sábado, 30 de julho de 2011

Descobertas sétima e oitava bases do DNA

Cientistas descobrem sétima e oitava bases do DNA
Como as novas bases do DNA representam um estado intermediário no processo de demetilação, elas podem ser importantes para a reprogramação celular e para o câncer, já que os dois envolvem a desmetilação do DNA.[Imagem: Human Genome Project]
Quantas bases tem o DNA?
Durante décadas, os cientistas consideraram que o DNA é composto por quatro unidades básicas - adenina, guanina, timina e citosina.
Essas quatro bases são ensinadas nas escolas e nos livros de ciência e formaram a base do conhecimento crescente sobre como os genes codificam a vida.
No entanto, em 2010, eles expandiram essa lista de 4 para 6.
Agora, pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, descobriram as sétima e oitava bases do DNA.
Novas bases do DNA
As duas bases mais "novas" do DNA são 5-formilcitosina e 5-carboxilcitosina.
Elas são na verdade versões da citosina que foram modificadas por proteínas Tet, entidades moleculares que se acredita terem um papel importante na demetilação (ou desmetilação) do DNA e na reprogramação das células-tronco.
Assim, a descoberta pode trazer avanços para a pesquisa com células-tronco, dando um vislumbre das mudanças no DNA - como a remoção de grupos químicos através da demetilação - que poderiam reprogramar células adultas para fazê-las agir como células-tronco.
"Antes que possamos compreender a magnitude desta descoberta, temos que descobrir a função dessas novas bases," disse Yi Zhang, autor principal do estudo.
"Como essas bases representam um estado intermediário no processo de demetilação, elas podem ser importantes para a reprogramação celular e para o câncer, já que os dois envolvem a desmetilação do DNA."
Precisão do experimento
Já se sabe bastante sobre a quinta base, a 5-metilcitosina. Esta metilação está associada com o silenciamento genético, uma vez que ela faz a dupla hélice do DNA dobrar-se ainda mais apertado sobre si mesma.
No ano passado, o grupo de Zhang descobriu que as proteínas Tet podem converter a 5-metilC (a quinta base) em 5-hidroximetilC (a sexta base do DNA) no primeiro de uma reação de quatro passos, trazendo de volta a tradicional citosina.
Mas, por mais que tentassem, os pesquisadores não conseguiram continuar a reação para atingir as sétima e oitava bases, agora chamadas 5-formilC e 5-carboxiC.
O problema, eles finalmente descobriram, não era que a Tet não estava dando os segundo e terceiro passos, mas que seu experimento não era sensível o suficiente para detectá-los.
Assim que perceberam as limitações do ensaio, eles reprojetaram o experimento e, de fato, foram capazes de detectar as duas novas bases do DNA.

Perda de memória associada ao envelhecimento pode ser restaurada

Esquecimento reversível
Pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, descobriram que as redes neurais no cérebro de pessoas da meia-idade e idosos têm conexões mais fracas e disparam de forma menos robusta do que nas pessoas mais jovens.
Curiosamente, relatam os cientistas, a pesquisa sugere que esta condição é reversível.
Conforme as pessoas envelhecem, elas tendem a esquecer as coisas, distraem-se mais facilmente e têm maior dificuldade com funções executivas.
Esses déficits relacionados à idade são conhecidos há anos, mas a base celular para estas dificuldades cognitivas tão comuns ainda não foi compreendida pela ciência.
Memória de trabalho
O novo estudo analisou, pela primeira vez, mudanças relacionadas à idade na atividade dos neurônios no córtex pré-frontal (PFC), a área do cérebro que é responsável pelas mais funções cognitivas e executivas de grau mais elevado.
As redes de neurônios no córtex pré-frontal "disparam" continuamente para manter a informação "na mente", mesmo na ausência de sinais do ambiente.
Este processo é chamado de "memória de trabalho", o que nos permite lembrar, por exemplo, onde deixamos as chaves do carro, mesmo quando essa informação deve ser constantemente atualizada.
Esta habilidade é a base para o pensamento abstrato e o raciocínio, e é muitas vezes chamado de "rascunho mental". Ela também é essencial para funções executivas, tais como envolver-se em várias coisas ao mesmo tempo, na organização e na inibição de pensamentos e ações inadequadas para o momento.
Revertendo o envelhecimento dos neurônios
Os cientistas estudaram o disparo dos neurônios corticais pré-frontais em animais jovens, de meia-idade e idosos, quando eles realizavam uma tarefa que usa a memória de trabalho.
Os neurônios dos animais jovens foram capazes de manter o disparo a uma taxa elevada durante o uso da memória de trabalho, enquanto os neurônios dos animais mais velhos mostraram taxas mais lentas de disparo.
No entanto, quando os pesquisadores ajustaram o ambiente neuroquímico ao redor dos neurônios para ser mais semelhante ao de um animal jovem, as taxas de disparo neuronal dos animais mais idosos foram restauradas aos níveis verificados nos animais mais jovens.
Guanfacina
Os cientistas afirmam que, durante o envelhecimento, o córtex pré-frontal parece acumular níveis excessivos de uma molécula de sinalização chamada cAMP, que pode abrir canais iônicos e enfraquecer o disparo neuronal.
Agentes que inibam ou bloqueiem a cAMP foram capazes de restaurar os padrões de disparo nos neurônios envelhecidos.
Um dos compostos que melhorou o disparo neuronal foi a guanfacina, um medicamento que já está aprovado para tratamento da hipertensão em adultos e déficits neuronais em crianças, sugerindo que a droga pode ser útil também para idosos.
Para isso, o grupo está iniciando um ensaio clínico para testar a capacidade da guanfacina para melhorar a memória de trabalho e funções executivas em idosos que não têm doença de Alzheimer ou outras demências.

A anestesia é perigosa?

Mudanças nos pacientes
Em termos puramente numéricos, o número de mortes associadas à anestesia aumentou novamente.
As razões para isso são o aumento desproporcional no número de pacientes mais velhos e com múltiplas morbidades, e procedimentos cirúrgicos que teriam sido impensáveis no passado.
Este é o resultado de uma revisão seletiva da literatura médica, realizada pelo grupo do Dr. André Gottschalk, do Hospital Universitário Bochum, na Alemanha.
Mortes por anestesia
Na década de 1940, a mortalidade relacionada à anestesia foi 6,4/10.000.
Com a introdução de normas de segurança, como a oximetria de pulso e a capnometria, a taxa foi reduzida para 0,4/100.000 por final de 1980.
Este valor ainda se aplica para pacientes sem doenças sistêmicas relevantes.
Entretanto, a mortalidade aumentou em pacientes com comorbidades relevantes, atingindo 0,69/100.000.
Essas comorbidades incluem a insuficiência cardíaca, angina, insuficiência renal crônica e hipertensão maligna grave.
Novos padrões
Devido a melhorias nas normas de segurança, os pacientes portadores das comorbidades agora têm sido submetidos a cirurgias, algo que seria impensável no passado.
Outro fator que explica o aumento da mortalidade relacionada à anestesia é o fato de que a proporção de pacientes que têm mais de 65 anos [na Alemanha] subiu de 28,8% em 2005 para 40,9% em 2009.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Médicos desmistificam relação entre 'maldição dos 27' e a morte de Amy


Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e, agora, Amy Winehouse. A chamada "maldição" que levou à morte ícones do rock e do pop aos 27 anos, cientificamente, não passa de uma triste coincidência, de acordo com especialistas ouvidos pelo G1.

