sábado, 30 de janeiro de 2010

Dieta ou exercício previnem disfunção cardíaca

Exercício físico ou restrição alimentar. Qualquer dos dois fatores evitou que ratos obesos desenvolvessem disfunção cardíaca, segundo um estudo feito na Faculdade de Medicina em colaboração com a Escola de Educação Física e Esporte, ambas da Universidade de São Paulo (USP).

O trabalho indicou também que a associação das duas condutas não medicamentosas não resulta em benefício adicional na função cardíaca. A explicação dos pesquisadores para isso é que cada uma das intervenções isoladamente já é suficiente para evitar que a obesidade crônica provoque a disfunção cardíaca.

De acordo com Carlos Eduardo Negrão, diretor da Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e orientador do estudo, as alterações cardíacas decorrentes da obesidade podem ser evitadas “se a restrição alimentar ou o exercício físico for utilizado como conduta não medicamentosa para interromper o processo de obesidade crônico”.

Além de avaliar os efeitos do treinamento físico e da restrição alimentar na função cardíaca, um dos objetivos do estudo foi tentar esclarecer o papel dessas intervenções nos mecanismos moleculares envolvidos nas alterações cardíacas causadas pela obesidade.

Os resultados fazem parte da tese de doutorado Efeito do treinamento físico e da restrição alimentar na função cardíaca e resistência à insulina em ratos obesos, de Ellena Paulino, feita com apoio de Bolsa da FAPESP e defendida em novembro de 2009, com orientação de Negrão.

– O estudo acrescenta conhecimentos importantes sobre o papel do exercício e da restrição calórica nos mecanismos moleculares associados à função cardíaca na obesidade –, disse Negrão.

Na pesquisa, ratos wistar machos foram alimentados com dieta normocalórica (quantidade normal de calorias) ou hipercalórica (rica em gordura e açúcar) durante 25 semanas. Após esse período, os animais alimentados com a dieta hipercalórica foram subdivididos em quatro grupos e acompanhados por mais dez semanas.

No primeiro grupo, os ratos continuaram recebendo a dieta hipercalórica e foram mantidos sem treinamento físico. No segundo, continuaram com dieta hipercalórica e foram treinados. No terceiro, deixaram de receber esse dieta para serem submetidos à restrição alimentar (menos 20% da ingestão diária). No quarto grupo, os ratos foram submetidos ao treinamento físico e à restrição alimentar.

– Após a vigésima quinta semana, os animais submetidos à dieta hipercalórica não apresentavam alterações na função cardíaca, embora já apresentassem substancial ganho de peso –, explicou Ellena.

– Após mais dez semanas de alimentação rica em gordura e mais ganho de peso corporal, eles apresentaram alteração na força de contração do coração e nas proteínas moleculares envolvidas nessa função. Isso foi evitado nos animais submetidos ao exercício físico ou à restrição alimentar –, contou.

Outro resultado importante sobre o papel do exercício e da restrição alimentar alcançado no trabalho está relacionado ao metabolismo de lípides.

– A restrição alimentar em associação com o exercício físico diminuiu significativamente a esteatose e a hipertrigliciridemia em animais obesos –, disse Ellena.

Mas se por um lado a associação da restrição alimentar e do exercício físico não mostrou efeito cumulativo nos parâmetros cardíacos, por outro lado essas duas intervenções associadas diminuíram a quantidade de gordura estocada no fígado de animais obesos (esteatose hepática) e, também, os níveis de triglicérides plasmático.

– Embora a restrição alimentar isoladamente diminua a quantidade de gordura acumulada no fígado, ela aumentou a concentração de triglicérides plasmático, o que sugere um aumento na resistência hepática à insulina. Esses são achados importantes. Sabe-se que a esteatose, triglicérides aumentados e a resistência à insulina elevam o risco de doença cardiovascular –, destacou Ellena.

Segundo a pesquisadora, o trabalho permite concluir que a restrição calórica e a prática de exercício devem ser recomendadas para a prevenção de alterações cardíacas e metabólicas causadas pela obesidade.

Tratamentos para controlar HIV envelhecem o cérebro prematuramente

Washington, (EFE).- A infecção pelo vírus de imunodeficiência humana (HIV) e os tratamentos para controlá-la envelhecem prematuramente o cérebro, segundo estudos publicados pela revista "Journal of Infectious Diseases".
Os pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Washington, e da Universidade da Califórnia descobriram que o fluxo sanguíneo nos cérebros de pacientes com HIV se reduz a níveis que, normalmente, são vistos em pacientes não infectados, mas que são entre 15 e 20 anos maiores.
"O envelhecimento da comunidade de pacientes com síndrome de imunodeficiência adquirida faz com que os efeitos desta infecção no cérebro seja motivo de preocupação", disse Beau Ances, autor principal do artigo e professor de neurologia na Universidade Washington, de St. Louis (Missouri).
"Os pacientes sobrevivem em sua velhice e muitos deles nos expressam sua preocupação com os problemas que têm com a memória e outras funções cognitivas", acrescentou.
Os epidemiologistas calculam que de 14% a 18% dos pacientes com aids nos Estados Unidos são maiores de 50 anos. Este grupo de idade também tem uma das taxas mais altas de novas infecções.
Outros estudos anteriores sobre os efeitos a longo prazo da infecção de HIV sobre a saúde descobriram que o vírus pode afetar de maneira adversa o coração, o fígado, o sistema endócrino, o sistema ósseo e os rins.
O HIV pode levar à demência em alguns pacientes, mas determinar cientificamente os efeitos do HIV e o envelhecimento do cérebro foi complicado, segundo Ances.
"Acreditamos que o vírus entra no cérebro usando células de imunidade infectadas", acrescentou. "Uma vez no cérebro, o HIV não infecta diretamente os neurônios mas afeta, por outro lado, as células de apoio, que podem liberar fatores de imunidade que danificam os neurônios".

Pouco carboidrato nos dias quentes evita fadiga

No verão do Brasil, principalmente diante das altas temperaturas que rondam nestes dias de janeiro, a energia é drenada e as pessoas têm menos disposição para o trabalho. Depois do almoço, a situação fica ainda mais dramática, mas uma série de dicas dos médicos Alexandre Merheb e Cristiano Merheb, especialistas em nutrologia, neste domingo, ajuda a vencer o cansaço e a fadiga sob os 40º deste Janeiro de 2010.
Dicas
1) Pela manhã, evite ingerir carboidratos. O volume de energia é maior sem a presença de pão, mel, suco de frutas, leite no desjejum.
2) Opte por um desjejum até as 10h30 à base de proteínas (queijos, presunto magro, ovos mexidos) e frutas picadas em pedaços não muito pequenos, para preservar a seiva que é rica em nutrientes. Cereais e aveia integrais, café preto ou chás naturais e água de coco são boas opções.
3) Entre o café-da-manhã e o almoço, beba de quatro a cinco copos de água, mesmo que sem sede. É que o corpo precisa repor a água, fundamental para o funcionamento do organismo.
4) No almoço, prefira as saladas coloridas de verduras e legumes, proteínas magras, como aves, peixe, lombo de porco e bife grelhado. Reduza o consumo de feijão e farofa. Adote as frutas como sobremesa.

Distúrbios do sono podem provocar arritmias cardíacas

Estudos publicados no Journal of the American College of Cardiology apontam que distúrbios do sono podem causar problemas cardíacos, principalmente pela alteração do ritmo do coração.
Pessoas que sofrem, por exemplo, de apneia, que se caracteriza por pequenas interrupções durante o sono, afetando consideravelmente a saúde e qualidade de vida do paciente, devem considerar outros problemas de saúde além do distúrbio do sono, principalmente problemas cardíacos.
Durante o sono, os portadores de apneia tem uma reação de relaxamento da faringe, dificultando a passagem do ar, causando, no esforço para respirar, um aumento da pressão sanguínea.
A obstrução das vias respiratórias faz com que o organismo precise de uma força maior para que o ar chegue até o pulmão e possa ser distribuído para o organismo, o que força o coração a bombear o sangue com mais força ou rapidez.
Tipos diferentes de distúrbios do sono estão associados a também diversos tipos de arritmias. Pacientes com históricos de distúrbios de sono também deveriam ter um controle da pressão, pois sua variação pode lesionar órgãos como cérebro, coração e rins.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Reorganização de rede oncológica visa melhorar os serviços

Até ao final do ano 2010, pondera-se o encerramento de vários serviços de oncologia nos hospitais portugueses, com base num novo plano de reorganização da rede oncológica. Segundo o documento aprovado pelo Governo, é proposto o encerramento das unidades hospitalares com este serviço que não atendam mais de 500 novos casos por ano. Actualmente, existem 55 hospitais que tratam doentes com esta patologia, estando o Hospital Nossa Senhora do Rosário, EPE (HNSR) entre estes números.
Foi procurando esclarecer os objectivos visados pelo seu ministério que a ministra da Saúde, Ana Jorge, garantiu que o Governo "não tem qualquer intenção de promover encerramentos de unidades de prestação de cuidados oncológicos", aquando da sua intervenção no debate sobre a reorganização da rede de cuidados oncológicos, que teve lugar no passado dia 14 de Janeiro, no Parlamento. Segundo, afirmou o que está em causa é melhorar a prestação de cuidados aos doentes, não tendo o Governo “qualquer estratégia economicista ou qualquer intenção de poupança no que respeita à Rede de Referenciação Hospitalar em Oncologia".
Em declarações ao Jornal do Barreiro, Jorge Espírito Santo, presidente do Colégio de Oncologia da Ordem Médicos, admite que “o documento que está, neste momento, em discussão não é uma reestruturação dos serviços de oncologia” mas sim uma “reflexão dos requisitos que têm que existir para a prática da oncologia”. Jorge Espírito Santo acrescenta ainda que “só com base nestes requisitos, de qualidade técnica e organizativa”, é que se pode planear a rede de serviços que irá depois prestar este tipo de cuidados.
Mediante as conclusões do documento, actualmente em discussão, irão ser definidos quais os serviços dos hospitais com estas unidades que permanecerão em funcionamento, quais os que encerrarão e, ainda, os que irão sofrer alterações para dar resposta às novas necessidades apontadas. No mesmo patamar encontra-se o HNSR, cuja Unidade de Oncologia iniciou a sua actividade em Março de 1994, competindo-lhe o exercício especializado nas áreas do diagnóstico, tratamento, vigilância e cuidados paliativos do doente oncológico.
“O documento devia ter começado por definir os requisitos e os tipos de serviço, tal como faz, e deixar os critérios de incidências, de números, etc., para uma segunda fase”, referiu o presidente do Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos, também médico responsável da Unidade de Oncologia do HNSR. Jorge Espírito Santo acrescenta ainda que este facto seria crucial para que “não se encerrassem serviços que estão a funcionar bem e não se abrissem outros que não são precisos ou que não têm condições para abrir”.
O documento estará em discussão pública até ao final deste mês para, posteriormente, ser adaptado e encaminhado para o Conselho Nacional de Oncologia. Após a sua análise, será finalmente posto em prática em todos os hospitais do país a funcionar com serviços de oncologia.
Refira-se que a Unidade de Oncologia do HNSR conta actualmente com 5 Oncologistas em tempo completo, 1 Hematologista em tempo parcial (16 horas semanais) e 2 Anestesiologistas. Dispõe ainda de 9 Enfermeiros, 3 auxiliares de acção médica e 5 secretárias de Unidade, que asseguram o núcleo vital de organização das actividades da Unidade e a manutenção de um arquivo clínico e de imagem próprio. Desde Agosto de 2007, esta unidade conta ainda com a colaboração de 3 Pneumologistas.

