do HDL formam uma estrutura parecida com uma gaiola, que encapsula a sua carga de gordura.
Eles verificaram que quase todas as partículas de HDL que circulam no plasma humano são muito similares em termos de estrutura.
Contudo, eles encontraram indícios de que as partículas têm um movimento de torção, o que lhes permite adaptar-se às mudanças no teor de partículas de gordura que carregam.
Proteína protetora
Os cientistas concluíram que a maioria das interações fisiológicas que ocorrem com o HDL, incluindo os seus movimentos de torção, ocorre na superfície da partícula, que é dominado pela proteína cardioprotetora apolipoproteína A-I.
Esta monopolização da superfície das partículas, segundo Davidson, sugere que outras proteínas têm muito pouco espaço para se ligar ao HDL e provavelmente precisem interagir com a própria proteína.
Isso poderia explicar o papel dominante que a apolipoproteína A-I desempenha na função do HDL e seus efeitos protetores.
"Este trabalho apresenta os primeiros modelos detalhados do HDL humano e tem importantes implicações para a compreensão das interações fundamentais no plasma que modulam suas funções de proteção no contexto das doenças cardiovasculares," concluem.

Cérebro possui "estações de rádio" transmitindo em várias frequências

Rádio Cérebro
Assim como ouvintes ajustam a sintonia de um rádio para captar estações diferentes, cientistas demonstraram que é possível sintonizar frequências precisas emitidas pelo cérebro.
Até agora, os cientistas têm focado suas pesquisas sobre as funções cerebrais no "onde" e no "quando" a atividade do cérebro ocorre.
"O que nós descobrimos é que o comprimento de onda que a atividade cerebral emite proporciona um terceiro ramo essencial para a compreensão da fisiologia do cérebro," diz o Dr. Eric Leuthardt, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
Eletrodos no cérebro
Os pesquisadores usaram a electrocorticografia, uma técnica para monitorar o cérebro com uma grade de eletrodos implantada diretamente na superfície do cérebro, de forma temporária.
Os pesquisadores usam essa abordagem para identificar a fonte de ataques epilépticos persistentes e que não respondem aos medicamentos e para mapear regiões do cérebro para a remoção cirúrgica.
Com a permissão dos pacientes, os cientistas agora usaram a grade de eletrodos para monitorar experimentalmente um espectro muito maior da atividade cerebral do que é feito normalmente quando se monitora as ondas cerebrais.
Frequências do cérebro
As ondas cerebrais são produzidas quando muitos neurônios disparam ao mesmo tempo.
A frequência desses disparos - quantas vezes eles ocorrem num determinado período de tempo - determina a frequência da atividade cerebral - ou seu comprimento de onda, que é medido em hertz, ou ciclos por segundo.
Estações FM, por exemplo, transmitem em frequências entre 88 e 108 MHz - milhões de ciclos por segundo.
Os equipamentos disponíveis permitiram aos cientistas monitorar as "transmissões cerebrais" em frequências de até 500 Hz.
"Um eletroencefalograma só pode monitorar as frequências até 40 hertz, mas com a electrocorticografia podemos monitorar as atividades até 500 hertz. Isso realmente nos dá uma oportunidade única para estudar a fisiologia completa da atividade cerebral," diz Leuthardt.
Detectando uma faixa de frequências maior, os cientistas conseguiram determinar a origem das transmissões com mais precisão, o que deverá permitir um mapeamento das funções cerebrais com uma resolução inédita.
Frequência e função
Leuthardt e seus colegas usaram essa sintonia da "Rádio Cérebro" para acompanhar a diminuição da consciência durante a ação da anestesia cirúrgica e o retorno da consciência, quando a anestesia começa a perder o efeito.
Eles descobriram que cada frequência dá informações diferentes sobre como diferentes circuitos cerebrais se alteram com a perda da consciência.
"Algumas relações entre as frequências altas e baixas da atividade do cérebro não se alteraram, e nós especulamos que isso pode estar relacionado com alguns dos circuitos de memória," conta Leuthardt.
Outra descoberta é que o comprimento de onda dos sinais cerebrais em uma determinada região pode ser usado para determinar qual função essa região está realizando naquele momento.
"Historicamente nós juntamos as frequências da atividade do cérebro em um fenômeno único, mas nossos resultados mostram que existe uma diversidade real e uma não-uniformidade nessas frequências", conclui o cientista.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Mecanismo molecular da fecundação