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Segundo especialistas ouvidos pelo G1, não é possível responder com precisão matemática sobre quanto tempo o corpo de uma pessoa resiste a uma rotina de abusos de drogas e álcool. O que é possível afirmar, entretanto, é que quanto mais jovem uma pessoa começa a usá-los, mais cedo terá problemas .

“Possivelmente, [as celebridades que morreram aos 27 anos] usaram quantidades maiores por tempo maiores. Os efeitos variam de acordo com o tempo e a quantidade em que estão relacionados”, afirma Ivan Mario Braun, psiquiatra do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).

Braun lembra que drogas como cocaína e heroína - associada oficialmente às mortes de pelo menos Joplin e Cobain - têm risco maior de produzir overdose, diferentemente da maconha e do cigarro, por exemplo.

Coquetel mortal

Ronaldo Laranjeira, professor de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que o risco do usuário ter uma overdose aumenta muito quando se associa crack ou cocaína ao álcool. “Cria-se uma terceira molécula muito mais tóxica para o músculo cardíaco e para o cérebro podendo ocasionar uma arritmia cardíaca”, explica.

Foi justamente uma combinação fatal dessa que, em 2007, quase levou Amy Winehouse à morte. Segundo relatos à época, a cantora foi hospitalizada com uma overdose após misturar um coquetel que incluía heroína, escstasy, cocaína, quetamina (um anestésico de uso veterinário) e álcool.

Segundo a Polícia Metropolitana de Londres, ainda é cedo para se falar sobre as causas da morte de Amy, que só serão determinadas após necrópsia prevista para acontecer ainda nesta semana.

Mas além da lista de drogas citadas acima, Amy também já foi flagrada consumindo crack. De acordo com um estudo coordenado por Laranjeira, por meio Instituto Nacional de Políticas do Álcool e Drogas, quase um terço dos usuários de crack morre nos primeiros cinco anos de uso da substância.

Ao longo de 12 anos, a pesquisa avaliou 131 pacientes dependentes, que foram internados entre os anos de 1992 e 1994. Vinte e cinco deles morreram antes dos 25 anos. Neste caso, a maior causa da morte não foi overdose, e sim, homicídio já que grande parte dos usuários no Brasil está envolvida também no tráfico. “A mortalidade ocasionada por crack é pior do que a de heroína. A morte de usuários de heroína é de 1% ao ano”, avalia.

Doença como 'liberdade poética'

Para Laranjeira, Amy sofria de uma doença grave e “optou” por não tratá-la. “Efetivamente, ela nunca se expôs a um tratamento e estava se deteriorando mentalmente. Teria de ser internada mesmo involuntariamente, pois não estava mais em condições mentais de decidir.”

O psiquiatra reforça que quando a pessoa usa estes tipos de substância química, entra em um estado mental que não consegue parar, apesar das complicações. “No caso dela, o fato de ser uma celebridade rebelde tumultuou mais sua vida. A doença fazia parte de uma liberdade poética. Morreu de uma doença que nunca tratou.”

Os especialistas ouvidos pelo G1 lembram ainda que geralmente as mulheres sofrem mais os efeitos e ficam dependentes mais rápido das drogas, se comparado aos homens. No entanto o ritmo de vida, como hábitos alimentares, também tem influencia nas consequências.

Doenças crônicas podem acelerar o processo de deterioração do organismo, como aconteceu com Kurt Cobain, vocalista da banda Nirvana, que se suicidou com um tiro na cabeça em 1994, após consumir uma alta dose de heroína. Em entrevistas, o músico costumava dizer que viciou-se "conscientemente" em heroína pois a droga era a única capaz de aliviar as fortes dores no estômago que ele sentia desde criança.

“O uso de drogas vai produzir doenças. Se o usuário já as possui, piora. Há uma intoxicação e sobrecarga no organismo, além dos danos cerebrais. Sempre há sequelas e existe um preço a ser pago”, conclui Laranjeira.

Matéria recomendada por Wagner Ribeiro

Mapa global da depressão

Relatório da OMS sobre depressão reúne estudos populacionais em 18 países e indica relação entre o distúrbio e condições sociais. Brasil tem a prevalência mais alta em 12 meses, com mais de 10% (Foto: Ministério da Saúde)

O episódio depressivo maior (MDE, na sigla em inglês) é uma preocupação considerável para a saúde pública em todas as regiões do mundo e tem ligação com as condições sociais em alguns dos países avaliados.
Essa é a principal conclusão de um estudo que reuniu dados epidemiológicos provenientes de 18 países, incluindo o Brasil. Os resultados foram apresentados no artigo Epidemiologia transnacional do MDE, publicado nesta terça-feira (26/7) na revista de acesso aberto BMC Medicine.
A depressão é uma doença caracterizada por um conjunto de sintomas psicológicos e físicos, associada a altos índices de comorbidades médicas, incapacitação e mortalidade prematura.
Os países foram divididos em dois grupos: alta renda (Bélgica, França, Alemanha, Israel, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Espanha e Estados Unidos) e baixa e média renda (Brasil – com dados exclusivamente de São Paulo –, Colômbia, Índia, China, Líbano, México, África do Sul e Ucrânia).
De acordo com o relatório, nos dez países de alta renda incluídos na pesquisa, 14,6% das pessoas, em média, já tiveram MDE. Nos 12 meses anteriores, a prevalência foi de 5,5%. Nos oito países de baixa ou média renda considerados no estudo, 11,1% da população teve episódio alguma vez na vida e 5,9% nos 12 meses anteriores. A maior prevalência nos últimos 12 meses foi registrada no Brasil, com 10,4%. A menor foi a do Japão, com 2,2%.
O trabalho faz parte da Pesquisa Mundial sobre Saúde Mental, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que integra e analisa pesquisas epidemiológicas sobre abuso de substâncias e distúrbios mentais e comportamentais. O estudo é coordenado globalmente por Ronald Kessler, da Universidade de Harvard (Estados Unidos).
A pesquisa São Paulo Megacity Mental Health Survey, que gerou para o relatório os dados relativos ao Brasil, foi realizada no âmbito do Projeto Temático “Estudos epidemiológicos dos transtornos psiquiátricos na região metropolitana de São Paulo: prevalências, fatores de risco e sobrecarga social e econômica”, financiado pela FAPESP e encerrado em 2009.
Entre os autores do artigo estão Laura Helena Andrade, professora do Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP), e Maria Carmen Viana, professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Andrade conduziu o Temático em parceria com Viana, que teve bolsa de pós-doutorado da FAPESP entre 2008 e 2009 no Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica do IP-FM-USP, coordenado por Andrade.
Segundo Viana, o São Paulo Megacity Mental Health Survey é um estudo epidemiológico de base populacional que avaliou uma amostra representativa de residentes da região metropolitana de São Paulo, com 5.037 pessoas avaliadas em seus domicílios.
Todas as entrevistas foram feitas com base no mesmo instrumento diagnóstico. Atualmente, cerca de 30 países participam da Pesquisa Mundial sobre Saúde Mental com pesquisas semelhantes .
“Em todos os países foi aplicada a mesma metodologia. No artigo internacional, foram incluídos exclusivamente os dados sobre depressão maior, mas a nossa pesquisa avalia diversos outros transtornos mentais, entre eles os de ansiedade – como pânico, fobias específicas, fobia social e transtorno obsessivo compulsivo – e transtornos de humor, como o transtorno bipolar, distimia e a própria depressão maior”, disse Viana à Agência FAPESP.
Também foram publicados recentemente resultados sobre transtorno bipolar, suicídio e tabagismo. “No estudo São Paulo Megacity estimamos que 44,8% da população já apresentou pelo menos uma vez na vida algum transtorno mental. Nos 12 meses anteriores à entrevista, a prevalência foi de 29,6%”, disse.
Segundo o levantamento transnacional, a depressão maior é uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo. “Os dados epidemiológicos, no entanto, não estão disponíveis em muitos países, em especial os de baixa e média renda, como o Brasil. Por isso é tão importante termos esse tipo de estudo de base populacional”, afirmou Viana.
A assistência à saúde mental no Brasil, segundo Viana, deixa a desejar do ponto de vista da Saúde Pública. "Acredito que a divulgação de dados como esses devem servir de alerta e de embasamento para políticas públicas de prevenção e assistência à saúde mental. É preciso que essas políticas possam ser traçadas e implementadas levando em consideração as necessidades que identificamos na nossa população", afirmou Viana. 
Prevalência maior em mulheres
Os resultados do estudo mostraram que, nos países de alta renda, a idade média de início dos episódios de depressão maior foi de 25,7 anos, contra 24 anos nos países de baixa e média renda. Incapacitação funcional mostrou-se associada a manifestações recentes de MDE.
O estudo também revelou que a prevalência é duas vezes maior entre as mulheres em relação aos homens. Nos países de alta renda, a juventude está associada com uma prevalência mais alta de depressão nos 12 meses anteriores à entrevista. Por outro lado, em vários dos países de baixa renda, as faixas etárias mais altas mostraram ter maior probabilidade de episódios depressivos.
A condição de separação de um parceiro apresentou a correlação demográfica mais forte com o MDE nos países de alta renda. Nos países de baixa e média renda, os fatores mais importantes foram as condições de divórcio e viuvez.
O relatório recomendou que futuras pesquisas investiguem a combinação de fatores de risco demográfico que estão associados ao MDE nos países incluídos na Iniciativa Pesquisa Mundial sobre Saúde Mental.
O artigo Cross-national epidemiology of DSM-IV major depressive episode, de Ronald Kessler e outros, pode ser visto em acesso aberto na BMC Medicine em www.biomedcentral.com/bmcmed.

