sábado, 16 de janeiro de 2010

Tratamento preventivo pode evitar transmissão de HIV

Tomar um antiretroviral antes e depois da exposição ao vírus reduz o contágio


O vírus da imunodeficiência humana (HIV) continua a propagar-se por todo o mundo, principalmente por via sexual. Apesar dos avanços nos tratamentos, prevenir a infecção continua a ser um dos grandes pontos pendentes.

A utilização de fármacos antes da exposição ao vírus é considerada uma das mais prometedoras estratégias para combater a dessiminação o do vírus, mesmo depois do constante fracasso dos microbicidas, dos géis vaginais e de uma vacina eficaz.


Um novo estudo em macacos demonstrou que a terapêutica intermitente antes de entrar em contacto com o HIV é eficaz.

Os investigadores, dos CDC (Centros de Controlo e Prevenção de doenças dos EUA), expuseram os macacos a um vírus da imunodeficiência símia (SHIV) modificado de modo a ser o mais parecido com o HIV. A diferentes grupos deram diferentes doses de antiretrovirais, em alturas também distintas para testar qual a combinação que oferecia melhor protecção.

Os resultados, publicados na ‘Science Translational Medicine', mostram que os animais que receberam uma dose do fármaco Truvada (tenofovir/emtricitabina) um, três ou sete dias antes da exposição ao vírus e uma segunda dose duas horas depois foram os que melhor ficaram protegidos da infecção.

O risco de contrair o vírus reduziu de 10 a 16 vezes

Segundo explicou ao El Mundo, J.Gerardo García-Lerma, do Departamento de Prevenção de HIV dos CDC, “a profilaxia de pré-exposição não é um conceito novo e está a ser estudo em vários ensaios clínicos em 20 mil voluntários de todo o mundo. A característica destes ensaios é que todos avaliam tratamentos diários. A novidade no nosso trabalho é que partirmos da hipótese de que talvez não fossem necessárias terapêuticas diárias e que se poderia prevenir a infecção também com tratamentos intermitentes e simplificados que consistem apenas na toma de duas pílulas: uma antes da exposição ao vírus e outra depois”.

Esta investigação mostrou que a hipótese era correcta e que, alem da combinação mais eficaz acima citada, fazer o tratamento duas horas antes ou duas horas depois também diminui o contágio até quatro vezes.


“Mesmo sendo dados preliminares, são de destacar”, afirma o investigador espanhol que explica que para esta estratégia dar o salto para os humanos “ainda temos que esperar para conhecer a eficácia dos tratamentos e se há efeitos secundários”. García-Lerma assegura que “ao longo deste ano vamos ter os primeiros resultados e, a partir daí, desenvolveremos a estratégia”.

O mesmo cientista conclui que este método “pode ser útil apenas em certos grupos de alto risco, como homens homossexuais, utilizadores de droga por via injectável e mulheres em situação de risco”.

A terapêutica preventiva é uma medida um pouco drástica, mas para o investigador dos CDC, “a severidade da epidemia da SIDA – que afecta 3,4 milhões de pessoas em todo o mundo – requer o estudo de novos métodos de prevenção que possam complementar as estratégias já existentes”.

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