Um mecanismo molecular que ajuda o espermatozoide humano a detectar e chegar até os óvulos está descrito em dois artigos publicados nesta quinta-feira (17/3) no site da revista Nature.
De acordo com a publicação científica, as pesquisas destacam o papel de um inusitado canal de íons e poderá ajudar no desenvolvimento de novas classes de anticoncepcionais não hormonais.
Os estudos independentes foram conduzidos pelo grupo de Yuriy Kirichok, na Universidade da Califórnia em San Francisco, Estados Unidos, e por Benjamin Kaupp, do Center of Advanced European Studies and Research, e colegas.
Células do cúmulos (que envolvem os óvulos) liberam progesterona, que induz o influxo de íons de Ca2+ (cálcio) nos espermatozoides. A progesterona é um hormônio esteróide produzido, a partir da puberdade, pelo corpo lúteo (que também libera estrógeno) e pela placenta durante a gravidez.
O influxo de íons de Ca2+ leva a um aumento na atividade dos espermatozoides e estimula o movimento da célula reprodutiva masculina em direção ao óvulo.
Os novos estudos ajudam a esclarecer os mecanismos desse processo. Os dois grupos demonstraram que a progesterona ativa um canal de cálcio sensitivo ao pH chamado CatSper, o que causa um rápido influxo de íons de cálcio nos espermatozoides.
Como outros hormônios esteroides, a progesterona atua normalmente por meio de um receptor intracelular, mas as novas pesquisas destacam que, nos espermatozoides, o hormônio feminino pode sinalizar por meio de um mecanismo não genômico.
Se a ativação do CatSper é o único efeito da progesterona na sinalização de Ca2+ é algo que futuras pesquisas poderão esclarecer.
Os artigos The CatSper channel mediates progesterone-induced Ca21 influx in human spermProgesterone activates the principal Ca21 channel of human spermNature em  www.nature.com.

terça-feira, 15 de março de 2011

Envelhecimento humano segue mesmo padrão dos demais primatas

Vida longa
Por muito tempo se pensou que o homem, com sua expectativa de vida relativamente longa e acesso a vantagens como avanços na medicina, envelhecesse mais lentamente do que os outros animais.
Estudos comparativos com camundongos, ratos e outras criaturas confirmaram a ideia.
Há exceções, como as longevas tartarugas, mas o homem se destacava como o mais durador dos primatas.
Mas uma nova pesquisa indica que o ritmo de envelhecimento humano não é único.
Pós-reprodução
A nova pesquisa comparou os padrões de envelhecimento do homem com os de outros primatas, como chimpanzés e gorilas.
"Humanos vivem por muitos anos além de seu auge reprodutivo. Se fôssemos como os outros mamíferos, começaríamos a morrer rapidamente assim que atingíssemos a meia-idade, mas isso não ocorre", disse Anne Bronikowski, da Universidade do Estado do Iowa, um dos autores do estudo.
"Há esse argumento antigo na literatura científica de que o envelhecimento humano seria único, mas não tínhamos dados de primatas selvagens, além de chimpanzés, até recentemente", disse Susan Alberts, da Universidade Duke, outra autora do trabalho.
A pesquisa se centrou não no declínio inevitável na saúde e na fertilidade que chega com a idade avançada, mas no risco de morte.
Primatas forever
Quando as taxas de envelhecimento dos humanos - aumento no risco de mortalidade com a idade - foram comparadas com dados de quase 3 mil outros primatas, elas se mostraram absolutamente dentro do espectro dos primatas.
"Os padrões humanos não são notadamente diferentes, mesmo levando em conta que os primatas selvagens experimentam fontes de mortalidade das quais o homem pode estar protegido", destacaram os autores.
Os resultados também confirmaram um padrão observado em humanos e no reino animal: na média, as fêmeas vivem mais do que os machos.
Dos primatas analisados, excluindo o homem, a diferença de mortalidade entre machos e fêmeas se mostrou menor no muriqui-do-norte. Na espécie, tanto o nível de agressão às fêmeas como a competição entre os machos na hora de procriar foram os menores observados.
Animais pesquisados
Os pesquisadores combinaram dados de estudos de longo prazo de sete espécies de primatas selvagens: o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), encontrado no Brasil; o macaco-prego-de-cara-branca (Cebus capucinus), da Costa Rica; o cinocéfalo (Papio cynocephalus), um tipo de babuíno, e o macaco-azul (Cercopithecus mitis), ambos do Quênia; chimpanzés (Pan troglodytes) da Tanzânia; gorilas (Gorilla beringei) da Ruanda; e o lêmur sifaka (Propithecus verreauxi), de Madagascar.
Os resultados foram publicados hoje na revista Science.