Fórum Internacional SPDM: Saúde em 2021

A Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) realizará, dias 2 e 3 de agosto, o Fórum Internacional SPDM: Saúde em 2021.
O evento tem o objetivo de traçar cenários e discutir as melhores estratégias a serem adotadas pelos profissionais da área da saúde para se prepararem para as mudanças que a medicina poderá experimentar nos próximos dez anos.
Dividida em seis módulos, a programação do fórum será composta por palestras e intervenções focadas nos cenários que os profissionais de saúde encontrarão em 2021, com especial ênfase em inovação, planejamento estratégico e perspectivas de transformação por meio do ensino com motivação social.
“O sistema de saúde brasileiro em 2021”, “Informação, comunicação e saúde” e “Ética na saúde” são alguns dos temas que serão discutidos durante o evento.
O fórum ocorrerá no Sofitel Hotel, localizado na R. Sena Madureira, nº 1335, em São Paulo.
Mais informações e inscrições: www.spdm.org.br/site/forum/index.htm

Micropulmão artificial poderá ser implantado

Pulmão artificial
Cientistas criaram um dispositivo em microescala que imita a estrutura de um pulmão.
O pequeno pulmão artificial permitirá que os médicos usem o ar comum para ventilar os pacientes, em vez do oxigênio puro.
Isso significa que o dispositivo, quando totalmente desenvolvido, poderá se tornar um pulmão artificial totalmente implantável, uma vez que ele dispensa os pesados e grandes cilindros de oxigênio.
Chip microfluídico
Joseph Potkay e seus colegas do Centro Médico Louis Stokes, nos Estados Unidos, usaram uma tecnologia chamada microfluídica, que usa minúsculos canais para lidar com fluidos, biológicos ou não.
Esta é a tecnologia que está na base de uma família de dispositivos miniaturizados conhecidos como biochips.
No micropulmão artificial, os canais são estreitados paulatinamente, replicando o sistema de artérias e capilares existentes em um pulmão real.
Uma membrana de troca de gases recobre todos os canais, de forma que o dispositivo reabasteça o sangue com oxigênio e retire o gás carbônico, dependendo da entrada utilizada - uma entrada recebe o sangue arterial e outro o sangue venoso.
Até o momento, a equipe testou o dispositivo com o sangue de animais.
Segundo Potkay, o microdispositivo se mostrou muito mais eficiente do que os pulmões artificiais atuais, que usam oxigênio puro - o que significa de três a cinco vezes mais oxigênio transferido para o sangue e dióxido de carbono retirado dele.
Implante artificial de pulmão
Embora o sistema de troca de gases seja sempre replicado nos pulmões artificiais, esta é a primeira vez que os cientistas conseguem replicar o sistema de microcanais e capilares em dimensões quase microscópicas, dispensando o oxigênio puro.
Outra grande vantagem do novo pulmão artificial é o seu tamanho, o que permitirá o barateamento dos custos desses equipamentos, que hoje são caros e restritos a poucos hospitais, assim como a futura construção de pulmões artificiais implantáveis, que funcionarão de forma parecida com um marca-passos.
O próximo passo da pesquisa é estabelecer as dimensões mínimas do sistema de microcanais para que o chip microfluídico possa suprir oxigênio suficiente para um ser humano adulto.

Alzheimer genético pode ser detectado 20 anos antes dos sintomas

Detecção precoce de Alzheimer
Formas hereditárias da doença de Alzheimer podem ser detectadas até 20 anos antes que surjam os problemas com a memória e com o raciocínio.
Esta é conclusão de um estudo liderado pelo Dr. Randall Bateman, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e apresentado na última semana durante a Conferência Internacional da Associação sobre Doença de Alzheimer, em Paris.
A identificação precoce do Alzheimer, ainda em seus estágios iniciais, é uma prioridade para os pesquisadores.
Muitos deles acreditam que, quando os sintomas se tornam aparentes, a doença de Alzheimer já prejudicou largamente o cérebro, tornando difícil ou mesmo impossível a recuperação da memória e de outras capacidades mentais.
Mutações genéticas
Os resultados confirmam e ampliam conhecimentos anteriores, obtidos do estudo das formas mais comuns da doença de Alzheimer, incluindo dados que sugerem que mudanças nos níveis de marcadores biológicos no fluido espinhal podem ser detectadas anos antes da demência.
"Queremos evitar danos e perda de células cerebrais intervindo no início do processo da doença - mesmo antes que os sintomas externos se tornem evidentes, porque então pode ser tarde demais," disse o Dr. Bateman.
Os cientistas dizem que os resultados demonstram a viabilidade de ensaios clínicos para prevenir o Alzheimer em pacientes com registro genético da doença.
Pessoas que carregam as mutações, mas ainda são assintomáticas, têm níveis significativamente mais baixos de beta-amiloide e níveis mais elevados de proteína tau em seu fluido cerebroespinhal do que os participantes sem as mutações.
Eles planejam começar os primeiros testes para essa avaliação já no ano que vem.
Alzheimer genético
Os pesquisadores estão estudando membros de famílias que possuem mutações em um de três genes: proteína precursora amiloide, presenilina 1 ou presenilina 2.
Pessoas com essas mutações desenvolvem a doença de Alzheimer precocemente, com sintomas a partir dos 40 ou 50 anos ou, em alguns casos raros, até com 30 anos.
Quando um dos pais desenvolve a demência na idade de 50 anos, um filho que herdou a mutação deve desenvolver a demência aproximadamente na mesma idade, o que está permitindo que os cientistas monitorem essa população a longo prazo.
"Baseados no que vemos em nossa população, as mudanças na química do cérebro podem ser detectadas até 20 anos antes da idade prevista para o surgimento dos sintomas," diz Bateman. "Essas mudanças relacionadas ao Alzheimer podem ser alvos específicos para ensaios de prevenção em pacientes com formas hereditárias da doença de Alzheimer."