Técnica indolor com jatos de plasma pode substituir broca de dentista

Cientistas alemães apresentaram uma nova tecnologia de tratamento dentário a base de jatos de plasma, que, segundo eles, cortará significativamente a dor e o desconforto causados pelos tratamentos convencionais com broca.
O estudo, realizado pela Universidade de Saarland e relatados na revista especializada Journal of Medical Microbiology, descobriu que o plasma destruiu as bactérias em dentes infectados.
Stefan Rupf, que liderou o estudo, afirmou que a baixa temperatura do plasma matou os micróbios e preservou o dente.
– A broca é uma experiência que gera muito desconforto e, em algumas vezes, dor. Por outro lado, o plasma frio é um método completamente sem contato (com o dente) que é muito eficaz –, afirmou.
– Atualmente há muito progresso no campo da medicina com uso de plasma e o tratamento clínico para cavidades dentais pode ser esperado para dentro de três a cinco anos.
Normalmente, a broca do dentista é usada para limpar a bactéria alojada em uma cavidade no dente, uma cárie, antes do dentista preencher a cavidade.
A equipe de pesquisadores da Universidade Saarland usou o jato de plasma com o mesmo propósito e constatou que o novo procedimento é capaz de fazer a limpeza de forma rápida e eficaz, mesmo quando a bactéria estava alojada na dentina, a principal parte do dente, abaixo do esmalte.
A matéria pode se apresentar em vários estados: sólido, líquido, gasoso e um quarto estado, plasma, que é na verdade o estado mais comum no Universo.
Existem muitas formas naturais de plasma, na matéria que forma o Sol e nos raios que caem durante tempestades, e o uso de plasma artificial é bastante comum na tecnologia moderna, por exemplo em luzes fluorescentes e na fabricação de semicondutores.
O plasma artificial pode ser criado quando se adiciona energia a um gás, usando um campo elétrico ou laser. A matéria resultante pode se comportar de forma diferente quando entra em contato com outras partículas.
Muitos plasmas artificiais podem ser extremamente quentes. Mas o progresso alcançado nos últimos anos permitiu a criação do plasma frio.
Com isso, os cientistas conseguiram desenvolver técnicas que permitem o uso deste plasma para tratar áreas minúsculas específicas no corpo humano. O jato de plasma é capaz de atingir e eliminar bactérias sem afetar o tecido ao redor.
O professor Bill Graham, físico da Universidade Queen's, de Belfast, afirmou que a medicina com uso de plasma tem o potencial para atingir alvos minúsculos, talvez até uma única célula.
Graham afirma que "bisturis de plasma" já estão sendo usados na medicina esportiva e também há interesse no uso deste instrumento em pacientes com queimaduras.
– Obviamente, assim como com qualquer outro tratamento, precisamos verificar se pode ser usado com segurança, mas não há provas no momento de que existam problemas –, afirmou.

Novo desinfetante auxilia na redução de infecções hospitalares

Um novo tipo de desinfetante de ação instantânea e de alta eficiência contra bactérias, vírus, fungos e príons será divulgado em artigo na edição de fevereiro do Journal of General Virology.
De acordo com os autores, do Instituto Robert Kock, de Berlim, Alemanha, a fórmula poderá ser usada na desinfecção de instrumentos cirúrgicos e auxiliar na redução de infecções hospitalares, um dos principais problemas de saúde pública.
O desinfetante, segundo os cientistas, atua contra uma ampla gama de patógenos, inclusive contra alguns resistentes a produtos normalmente usados em hospitais, como o enterovírus ou a bactéria Mycobacterium avium, que causa uma doença parecida com a tuberculose em indivíduos imunocomprometidos.
Em estudos anteriores o mesmo grupo alemão havia identificado uma composição detergente alcalina que se mostrou eficiente na erradicação de príons da superfície de instrumentos cirúrgicos.
Príons são agregados supramoleculares formados por proteínas com capacidade de modificar outras proteínas que causam doenças como a encefalopatia espongiforme bovina e a de Creutzfeldt-Jakob, esta última que atinge humanos. Príons são difíceis de eliminar, por serem muitos resistentes à inativação.
No novo estudo, os pesquisadores misturaram a formulação alcalina anterior com quantidades variadas de álcool e testaram a capacidade de desinfecção de microrganismos em equipamentos usados em cirurgia. O grupo verificou que a mistura original adicionada a propanol a 20% foi a mais eficiente na desinfecção e também para evitar a fixação de proteínas nas superfícies.
Segundo Michael Beekes, um dos coordenadores do estudo, a fórmula encontrada não é a ideal, algo praticamente impossível de se obter.
– Mesmo eliminar uma certa variedade de patógenos com uma única fórmula é difícil. Alguns microrganismos, como micobactérias, poliovírus, esporos fúngicos e príons são particularmente resistentes à inativação –, disse.
– Os príons são também conhecidos por sua capacidade de se grudar em superfícies. Além disso, desinfetar instrumentos complexos usados em neurocirurgias, por exemplo, representa um grande e importante desafio, porque esses equipamentos são sensíveis ao calor –, destacou.

Livre de patógenos

Agência FAPESP – Um novo tipo de desinfetante de ação instantânea e de alta eficiência contra bactérias, vírus, fungos e príons será divulgado em artigo na edição de fevereiro do Journal of General Virology.
De acordo com os autores, do Instituto Robert Kock, de Berlim, Alemanha, a fórmula poderá ser usada na desinfecção de instrumentos cirúrgicos e auxiliar na redução de infecções hospitalares, um dos principais problemas de saúde pública.
O desinfetante, segundo os cientistas, atua contra uma ampla gama de patógenos, inclusive contra alguns resistentes a produtos normalmente usados em hospitais, como o enterovírus ou a bactéria Mycobacterium avium, que causa uma doença parecida com a tuberculose em indivíduos imunocomprometidos.
Em estudos anteriores o mesmo grupo alemão havia identificado uma composição detergente alcalina que se mostrou eficiente na erradicação de príons da superfície de instrumentos cirúrgicos.
Príons são agregados supramoleculares formados por proteínas com capacidade de modificar outras proteínas que causam doenças como a encefalopatia espongiforme bovina e a de Creutzfeldt-Jakob, esta última que atinge humanos. Príons são difíceis de eliminar, por serem muitos resistentes à inativação.
No novo estudo, os pesquisadores misturaram a formulação alcalina anterior com quantidades variadas de álcool e testaram a capacidade de desinfecção de microrganismos em equipamentos usados em cirurgia. O grupo verificou que a mistura original adicionada a propanol a 20% foi a mais eficiente na desinfecção e também para evitar a fixação de proteínas nas superfícies.
Segundo Michael Beekes, um dos coordenadores do estudo, a fórmula encontrada não é a ideal, algo praticamente impossível de se obter. “Mesmo eliminar uma certa variedade de patógenos com uma única fórmula é difícil. Alguns microrganismos, como micobactérias, poliovírus, esporos fúngicos e príons são particularmente resistentes à inativação”, disse.
“Os príons são também conhecidos por sua capacidade de se grudar em superfícies. Além disso, desinfetar instrumentos complexos usados em neurocirurgias, por exemplo, representa um grande e importante desafio, porque esses equipamentos são sensíveis ao calor”, destacou.
O artigo Fast broad-range disinfection of bacteria, fungi, viruses and prions (DOI vir.0.016337-0), de Michael Beekes e outros, poderá ser lido no Journal of General Virology em http://vir.sgmjournals.org.

Informação médica sobre ataques cardíacos

Ela comentou que não se sentia bem... lhe doíam as costas.... ia
deitar-se um pouco até que passasse... Um tempo mais tarde o seu marido
foi ver como ela estava e encontrou-a sem respirar... Não a puderam
reviver.

Eu sabia que os ataques cardíacos nas mulheres são diferentes, mas
nunca imaginei nada como isto. Esta é a melhor descrição que li sobre
esta terrível experiência...

Sabia que os ataques cardíacos nas mulheres raramente apresentam os
mesmos sintomas 'dramáticos' que anunciam o enfarte nos homens?
Refiro-me à dor intensa no peito, ao suor frio e ao desfalecimento
(desmaio, perda de consciência) súbito que eles sofrem e que vemos
representados em muitos filmes.

Para que saibam como é a versão feminina do enfarte, uma mulher que
experimentou um ataque cardíaco vai-nos contar a sua história:
'Eu tive um inesperado ataque de coração por volta de 22h30min, sem
ter feito nenhum esforço físico exagerado nem ter sofrido nenhum
trauma emocional que pudesse desencadeá-lo. Estava sentada, muito
agasalhadinha, com o meu gato nos joelhos. Lia um artigo
interessante, e com o meu pijama preferido vestido, muito relaxada,
pensava: 'A vida é gira...!'

Um pouco mais tarde, senti uma horrível sensação de indigestão, como
quando estamos com pressa e comemos uma sanduíche, engolimo-la com um
pouco de água e parece que temos uma bola que desce pelo esófago, muito lentamente,
sufocando-nos.

É, então, que nos damos conta de que não deveríamos comer tão depressa
e que deveríamos mastigar mais devagar e melhor, além disto, tomar um
copo de água para ajudar ao processo digestivo.
Esta foi minha sensação inicial... O 'único problema' era que eu NÃO
HAVIA comido NADA desde as 17h00min...
Depois, desapareceu esta sensação e senti como se alguém me apertasse
a coluna vertebral (pensando bem, agora acredito que eram os espasmos
em minha aorta). Logo, a pressão começou a avançar para o meu externo
(osso de onde nascem as costelas no peito). O processo continuou até
que a pressão subiu à garganta e a sensação correu, então, até
alcançar ambos os lados do meu queixo.


Ahhhh!! Nesse momento, soube realmente o que se estava a passar
comigo... Acredito que todos temos lido ou escutado que a dor no
queixo é sinal de um ataque do coração.

'Santo Deus, acredito que estou a ter um ataque cardíaco!', disse ao
gato. Tirei os pés do pufe e tratei de ir até ao telefone, mas caí no
chão...


Então, disse: 'Isto é um ataque cardíaco e não deveria caminhar até o
telefone nem a nenhum outro lugar, mas... se não digo a ninguém o que
se está a passar, ninguém poderá ajudar-me.... E se demoro, talvez não
possa mover-me depois. '

Levantei-me apoiada numa cadeira e caminhei devagar até o telefone
para chamar a emergência. Disse-lhes que acreditava que estava ta ter
um ataque cardíaco e descrevi os meus sintomas. Tratando de manter a
calma, informei o que se passava comigo. Eles disseram-me que viriam
imediatamente e aconselharam-me a deitar-me perto da porta, depois de
destrancá-la para que pudessem entrar e localizar-me rapidamente.

Segui as suas instruções, deitei-me no chão e, quase imediatamente,
perdi os sentidos. Não me lembro quando, como entraram os médicos e
nem quando me levaram de ambulância. Mas, vagamente, lembro-me de ter
aberto os olhos ao chegar ao hospital e ver que o cardiologista estava
à espera, pronto para levar-me à sala de cirurgia. O médico
aproximou-se e fez-me algumas perguntas (creio que perguntou se havia
tomado algum medicamento) mas não pude responder nem entender o que me
dizia porque voltei a perder os sentidos. Acordei com o cardiologista
- como descobri após algumas horas - havia introduzido um pequeno
balão na minha artéria femoral para instalar dois 'stents' que
mantivessem aberta a minha artéria coronária do lado direito.


Quando chamei a ambulância parece que demorou uns 20 ou 30 minutos,
mas na realidade apenas me custou 4 ou 5 minutos... E, graças às
minhas explicações precisas, os médicos já estavam à espera prontos e
atenderam-me adequadamente quando cheguei ao hospital.

Vocês perguntam-se porque lhes conto tudo isto com tanto detalhe
demorado... É simplesmente porque quero que todos saibam o que aprendi
depois desta terrível experiência.

Passo, então, a resumir alguns pontos:


1. Tenham em conta que os seus sintomas, provavelmente, não serão
parecidos em nada aos que padecem os homens. Eu, por exemplo, senti a
dor no externo e no queixo. Dizem que muitas mais mulheres que homens
morrem no seu primeiro (e último) ataque cardíaco porque não
identificam os sintomas e/ou os confundem com os de uma indigestão.
Então, tomam um digestivo e vão para a cama esperando que o mal-estar
desapareça durante a noite. Também, porque - por razões culturais -
nós, as mulheres, estamos acostumadas a tolerar a dor e o desconforto
mais que os homens. Queridas amigas: Talvez os vossos sintomas não sejam
iguais aos meus, mas, por favor, não percam tempo. CHAMEM a
AMBULÂNCIA, se sentem que o corpo experimenta algo estranho. Cada um
conhece o estado natural (normal) de seu corpo. Mais vale uma 'falsa
emergência' do que não atrever-se a chamar e perder a vida...