Cientistas controlam ansiedade no cérebro usando luz

Rotas da ansiedade
Cientistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, usaram luz para identificar com precisão os circuitos neurais responsáveis pela ansiedade.
Trabalhando com animais de laboratório, os cientistas identificaram duas rotas principais no cérebro: uma que promove a ansiedade e outra que alivia a ansiedade.
Os transtornos de ansiedade são os mais prevalentes entre as doenças psiquiátricas, e incluem doenças como o transtorno de estresse pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo e fobias. A ansiedade também contribui para outros importantes transtornos psiquiátricos, como a depressão e abuso de substâncias.
Amígdala cerebral
As rotas agora localizadas estão em uma região do cérebro chamada amígdala.
A amígdala está envolvida em vários processos, incluindo a sociabilidade e o medo, e também já era sabido que ela desempenha um papel na ansiedade.
Mas as pesquisas anteriores precisaram de modificações generalizadas da amígdala, por meio de drogas ou de sua ruptura física, métodos de força bruta que trazem pouco conhecimento prático para o tratamento dos efeitos produzidos em qualquer região do cérebro.
Optogenética
Agora os cientistas usaram uma ferramenta bem mais suave, a luz, resultado de pesquisas em uma área emergente conhecida como optogenética.
A optogenética combina genética e ciência óptica para manipular seletivamente a forma como um neurônio dispara no cérebro. Os neurônios são células eletricamente excitáveis que transmitem informações através de sinalizações elétricas e químicas.
As manipulações genéticas dirigidas induzem neurônios específicos a produzir uma proteína ativada pela luz normalmente encontrada em algas e bactérias.
Quando acionadas por certos comprimentos de onda da luz, estas proteínas permitem que os cientistas aumentem ou diminuam a atividade neuronal no cérebro e observem os efeitos dessa atividade sobre o comportamento dos animais de laboratório.
Diferença entre medo e ansiedade
Embora a optogenética já tivesse sido utilizada antes para estudar a função da amígdala no medo, esta é a primeira vez que a técnica é utilizada para estudar a ansiedade.
"Medo e ansiedade são diferentes", explica Karl Deisseroth, coordenador da pesquisa. "O medo é uma resposta a uma ameaça imediata, mas a ansiedade é um estado de elevada apreensão sem nenhuma ameaça imediata. Eles compartilham os mesmos efeitos, por exemplo, manifestações físicas tais como aumento da frequência cardíaca, mas seus controles são muito diferentes."
Agora que sabem da existência das rotas celulares específicas para ativação e desativação da ansiedade, os cientistas vão começar a efetuar testes para tentar inibir seus efeitos de forma mais duradoura.
Ainda não há previsão de quando os testes começarão a ser feitos em humanos.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Evolução da biomecânica do corpo humano

A biomecânica do movimento humano é o tema da reunião internacional que começou ontem nos Açores, onde estão em análise modelos de engenharia usados na criação de próteses para melhorar a qualidade de vida de pessoas com mobilidade reduzida.

Colocadas em cirurgias às ancas ou aos ombros, são casos "estudados com modelos mecânicos", afirmou Jorge Ambrósio, do Instituto Superior Técnico, salientando que "os mesmos que são usados para a construção de um carro ou de um edifício são também usados para o corpo humano, com a supervisão dos médicos".
 
O especialista referiu ainda que esta é uma forma de melhorar a qualidade de vida, nomeadamente através da "possibilidade de manter o movimento com os mesmos padrões que, por doença ou acidente, não se podem manter".

Jorge Ambrósio falava à margem do colóquio EUROMECH, que decorre até depois de amanhã na Universidade dos Açores, em Ponta Delgada, com a participação de 80 engenheiros e médicos de Portugal, Alemanha, Holanda, Bélgica, Itália, França, Dinamarca, EUA, Brasil, Espanha, Rússia, Polónia, República Checa, Eslováquia.


Durante os dois dias de trabalhos, estes especialistas vão debater a biomecânica do movimento humano, analisando as novas fronteiras da aplicação clínica das técnicas que têm vindo a ser desenvolvidas na Europa.


“A biomecânica tem uma especificidade muito interessante que junta engenheiros e médicos", frisou Jorge Ambrósio, salientando, ao nível da ortopedia, a possibilidade de criar ortóteses e próteses para "aumentar a qualidade de vida dos doentes"
, por exemplo, com pé diabético.