sábado, 23 de julho de 2011

Células-tronco e células do câncer têm a mesma origem

Oncogenes
Até agora, os cientistas acreditavam que os chamados oncogenes seriam genes que, quando sofrem alguma mutação, alteram as células saudáveis em células tumorais cancerosas.
Mas cientistas da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, acabam de demonstrar que esses "oncogenes" também podem alterar as células normais de uma forma totalmente inusitada: transformando-as em células-tronco.
"A realidade parece ser bem mais complicada do que as pessoas pensam," disse Jiang Zhong, coordenador da pesquisa. "O que é um gene de célula-tronco? O que é um gene de câncer? Eles podem ser a mesma coisa."
A descoberta, além de dar um novo rumo às pesquisas genéticas voltadas para o câncer, abre caminho para uma abordagem mais segura e mais prática para o tratamento de doenças como a esclerose múltipla e do próprio câncer, usando terapias de células-tronco.
Células da pele viram células do cérebro
Zhong e seus colegas conseguiram transformar células da pele humana em células do cérebro, suprimindo a expressão da p53, uma proteína codificada por um oncogene amplamente estudado.
Isto sugere que o que a mutação da p53 faz é ajudar a determinar o destino final das células - bom ou ruim - e não apenas determinar o câncer como resultado final.
"Quando você desativa a p53, as pessoas pensam que a célula torna-se cancerosa, porque nós tendemos a nos concentrar no lado ruim das coisas," disse Zhong, referindo-se aos outros grupos de cientistas que chegaram à conclusão de que a proteína gera células de câncer.
"Na verdade, a célula torna-se mais plástica e pode fazer coisas boas também. Digamos que a célula seja como uma pessoa que perde o emprego (o 'desligamento' da p53). Ela pode se tornar um criminoso ou poderia encontrar outro emprego e ter um impacto positivo na sociedade. O que a empurra em uma direção ou outra nós não sabemos, porque o ambiente é muito complicado," explica o pesquisador.
Endoderma, mesoderma e ectoderma
As células-tronco podem se dividir e se diferenciar em diferentes tipos de células no corpo.
Em humanos, as células-tronco embrionárias se diferenciam em três famílias, ou camadas germinativas, de células. As razões por que e como certas células-tronco se diferenciam em determinadas camadas em particular ainda não são claramente compreendidas.
No entanto, é a partir dessas camadas que os tecidos e órgãos se desenvolvem.
O endoderma, por exemplo, leva à formação do estômago, cólon e pulmão, enquanto o mesoderma forma os tecidos ósseos, o sangue e o coração.
Em seu estudo, a equipe de Zhong examinou as células da pele humana, que estão relacionadas ao cérebro e às células neurais do ectoderma.
Desligando o gene
Quando a p53 foi suprimida, as células da pele se desenvolveram em células que se parecem exatamente iguais às células-tronco embrionárias humanas.
Mas, ao contrário de outras células-tronco sintetizadas pelo homem, que são pluripotentes e podem se transformar em quaisquer outras células no corpo, essas células se diferenciaram apenas em células da sua própria camada germinativa, ou seja, do ectoderma.
"As IPSCs [células-tronco pluripotentes induzidas] podem se transformar em qualquer coisa, o que as torna difíceis de controlar," disse Zhong. "Nossas células estão permanecendo dentro da linhagem do ectoderma."
Ao contrário de uma limitação, isto é na verdade um fator positivo para o uso dessas células, uma vez que os cientistas sabem que ela seguirá um caminho mais restrito, com possibilidade de uma aplicação mais direcionada.

Mais da metade dos casos de Alzheimer podem ser evitados

Revisão do Alzheimer
Mais da metade de todos os casos da doença de Alzheimer poderiam ser evitados por meio de mudanças do estilo de vida e do tratamento ou prevenção de doenças crônicas.
Esta é a conclusão de um estudo conduzido pela Dra. Deborah Barnes, pesquisadora de saúde mental da Universidade da Califórnia, em São Francisco, nos Estados Unidos.
O estudo, chamado de estudo de revisão, analisou de forma sistemática dados de pesquisas científicas realizadas por inúmeros grupos de pesquisa ao redor do mundo, envolvendo no total centenas de milhares de participantes.
Como evitar o Alzheimer
Barnes concluiu que, na média mundial, os principais fatores de risco para o Alzheimer que são modificáveis são, em ordem decrescente de importância:
  1. baixa escolaridade
  2. tabagismo
  3. sedentarismo
  4. depressão
  5. hipertensão na meia-idade
  6. diabetes
  7. obesidade na meia-idade
Juntos, esses fatores de risco estão associados com 51 por cento dos casos de Alzheimer em todo o mundo (17,2 milhões de casos) e 54 por cento dos casos de Alzheimer nos Estados Unidos (2,9 milhões de casos).
Nos Estados Unidos, Barnes descobriu que os fatores de maior risco modificáveis apresentam-se em outra ordem: inatividade física, depressão, tabagismo, hipertensão na meia-idade, obesidade na meia-idade, baixa escolaridade e diabetes.
Mudanças de estilo de vida
"O que é entusiasmante é que isso sugere que algumas mudanças de estilo de vida muito simples, como o aumento da atividade física e deixar de fumar, podem ter um tremendo impacto na prevenção do Alzheimer e outras demências, nos Estados Unidos e no mundo," disse Barnes.
Barnes adverte que suas conclusões são baseadas no pressuposto de que existe uma relação causal entre cada fator de risco e a doença de Alzheimer.
"Nós estamos assumindo que, quando você altera o fator de risco, então você altera o risco," explicou ela. "O que precisamos fazer agora é descobrir se essa suposição é correta."
Os resultados do estudo foram publicados na conceituada revista The Lancet Neurology.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Para quem diz que o vinho faz mal: Quando acabas de beber um refrigerante

**O QUE ACONTECE QUANDO VOCÊ ACABA DE BEBER UMA LATA DE COCACOLA**
Primeiros 10 minutos:
10 colheres de chá de açúcar batem no seu corpo, 100% do recomendado diariamente. 

Você não vomita imediatamente pelo doce extremo, porque o ácido fosfórico corta o gosto.

20 minutos:
O nível de açúcar em seu sangue estoura, forçando um jorro de insulina. 

O fígado responde transformando todo o açúcar que recebe em gordura (É muito para este momento em particular).

40 minutos:
A absorção de cafeína está completa. Suas pupilas dilatam, a pressão sanguínea sobe, o fígado responde bombeando mais açúcar na corrente. Os receptores de adenosina no cérebro são bloqueados para evitar tonteiras.

45 minutos:
O corpo aumenta a produção de dopamina, estimulando os centros de prazer do corpo. (Fisicamente, funciona como com a heroína..)

50 minutos:
O ácido fosfórico empurra cálcio, magnésio e zinco para o intestino grosso, aumentando o metabolismo. 

As altas doses de açúcar e outros adoçantes aumentam a excreção de cálcio na urina, ou seja, está urinando seus ossos, uma das causas das OSTEOPOROSE.

60 minutos:
As propriedades diuréticas da cafeína entram em ação. Você urina. 