2. Notem que disse 'chamem os Paramédicos/Ambulância'. AMIGAS, o tempo
é importante, Além disto, não pensem dirigir-se nem deixem que seus
esposos ou familiares as levem ao hospital. Além de que ninguém está
em condições de dirigir sem que os nervos os atraiçoem, os seus
sintomas podem agravar-se no caminho do hospital e complicar as
coisas. Tão pouco é recomendável chamar O MÉDICO para que venha a sua
casa. Além de perder minutos preciosos, poucos médicos levam no seu
carro equipamento 'salva-vidas' necessário nestes casos; a ambulância,
sim está totalmente equipada. Principalmente, tem oxigénio que
precisarás de imediato.

3. Não acreditem que não possam sofrer um ataque cardíaco porque o seu
colesterol é normal ou 'nunca tiveram problemas cardíacos'... Se
descobriu que o colesterol por si só (a menos que seja excessivo)
raramente é a causa de um ataque cardíaco. Os ataques cardíacos são o
resultado de um stress prolongado que faz com que o nosso sistema
segregue todas as classes de hormônios daninhos que inflamam as
artérias e tecido cardíaco. Por outro lado, as mulheres que estão
entrando na menopausa ou já a ultrapassaram, perdem a protecção que
lhes brindava os estrogênios, pelo que correm igual risco de sofrer
mais problemas cardíacos do que os homens.

Decifrando a biomineralização

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Os mecanismos do processo de mineralização biológica – responsáveis pela formação de ossos – ainda não são completamente conhecidos. Um dos principais desafios da biomineralização é descobrir como as células se diferenciam, replicam-se e se dividem para formar as estruturas denominadas vesículas da matriz (MVs), organelas que se formam fora do sistema celular, contribuindo para que o tecido fique rígido e formando os ossos.
Analisando a função de duas enzimas envolvidas no processo de calcificação, um consórcio internacional de pesquisadores, com participação brasileira, trouxe novas contribuições para a compreensão dos mecanismos moleculares da mineralização biológica. O estudo foi publicado no Journal of Bone and Mineral Research.
De acordo com o primeiro autor do artigo, Pietro Ciancaglini, professor do Departamento de Química da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, entender os mecanismos bioquímicos da mineralização é fundamental para que, no futuro, seja possível controlar o processo.
“Entendendo o papel das enzimas, ou seja, como elas atuam separadamente e em conjunto, será possível, por exemplo, acelerar ou controlar esse processo, fazendo com que haja uma intervenção humana no processo de biomineralização”, disse Ciancaglini à Agência FAPESP .
Segundo o pesquisador, grande parte dos resultados obtidos no estudo foi fruto do projeto intitulado “Mudanças da organização molecular induzida pelo microambiente lipídico na atividade da fosfatase alcalina reconstituída em lipossomos: mecanismo cinético de regulação da enzima”, que tem o apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, concluído em novembro do ano passado.
O processo de biomineralização consiste no acúmulo de mineral constituído principalmente por íons de fosfato e cálcio, que formam um sal de fosfato de cálcio cuja estrutura se transforma em hidroxiapatita – o mineral encontrado dentro do tecido rígido.
Os pesquisadores desenvolveram um modelo voltado para tentar entender como duas enzimas – a fosfatase alcalina (TNAP) e a nucleosídeo trifosfato difosfohidrolase 1 (NPP1)– atuam em conjunto no processo. “Isolando o tecido, pudemos avaliar as consequências da falta de cada uma das duas enzimas no processo de mineralização”, explica.
Nos testes feitos em ratos, com a colaboração de José Luis Millán, do Sanford Children’s Health Research Center do Instituto Burnham, nos Estados Unidos, os pesquisadores conseguiram identificar um “papel duplo” da NPP1. Embora a função dessa enzima ainda não esteja bem definida, acredita-se que ela esteja envolvida nos processos de calcificação óssea.
“Descobrimos que a TNAP é a enzima que hidrolisa tanto ATP (adenosina trifosfato) e pirofosfato nas MVs. A NPP1 não tem uma função principal na produção de pirofosfato a partir de ATP ao nível de MVs, em contraste com essa sua função já aceita na superfície de osteoblastos e condrócitos, mas age como uma fosfatase na ausência de TNAP. Deste modo, a NPP1 pode atuar na ausência da outra, ou seja, ela desempenha um papel duplo, que é fundamental para estabelecer um equilíbrio entre as concentrações de pirofostafo e de fosfato”, explica.
O docente da USP ressalta que apesar de ainda não terem conseguido reproduzir o modelo, os resultados são bastante animadores. “A descrição do mecanismo de como as duas enzimas funcionam é totalmente inédito”, acrescenta.
Desafio científico
De acordo com o docente, ao avançar no entendimento sobre calcificação mediada pelas vesículas da matriz será possível, por exemplo, acelerar o tratamento em pacientes que sofreram fraturas ou com defeitos ósseos.
“Pessoas com problemas esqueléticos poderão ganhar mais tempo na recuperação. Além disso, desvendar os mecanismos da mineralização permitirá que pessoas com implantes dentários baseados em titânio tenham vantagens das aplicabilidades dessa pesquisa, de tal forma que os pacientes ganharão em tempo de tratamento e em qualidade de vida”, explica Ciancaglini.
Segundo Ciancaglini, o crescimento de ossos, dos mais longos aos chatos ou cartilaginosos, se dá de forma muito similar. “Mas os mecanismos bioquímicos que estão envolvidos no funcionamento desse processo ainda não estão elucidados, especialmente quando estão relacionados com alguma doença, como raquitismo, osteoporose e hipofosfatasia – uma doença metabólica hereditária responsável pela perda prematura dos dentes de leite e má formação óssea”, diz.
De acordo com o cientista, no caso da hipofosfatasia, os indivíduos crescem com a falta de uma enzima muito importante no processo de biomineralização, a TNAP. Além dela, existem pelo menos mais quatro importantes enzimas envolvidas nesse processo.
Ciancaglini afirma que em outro estudo, publicado na revista Journal of Biological Chemistry o grupo construiu um sistema para “mimetizar” as vesículas naturais. “Tentamos simular o processo que ocorre naturalmente”, declarou.
Segundo ele, apesar de existirem importantes grupos de pesquisa sobre biomineralização no país e na América Latina, eles ainda trabalham de forma dispersa. “Por isso, estamos organizando um simpósio Latin American Symposium on the molecular mechanisms of skeletal mineralizatio para aglutinar esses diferentes grupos e podermos caminhar mais rapidamente nas pesquisas”, diz.
O simpósio ocorrerá de 18 e 21 de maio em Foz de Iguaçu (PR). Promovido em parceria com a Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq), será realizado em conjunto com 39ª Reunião Anual da SBBq.
O artigo Kinetic analysis of substrate utilization by native and TNAP-, NPP1- or PHOSPHO1-deficient matrix vesicles, de Pietro Ciancaglini, José Luis Millán e outros, pode ser lido em http://www.jbmronline.org/doi/pdf/10.1359/jbmr.091023.

Corrida favorece funcionamento do cérebro

A corrida pode ter um impacto significativo na função cerebral, melhorando o aprendizado e a memória.
Segundo estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, a corrida tem efeito profundo no hipocampo, que é a área do cérebro responsável pelo aprendizado.
Pesquisadores realizaram testes com ratos e observaram que os roedores que, voluntariamente, corriam nas rodinhas apresentavam maior número de células cerebrais e tinham melhor desempenho em testes de aprendizado espacial, que é a habilidade de se deslocar em um lugar desconhecido ou de falar a diferença entre dois padrões, do que os animais que não se exercitavam.
Os resultados da pesquisa mostraram que os ratos mais fisicamente ativos tinham uma melhora considerável no aprendizado, sendo mais capazes de perceber a diferença entre os locais de dois estímulos adjacentes idênticos.
O exercício provoca significativas alterações fisiológicas e estruturais no cérebro que são benéficas para a função cognitiva.
A habilidade demonstrada pelos ratos que corriam nas rodinhas estava intimamente associada com um aumento no crescimento de novas células no hipocampo.

Cientistas neutralizam reprodução do vírus da Hepatite C

Cientista descobriram como neutralizar a reprodução do vírus da hepatite C, o que vai favorecer o tratamento da principal causa de câncer de fígado, de acordo com um estudo publicado na revista Science Transnational Medicine.

Pesquisadores norte-americanos identificaram uma proteína essencial para o ciclo reprodutivo do vírus da hepatite C (HCV), chegando a uma versão sintética dessa proteína com potencial para destruir a habilidade reprodutiva do vírus.
A proteína alterada levou os cientistas a descobrirem compostos que preveniam a reprodução ou o agrupamento do vírus HCV.
Os resultados podem significar um papel maior na luta contra a tendência do vírus de adquirir rapidamente resistência aos tratamentos, ao mesmo tempo em que evitam os piores efeitos secundários.
Cerca de 170 milhões de pessoas estão infectadas com a Hepatite C. A doença é transmitida pelo sangue e pode derivar em cirrose e câncer de fígado.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Mudança de agente da diarreia

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Um estudo epidemiológico realizado durante dois anos por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) com crianças de João Pessoa (PB) sugere que os patógenos causadores da diarreia no Brasil estão mudando. A pesquisa mostrou que o mais prevalente dos agentes associados à doença é a bactéria Escherichia coli e não mais a Salmonella, que causava a maior parte dos casos há algumas décadas.
A pesquisa, cujos resultados foram publicados na revista Diagnostic Microbiology and Infectious Disease, foi coordenada pela professora Marina Baquerizo Martinez, do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas (FBC) da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP.
Segundo Marina, autora principal do artigo, o estudo analisou amostras de soro extraídas de 290 crianças com diarreia e 290 crianças saudáveis (grupo de controle). A Escherichia coli foi o patógeno mais prevalente associado à diarreia aguda, correspondendo a 47,4% dos microrganismos isolados. A variedade enteroagregativa foi a mais comum: 25%. Apenas 7,9% dos patógenos isolados eram Salmonella.
“Temos estudos feitos nas décadas de 1980, 1990 sobre a etiologia – ou fatores causais – da diarreia. Comparando o estudo feito na Paraíba com essa série histórica, podemos observar que na década de 2000 houve uma diferença acentuada em relação ao microrganismo que mais incide na população. Até agora, a Escherichia coli enteroagregativa não havia sido identificada no Brasil como agente principal”, disse Marina à Agência FAPESP.
Realizada entre 2004 e 2006, a pesquisa teve seus resultados aceitos para publicação em 2008, mas veiculados apenas em janeiro de 2010. Marina explica que, para estudos epidemiológicos, os dados podem ser considerados atuais.
“É importante fazer esse tipo de pesquisa porque, quando a criança com diarreia é atendida por um médico, o exame para identificação do agente causador da doença não faz parte da rotina. O estudo epidemiológico permite saber quais são os patógenos em circulação no país. Isso é relevante, pois o fator de virulência pode mudar muito”, disse a pesquisadora, que atualmente coordena três projetos de Auxílio à Pesquisa – Regular apoiados pela FAPESP.
De acordo com a professora, vários agentes emergentes têm sido identificados nos últimos anos, como o rotavírus. “Nas décadas de 1970 e 1980 o agente mais importante era a Salmonella. Mais tarde o rotavírus passou a ser um agente causador importante – tanto que a vacinação para esse microrganismo passou a ser oferecida na rede pública. Agora temos a prevalência da Escherichia coli”, explicou.
Os estudos epidemiológicos visando a identificar a virulência dos patógenos em circulação e as pesquisas sobre a etiologia mudaram, gradualmente, o tratamento da doença.
“Na década de 1980 muitas crianças eram internadas com diarreia causada por Salmonella. Hoje, graças a estudos sobre a etiologia da doença, foi possível tratá-la de forma mais global e passou-se a divulgar a necessidade de hidratar a criança o mais cedo possível. O resultado disso é que hoje as crianças não são mais internadas nesse caso”, explicou.
A pesquisadora afirma que o grupo se surpreendeu com a prevalência da Escherichia coli. “Achávamos que no Nordeste brasileiro a etiologia da diarreia permanecia a mesma, com predominância da Salmonella. Foi uma surpresa ver que a região tinha esses agentes atípicos como causa da diarreia aguda”, disse.