Com engenharia mecânica ou civil


Nesse sentido, frisou que
"estão a ser usados modelos mecânicos típicos da engenharia mecânica ou civil para modelar e descrever como é que os seres humanos caminham e correm”, afirmou o especialista.

Jorge Ambrósio destacou ainda o caso de cirurgias à anca ou ao ombro, em que há substituição dos tecidos naturais por artificiais, salientando que estas operações implicam, não só remoção de uma parte dos ossos, que são substituídos pelas próteses, mas também a recolocação dos músculos em localizações que não são exactamente as naturais. Nesta área, disse existir um número crescente de cursos de engenharia biomédica, que são ministrados por engenheiros e médicos.


As iniciativas EUROMECH são promovidas pela Sociedade Europeia de Mecânica, sendo o encontro subordinado ao tema 'Biomechanics of Human Motion. New Frontiers of Multibody Techniques for Clinical Applications'. Esta iniciativa é uma organização das universidades Técnica de Lisboa, dos Açores e do Minho, contando ainda com a colaboração de instituições universitárias da Holanda e da Alemanha.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Desinfecção é mais eficaz do que antibióticos no tratamento de feridas

Um estudo conduzido pelo Johns Hopkins Children´s Center, nos Estados Unidos, mostra que a desinfecção da pele infectada por alguns tipos de bactéria pode ser mais eficaz do que o uso do antibiótico meticilina.

Segundo um artigo publicado na revista
"Pedriatrics", os investigadores testaram dois antibióticos regularmente empregues no tratamento de infecções pela bactéria Staphylococcus aureus.

Aleatoriamente, 191 crianças voluntárias, que tinham entre seis meses e 18 anos de vida, receberam cefalexina, um antibiótico clássico, mas pouco eficiente na cura desse tipo de bactéria, ou clindamicina, conhecido pela sua eficácia contra as mais resistentes.
Os resultados da investigação mostraram que a cura da infecção estava directamente ligada aos cuidados com a ferida e não com o antibiótico utilizado, visto que 95 por cento das crianças observadas tiveram uma recuperação completa após uma semana de tratamento, independentemente do antibiótico com que foram tratadas.

"O que realmente faz diferença no cuidado com a ferida é a limpeza da zona magoada, pelo que apenas é preciso manter o local sempre limpo"
, disse Aaron Chen,  que liderou o estudo.

Apesar destas conclusões, os especialistas não ambicionam, para já, retirar a medicação nos casos de tratamento de infecções, pois defendem que são necessários estudos mais aprofundados sobre a verdadeira eficácia dos antibióticos nessas situações específicas.

terça-feira, 1 de março de 2011

Radicais livres controlam força das batidas do coração

Radicais livres do bem
O medo dos radicais livres pode estar sendo exagerado, de acordo com cientistas da universidade médica sueca Instituto Karolinska.
Em 2010, um estudo publicado por cientistas de Portugal ganhou as manchetes do mundo todo ao contestar o papel deletério sempre associado com os radicais livres - a pesquisa defendia que os radicais livres podem agir contra o envelhecimento.
Agora, neste novo estudo, publicado no Journal of Physiology, os cientistas mostram que os radicais livres funcionam como uma substância sinalizadora que faz o coração bater com a força correta.
Mito dos radicais livres
Radicais livres são moléculas que reagem prontamente com outras substâncias no corpo, e isto pode, em determinadas circunstâncias, ter efeitos negativos na saúde, ao causar danos às células.
Os radicais livres podem ser combatidos por meio de substâncias conhecidas como antioxidantes, que são ingredientes comuns em muitos suplementos dietéticos, mas também em produtos naturais, como o açaí e a romã.
Segundo os cientistas, contudo, a ideia de que os radicais livres são geralmente perigosos e devem ser combatidos é um mito.
"Como sempre, tudo exige moderação. Em condições normais, os radicais livres agem como importantes substâncias sinalizadoras, mas, em níveis muito elevados ou em situações de elevações contínuas, eles podem levar a doenças," explica Hakan Westerblad, que liderou o estudo.
Efeitos dos radicais livres
Quando o corpo fica sujeito a diferentes tipos de estresse, o sistema nervoso simpático estimula moléculas conhecidas como receptores beta-adrenérgicos, na superfície das células do músculo cardíaco.
Isto leva a várias alterações no interior das células, uma das quais sendo a fosforilação das proteínas.
A fosforilação, por sua vez, aumenta as contrações das células, fazendo com que o coração bata com mais força.
No estudo agora divulgado, os cientistas mostraram que a estimulação dos receptores beta-adrenérgicos também leva a um aumento na produção dos radicais livres nas mitocôndrias das células, e estas contribuem para as contrações mais fortes das células.
Quando os cientistas expuseram as células aos antioxidantes, uma grande parte do efeito de estimulação dos beta-adrenérgicos sobre as células do coração desapareceu.
Regulação da força do coração
Os resultados revelam um mecanismo até agora desconhecido de regulação da da força dos batimentos do coração, e pode levar a uma melhor compreensão dos diversos tipos de deficiência cardíaca.
"Os radicais livres desempenham um papel importante, uma vez que contribuem para que o coração seja capaz de bombear mais sangue em situações de estresse," diz Westerblad.
"Por outro lado, o estresse persistente pode levar à insuficiência cardíaca, e aumentos crônicos nos níveis de radicais livres podem ser parte do problema neste caso," conclui ele.
 "Katarina Sternudd"