Agora é garantido que porá para fora cálcio, magnésio e zinco, os quais seus ossos precisariam..
Conforme a onda abaixa você sofrerá um choque de açúcar. 
Ficará irritadiço. 
Você já terá posto para fora tudo que estava no refrigerante, mas não sem antes ter posto para fora, junto, coisas das quais farão falta ao seu organismo.

Pense nisso antes de beber refrigerantes. 

Se não puder evitá-los, modere sua ingestão! 
Prefira sucos naturais. 
Seu corpo agradece!*


Prof. Dr. Carlos Alexandre Fett
Faculdade de Educação Física da UFMT 
Mestrado da Nutrição da UFMT

Exame reduz risco de mortalidade neonatal

Um estudo produzido pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo apontou que o Teste Fibronectina Fetal, além de diminuir o número de internações em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ajuda a evitar partos prematuros e a mortalidade neonatal.
O teste consiste em detectar a presença de uma substância chamada fibronectina fetal no conteúdo vaginal da mãe, sendo aplicado entre a 22ª e a 34ª semanas de gestação.
De acordo com a Secretaria, caso seja aplicado junto ao exame de ultrassom vaginal, ele reduz, em caso de resultado negativo, para menos de 1% as chances de parto nas duas semanas seguintes a sua realização.
Intervenções desnecessárias
O estudo foi feito com 63 gestantes no Hospital e Maternidade Interlagos. Em comum, elas apresentaram alto risco de prematuridade por conta gestações anteriores, cólicas abdominais, má formação uterina e contrações não acompanhadas de nítidas modificações cervicais e infecção urinária.
Segundo a pesquisa, após a realização do Teste Fibronectina Fetal, 86% das gestantes analisadas apresentaram resultado negativo. Isso significa que, apesar de apresentarem sinais e sintomas, elas não estavam em trabalho de parto, portanto não era necessário interná-las.
No caso dessas gestantes, o espaço entre a realização do exame para o parto foi, em média, de 20 dias, o que comprovou a eficiência do teste. Já para as 14% das gestantes cujo resultado do teste foi positivo, indicando com isso a iminência de trabalho de parto, a internação foi indicada e o nascimento dos bebês aconteceu, em média, 11 dias após a realização do exame.
“A principal utilidade desse teste é evitar que as gestantes sintomáticas passem por internações ou intervenções desnecessárias. Outro benefício do teste é ajudar a diminuir o número de partos prematuros que, só no primeiro semestre de 2010, correspondeu a cerca de 10% do número total de partos realizados no Hospital e Maternidade Interlagos.
Com isso, além de reduzir os custos com internações, conseguimos reduzir os riscos de mortalidade neonatal provocado por prematuridade”, disse Sandra Sestokas, diretora do Hospital e Maternidade Interlagos.

Especialista diz que médicos não sabem diagnosticar tuberculose, dengue e hanseníase


A falta de conhecimento por parte dos profissionais de saúde tem sido uma das principais dificuldades para o diagnóstico e tratamento da tuberculose e de outras doenças, como a dengue e a hanseníase. A avaliação é de Jorge Rocha, do Projeto Management Siences For Health (MSH), que foi um dos coordenadores do Seminário Estadual de Manejo Clínico da Tuberculose, realizado na segunda (18) e terça-feira (19) no Hotel Village, na Praia de Tambaú, em João Pessoa-PB.

De acordo com ele, o ensino nas faculdades e outras unidades sobre a tuberculose é limitado e os alunos dos cursos da área de saúde, desde o médico ao enfermeiro não recebem as informações adequadas sobre a problemática da tuberculose, o que contribui para dificultar o diagnóstico e tratamento da doença. “O aparelho formador, que é a escola de medicina, tem que ter um olhar diferente não só para a tuberculose, mas todas as doenças frequentes na população, a exemplo da dengue e da hanseníase”, disse Eleny Guimarães Teixeira, consultora do Ministério da Saúde.

Outro problema apontado por Jorge Rocha é com relação ao acompanhamento do tratamento do paciente. De acordo com ele, o profissional de saúde tem que ver o paciente tomando o medicamento, pois a cura da doença depende do tratamento correto e durante o tempo completo. Ele disse que o gestor municipal deve estimular o profissional de saúde e dar condições para que ele exerça esse Tratamento Diretamente Observado (TDO).

Jorge Rocha disse ainda que muitos profissionais pensam que a tuberculose está reaparecendo, quando, na verdade, ela nunca deixou de existir. Ele disse também que o diagnóstico é fácil e de baixo custo. “O exame de baciloscopia é o responsável pelo diagnóstico da doença, o resultado não demora mais do que quatro horas e quando mais cedo a doença for descoberta, mais eficaz será o tratamento”, comentou. O município, segundo Jorge Rocha, deve oferecer esse exame.

Ele disse que o seminário realizado nesta segunda e terça-feira em João Pessoa foi muito proveitoso, pois serviu para que os profissionais reforçassem os conceitos importantes sobre tuberculose e as novas recomendações para o controle da doença no Brasil. O evento reuniu médicos e enfermeiros, principalmente de atenção básica e/ou de referências secundárias para tuberculose e foi organizado pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose/SVS do Ministério da Saúde e pelo Programa Estadual de Controle da Tuberculose na Paraíba.

Dados sobre a doença – Ano passado foram confirmados 1.039 casos de tuberculose na Paraíba. A meta da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde é atingir 85% da cura e menos de 5% do abandono para que se possa conseguir o controle da tuberculose. Em 2009, na Paraíba, a tuberculose apresentou 62% de cura e 8% de abandono.

 
Secom-PB

OMS pede fim do teste sorológico para tuberculose

A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu o fim dos testes sorológicos para diagnosticar a tuberculose. A alegação é que já se demonstraram imprecisos na detecção de um em cada dois casos.
O director do departamento para tuberculose da OMS, Mario Raviglione, explicou em Genebra que o uso destes testes é amplamente difundido nos países em desenvolvimento.
Segundo Raviglione, não há nenhum sistema público de saúde que recorra a este tipo de testes para o diagnóstico da tuberculose. A doença mata 1,7 milhões de pessoas a cada ano e afecta especialmente os infectados pelo vírus da sida (HIV).
«Os seus resultados são inconsistentes e imprecisos e põem a vida dos pacientes em sério perigo», esclareceu o responsável da OMS, baseando-se em conclusões de 94 estudos realizados no último ano.
Nos casos de falso negativo, as pessoas não recebem tratamento e podem contaminar outros indivíduos e acabar por morrer.
Já nos casos de falso positivo, os pacientes recebem um tratamento que não precisam o que pode causar graves consequências para a saúde, além da despesa desnecessária que acarreta.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Alergias podem proteger de alguns cancros

Estudo sustenta teoria da “vigilância imunitária”

Alergias de contacto manifestam-se normalmente por comichão e vermelhidão
Alergias de contacto manifestam-se normalmente por comichão e vermelhidão
 
O sistema imunitário de pessoas com alergias de contacto pode estar mais preparado para se proteger de alguns tipos de cancro, como o da mama e da pele (excepto o melanoma), de acordo com um novo estudo divulgado no “BMJ Open”.
Este tipo de alergias pode ocorrer quando há uma reacção alérgica devido ao contacto directo com alguns metais, medicamentos tópicos, perfumes e outros cosméticos e manifestam-se por comichão, vermelhidão e borbulhas ou pequenas feridas e crostas na pele. Estas reacções não são imediatas. Surgem um ou dois dias após o contacto e não ocorrem pela primeira vez que se contacta com a substância, sendo habitualmente necessárias várias exposições até o indivíduo se tornar alérgico.
Neste estudo, os investigadores analisaram 17 mil adultos dinamarqueses, entre 1984 e 2008, e constataram que um terço dos participantes possui, pelo menos, um tipo de alergia de contacto. As mulheres mostraram ser mais propensas ao teste positivo, sendo que 41 por cento das participantes neste estudo apresentaram reacção alérgica. Nos homens, somente 26 por cento manifestaram a alergia.
Os investigadores procuraram também casos de cancro entre os participantes do estudo a longo prazo e os resultados mostraram que homens e mulheres com alergias de contacto tiveram taxas significativamente menores de cancro da mama e da pele.
Este trabalho também mostrou que as mulheres com alergias tiveram menores taxas de cancro no cérebro, comparativamente com outras sem alergias. No entanto, este último dado não foi estatisticamente significativo, referiram os especialistas.
Apesar destas conclusões, os investigadores também constataram que as pessoas com alergias tiveram maiores taxas de cancro da bexiga, o que "pode dever-se à acumulação de metabólitos químicos na bexiga", explicou o estudo.
Quanto às taxas mais baixas de cancro da mama, cérebro e da pele entre as pessoas com alergias de contacto, podem ser consequência de um sistema imune. Segundo os investigadores, os resultados sustentam a hipótese da “vigilância imunitária” - a teoria de que indivíduos com hiper-imunidade têm como efeito colateral as alergias, sendo este facto que, hipoteticamente, pode protegê-los de alguns tipos de cancro.
Apesar desta correlação, os autores deste estudo, advertiram que um facto não é causador do outro, isto é, ter alergias não é sinónimo de não se ter cancro.

Qual o poder dos sonhos?

Por Susana Lage (texto e fotos)
Frederico Fezas Vital, Joana Ribeiro de Carvalho, Helena Marujo e Gentil Martins
Frederico Fezas Vital, Joana Ribeiro de Carvalho, Helena Marujo e Gentil Martins
 
Depois de concretizar um sonho, a maioria das crianças tem mais autoconfiança, novas ideias sobre o futuro, mais facilidade na transmissão de emoções e maior compaixão. Estes são os resultados preliminares de um projecto científico português apresentado ontem, em Lisboa.

O lançamento de ‘O Poder de Sonhar – Em Busca da Felicidade’ contou com a participação da psicóloga Joana Ribeiro de Carvalho, do presidente da Associação Terra dos Sonhos, Frederico Fezas Vital e dos consultores científicos Helena Marujo, especialista em Psicologia Positiva e Gentil Martins, cirurgião pediatra.
Iniciada em Outubro do ano passado, a investigação de três anos pretende analisar o efeito da concretização dos sonhos e o seu poder de transformar a vida das crianças com doenças em estado avançado ou crónicas e do seu meio envolvente no sentido de incrementar saúde e bem-estar psicológico, felicidade e optimismo. Isto é, “perceber qual o impacto emocional relativamente às crianças, o impacto psicológico nas famílias e nos profissionais de saúde”, explicou Joana Ribeiro de Carvalho.

Os beneficiários serão 150 crianças e adolescentes, 150 famílias, 50 profissionais de saúde e 30 voluntários da Terra dos Sonhos. E a intervenção inclui uma proposta de promoção de felicidade junto das crianças da organização e de “um maior diálogo e proximidade entre as crianças, as famílias e os profissionais de saúde”.

De acordo com a psicóloga, a metodologia usada para a realização do projecto é a Psicologia Positiva. “Vamos estar sobretudo orientados para aquilo que construtivamente e subjectivamente acontece de positivo com as crianças”.

A ideia é “promover estados de fluxo emocionais”, “desenvolver a força pessoal através do sofrimento das crianças com doença crónica” e “promover o crescimento psicológico positivo após a concretização do sonho”.


Joana Ribeiro de Carvalho é a coordenadora do projecto
Joana Ribeiro de Carvalho é a coordenadora do projecto
 
O que é pioneiro nesta investigação, “para além da Terra dos Sonhos ser uma das primeiras instituições que está a tentar perceber cientificamente o trabalho com os seus beneficiários, é o projecto de intervenção que a organização vai efectuar com os resultados obtidos”, sublinhou Joana Ribeiro de Carvalho.

“Acreditamos que o projecto ‘Em Busca da Felicidade’ seja uma possível saída do ciclo de sofrimento tão complicado para todas as famílias”, acrescentou.

Os resultados preliminares de entrevistas feitas a algumas crianças já revelam que “56 por cento tem novas ideias sobre o futuro e 44 por cento está mais próxima emocionalmente relativamente aos seus pares e às suas famílias”, descreveu Joana Ribeiro de Carvalho.

No item que respeita ao crescimento psicológico, “estas crianças têm 93 por cento de aumento relativamente à sua autoconfiança”. Sobre o impacto na valorização da vida, a partir do dia em que o sonho se concretiza “tudo passou a ser diferente” para as crianças pois “todos os dias passam a ser valorizados como especiais”.

Na fase actual do projecto estão a decorrer a recolha da amostra, análise e tratamento dos dados e a angariação de parceiros de financiamento. E esta semana ainda a investigação será apresentada no Congresso Mundial de Psicologia Positiva, em Phliladelphia, nos EUA.

‘O Poder de Sonhar – Em Busca da Felicidade’ termina em 2013 com a construção de um Programa de Intervenção de âmbito nacional, que pretende promover o desenvolvimento do Pensamento e Atitude Optimista, através do treino da inteligência emocional das crianças e jovens envolvidos.


Terra dos Sonhos
A Terra dos Sonhos é uma Organização de Solidariedade Portuguesa cuja principal actividade consiste na realização dos sonhos de crianças e jovens diagnosticados com doenças crónicas e/ou em estado avançado de doença, crianças e jovens carenciadas e idosos, como forma de transmitir uma mensagem de esperança na possibilidade de realização dos seus objectivos mais inspiradores, independentemente de circunstâncias, condicionamentos e limitações.

Ir à Lapónia conhecer o Pai Natal, ir à Eurodisney, conhecer o Cristiano Ronaldo, andar de Ferrari, assistir a um concerto dos Pearl Jam e passar um dia inteiro com um cão Beagle, são exemplos de sonhos já concretizados pela instituição.

A realidade dos ex-toxicodependentes


Susana Henriques é investigadora do CIES
Susana Henriques é investigadora do CIES
 
Uma equipa de investigadores do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE, em Lisboa, coordenada por Susana Henriques, está a desenvolver um estudo de três anos para perceber de que forma os ex-toxicodependentes se reintegram na sociedade.

Segundo Susana Henriques, o estudo ‘Trajectórias, da dependência à reintegração – estudo de trajectórias sociais de toxicodependentes após processo terapêutico’ “visa contribuir para compreender e explicar a complexa realidade da reintegração social de dependentes de substâncias psicoactivas, pelo menos um ano após conclusão do processo de tratamento numa comunidade terapêutica”.

A investigação iniciou-se o ano passado e surgiu da "vontade dos investigadores” em descobrir “como é a reinserção social de ex-toxicodependentes” a fim de definir “políticas de apoio à reinserção mais adequadas à realidade e às necessidades”, explica ao Ciência Hoje.

Os resultados deste projecto, de acordo com a coordenadora do estudo,
“permitirão avançar na produção de conhecimento, contribuir para a formação avançada, para o desenvolvimento do percurso científico de jovens investigadores e para a construção de instrumentos possíveis de aplicar a esta área”. Mais acrescenta: “A partir daqui, será também possível desocultar áreas estratégicas de intervenção no desenvolvimento de medidas de apoio à inserção social pós tratamento de toxicodependentes. Estas medidas poderão permitir às instituições com intervenção nesta área funcionar de forma mais cooperativa, estreitando as suas redes de acção”.

Etapas do estudo

A primeira fase da investigação passou pela análise da base de dados dos utentes da Comunidade Terapêutica Quinta das Lapas da Associação Dianova, Portugal, que completaram o programa de tratamento com alta clínica entre os anos de 1999 e 2009.
“Foram analisados os dados de caracterização social, económica e demográfica, bem como os relativos aos consumos”, diz Susana Henriques.

A segunda fase, ainda em curso, inclui o contacto telefónico e realização de um inquérito por questionário a esses utentes.
“Através deste pretendemos identificar mudanças nas trajectórias de vida dos indivíduos, identificar a paragem definitiva ou a retoma dos consumos de substâncias psicoactivas, conhecer os seus percursos, identificar os obstáculos e os facilitadores da inserção familiar, profissional e social enfrentados por estes indivíduos”, descreve.

Finalmente será realizado um conjunto de entrevistas em profundidade a um grupo identificado como relevante para a problemática em estudo pelas características da sua trajectória de reintegração.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Analgésico supera antipsicótico no tratamento de sintomas da demência

Dor da demência
Muitos pacientes com demência atualmente tratados com medicamentos antipsicóticos poderiam se beneficiar mais de tratamentos à base de simples analgésicos, indica um pequeno estudo.
Especialistas britânicos e noruegueses concluíram que remédios para dor diminuíram significativamente sintomas como agitação e comportamento agressivo, comuns em pessoas que sofrem da condição.
Tendo em vista os resultados do trabalho, a Alzheimer's Society - entidade britânica que promove pesquisas sobre várias formas de demência e oferece suporte a pacientes e profissionais - quer que os médicos passem a considerar outros tratamentos para aliviar esse tipo de sintoma em seus pacientes.
Os autores do trabalho acreditam que a descoberta pode ajudar pacientes com demência a conviver melhor com a condição.
O estudo foi publicado no site da revista científica British Medical Journal (BMJ).
Agitação e agressividade
Segundo especialistas, anualmente, na Grã-Bretanha, cerca de 150 mil pacientes com demência que apresentam sintomas como agitação e agressividade são tratados com antipsicóticos.
Esses remédios têm um poderoso efeito sedativo e podem piorar os sintomas de demência, além de aumentar os riscos de derrames e morte.
Mas os pesquisadores do Kings College, em Londres, e da Noruega, suspeitavam de que os sintomas poderiam, em alguns casos, resultar de dor (que os pacientes, por causa de sua condição, teriam dificuldade em expressar).
Eles fizeram um experimento com 352 pacientes com demência grave ou moderada que vivem em lares para idosos na Noruega.
A metade passou a tomar analgésicos junto com as refeições, os outros continuaram a seguir o tratamento convencional.
Analgésico melhor do que antipsicótico
Após oito semanas, o grupo que tomou analgésicos apresentou uma redução de 17% nos sintomas agitação e agressividade. Esse grau de melhora foi superior ao que se poderia esperar de tratamentos à base de antipsicóticos.
Os pesquisadores concluíram que, se a dor do paciente for tratada de forma adequada, os médicos poderão reduzir o uso de drogas antipsicóticas.
O especialista Clive Ballard, diretor de pesquisas da Alzheimer's Society e um dos autores do estudo, disse que as revelações são importantes.
"No momento, a dor é pouco tratada em pessoas com demência porque é muito difícil reconhecê-la", disse.
"Acho que (a descoberta) pode fazer uma grande diferença na vida das pessoas, pode ajudá-las a conviver melhor com a demência".
Ballard ressalta, no entanto, que analgésicos devem ser receitados sob supervisão médica.
Complexidades da demência
A Alzheimer's Society está publicando novas orientações sobre o assunto, sugerindo a médicos que pensem muito antes de receitar antipsicóticos e que procurem receitar analgésicos.
A National Care Association - organização britânica que representa entidades que oferecem serviços a idosos e os usuários desses serviços - disse que o estudo ressalta algumas das complexidades da demência.
"A dor em si já é debilitante, então identificá-la como a causa da agitação e do comportamento agressivo é um grande avanço, que permitirá que cuidemos das pessoas de forma apropriada", disse a presidente da organização, Nadra Ahmed.

Criadas células artificiais que controlam sistema imunológico

Células dendríticas
Um grupo de cientistas do México e da Europa conseguiram pela primeira vez criar células dendríticas artificiais.
As células dendríticas têm como função principal desencadear a resposta imunológica do organismo.
Sua sintetização abre caminho para que os médicos possam induzir ou inibir uma resposta imunológica conforme a necessidade, para o tratamento de inúmeras doenças.
As células dendríticas artificiais também poderão ser importantes nos transplantes de órgãos, para evitar o fenômeno da rejeição.
Imunogênicas e tolerogênicas
Em entrevista, o Dr. Roberto González Amaro, líder do projeto, explicou que as células dendríticas se dividem, em termos funcionais, em dois grandes grupos: imunogênicas, que induzem a resposta imunológica, e tolerogênicas, que inibem a resposta imunológica.
A produção das células dendríticas pode ser dirigida para os dois tipos, o que torna o feito duplamente inédito.
Segundo o pesquisador, trata-se de estruturas "quase biológicas"
"É fundamentalmente uma membrana construída artificialmente. Em sua superfície são inseridas todas as moléculas que são importantes para a sua função: é através delas que as células se comunicam, de tal forma que podemos gerar uma célula dendrítica artificial tolerogênica ou imunogênica," explicou o pesquisador.
Controlando a imunidade
As implicações terapêuticas desse desenvolvimento são muitas.
"Poderemos injetar células artificiais tolerogênicas nos indivíduos nos quais queiramos frear a resposta imunológica, para que não rejeitem um transplante, ou para inibir uma resposta autoimune nos casos de artrite reumatoide, lúpus eritomatoso generalizado etc," explicou o Dr. Amaro.
Agora a equipe vai partir para o desenvolvimento e aprimoramento da técnica, para que seja possível produzir as células dendríticas artificiais em grandes quantidades.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Beber demais pode danificar memória de meninas adolescentes, diz estudo


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Adolescentes, especialmente do sexo feminino, que bebem grandes quantidades de álcool de uma só vez podem danificar a parte do cérebro que controla a memória e a percepção espacial, de acordo com um estudo americano.

Os cérebros de jovens mulheres são mais vulneráveis aos danos causados pelo álcool porque se desenvolvem mais cedo que os dos homens.

Por isso, segundo a pesquisa publicada em Alcoholism: Clinical and Experimental Research, aquelas que bebem demais em um curto espaço de tempo podem acabar tendo problemas ao dirigir, jogar esportes com movimentos complexos, usar mapas e ao tentar lembrar o caminho para os lugares.

Testes

Os pesquisadores de diversas universidades dos Estados Unidos fizeram testes neuropsicológicos e de memória espacial com 95 adolescentes entre 16 e 19 anos de idade.

Entre eles, 40 (27 do sexo masculino e 13 do sexo feminino) bebiam muito de uma só vez (Mais de 1,5 litro de cerveja ou quatro taças de vinho para mulheres ou mais de 2 litros de cerveja ou uma garrafa de vinho para os homens).

Os mesmo testes foram repetidos com 31 rapazes e 24 moças que não bebiam em grandes quantidades e os resultados foram então comparados.