Questão de pobreza
O grupo liderado por Marina atualmente realiza um estudo da etiologia da diarreia no Hospital Universitário (HU) da USP, também com apoio da FAPESP.
“Estamos colhendo material para o projeto, que tem término previsto para março de 2011. A ideia é analisar a etiologia da diarreia em São Paulo para comparar com os dados dos estudos feitos na região nas décadas de 1980 e 1990”, disse.
A professora explica que a diarreia é uma doença infecciosa autolimitante – isto é, os sintomas desaparecem espontaneamente com o tempo. “Apenas em alguns casos muito graves há necessidade de tratamento e internação, por exemplo, quando as diarreias causadas por Salmonella geram febres muito altas e infecções no sangue”, afirmou.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a diarreia está entre as principais causas de mortalidade infantil, matando cerca de 2 milhões de crianças a cada ano em todo o mundo – especialmente nos países em desenvolvimento. No Brasil, a doença também é uma das maiores causas de mortes de crianças.
“Em São Paulo o quadro é parecido com o dos países desenvolvidos. Mas temos incidência e mortalidade bastante altas tanto no Norte como no Nordeste. A diarreia é, principalmente, uma questão de pobreza”, disse Marina.
O artigo Etiology of childhood diarrhea in the northeast of Brazil: significant emergent diarrheal pathogens, de Marina Baquerizo Martinez e outros, pode ser lido na Diagnostic Microbiology and Infectious Disease em www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18508227.

Mapeados genes ligados à gripe

Os genes humanos relacionados com o processo de replicação do vírus da gripe foram mapeados por cientistas alemães. De acordo com a revista Nature, a descoberta abre caminho para uma nova geração de drogas antivirais que atua nas células humanas, permitindo que o medicamento continue eficaz apesar das mutações virais.
A descoberta também traz esperança de tratamento para outras infecções, como a aids.
Usando a metodologia chamada RNA de interferência, que permite silenciar genes específicos, os pesquisadores procuraram identificar os genes existentes nas células do pulmão que são usados na reprodução do vírus influenza A.
O material genético do vírus foi injetado em culturas de células do pulmão. Os mais de 22 mil genes que formam o genoma humano foram silenciados um a um para descobrir quais são importantes para a replicação viral.
Os pesquisadores Identificaram 287 genes cruciais para o processo. Desses, 168 puderam ser silenciados temporariamente sem comprometer o funcionamento das células.
Dos 168 genes, 47 estão ligados à replicação do subtipo viral H1N1 endêmico, causador da gripe espanhola, 49 ao subtipo H1N1 pandêmico, que causa a gripe suína, e 72 aos dois subtipos.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Tumores estressados

Agência FAPESP – O estresse emite sinais que fazem com que células desenvolvam tumores, indica uma pesquisa feita por um grupo da Universidade Yale, nos Estados Unidos, e publicado primeiramente no site da revista Nature.
O estudo descreve uma nova maneira pela qual o câncer age no organismo e aponta novos caminhos para combater a doença. Até agora, a maioria dos cientistas estimava que uma célula precisava de mais de uma mutação que causa câncer para que os tumores se desenvolvessem.
O grupo liderado por Tian Xu, professor e vice-presidente do conselho de genética de Yale, mostrou que mutações que causam câncer podem atuar em conjunto para promover o desenvolvimento de tumores mesmo quando localizados em diferentes células em um mesmo tecido.
“A má notícia é que é muito mais fácil para um tecido acumular mutações em células diferentes do que em uma mesma célula”, disse Xu, que também é pesquisador do Instituto Médico Howard Hughes e da Universidade Fudan, na China.
O grupo trabalhou com moscas-das-frutas (Drosophila melanogaster) para analisar as atividades de dois genes conhecidos pelo envolvimento no desenvolvimento de tumores no home. O primeiro é o chamado RAS, que já se mostrou implicado em 30% dos cânceres. O outro é o gene scribble (“rascunho”), que contribui para o desenvolvimento de tumores quando sofre mutação.
O grupo de Xu anteriormente havia demonstrado que uma combinação dos dois genes na mesma célula desencadeava a formação de tumores malignos. Mas, agora, os pesquisadores verificaram que as mutações não precisam coexistir na mesma célula para isso.
Uma célula com apenas a mutação RAS é capaz de se desenvolver em um tumor maligno se auxiliada por uma célula próxima que contenha um gene scribble defeituoso.
Em seguida, os pesquisadores observaram que condições estressantes, como uma ferida, podem disparar o desenvolvimento do câncer. Por exemplo, células RAS se desenvolveram em tumores quando um ferimento foi induzido em um tecido.
O mecanismo por trás do fenômeno, segundo os pesquisadores, é um processo de sinalização conhecido como JNK, que é ativado por condições de estresse.
“O problema é que diversas condições podem disparar a sinalização de estresse, seja o estresse físico ou emocional, infecções ou inflamações”, ressaltou Xu.
Mas, apesar de o estudo indicar que é ainda mais fácil do que se estimava para que o câncer se desenvolva, ele também, de acordo com os autores, ajuda a identificar novos alvos para o desenvolvimento de novas formas de prevenção e tratamento da doença.
O artigo Interaction between RasV12 and scribbled clones induces tumour growth and invasion (DOI: 10.1038/nature08702), de Tian Xu e outros, pode ser lido na Nature em www.nature.com.

Pacientes com enxaqueca são extremamente sensíveis à luz

É comum para quem sofre de enxaqueca a vontade de, ao ter um ataque, querer se refugiar em um quarto silencioso e escuro. Embora há tempos se saiba que a luz piora o quadro dessa cefaleia, os motivos por que isso ocorre são desconhecidos.
Agora, um grupo de cientistas nos Estados Unidos identificou um mecanismo que ocorre na sensibilidade à luz durante as crises de enxaqueca tanto em pessoas com visão normal como em deficientes visuais.
Os resultados da pesquisa, divulgados neste domingo na edição on-line da revista Nature Neuroscience, ajudam a compreender melhor os mecanismos por trás do problema ainda sem cura e que atinge milhões de pessoas em todo o mundo.
De acordo com o estudo, cerca de 85% dos indivíduos com enxaqueca são extremamente sensíveis à luz. A fotofobia faz com que muitos evitem atividades como dirigir ou até mesmo ler e trabalhar.
– Alguns pacientes chegam até mesmo a usar óculos escuros durante à noite –, disse um dos autores do estudo, Rami Burstein, professor do Beth Israel Deaconess Medical Center (BIDMC) e da Escola Médica Harvard.
Foi a constatação de que a fotofobia atinge, entre os pacientes com enxaqueca, até mesmo as pessoas cegas que levou o grupo a investigar a hipótese de que os sinais transmitidos pela retina por meio dos nervos ópticos intensificariam as dores.
Os pesquisadores examinaram dois grupos de deficientes visuais que sofriam de enxaqueca. Os voluntários no primeiro grupo eram totalmente cegos devido a doenças como câncer na retina ou glaucoma. Como eles não eram capazes de ver imagens ou de perceber luz, tinham dificuldade de manter ciclos normais de sono.
O segundo grupo era formado por deficientes visuais devido a doenças degenerativas como retinite pigmentosa. Embora não fossem capazes de perceber imagens, podiam detectar a presença de luz e manter ritmos normais de dormir e ficar acordado.
– Enquanto os pacientes no primeiro grupo não experimentaram piora em suas dores de cabeça a partir da exposição à luz, os do segundo grupo tiveram uma intensificação nas dores, particularmente na exposição à luz nos comprimentos de onda azul e cinza –, disse Burstein.
– Isso indicou que o mecanismo da fotofobia deveria envolver o nervo óptico, porque em indivíduos totalmente cegos esse nervo não transporta os sinais luminosos até o cérebro –, afirmou.
Os cientistas levaram os resultados ao laboratório, onde realizaram uma série de experimentos em modelos animais da enxaqueca. Após injetarem melanopsinas (fotopigmentos) nos olhos de ratos, eles traçaram o caminho dos sinais pelos nervos ópticos até o cérebro, onde descobriram um grupo de neurônios que se tornaram eletricamente ativos durante as crises de enxaqueca.
– Quando pequenos eletrodos foram inseridos nesses ‘neurônios da enxaqueca’ descobrimos que a luz estava disparando um fluxo de sinais elétricos que estava convergindo nas melanopsinas. Isso aumentava a sua atividade em segundos –, disse Burstein.
Mesmo quando a luz era apagada, os neurônios permaneciam ativos.
– Isso ajuda a explicar por que pacientes contam que suas crise se intensificam segundos após a exposição à luz e melhoram de 20 a 30 minutos depois que passam para ambientes escuros –, disse.
Para os autores do estudo, a descoberta fornece novas rotas para abordar o problema da fotofobia em portadores de enxaqueca.
– Clinicamente, a pesquisa monta um cenário para identificar maneiras de bloquear o caminho da dor de modo que os pacientes possam suportar a luz sem desconforto –, apontou.

Íons em aparelhos dentários

Por Fábio Reynol

Agência FAPESP – Aparelhos ortodônticos que enferrujam durante o tratamento podem soltar metais e íons (partículas eletricamente carregadas) na boca do paciente.
Intrigado com um trabalho científico feito na Itália que apontava possíveis riscos ao DNA provocado por esses íons, o professor Daniel Araki Ribeiro, do campus de Santos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), resolveu pesquisar o assunto.
Com o apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, Ribeiro acompanhou voluntários durante o período médio de um tratamento ortodôntico, por cerca de 18 meses.
Durante esse tempo, o pesquisador coletou amostras de células da mucosa bucal dos pacientes por meio de raspagem. “O fato de esses metais serem liberados e acumularem em células do nosso corpo já é um problema bem grave à saude humana, mas nosso estudo verificou que os DNAs colhidos do material analisado não tinham sofrido alterações”, disse Ribeiro à Agência FAPESP.
Os metais que sofrem corrosão dentro do organismo podem soltar íons capazes de atingir o núcleo das células e lesionar o DNA. Como consequência, o DNA lesionado poderia provocar doenças degenerativas tais como o câncer.
“Nenhum dentista deixa aparelhos oxidados na boca do paciente, mas o risco de corrosão é grande, principalmente em materiais mais baratos”, disse Ribeiro, explicando que a saliva cria um microambiente favorável à oxidação de metais.
Além do trabalho de análise nos pacientes (in vivo), também foram realizadas experiências diretamente em células em placas in vitro. Sete marcas de aparelhos foram mergulhadas em uma solução corrosiva. Após a oxidação, parte do líquido foi jogada em cima das células.
Assim como as amostras bucais dos pacientes, os testes das células in vitro mostraram DNAs incólumes. O estudo in vitro também não mostrou danos genéticos.
O trabalho de pesquisa, que se encerrou no fim de 2009, gerou dois artigos científicos que já foram aceitos pelo American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics e devem ser publicados ainda este ano.

Fazer sexo diariamente pode garantir uma vida mais saudável

Não é novidade para ninguém que sexo é bom e faz bem. Mas alguns estudos e experimentos práticos estão sugerindo que além de excelente para o humor e disposição dos praticantes, fazer sexo com frequência pode influenciar na saúde das pessoas. Uma matéria publicada no site da CNN listou vários estudos científicos que confirmam essa possibilidade, constatando desde estabilização da pressão arterial até manutenção dos níveis hormonais, que resultaria em menos stress.

Os pesquisadores não conseguiram ainda chegar a um consenso sobre quais práticas sexuais surtiriam o melhor efeito na vida das pessoas. Existem controvérsias se o sexo sem penetração também resultaria nos mesmo benefícios, mas outros estudos sugerem que sim. O fato é que estas pesquisas poderiam abrir espaço para que se eliminasse o tabu muitas vezes ainda existente quando se fala no assunto.