Novo equipamento muda a forma de medir pressão sanguínea

Pressão em pessoas jovens
Cientistas desenvolveram uma nova forma, mais precisa, para medir a pressão sanguínea, o que dará aos médicos informações melhor fundamentadas para embasar suas decisões sobre o tratamento.
O equipamento, inventado por cientistas da Grã-Bretanha e de Cingapura, permite uma leitura mais precisa do que o método atualmente utilizado.
O equipamento será particularmente útil para as pessoas mais jovens, nas quais a pressão medida no braço às vezes pode ser bastante exagerada quando comparada com a pressão sistólica central.
Pressão sistólica central
Este é o primeiro aparelho economicamente viável e tecnicamente seguro capaz de medir a pressão arterial bem junto ao coração - a chamada pressão aórtica sistólica central ou CASP (Central Aortic Systolic Pressure).
A pressão arterial hoje é medida no braço porque isso é mais conveniente.
Contudo, a leitura que se obtém nem sempre reflete com precisão como a pressão está nas grandes artérias próximas ao coração.
A nova tecnologia usa um sensor no pulso para registrar a onda de pulso e, em seguida, usando modelos matemáticos dessa onda, um microprocessador calcula a pressão próxima ao coração - com uma precisão muito elevada, equivalente a fazer a medição direta de forma invasiva.
Pressão na aorta
Medir a pressão arterial na aorta, que está mais perto do coração e do cérebro, é importante porque é lá que a pressão arterial elevada pode causar mais danos.
Além disso, a pressão na aorta pode ser muito diferente da pressão que é tradicionalmente medida no braço.
"Não tenho qualquer dúvida sobre a magnitude da mudança que esta técnica trará. Foi um avanço científico fabuloso chegar a este ponto e ele vai mudar a forma como a pressão arterial tem sido monitorada por mais de um século," disse o Dr. Bryan Williams, que coordenou o desenvolvimento do aparelho.
"A beleza de tudo isso é que é difícil argumentar contra a tese de que a pressão próxima ao coração e ao cérebro é mais relevante para o risco de acidente vascular cerebral e doença cardíaca do que a pressão em seu braço," conclui o médico.
D.S.