Tecnologia

Usando aparelhos de ressonância magnética, os pesquisadores descobriram que as adolescentes que bebiam muito tinham menos atividade em várias áreas do cérebro que as que não bebiam, durante o mesmo teste de percepção espacial.

Segundo Susan Tapert, professora de psiquiatria na Universidade da Califórnia e autora do estudo, estas diferenças na atividade cerebral podem afetar negativamente outras funções, como concentração e o tipo de memória usado na hora de fazer cálculos, o que também seria fundamental para o pensamento lógico e capacidade de raciocínio.

Já os jovens rapazes não teriam sido afetados da mesma forma, de acordo com Tapert.

"Os adolescentes que bebiam demais mostraram alguma anormalidade, mas menos, na comparação com os rapazes que não bebiam. Isso indica que as jovens do sexo feminino são particularmente vulneráveis aos efeitos negativos do excesso de álcool."


 BBC Brasil

Por trás da dor

Cientistas do Brasil e do exterior discutem avanços e desafios sobre mecanismos moleculares ligados à dor e à analgesia em workshop do Centro de Toxinologia Aplicada, no Instituto Butantan (Foto: (ESRF))

Por trás da dor

Por Fábio de Castro 

Pesquisadores brasileiros e estrangeiros se reuniram no dia 14 de julho, no Instituto Butantan, em São Paulo, para discutir os mais recentes avanços e os principais desafios da pesquisa sobre os mecanismos moleculares e celulares ligados à dor e à analgesia.
O workshop foi promovido pelo Centro de Toxinologia Aplicada (CAT), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP. O evento foi coordenado por Yara Cury, pesquisadora do Instituto Butantan, e por Sergio Henrique Ferreira, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com o diretor do CAT, Hugo Aguirre Armelin, durante o evento os estudantes e pesquisadores que lotaram o auditório do Museu Biológico do Instituto Butantan puderam perceber que é possível produzir no Brasil ciência de alto nível na área de dor e analgesia.
“Um dos objetivos do workshop consistiu em apresentar a qualidade do trabalho que vem sendo feito no CAT, em comparação com as pesquisas apresentadas por alguns dos principais cientistas estrangeiros na área. Foi uma oportunidade para avaliar em que nível está nossa pesquisa e mostrar para os estudantes que eles têm chance de fazer aqui o que também se faz no exterior”, disse à Agência FAPESP.
De acordo com Armelin, o Laboratório de Dor e Sinalização do Instituto Butantan, liderado por Cury, é um dos mais desenvolvidos no âmbito do CAT.
A equipe do laboratório descobriu a crotalfina, uma toxina isolada a partir do veneno da cascavel (Crotalus durissus terrificus), com potente atividade analgésica. A instituição possui a patente da substância desde 2004 e se associou à indústria farmacêutica para desenvolver o medicamento.
“Essa descoberta só foi possível porque a professora Yara Cury mantém há anos um grupo muito forte, que faz ciência sobre os mecanismos de dor e analgesia. Sem essa ciência por trás, não adiantaria ir atrás de toxinas interessantes. É preciso estudar a fundo os mecanismos envolvidos na dor e na atividade analgésica”, disse.
A série de workshops organizada pelo CAT tem também o objetivo de mostrar o que o centro conseguiu desenvolver ao longo da última década. Como os CEPIDs têm prazo de duração de 11 anos, o projeto do CAT será encerrado em 2011.
“Isso não quer dizer que laboratório encerrará suas atividades. Ao contrário, ele é parte da herança deixada ao Butantan pelo CEPID-FAPESP. Assim como outros grupos do CAT, ele se consolidou ao longo desses 11 anos e adquiriu musculatura suficiente para andar com as próprias pernas em um patamar muito competitivo. Durante esse período também formamos muitas jovens lideranças, formando novos grupos muito bem estabelecidos”, afirmou Armelin.
Pesquisa básica e aplicada
De acordo com Cury, parte da excelência do trabalho desenvolvido no CAT se deve ao fato de o Instituto Butantan oferecer estrutura para trabalhar não apenas com técnicas de biologia molecular, mas também com pesquisa in vivo. Por isso, o workshop incluiu em seus temas a discussão sobre o estado atual da pesquisa em modelos animais.
“Os estudos in vitro dão uma visão muito precisa dos mecanismos moleculares e do que ocorre com a substância, o que causa dor ou analgesia. Mas quando isso é transferido para estudos in vivo, o cenário muda completamente, porque ali o mecanismo está associado a todo o sistema biológico. É preciso abordar todos esses aspectos. Nosso objetivo é trabalhar paralelamente com esses dois aspectos e o workshop discutiu ambas as perspectivas”, disse Cury.
Sem o trabalho com modelos animais, segundo a cientista, não seria possível transformar o conhecimento sobre os mecanismos da dor e analgesia em drogas capazes de controlar de fato a dor no ser humano, ou entender por que ele sente dor em doenças específicas.
“Com o objetivo de discutir o desenvolvimento mais atual dos mecanismos celulares e moleculares da dor e da analgesia, não podíamos deixar de fora a discussão sobre o uso dos modelos animais”, afirmou.
A experiência da descoberta da crotalfina, segundo Cury, revelou claramente a importância de desenvolver estudos aplicados e pesquisa básica ao mesmo tempo.
“Conseguimos isolar a substância e verificar sua atividade analgésica. Mas precisamos entender como a substância funciona e não sabemos ainda qual é o seu alvo molecular. Compreendendo isso, poderemos desvendar a sinalização envolvida e desenvolver outras substâncias tão ou mais efetivas que a crotalfina”, disse.
A substância poderá também ser tomada como um modelo para desenhar novas substâncias, segundo Cury. “Talvez ela nem chegue a se tornar um medicamento, mas, a partir desses estudos, com o aumento do conhecimento que eles trazem à pesquisa básica, será possível aprimorar outras substâncias que estamos desenvolvendo a fim de transformá-las em analgésicos. No CAT temos a sorte de poder trabalhar com os dois aspectos”, explicou.
Uma das principais dificuldades da pesquisa na área, segundo a pesquisadora do Butantan, é que, quando se desenvolve um fármaco para uma dor específica, ele age em determinado ponto de um mecanismo molecular cuja importância, no entanto, pode não se restringir à dor, mas se estender a vários outros sistemas fisiológicos.
“Nesses casos, o medicamento interfere na dor, mas também altera todo o sistema, causando efeitos adversos. Por isso, é preciso conhecer melhor o mecanismo molecular, a fim de se desenhar uma droga que se encaixe com mais precisão no receptor que está alterado pela dor relacionada a determinada doença. Isso não é algo trivial. Mas temos conseguido muitos avanços com novas abordagens e técnicas”, destacou Cury.
Durante o workshop, Daniel Tracey, da Universidade de Duke (Estados Unidos), abordou o tema Alternatives to mammalian pain models: using Drosophila to identify novel nociceptive genes. Carlos Parada, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), falou sobre Oligonucleotide antisense as a new pharmacological tool to control pain.
Giles Rae, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), apresentou palestra sobre o tema Endothelins as potential new targets for pain relief: what is the current picture?.
Lakshmi Devi, da Faculdade de Medicina Mount Sinai (Estados Unidos), debateu o tema Interactions between cannabinoid and opioid receptors during neuropathic pain.
Peripheral injury regulates opioid receptor expression and increases the antinociceptive effect of crotalphine, an opioid-like drug foi o tema de Yara Cury. Jeffrey Mogil, da Universidade McGill (Canadá), apresentou a palestra What’s wrong with animal models of pain?.