Teve até casal que tentou comprovar na prática que as pesquisas tem fundamento. Uma instrutora de ioga e seu marido se propuseram um divertido desafio: transariam todos os dias do mês de dezembro para dispersar as tensões de duas mudanças a que se propuseram: ele deixaria de fumar e ela pararia de comer chocolate. Ao final do mês, além do resultado desejado, a dupla ainda constatou uma melhora no ânimo dos dois, sem contar que passaram a dormir melhor e se sentiam com mais energia. O casal ficou tão empolgado com os efeitos do sexo diário que se propuseram a repetir o desafio em janeiro.

Uma excelente resolução de ano novo! Mas se você estiver em dúvida se realmente funciona, faça o teste também!


Fonte: MaurenMotta.com

Dificuldade para engolir pode ser sinal de doença grave

Se você sente dificuldade moderada, ou até mesmo leve, de engolir substâncias líquidas ou sólidas, procure um médico. A recomendação é do gastroenterologista Rubens Sallum, diretor do Serviço de Cirurgia do Esôfago do Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria da Saúde. É que em alguns casos, isso pode ser o alerta de algo mais sério, por isso é fundamental diagnosticar o problema e investigar a sua causa.

A disfagia (dificuldade de engolir) é um sintoma comum em doenças graves como o megaesôfago e câncer de esôfago. Segundo o médico, muitas vezes, os pacientes procuram tratamento tardio para esses males.

– Se o paciente subestimar o sintoma por dois ou três meses isso pode ser crucial para o tratamento. Quando o médico é procurado, a situação já se agravou – alerta, ressaltando que assim que o sintoma é reconhecido é recomendável rapidamente procurar um médico e, quando necessário, fazer uma endoscopia.

Os tumores no revestimento do esôfago e na região que faz a junção do esôfago com o estômago quando diagnosticados em estágio inicial têm alto percentual de cura. Segundo o médico, a taxa pode chegar a 90%. Quando a doença é tratada em estágios mais avançados, os índices de cura podem chegar em 60%, mas dependem de modernas técnicas de tratamento.

– Em alguns casos, é necessário fazer uma cirurgia radical de retirada do esôfago (esofagectomia), mas para oferecermos essa operação é fundamental diagnosticarmos a doença em estágio menos avançado – informa Rubens Sallum.

No megaesôfago, a musculatura no final do esôfago para de abrir normalmente impedindo a passagem de alimentos, o que leva a uma dilatação do esôfago. Uma das consequências é a dificuldade de engolir alimentos, podendo gerar alteração do estado nutricional do paciente.

O especialista do HC recomenda aos fumantes, alcoólatras e aqueles que já sofreram alguma agressão no esôfago (como, por exemplo, quem ingeriu soda cáustica no passado) para que façam regularmente o exame de endoscopia.

Autoimunidade precoce

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – As doenças autoimunes são consideradas muito comuns, atingindo entre 5% e 7% da população mundial, mas ainda representam uma série de grandes desafios para a medicina. Uma das opções mais promissoras para fazer avançar o conhecimento sobre os processos complexos envolvidos com esse grupo de doenças – que inclui as tireoidites, o vitiligo, o lúpus, o diabetes mellitus tipo 1 e artrites em geral – é o estudo da autoimunidade em crianças.
Aproveitando os casos catalogados no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), que tem registros de 1.200 crianças com doenças autoimunes, um grupo de pesquisadores paulistas estudará as bases moleculares e celulares da autoimunidade em crianças.
O projeto temático, que acaba de ser iniciado, é financiado pela FAPESP e coordenado por Magda Carneiro-Sampaio, professora do Departamento de Pediatria da FMUSP. Magda é também Presidente do Conselho Diretor do Instituto da Criança, onde está sendo desenvolvido o projeto em colaboração com o Instituto do Coração (Incor) e com o Hospital do Coração (HCor).
De acordo com Magda, a autoimunidade – distúrbio que leva as defesas do organismo a uma autoagressão e é a base das doenças autoimunes – é mais prevalente entre adultos. “Mas acreditamos que a manifestação de doenças autoimunes em crianças é determinada por um forte fator genético. A partir dessa hipótese, resolvemos apostar na investigação da autoimunidade de início precoce, já que temos acesso a uma grande população de crianças com doenças autoimunes”, disse Magda à Agência FAPESP.
Segundo a professora, muitas das crianças apresentam mais de uma doença autoimune ao mesmo tempo, o que reforça a hipótese do fator genético. “O que o projeto tem de novo é que estamos investigando as doenças autoimunes de modo geral e não apenas uma delas”, declarou.
Magda explica que o projeto tem três linhas mestras, sendo que a primeira delas é a investigação da relação entre imunodeficiência e autoimunidade. “Há evidências de que algumas imunodeficiências favorecem a manifestação da autoimunidade. A partir daí queremos chegar a estudar a questão genética”, disse ela.
A segunda linha de pesquisa é o estudo do timo, órgão pouco conhecido, de acordo com Magda, mas que tem uma relação crítica com as doenças autoimunes. “Os linfócitos que nos autoagridem deveriam ser selecionados para serem destruídos no timo. Por isso muitos cientistas consideram que as doenças autoimunes são, no fundo, defeitos do timo. É crucial entender melhor esse órgão”, declarou.
A terceira linha tratará, de acordo com Magda, da questão da genética das doenças autoimunes. “Escolhemos duas doenças – o lúpus e a hepatite autoimune na criança – para realizar um estudo genômico”, disse.
Além dessas linhas, há outros subprojetos dentro do temático, segundo ela. “Um deles, por exemplo, prevê a formação de um grande banco de dados relacionados a todos esses grupos de doença. Um outro tratará da qualidade de vida das crianças portadoras de doenças autoimunes, estudando questões como a displidemia e impactos sobre os ossos e dentes”, explicou.

Oportunidade de pós-doutorado
Para auxiliar o desenvolvimento dos trabalhos na linha de pesquisas sobre o timo, o Projeto Temático está selecionando um pesquisador com formação em imunologia e biologia celular e tecidual para uma bolsa de pós-doutorado. Mais informações sobre a vaga estão publicadas no site FAPESP – Oportunidades, em www.oportunidades.fapesp.br/pt/102.
Segundo Magda, o profissional selecionado, que terá a bolsa por 24 meses prorrogáveis por mais 12 meses, trabalhará com os estudos funcionais do timo humano. “Quando precisamos avaliar o funcionamento do fígado, podemos fazer um exame de sangue. No caso do rim, podemos fazer exames de ureia e de creatinina, por exemplo. Mas ainda não há parâmetros consagrados para o estudo do timo. Por isso é fundamental investir nessa linha de estudo funcional do órgão”, disse a professora.
Segundo ela, os trabalhos serão iniciados com o estudo do timo em crianças que não têm doenças autoimunes, para estabelecer um padrão normal. Em seguida, a pesquisa passará para o segmento das crianças com cardiopatias congênitas.
“Os bebês têm um timo muito grande e ele fica bem na frente do coração. Assim por questões cirúrgicas, as crianças com cardiopatias congênitas precisam ter o timo extraído. Com isso, vamos poder não só analisar os padrões relacionados com as funções tímicas, mas, com o timo extraído dessas crianças, vamos também ter acesso ao tecido tímico para os estudos. Além disso, vamos poder estudar o que acontece com as crianças sem timo”, declarou.

Água que atrai mosquito

Agência FAPESP – Estudo realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo apontou uma relação direta entre a composição físico-química da água e a infestação por larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
O trabalho foi realizado entre julho e agosto de 2009 em Potim, município do Vale do Paraíba onde foi constatado o maior Índice de Breteau (valor que define a quantidade de insetos em fase de desenvolvimento encontrada nas habitações humanas) no Estado de São Paulo.
Pesquisadores da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), órgão da Secretaria responsável pelo auxílio aos municípios no trabalho de controle da dengue, ficaram intrigados pelo fato de que as ações de combate ao mosquito não estavam surtindo o efeito desejado e que a infestação permanecia alta, chegando a atingir 25,85 em 2003 e 19,2 na última medição feita pelo município. O índice recomendado é inferior a 1.
Além disso, foi detectado que as caixas d’água das residências de Potim, abastecidas pela prefeitura local por meio de coleta de água em poços profundos, que recebe cloração e fluoração, apresentavam altos índices de positividade em relação à presença de larvas do Aedes aegypti, enquanto nas moradias que usavam água de poços rasos ou cacimbas esse problema não existia.
Para desvendar o mistério, os pesquisadores realizaram um experimento em laboratório usando três gaiolas com 50 fêmeas e 100 machos do Aedes aegypti. Colocaram, em cada uma delas, recipientes com 100 ml de água coletada em Potim e em Taubaté, além de água destilada, utilizada como controle. Os recipientes foram mudados de local em sentido horário durante 31 dias e as soluções de água trocadas a cada 24 horas. Além disso, foram realizados exames semanais de análise físico-química das amostras de água coletada.
Os resultados apontaram que, durante o período de um mês, foram depositados pelo mosquito 3,6 vezes mais ovos nos recipientes com água de Potim do que na de Taubaté e 3,2 vezes mais em relação ao recipiente de controle. Enquanto a água de Potim apresentou índice de atividade de oviposição de 0,54, a de Taubaté registrou índice negativo de -0,03.
Na análise físico-química, a concentração de nitrogênio amoniacal da água de Potim ficou em 1,93 mg/l (o máximo permitido em portaria do Ministério da Saúde é 1,5 mg/l), enquanto a de Taubaté foi inferior a 0,03 mg/l.
“O estudo indicou que a alta concentração de nitrogênio amoniacal atraiu o Aedes aegypti para a oviposição. A volatilização dessa substância provavelmente foi o atrativo químico responsável pela orientação do voo das fêmeas grávidas em direção aos recipientes onde colocaram seus ovos”, disse Gisela Rita Alvarenga Marques, pesquisadora da Sucen responsável pelo estudo.
Segundo ela, o resultado da pesquisa aponta a necessidade de os municípios com captação de água de poços profundos mudarem a forma de abastecimento por intermédio da implantação de estações de tratamento de água de superfície, visando a oferecer água de melhor qualidade para a população e reduzindo os riscos de proliferação do mosquito transmissor da dengue.


Mais informações: www.saude.sp.gov.br

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Cubanos só recebem 500 euros