Sintomas da menopausa estão associados com menor risco de ataques cardíacos

Ondas de calor
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos sugere que um dos sintomas considerados mais incômodos da menopausa, as variações súbitas e intensas de calor, pode ser sinal de menor risco de problemas cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrames.
A pesquisa foi realizada por médicos do Northwestern Memorial Hospital, de Chicago, e publicada na revista especializada Menopause.
"[Os sintomas] podem ser incômodos, mas as ondas de calor não são totalmente ruins", disse Emily Szmuilowicz, endocrinologista do Northwestern Memorial Hospital, que liderou o estudo.
"Nossa pesquisa mostra que, apesar de relatos anteriores sugerirem que os sintomas da menopausa estavam associados a níveis maiores de risco de doenças cardíacas, como alta pressão arterial e colesterol, o resultado (do estudo) nos conta uma história diferente," relata.
Dez anos de observação
Szmuilowicz e a equipe formada por médicos do hospital de Chicago e também da Escola de Medicina de Harvard, analisou as informações médicas de 60 mil mulheres durante dez anos.
Estas mulheres faziam parte de um programa de observação da saúde da mulher, criado para determinar a relação entre os sintomas da menopausa e incidentes cardiovasculares.
As participantes do estudo foram divididas em quatro grupos: mulheres que sentiam as variações de calor e calor noturno no começo da menopausa, mulheres que apresentavam os sintomas mais tarde durante a menopausa, mulheres que apresentavam as ondas de calor nos dois períodos e aquelas não tinham o sintoma.
"Descobrimos que as mulheres que tinham os sintomas no climatério - período da transição da fase reprodutiva para a fase não fértil - tinham menos eventos cardiovasculares do que aquelas que tinham as ondas de calor mais tarde, durante a menopausa, ou aquelas que não tinham o sintoma", disse a médica.
Não é tão ruim
Antes do estudo, havia a preocupação de que os sintomas da menopausa, que resultam da instabilidade dos vasos sanguíneos na pele, poderiam aumentar o risco de outros tipos de problemas vasculares.
"É animador que estes sintomas, que são sentidos por tantas mulheres, não parecem ter relação com o maior risco de doença cardiovascular", afirmou Szmuilowicz.
A equipe de pesquisadores afirmou que serão necessários mais estudos para compreender o mecanismo que levou a este resultado, mas afirmam que os resultados observados já significam boas notícias para milhões de mulheres que sofrem com estes sintomas.
"Ondas de calor nunca serão agradáveis, mas talvez estas descobertas façam com que sejam mais toleráveis", disse a endrocrinologista.
D.S.

Parto induzido aumenta risco para mulheres e bebês

Induzindo problemas
Com o aumento crescente no número de partos programados, é importante para os médicos e para as futuras mães entenderem os riscos associados com a indução eletiva do parto.
Tentando mensurar esses riscos, uma equipe de médicos da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, pesquisou mulheres que estavam dando à luz seu primeiro filho.
As conclusões mostram que induzir o trabalho sem uma razão médica - apenas por conveniência - está associado com problemas para a mãe, incluindo o aumento das taxas de cesárea, maior perda de sangue e um período de permanência no hospital mais longo.
E essa indução não traz qualquer benefício para o recém-nascido.
Partos com maior risco
Os pesquisadores descobriram que cerca de 34% das mulheres que optaram pela indução eletiva do trabalho de parto acabaram tendo uma cesariana, contra uma taxa de 20% entre as mulheres que aguardaram o parto natural.
Da mesma forma que a indução eletiva, afirmam os autores do estudo, a cesariana "pode ser vista ingenuamente como rotineira e sem risco, quando na verdade ela é uma grande cirurgia e, como toda cirurgia, aumenta o risco de infecções, complicações respiratórias e a necessidade de cirurgias adicionais, resultando em maior tempo de recuperação."
Para cada 100 mulheres que se submeteram à indução eletiva, houve um adicional de 88 dias de permanência no hospital, representando custos acrescidos para a mãe e para o hospital.
Nos partos induzidos, os bebês foram mais propensos a precisar de oxigênio imediatamente após o parto.
Eles também se mostraram mais propensos a exigir atenção especializada de especialistas da unidade de terapia intensiva neonatal.
Conveniência versus bem-estar
"Os benefícios de um procedimento devem sempre superar os riscos. Se não houver quaisquer benefícios médicos para induzir o trabalho de parto, é difícil justificar fazê-lo eletivamente quando sabemos que isso aumenta os riscos para a mãe e o bebê," afirma o Dr. Christopher Glantz um dos autores do estudo, que foi publicado no Journal of Reproductive Medicine.
Nos Estados Unidos, tem aumentado o número de partos programados, por conveniência das mães ou dos médicos, ou de ambos.
Isso tem sido considerado um problema pelos especialistas - ainda assim um problema considerado menos grave do que a cesárea eletiva em larga escala, como ocorre no Brasil.
Embora médicos e mães possam considerar que a indução do trabalho de parto não faz mal, ele não funciona tão bem quanto o parto natural - como se está essencialmente partindo do zero, sem a progressão natural dos organismos da mãe e do bebê, a chance de surgirem problemas é muito maior.
"Como profissional e como mãe, eu sei como pode ser tentador agendar o parto para deixar sua vida em ordem, mas há uma razão para que os bebês permaneçam no útero pelo tempo total natural da gravidez," disse a Dra. Loralei Thornburg, especializada em medicina materno-fetal. "Por que colocar você e seu bebê em risco se você não precisa fazer isso?"
Os médicos afirmam que as conclusões só se aplicam ao primeiro parto - mães que passaram por parto induzido mas que já haviam tido um filho por parto natural não-induzido não tiveram aumento nos riscos.
D.S.