sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Reorganização de rede oncológica visa melhorar os serviços

Até ao final do ano 2010, pondera-se o encerramento de vários serviços de oncologia nos hospitais portugueses, com base num novo plano de reorganização da rede oncológica. Segundo o documento aprovado pelo Governo, é proposto o encerramento das unidades hospitalares com este serviço que não atendam mais de 500 novos casos por ano. Actualmente, existem 55 hospitais que tratam doentes com esta patologia, estando o Hospital Nossa Senhora do Rosário, EPE (HNSR) entre estes números.
Foi procurando esclarecer os objectivos visados pelo seu ministério que a ministra da Saúde, Ana Jorge, garantiu que o Governo "não tem qualquer intenção de promover encerramentos de unidades de prestação de cuidados oncológicos", aquando da sua intervenção no debate sobre a reorganização da rede de cuidados oncológicos, que teve lugar no passado dia 14 de Janeiro, no Parlamento. Segundo, afirmou o que está em causa é melhorar a prestação de cuidados aos doentes, não tendo o Governo “qualquer estratégia economicista ou qualquer intenção de poupança no que respeita à Rede de Referenciação Hospitalar em Oncologia".
Em declarações ao Jornal do Barreiro, Jorge Espírito Santo, presidente do Colégio de Oncologia da Ordem Médicos, admite que “o documento que está, neste momento, em discussão não é uma reestruturação dos serviços de oncologia” mas sim uma “reflexão dos requisitos que têm que existir para a prática da oncologia”. Jorge Espírito Santo acrescenta ainda que “só com base nestes requisitos, de qualidade técnica e organizativa”, é que se pode planear a rede de serviços que irá depois prestar este tipo de cuidados.
Mediante as conclusões do documento, actualmente em discussão, irão ser definidos quais os serviços dos hospitais com estas unidades que permanecerão em funcionamento, quais os que encerrarão e, ainda, os que irão sofrer alterações para dar resposta às novas necessidades apontadas. No mesmo patamar encontra-se o HNSR, cuja Unidade de Oncologia iniciou a sua actividade em Março de 1994, competindo-lhe o exercício especializado nas áreas do diagnóstico, tratamento, vigilância e cuidados paliativos do doente oncológico.
“O documento devia ter começado por definir os requisitos e os tipos de serviço, tal como faz, e deixar os critérios de incidências, de números, etc., para uma segunda fase”, referiu o presidente do Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos, também médico responsável da Unidade de Oncologia do HNSR. Jorge Espírito Santo acrescenta ainda que este facto seria crucial para que “não se encerrassem serviços que estão a funcionar bem e não se abrissem outros que não são precisos ou que não têm condições para abrir”.
O documento estará em discussão pública até ao final deste mês para, posteriormente, ser adaptado e encaminhado para o Conselho Nacional de Oncologia. Após a sua análise, será finalmente posto em prática em todos os hospitais do país a funcionar com serviços de oncologia.
Refira-se que a Unidade de Oncologia do HNSR conta actualmente com 5 Oncologistas em tempo completo, 1 Hematologista em tempo parcial (16 horas semanais) e 2 Anestesiologistas. Dispõe ainda de 9 Enfermeiros, 3 auxiliares de acção médica e 5 secretárias de Unidade, que asseguram o núcleo vital de organização das actividades da Unidade e a manutenção de um arquivo clínico e de imagem próprio. Desde Agosto de 2007, esta unidade conta ainda com a colaboração de 3 Pneumologistas.

Sem comentários: