segunda-feira, 21 de março de 2011

O Papel da Adrenalina

A adrenalina é uma hormona segregada pelas glândulas supra-renais. Em ocasiões de stress intenso, como uma emergência ou uma situação de perigo, por exemplo, ela é segregada em enormes quantidades e num curtíssimo espaço de tempo.
E porque é que isso acontece?
A adrenalina tem uma função e um papel muito importantes nessas situações extremas. Ela actua principalmente a nível muscular. Estimula o coração, aumentando a frequência dos batimentos cardíacos e elevando a tensão arterial e aumenta o fluxo sanguíneo principalmente nos músculos dos braços e das pernas.
Tudo isto serve para capacitar o nosso corpo a fazer um esforço físico muito superior ao habitual. Numa situação de perigo, capacita-nos a fugir ou a lutar de uma forma que nunca seria possível se os nossos vasos sanguíneos não estivessem inundados de adrenalina. É esta hormona que capacita uma pessoa a lutar com um animal selvagem, por exemplo, para defender a vida de uma criança, ou a entrar numa casa em chamas e cheia de fumo para ir buscar alguém.
Na verdade, ela pode dar-nos uma capacidade sobre humana, no sentido em que nos permite ter uma força muito superior ao que é humanamente habitual. Pode-se dizer que funciona como um mecanismo de sobrevivência - extremamente eficaz!
Mas quando há esta descarga tremenda de adrenalina, o sangue não aumenta no nosso corpo. Ele simplesmente é desviado em maior quantidade para determinadas zonas (principalmente os braços e as pernas). Isto significa que haverá outras zonas que ficam com um défice de sangue. E uma dessas zonas é o cérebro. Ele fica com energia suficiente para funcionar, mas com menos do que é habitual. Ou seja, a nossa capacidade de discernimento e planeamento fica reduzida.
O nosso corpo fica preparado para agir, mas não para pensar. Por isso eu penso que não é muito sensato estar a tomar decisões ou a assumir compromissos em momentos de grande stress. No caso de um conflito, por exemplo, é preferível deixar que os ânimos acalmem antes de procurar chegar a conclusões ou soluções.
Um aspecto interessante da adrenalina, é que ela tem cheiro. Nós, seres humanos, não temos a capacidade de sentir esse cheiro, mas o animais têm. Por isso, um cão pode não reagir muito a uma pessoa que fique indiferente em relação a ele, mas começar a ladrar ou chegar mesmo a morder a alguém que esteja com medo dele.
Parece que não faz sentido, mas lembra-te que a adrenalina serve para aumentar a nossa capacidade de... lutar ou fugir. A hormona é a mesma, o cheiro é o mesmo. O cão não sabe qual das opções nós vamos escolher. Então pode atacar-nos para evitar que o ataquemos a ele.
A adrenalina é segregada em grandes quantidades enquanto o problema durar. Por isso, quando o problema termina subitamente, a adrenalina que está a mais no sangue deixa de ser necessária. No caso de um salvamento dramático, por exemplo, quando a pessoa é posta a salvo, aquele que a ajudou já não precisa de tanta adrenalina.
Mas ela continua a inundar a sua corrente sanguínea. É este excesso de adrenalina que pode levar a pessoa a ter uma grande quebra emocional ou mesmo a entrar em choque.
Lembro-me que um dos meus professores da área de medicina, nos dizia que nestas situações, uma forma rápida de "queimar" essa adrenalina excessiva e prejudicial é irritar a pessoa em questão.
Ou seja, se conhecermos a pessoa o suficiente, podemos dizer algo que lhe pareça tão errado e injusto (depois do seu acto heróico!), que ela se vire para nós com umas palavras de raiva. Essa raiva, que é outra das coisas que queima muita adrenalina, vai absorver a que está em excesso, podendo assim evitar que a pessoa entre em estado de choque.
A adrenalina é fundamental para a nossa sobrevivência mas é nociva no momento em que está em excesso. Para além disso, pode tornar-se um vício, uma dependência. Está a aumentar muito o número de pessoas viciadas nesta substância, que procuram produzi-la intencionalmente em todo o tipo de actividades (cada vez mais) radicais.
Filomena Santos (Conselheira Clínica)

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