Cada médico cubano contratado pelo Estado português recebe apenas 500 euros por mês dos cerca de 2500 euros de salário pago pelo Ministério da Saúde através do governo de Cuba. Quinze euros vão para as famílias e o restante, cerca de 2000 euros, vão directos para os cofres do Estado cubano, ou seja, 80 por cento do salário vai para o regime de Havana. Cabe às autarquias muitos dos encargos com estes médicos, como rendas de casa, transportes e facturas de água e de luz.
O Governo português está satisfeito com o negócio, porque resolveu o problema da falta de médicos, e Cuba recebe divisas. A situação choca os clínicos portugueses, mas os visados não se queixam e remetem-se ao silêncio.
Inicialmente os médicos cubanos recebiam 300 euros, o equivalente ao que recebem no seu país, mas o custo de vida em Portugal obrigou Cuba a pagar-lhes 500 euros mensais.
Para muitos médicos portugueses, as condições dos cubanos são desumanas. Carlos Santos, dirigente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), declarou ao CM que o assunto já motivou a reclamações às Autoridades Regionais de Saúde do Alentejo e Algarve, regiões que acolhem a maioria dos 44 médicos cubanos, em Portugal desde Agosto de 2009.
A maioria destes médicos não quer falar à imprensa por "não estar autorizada", segundo confidenciou ao CM um dos clínicos.
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, nega ao CM que haja discriminação. "O Estado português paga em iguais condições aos médicos cubanos como a qualquer outro médico de família estrangeiro ou português a fazer 40 horas semanais. E paga horas extra se forem feitas." Quanto ao magro rendimento, Pizarro sublinha que "o Governo português não tem nada a ver com a forma como o pagamento da remuneração é feita por Cuba aos médicos."
Aqueles médicos têm habitação e transporte garantidos pelos municípios das regiões onde estão colocados. A Câmara de Alpiarça, por exemplo, suporta uma despesa de 350 euros pela renda da casa onde habitam os dois médicos cubanos que ali prestam serviço. E paga ainda as facturas da água, electricidade, gás, televisão e internet.
A braços com sete mil utentes sem médico de família, a autarquia viu-se obrigada a aceitar os encargos para não correr o risco de os profissionais cubanos serem colocados em outros concelhos.
ESTRANGEIROS
Médicos estrangeiros registados na Ordem dos Médicos que exercem ou exerceram no País.
Espanhóis: 1948
Brasileiros: 621
Angolanos: 161
Alemães: 130
Ucranianos: 119
Guineenses: 107
Cubanos: 81
Italianos: 74
Cabo-verdianos: 71
Moldavos: 56
Russos: 54
Franceses: 47
São-tomenses: 43
Holandeses: 42
Romenos: 29
Ingleses: 27
Venezuelanos: 26
Moçambicanos: 23
Belgas: 19
Uruguaios: 17
Americanos: 16
Polacos: 15
Búlgaros: 12
Argentinos: 11
Austríacos: 7
Checos: 8
Húngaros: 5
Suecos: 5
Gregos: 4
Letónios: 3
Finlandeses: 2
Sul-africano: 1
Norueguês: 1
Cipriota: 1
Esloveno: 1
Lituano: 1
Chinês: 1
Irlandês: 1
Luxemburguês: 1
CASAL ELOGIA INFORMÁTICA
O casal Jorge Sobriño, de 42 anos, e Mercedez Garcia, de 36, está colocado no Centro de Saúde de Alpiarça. Cinco meses passados, ambos dizem-se "muito satisfeitos"e "adaptados" à vida na povoação. Apesar de garantir que a medicina familiar está mais avançada em Cuba, Jorge Sobriño ficou "agradado com as boas condições" que encontrou em Portugal, elogiandoo sistema informático e o acesso imediato às informações sobreos pacientes. Cada um serve mais de dois mil utentes e chegam a dar trinta consultas por dia.
EXAMES PARA DAREM CONSULTA
Para exercerem medicina em Portugal, os médicos cubanos fizeram um exame preparado pela Ordem dos Médicos, ainda em Cuba,e mais dois exames no Porto, um de medicina e outro de línguas, aquando da sua chegada a Portugal, a 8 de Agosto. Além de Portugal, os únicos dois países da Europa que estabeleceram protocolos com Cuba são Itália e Suíça. Fonte do Ministério da Saúde admitiu aoCM que "este foi um bom negócio para Portugal e que está a dar bons resultados", estranhando a polémica à volta desta contratação.
MINISTÉRIO DA SAÚDE AVALIA TRABALHO DE SEIS MESES
O Ministério da Saúde vai fazer uma avaliação aos médicos cubanos no final de Fevereiro, seis meses após o início das suas funções, em Agosto de 2009. A garantia foi dada ao CM pelo secretário de Estado Adjuntoe da Saúde, Manuel Pizarro: "Será uma avaliação para saber como os médicos se sentem, se estão adaptados. Iremos ouvir os doentes e as direcções das unidades de saúde onde estão colocados." O governante não descarta novas contratações para os próximos anos.
PROTOCOLO: 3 ANOS DE TRABALHO
O contrato de trabalho dos 44 médicos cubanos foi estabelecido mediante um protocolo entre os dois governos, português e cubano, e tem um prazo de três anos
GARANTIA: MENOS CONTRATOS
O Ministério da Saúde garante que se Portugal já tiver resolvido o problema da falta de médicos dentro de três anos então não haverá mais contratações temporária de estrangeiros
PAÍS: COLOCADOS NO INTERIOR
O grupo de 44 médicos cubanos foi contratado para suprir as necessidades das zonas do País mais carenciadas – 24 estão no Alentejo, 18 no Algarve e dois médicos trabalham no Ribatejo

Cristina Serra/J.N.P.

Proteção pós-AVC

Agência FAPESP – Bloquear a função de uma enzima-chave no cérebro com uma forma específica de vitamina E pode prevenir a morte de neurônios após um acidente vascular cerebral (AVC), indica uma nova pesquisa.
Um grupo de cientistas nos Estados Unidos, em estudo com células cerebrais de camundongos, descobriu que o tipo de vitamina E conhecido como tocotrienol bloqueou a liberação de ácidos graxos pela enzima, responsáveis pela morte de neurônios.
Coordenado por Chandan Sen, professor e vice-presidente do conselho de pesquisa do Departamento de Cirurgia da Universidade do Estado de Ohio, o grupo tem estudado há uma década como essa forma particular e menos comum de vitamina E pode proteger o cérebro em modelos celulares e animais.
O novo estudo, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) do governo norte-americano, foi publicado na edição on-line e sairá em breve na edição impressa do periódico Journal of Neurochemistry.
“Nosso trabalho indica que as diferentes formas naturais de vitamina E têm funções distintas. O pouco estudado tocotrienol é capaz de se direcionar a caminhos específicos de modo a evitar a morte de neurônios e proteger o cérebro após um AVC. Identificamos um novo alvo para o tocotrienol que explica como as células nervosas são protegidas”, disse Sen.
A vitamina E ocorre naturalmente em oito formas diferentes. A mais conhecida pertence a uma variedade chamada tocoferol. O tocotrienol (ou TCT) não é abundante na dieta norte-americana nem na brasileira, mas pode ser encontrada na forma de suplemento. No Sudeste Asiático é comum, extraído do óleo de palma, da cevada ou do arroz.
Sen e colegas administraram tocotrienol a células que já tinham sido expostas a glutamato (tipo de aminoácido) em excesso. A presença da vitamina diminuiu a liberação de ácidos graxos em 60% em comparação a células expostas apenas ao glutamato.
Os pesquisadores relacionaram os efeitos do tocotrienol a várias substâncias que são ativadas no cérebro após um AVC e concluíram que uma enzima específica poderia servir como um alvo terapêutico importante. A enzima é conhecida como cPLA2.
Em seguida ao trauma causado pela interrupção do fluxo sanguíneo associado com um AVC, uma quantidade excessiva de glutamato é liberada no cérebro. O glutamato é um neurotransmissor que, em pequenas quantidades, tem papel importante no aprendizado e na memória. Mas seu excesso desencadeia uma sequência de reações que leva à morte de neurônios, efeito devastador de um AVC.
Apesar de a cPLA2 existir naturalmente no organismo, tanto de camundongos como do homem, os cientistas verificaram que o bloqueio de sua função não é danoso. Camundongos geneticamente modificados de modo a não ativar a enzima tiveram expectativa de vida semelhante à de outras cobaias, mas com menor risco de ter AVC.
Os pesquisadores também destacam que a quantidade de tocotrienol necessária para atingir os efeitos desejados é pequena, cerca de dez vezes menos do que a quantia comumente encontrada em humanos que consomem regularmente esse tipo de vitamina E.
O artigo Nanomolar vitamin E alpha-tocotrienol inhibits glutamate-induced activation of phospholipase A2 and causes neuroprotection (10.1111/j.1471-4159.2009.06550.x), de Chandan Sen e outros, pode ser lido no Journal of Neurochemistry em www3.interscience.wiley.com/journal/123217269/abstract .

sábado, 16 de janeiro de 2010

Fazer sexo diariamente pode garantir uma vida mais saudável

Não é novidade para ninguém que sexo é bom e faz bem. Mas alguns estudos e experimentos práticos estão sugerindo que além de excelente para o humor e disposição dos praticantes, fazer sexo com frequência pode influenciar na saúde das pessoas. Uma matéria publicada no site da CNN listou vários estudos científicos que confirmam essa possibilidade, constatando desde estabilização da pressão arterial até manutenção dos níveis hormonais, que resultaria em menos stress.

Os pesquisadores não conseguiram ainda chegar a um consenso sobre quais práticas sexuais surtiriam o melhor efeito na vida das pessoas. Existem controvérsias se o sexo sem penetração também resultaria nos mesmo benefícios, mas outros estudos sugerem que sim. O fato é que estas pesquisas poderiam abrir espaço para que se eliminasse o tabu muitas vezes ainda existente quando se fala no assunto.

Teve até casal que tentou comprovar na prática que as pesquisas tem fundamento. Uma instrutora de ioga e seu marido se propuseram um divertido desafio: transariam todos os dias do mês de dezembro para dispersar as tensões de duas mudanças a que se propuseram: ele deixaria de fumar e ela pararia de comer chocolate. Ao final do mês, além do resultado desejado, a dupla ainda constatou uma melhora no ânimo dos dois, sem contar que passaram a dormir melhor e se sentiam com mais energia. O casal ficou tão empolgado com os efeitos do sexo diário que se propuseram a repetir o desafio em janeiro.

Uma excelente resolução de ano novo! Mas se você estiver em dúvida se realmente funciona, faça o teste também!


Fonte: MaurenMotta.com

Tratamento preventivo pode evitar transmissão de HIV

Tomar um antiretroviral antes e depois da exposição ao vírus reduz o contágio


O vírus da imunodeficiência humana (HIV) continua a propagar-se por todo o mundo, principalmente por via sexual. Apesar dos avanços nos tratamentos, prevenir a infecção continua a ser um dos grandes pontos pendentes.

A utilização de fármacos antes da exposição ao vírus é considerada uma das mais prometedoras estratégias para combater a dessiminação o do vírus, mesmo depois do constante fracasso dos microbicidas, dos géis vaginais e de uma vacina eficaz.


Um novo estudo em macacos demonstrou que a terapêutica intermitente antes de entrar em contacto com o HIV é eficaz.

Os investigadores, dos CDC (Centros de Controlo e Prevenção de doenças dos EUA), expuseram os macacos a um vírus da imunodeficiência símia (SHIV) modificado de modo a ser o mais parecido com o HIV. A diferentes grupos deram diferentes doses de antiretrovirais, em alturas também distintas para testar qual a combinação que oferecia melhor protecção.

Os resultados, publicados na ‘Science Translational Medicine', mostram que os animais que receberam uma dose do fármaco Truvada (tenofovir/emtricitabina) um, três ou sete dias antes da exposição ao vírus e uma segunda dose duas horas depois foram os que melhor ficaram protegidos da infecção.

O risco de contrair o vírus reduziu de 10 a 16 vezes

Segundo explicou ao El Mundo, J.Gerardo García-Lerma, do Departamento de Prevenção de HIV dos CDC, “a profilaxia de pré-exposição não é um conceito novo e está a ser estudo em vários ensaios clínicos em 20 mil voluntários de todo o mundo. A característica destes ensaios é que todos avaliam tratamentos diários. A novidade no nosso trabalho é que partirmos da hipótese de que talvez não fossem necessárias terapêuticas diárias e que se poderia prevenir a infecção também com tratamentos intermitentes e simplificados que consistem apenas na toma de duas pílulas: uma antes da exposição ao vírus e outra depois”.

Esta investigação mostrou que a hipótese era correcta e que, alem da combinação mais eficaz acima citada, fazer o tratamento duas horas antes ou duas horas depois também diminui o contágio até quatro vezes.


“Mesmo sendo dados preliminares, são de destacar”, afirma o investigador espanhol que explica que para esta estratégia dar o salto para os humanos “ainda temos que esperar para conhecer a eficácia dos tratamentos e se há efeitos secundários”. García-Lerma assegura que “ao longo deste ano vamos ter os primeiros resultados e, a partir daí, desenvolveremos a estratégia”.

O mesmo cientista conclui que este método “pode ser útil apenas em certos grupos de alto risco, como homens homossexuais, utilizadores de droga por via injectável e mulheres em situação de risco”.

A terapêutica preventiva é uma medida um pouco drástica, mas para o investigador dos CDC, “a severidade da epidemia da SIDA – que afecta 3,4 milhões de pessoas em todo o mundo – requer o estudo de novos métodos de prevenção que possam complementar as estratégias já existentes”.

