quarta-feira, 20 de julho de 2011

A realidade dos ex-toxicodependentes


Susana Henriques é investigadora do CIES
Susana Henriques é investigadora do CIES
 
Uma equipa de investigadores do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE, em Lisboa, coordenada por Susana Henriques, está a desenvolver um estudo de três anos para perceber de que forma os ex-toxicodependentes se reintegram na sociedade.

Segundo Susana Henriques, o estudo ‘Trajectórias, da dependência à reintegração – estudo de trajectórias sociais de toxicodependentes após processo terapêutico’ “visa contribuir para compreender e explicar a complexa realidade da reintegração social de dependentes de substâncias psicoactivas, pelo menos um ano após conclusão do processo de tratamento numa comunidade terapêutica”.

A investigação iniciou-se o ano passado e surgiu da "vontade dos investigadores” em descobrir “como é a reinserção social de ex-toxicodependentes” a fim de definir “políticas de apoio à reinserção mais adequadas à realidade e às necessidades”, explica ao Ciência Hoje.

Os resultados deste projecto, de acordo com a coordenadora do estudo,
“permitirão avançar na produção de conhecimento, contribuir para a formação avançada, para o desenvolvimento do percurso científico de jovens investigadores e para a construção de instrumentos possíveis de aplicar a esta área”. Mais acrescenta: “A partir daqui, será também possível desocultar áreas estratégicas de intervenção no desenvolvimento de medidas de apoio à inserção social pós tratamento de toxicodependentes. Estas medidas poderão permitir às instituições com intervenção nesta área funcionar de forma mais cooperativa, estreitando as suas redes de acção”.

Etapas do estudo

A primeira fase da investigação passou pela análise da base de dados dos utentes da Comunidade Terapêutica Quinta das Lapas da Associação Dianova, Portugal, que completaram o programa de tratamento com alta clínica entre os anos de 1999 e 2009.
“Foram analisados os dados de caracterização social, económica e demográfica, bem como os relativos aos consumos”, diz Susana Henriques.

A segunda fase, ainda em curso, inclui o contacto telefónico e realização de um inquérito por questionário a esses utentes.
“Através deste pretendemos identificar mudanças nas trajectórias de vida dos indivíduos, identificar a paragem definitiva ou a retoma dos consumos de substâncias psicoactivas, conhecer os seus percursos, identificar os obstáculos e os facilitadores da inserção familiar, profissional e social enfrentados por estes indivíduos”, descreve.

Finalmente será realizado um conjunto de entrevistas em profundidade a um grupo identificado como relevante para a problemática em estudo pelas características da sua trajectória de reintegração.

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