Pacientes com enxaqueca são extremamente sensíveis à luz

É comum para quem sofre de enxaqueca a vontade de, ao ter um ataque, querer se refugiar em um quarto silencioso e escuro. Embora há tempos se saiba que a luz piora o quadro dessa cefaleia, os motivos por que isso ocorre são desconhecidos.
Agora, um grupo de cientistas nos Estados Unidos identificou um mecanismo que ocorre na sensibilidade à luz durante as crises de enxaqueca tanto em pessoas com visão normal como em deficientes visuais.
Os resultados da pesquisa, divulgados neste domingo na edição on-line da revista Nature Neuroscience, ajudam a compreender melhor os mecanismos por trás do problema ainda sem cura e que atinge milhões de pessoas em todo o mundo.
De acordo com o estudo, cerca de 85% dos indivíduos com enxaqueca são extremamente sensíveis à luz. A fotofobia faz com que muitos evitem atividades como dirigir ou até mesmo ler e trabalhar.
– Alguns pacientes chegam até mesmo a usar óculos escuros durante à noite –, disse um dos autores do estudo, Rami Burstein, professor do Beth Israel Deaconess Medical Center (BIDMC) e da Escola Médica Harvard.
Foi a constatação de que a fotofobia atinge, entre os pacientes com enxaqueca, até mesmo as pessoas cegas que levou o grupo a investigar a hipótese de que os sinais transmitidos pela retina por meio dos nervos ópticos intensificariam as dores.
Os pesquisadores examinaram dois grupos de deficientes visuais que sofriam de enxaqueca. Os voluntários no primeiro grupo eram totalmente cegos devido a doenças como câncer na retina ou glaucoma. Como eles não eram capazes de ver imagens ou de perceber luz, tinham dificuldade de manter ciclos normais de sono.
O segundo grupo era formado por deficientes visuais devido a doenças degenerativas como retinite pigmentosa. Embora não fossem capazes de perceber imagens, podiam detectar a presença de luz e manter ritmos normais de dormir e ficar acordado.
– Enquanto os pacientes no primeiro grupo não experimentaram piora em suas dores de cabeça a partir da exposição à luz, os do segundo grupo tiveram uma intensificação nas dores, particularmente na exposição à luz nos comprimentos de onda azul e cinza –, disse Burstein.
– Isso indicou que o mecanismo da fotofobia deveria envolver o nervo óptico, porque em indivíduos totalmente cegos esse nervo não transporta os sinais luminosos até o cérebro –, afirmou.
Os cientistas levaram os resultados ao laboratório, onde realizaram uma série de experimentos em modelos animais da enxaqueca. Após injetarem melanopsinas (fotopigmentos) nos olhos de ratos, eles traçaram o caminho dos sinais pelos nervos ópticos até o cérebro, onde descobriram um grupo de neurônios que se tornaram eletricamente ativos durante as crises de enxaqueca.
– Quando pequenos eletrodos foram inseridos nesses ‘neurônios da enxaqueca’ descobrimos que a luz estava disparando um fluxo de sinais elétricos que estava convergindo nas melanopsinas. Isso aumentava a sua atividade em segundos –, disse Burstein.
Mesmo quando a luz era apagada, os neurônios permaneciam ativos.
– Isso ajuda a explicar por que pacientes contam que suas crise se intensificam segundos após a exposição à luz e melhoram de 20 a 30 minutos depois que passam para ambientes escuros –, disse.
Para os autores do estudo, a descoberta fornece novas rotas para abordar o problema da fotofobia em portadores de enxaqueca.
– Clinicamente, a pesquisa monta um cenário para identificar maneiras de bloquear o caminho da dor de modo que os pacientes possam suportar a luz sem desconforto –, apontou.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Sobrepeso aumenta risco cardíaco mesmo sem colesterol elevado

O excesso de peso em pessoas aparentemente saudáveis --com níveis satisfatórios de colesterol, triglicérides, glicemia e pressão arterial-- é um fator independente de risco para doenças cardiovasculares, segundo um estudo da Universidade de Uppsala, na Suécia, publicado no periódico "Circulation". A conclusão contraria o conceito de que há um subgrupo de "gordinhos saudáveis".

O estudo, que acompanhou mais de 1.700 homens de meia-idade por 30 anos, é o mais longo trabalho sobre a relação entre obesidade e risco de doenças do coração já realizado.

Até então, os dados mostravam que pessoas com sobrepeso ou obesas que não apresentavam síndrome metabólica não tinham risco cardiovascular maior. Na pesquisa, a síndrome foi definida pela presença de ao menos três de cinco fatores: hipertensão arterial, intolerância à glicose, colesterol alto, colesterol HDL ("bom") baixo e circunferência abdominal acima dos limites normais.

"Classicamente, imaginava-se que o excesso de peso por si só não aumentava diretamente o risco cardiovascular. O novo estudo coloca esse conceito em dúvida", diz Raul Dias dos Santos, diretor da Unidade Clínica de Dislipidemias do InCor (Instituto do Coração).

Uma das hipóteses para explicar a relação direta entre o excesso de peso e as doenças cardiovasculares é a atividade pró-inflamatória do tecido gorduroso. "As gorduras liberam substâncias que, no fígado, são transformadas em agentes inflamatórios e vão para a corrente sanguínea, podendo agredir os vasos do coração e do cérebro. Também liberam substâncias que, nos músculos, bloqueiam a ação da insulina, favorecendo o diabetes", diz Santos.

Para Daniel Magnoni, chefe do serviço de nutrologia do HCor (Hospital do Coração), "não dá para falar em "gordinho saudável", já que o excesso de peso predispõe ao desenvolvimento de diversas outras doenças, não apenas as do coração".

Em relação ao aumento do risco cardiovascular, Magnoni aponta que, além do IMC (índice de massa corpórea) utilizado no estudo para caracterizar sobrepeso e obesidade, seria preciso avaliar fatores como a prática de atividade física, o consumo regular de frutas e verduras e o nível de estresse, que não foram considerados no estudo. No entanto, os pesquisadores suecos fizeram os ajustes para idade, hábito de fumar e níveis de colesterol LDL ("ruim").

Mesmo ajustando esses fatores, foi observado que homens com sobrepeso sem síndrome metabólica têm um risco 52% maior de sofrer infarto, derrame ou insuficiência cardíaca. Nos obesos sem a síndrome, o risco foi 95% maior. Os dados ressaltam a importância de tratar o sobrepeso independentemente da existência de outros fatores de risco, mas não minimizam a importância da síndrome metabólica: a pesquisa também mostrou que, com a síndrome, o risco aumenta para 74% nos homens com sobrepeso e para 155% nos obesos.

Heno Lopes, coordenador do Ambulatório de Síndrome Metabólica do InCor, não se surpreende com esses resultados. "A obesidade tem relação direta com o aumento da pressão arterial, dos triglicérides e a resistência à insulina, por isso o risco do ganho de peso sempre foi valorizado", afirma.

O fato de existirem obesos que não desenvolvem doenças cardiovasculares não minimiza o risco para a população em geral. "Por alguma razão que ainda desconhecemos, há indivíduos com algum fator cardioprotetor, mas esses são a exceção, não a regra", diz Lopes.

Fonte: Folha Online

Por que a luz piora a enxaqueca

Agência FAPESP – É comum para quem sofre de enxaqueca a vontade de, ao ter um ataque, querer se refugiar em um quarto silencioso e escuro. Embora há tempos se saiba que a luz piora o quadro dessa cefaleia, os motivos por que isso ocorre são desconhecidos.
Agora, um grupo de cientistas nos Estados Unidos identificou um mecanismo que ocorre na sensibilidade à luz durante as crises de enxaqueca tanto em pessoas com visão normal como em deficientes visuais.
Os resultados da pesquisa, divulgados na edição on-line da revista Nature Neuroscience, ajudam a compreender melhor os mecanismos por trás do problema ainda sem cura e que atinge milhões de pessoas em todo o mundo.
De acordo com o estudo, cerca de 85% dos indivíduos com enxaqueca são extremamente sensíveis à luz. A fotofobia faz com que muitos evitem atividades como dirigir ou até mesmo ler e trabalhar. “Alguns pacientes chegam até mesmo a usar óculos escuros durante à noite”, disse um dos autores do estudo, Rami Burstein, professor do Beth Israel Deaconess Medical Center (BIDMC) e da Escola Médica Harvard.
Foi a constatação de que a fotofobia atinge, entre os pacientes com enxaqueca, até mesmo as pessoas cegas que levou o grupo a investigar a hipótese de que os sinais transmitidos pela retina por meio dos nervos ópticos intensificariam as dores.
Os pesquisadores examinaram dois grupos de deficientes visuais que sofriam de enxaqueca. Os voluntários no primeiro grupo eram totalmente cegos devido a doenças como câncer na retina ou glaucoma. Como eles não eram capazes de ver imagens ou de perceber luz, tinham dificuldade de manter ciclos normais de sono.
O segundo grupo era formado por deficientes visuais devido a doenças degenerativas como retinite pigmentosa. Embora não fossem capazes de perceber imagens, podiam detectar a presença de luz e manter ritmos normais de dormir e ficar acordado.
“Enquanto os pacientes no primeiro grupo não experimentaram piora em suas dores de cabeça a partir da exposição à luz, os do segundo grupo tiveram uma intensificação nas dores, particularmente na exposição à luz nos comprimentos de onda azul e cinza”, disse Burstein.
“Isso indicou que o mecanismo da fotofobia deveria envolver o nervo óptico, porque em indivíduos totalmente cegos esse nervo não transporta os sinais luminosos até o cérebro”, afirmou.
Os cientistas levaram os resultados ao laboratório, onde realizaram uma série de experimentos em modelos animais da enxaqueca. Após injetarem melanopsinas (fotopigmentos) nos olhos de ratos, eles traçaram o caminho dos sinais pelos nervos ópticos até o cérebro, onde descobriram um grupo de neurônios que se tornaram eletricamente ativos durante as crises de enxaqueca.
“Quando pequenos eletrodos foram inseridos nesses ‘neurônios da enxaqueca’ descobrimos que a luz estava disparando um fluxo de sinais elétricos que estava convergindo nas melanopsinas. Isso aumentava a sua atividade em segundos”, disse Burstein.
Mesmo quando a luz era apagada, os neurônios permaneciam ativos. “Isso ajuda a explicar por que pacientes contam que suas crise se intensificam segundos após a exposição à luz e melhoram de 20 a 30 minutos depois que passam para ambientes escuros”, disse.
Para os autores do estudo, a descoberta fornece novas rotas para abordar o problema da fotofobia em portadores de enxaqueca. “Clinicamente, a pesquisa monta um cenário para identificar maneiras de bloquear o caminho da dor de modo que os pacientes possam suportar a luz sem desconforto”, apontou.
O artigo A neural mechanism for exacerbation of headache by light (DOI: 10.1038/nn.2475), de Rami Burstein e outros, pode ser lidos na Nature Neuroscience em www.nature.com/neuro.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

RIM DE CAMA

Após receber rim, homem descobre que doador era amante de sua mulher!

Um homem em Cingapura, que estava com problemas de saúde e precisava de um transplante de rim, acabou recebendo o órgão do amante de sua mulher. Além de saber que o doador saia secretamente com sua mulher, ele descobriu que o amante era o pai biológico de seu filho, segundo reportagem do site de notícias “Asia One”.
*****

O doador já tinha todo um histórico de compatibilidade com a família do receptor, pois a sua esposa estava bastante acostumada a receber o orgão dele e de se doar por inteiro para o mesmo. Acredita-se que o rim seja o terceiro orgão recebido pelo marido traído, afinal ele já possuía um implante de um par de chifres. Aliás o que é apenas um rim para quem já doou milhões de espermatozóides?

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Sequências mais rápidas

Agência FAPESP – Um método para sequenciar genomas mais rapidamente e com menor custo está sendo desenvolvido por cientistas dos Estados Unidos e de Israel. A pesquisa foi descrita na revista Nature Nanotechnology.
A novidade reduz a quantidade de DNA necessária para o sequenciamento e elimina a fase de amplificação de DNA, que é cara, demorada e sujeita a erros, apontam os autores do estudo.
A técnica apresentada pelo grupo, liderado por Amit Meller, professor do Departamento de Engenharia Biomédica da Universidade de Boston, consiste em detectar moléculas de DNA à medida que elas passam por nanoporos de silício.
Campos elétricos são usados para “alimentar” longas fitas de DNA por meio de poros com 4 nanômetros de largura, de forma análoga a passar um fio por uma agulha de costura. Medidas de correntes elétricas são usadas para detectar cada molécula de DNA à medida que ela passa pelos nanoporos.
“A fase atual da pesquisa indica que podemos detectar quantidades muito menores de amostras de DNA do que se estimava. Quando começarem a implementar o sequenciamento de genomas ou a obtenção de perfis genômicos com o uso de nanoporos, nossa abordagem poderá ser empregada de modo a reduzir grandemente o número de cópias usadas para as medidas”, disse Meller.
Atualmente, o sequenciamento de genomas usa a amplificação de DNA para fazer bilhões de cópias moleculares de modo a produzir uma amostra grande o suficiente para ser analisada. Além do tempo e do custo desse processo, algumas das moléculas – como fotocópias de fotocópias – não saem perfeitas.
O sistema de Meller e colegas usa campos elétricos em torno das entradas dos nanoporos de modo a atrair fitas extensas de DNA, com carga elétrica negativa, e passá-las pelos orifícios para que possam ser detectadas. Como o DNA é atraído para os nanoporos a distância, poucas cópias da molécula são necessárias para que a análise possa ser feita.
“As tecnologias atuais de amplificação de DNA limitam o tamanho da molécula a ser utilizada a menos de mil pares de base. Como nosso método não usa a amplificação, ele não apenas reduz o custo, o tempo e a taxa de erros como também permite que a análise seja feita em fitas extensas de DNA, muito maiores do que as usadas atualmente”, afirmou Meller.
O artigo Electrostatic Focusing of Unlabelled DNA into Nanoscale Pores Using a Salt Gradient de Amit Meller e outros, pode ser lido na Nature Nanotechnology em http://dx.doi.org/10.1038/natureNNANO.2009.379.

Tratamento de baixo custo substitui cirurgia de tireoide

Um tratamento desenvolvido por pesquisadores brasileiros poderá ajudar populações em todo o mundo que sofrem de bócio, o inchaço da glândula tireoide causado pela carência crônica de iodo no organismo.
A equipe liderada pelo endocrinologista Geraldo Medeiros-Neto, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), apresentou um tratamento relativamente barato em substituição à cirurgia tradicional para a retirada da tireoide.
O custo menor é um fator importante, considerando que a incidência de bócio se concentra principalmente em regiões mais carentes do planeta. O caráter social da pesquisa chamou a atenção da revista Nature Reviews Endocrinology, que destaca o trabalho brasileiro em sua edição de janeiro.
– A Organização Mundial de Saúde estima que, em todo o mundo, 2 bilhões de pessoas sofram de deficiência de iodo e de 20 milhões a 50 milhões apresentem bócios com nódulos. É impraticável operar tanta gente –, disse Medeiros-Neto, que coordena o projeto Metilação do gene simportador sódio-iodo em tumores de tireoide.
Em 2001, sua equipe percorreu 12 Estados brasileiros e registrou casos de bócio entre 5% e 10% da população acima de 50 anos. A partir de dados obtidos pelo levantamento, o grupo estima que cerca de 2,5 milhões de brasileiros sofram da doença, um número muito grande para que a cirurgia possa ser adotada como única terapia. A solução foi procurar métodos mais viáveis de tratamento.
Na primeira etapa do trabalho, os pesquisadores adotaram a administração oral de iodo radioativo como meio de reverter a doença.
– No entanto, percebemos que a absorção desse metaloide pela tireoide era muito pequena –, disse Medeiros, explicando que doses mais altas provocavam efeitos colaterais indesejáveis por causa da elevada radiação ao corpo todo.
Como solução, a equipe ministrou o iodo radioativo precedido por uma injeção do hormônio recombinante de TSH, que estimula a glândula a absorver o radioiodo. Após o acompanhamento de 42 pacientes nos três anos seguintes à terapia, houve uma redução de 60% do volume dos bócios e mesmo o desaparecimento completo do “inchaço” em alguns casos.
Um dos pontos fortes do novo tratamento é o custo, estimado em menos de R$ 300 por paciente. Os pesquisadores devem agora aperfeiçoar a técnica de modo a melhorar os resultados.
– Sabemos que o paciente deve evitar consumir sal iodado precedendo o tratamento. O tratamento também pode levar ao hipotireoidismo, ou seja, a tireoide deixa de funcionar –, explicou Medeiros-Neto. Nesse caso, o resultado é similar ao de uma cirurgia de extração da glândula, porém, o objetivo era o de manter a tireoide ativa e em condições normais.
Na população mais jovem o problema é diferente. Desde o fim da década de 1990 a legislação estipulou a inclusão de iodo no sal de cozinha, o que aumentou o consumo do elemento químico. Diferentemente da população mais velha, os mais jovens deixaram para trás a deficiência de iodo. Mas, com o tempo, o que se verificou foi o excesso.
Em diversas regiões do país, os pesquisadores da FMUSP identificaram em jovens com idades de 6 a 14 anos níveis de iodo na urina superiores ao valor considerado normal.
A ingestão de iodo em excesso durante um período prolongado pode provocar entre adultos jovens o aumento das doenças autoimunes da tireóide, que se manifestam quando o próprio organismo passa a fabricar anticorpos que destroem a glândula.
Por conta disso, as pesquisas deverão auxiliar a aferir o teor de iodo presente no sal de cozinha brasileiro. A legislação de 1998 determinou a adição de 40 a 100 miligramas de iodo para cada quilo de sal e, em 2003, essa faixa foi ajustada para entre 20 e 60 miligramas/kg de sal.
No entanto, de acordo com os trabalhos feitos pelos pesquisadores, entre 20 e 40 miligramas do mineral por quilo de sal de cozinha já seriam suficientes para evitar o bócio sem provocar um aumento perigoso nas taxas de iodo no organismo.
Esses resultados serão levados à Comissão Interinstitucional para o Controle dos Distúrbios por Deficiência de Iodo do Ministério da Saúde, da qual Medeiros-Neto faz parte

Câncer e Alzheimer

Agência FAPESP – Pessoas com doença de Alzheimer podem ter menos risco de desenvolver câncer. E pacientes com câncer teriam chances menores de desenvolver Alzheimer. A relação entra as doenças foi descrita em artigo publicado no site da revista Neurology, publicação da Academia Norte-Americana de Neurologia.
“Descobrir as ligações entre essas duas condições poderá nos ajudar a compreendê-las melhor e a abrir novas avenidas para possíveis tratamentos”, disse Catherine Roe, da Escola de Medicina da Universidade Washington em Saint Louis, um dos autores do estudo.
Os pesquisadores analisaram 3.020 pacientes com mais de 65 anos que foram acompanhados por uma média de cinco anos cada um de modo a verificar se desenvolviam demência e por uma média de oito anos para observar o desenvolvimento de tumores.
No início do estudo, 164 pessoas (5,4%) estavam diagnosticadas com Alzheimer e 522 (17,3%) com câncer. Durante a pesquisa, 478 pessoas desenvolveram demência, característica associada à doença de Alzheimer, e em 378 houve nova manifestação de câncer invasivo.
De acordo com o estudo, para aqueles que tinham Alzheimer no início da pesquisa, o risco de desenvolver câncer foi reduzido em 69% em comparação com aqueles que não tinham Alzheimer.
Para indivíduos caucasianos que tinham câncer no começo do estudo, o risco de desenvolver Alzheimer foi reduzido em 43% em relação àqueles que não tinham diagnóstico de câncer. Os resultados, segundo os pesquisadores, não foram evidentes para grupos minoritários.

Terapia para o bócio nodular

Por Fábio Reynol

Agência FAPESP – Um tratamento desenvolvido por pesquisadores brasileiros poderá ajudar populações em todo o mundo que sofrem de bócio, o inchaço da glândula tireoide causado pela carência crônica de iodo no organismo.
A equipe liderada pelo endocrinologista Geraldo Medeiros-Neto, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), apresentou um tratamento relativamente barato em substituição à cirurgia tradicional para a retirada da tireoide.
O custo menor é um fator importante, considerando que a incidência de bócio se concentra principalmente em regiões mais carentes do planeta. O caráter social da pesquisa chamou a atenção da revista Nature Reviews Endocrinology, que destaca o trabalho brasileiro em sua edição de janeiro.
A revista comenta os resultados da pesquisa conforme descritos no artigo High prevalence of side effects after recombinant human thyrotropin-stimulated radioiodine treatment with 30 mCi in patients with multinodular goiter and subclinical/clinical hyperthyroidism, publicado na revista Thyroid (19, 945–951 – 2009).
“A Organização Mundial de Saúde estima que, em todo o mundo, 2 bilhões de pessoas sofram de deficiência de iodo e de 20 milhões a 50 milhões apresentem bócios com nódulos. É impraticável operar tanta gente”, disse Medeiros-Neto, que coordena o projeto “Metilação do gene simportador sódio-iodo em tumores de tireoide”, apoiado pela FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.
Em 2001, sua equipe percorreu 12 Estados brasileiros e registrou casos de bócio entre 5% e 10% da população acima de 50 anos. A partir de dados obtidos pelo levantamento, o grupo estima que cerca de 2,5 milhões de brasileiros sofram da doença, um número muito grande para que a cirurgia possa ser adotada como única terapia. A solução foi procurar métodos mais viáveis de tratamento.
Na primeira etapa do trabalho, os pesquisadores adotaram a administração oral de iodo radioativo como meio de reverter a doença. “No entanto, percebemos que a absorção desse metaloide pela tireoide era muito pequena”, disse Medeiros, explicando que doses mais altas provocavam efeitos colaterais indesejáveis por causa da elevada radiação ao corpo todo.
Como solução, a equipe ministrou o iodo radioativo precedido por uma injeção do hormônio recombinante de TSH, que estimula a glândula a absorver o radioiodo. Após o acompanhamento de 42 pacientes nos três anos seguintes à terapia, houve uma redução de 60% do volume dos bócios e mesmo o desaparecimento completo do “inchaço” em alguns casos.
Um dos pontos fortes do novo tratamento é o custo, estimado em menos de R$ 300 por paciente. Os pesquisadores devem agora aperfeiçoar a técnica de modo a melhorar os resultados.
“Sabemos que o paciente deve evitar consumir sal iodado precedendo o tratamento. O tratamento também pode levar ao hipotireoidismo, ou seja, a tireoide deixa de funcionar”, explicou Medeiros-Neto. Nesse caso, o resultado é similar ao de uma cirurgia de extração da glândula, porém, o objetivo era o de manter a tireoide ativa e em condições normais.

Menos iodo no sal

Na população mais jovem o problema é diferente. Desde o fim da década de 1990 a legislação estipulou a inclusão de iodo no sal de cozinha, o que aumentou o consumo do elemento químico. Diferentemente da população mais velha, os mais jovens deixaram para trás a deficiência de iodo. Mas, com o tempo, o que se verificou foi o excesso.
Em diversas regiões do país, os pesquisadores da FMUSP identificaram em jovens com idades de 6 a 14 anos níveis de iodo na urina superiores ao valor considerado normal.
A ingestão de iodo em excesso durante um período prolongado pode provocar entre adultos jovens o aumento das doenças autoimunes da tireóide, que se manifestam quando o próprio organismo passa a fabricar anticorpos que destroem a glândula.
Por conta disso, as pesquisas feitas pelo grupo na FMUSP deverão auxiliar a aferir o teor de iodo presente no sal de cozinha brasileiro. A legislação de 1998 determinou a adição de 40 a 100 miligramas de iodo para cada quilo de sal e, em 2003, essa faixa foi ajustada para entre 20 e 60 miligramas/kg de sal.
No entanto, de acordo com os trabalhos feitos pelos pesquisadores, entre 20 e 40 miligramas do mineral por quilo de sal de cozinha já seriam suficientes para evitar o bócio sem provocar um aumento perigoso nas taxas de iodo no organismo.
Esses resultados serão levados à Comissão Interinstitucional para o Controle dos Distúrbios por Deficiência de Iodo do Ministério da Saúde, da qual Medeiros-Neto faz parte.
O artigo Hyperthyroidism and radioiodine, que comenta o estudo brasileiro, pode ser lido na Nature Reviews Endocrinology (doi:10.1038/nrendo.2009.234) em www.nature.com/nrendo.