quarta-feira, 20 de julho de 2011

Alergias podem proteger de alguns cancros

Estudo sustenta teoria da “vigilância imunitária”

Alergias de contacto manifestam-se normalmente por comichão e vermelhidão
Alergias de contacto manifestam-se normalmente por comichão e vermelhidão
 
O sistema imunitário de pessoas com alergias de contacto pode estar mais preparado para se proteger de alguns tipos de cancro, como o da mama e da pele (excepto o melanoma), de acordo com um novo estudo divulgado no “BMJ Open”.
Este tipo de alergias pode ocorrer quando há uma reacção alérgica devido ao contacto directo com alguns metais, medicamentos tópicos, perfumes e outros cosméticos e manifestam-se por comichão, vermelhidão e borbulhas ou pequenas feridas e crostas na pele. Estas reacções não são imediatas. Surgem um ou dois dias após o contacto e não ocorrem pela primeira vez que se contacta com a substância, sendo habitualmente necessárias várias exposições até o indivíduo se tornar alérgico.
Neste estudo, os investigadores analisaram 17 mil adultos dinamarqueses, entre 1984 e 2008, e constataram que um terço dos participantes possui, pelo menos, um tipo de alergia de contacto. As mulheres mostraram ser mais propensas ao teste positivo, sendo que 41 por cento das participantes neste estudo apresentaram reacção alérgica. Nos homens, somente 26 por cento manifestaram a alergia.
Os investigadores procuraram também casos de cancro entre os participantes do estudo a longo prazo e os resultados mostraram que homens e mulheres com alergias de contacto tiveram taxas significativamente menores de cancro da mama e da pele.
Este trabalho também mostrou que as mulheres com alergias tiveram menores taxas de cancro no cérebro, comparativamente com outras sem alergias. No entanto, este último dado não foi estatisticamente significativo, referiram os especialistas.
Apesar destas conclusões, os investigadores também constataram que as pessoas com alergias tiveram maiores taxas de cancro da bexiga, o que "pode dever-se à acumulação de metabólitos químicos na bexiga", explicou o estudo.
Quanto às taxas mais baixas de cancro da mama, cérebro e da pele entre as pessoas com alergias de contacto, podem ser consequência de um sistema imune. Segundo os investigadores, os resultados sustentam a hipótese da “vigilância imunitária” - a teoria de que indivíduos com hiper-imunidade têm como efeito colateral as alergias, sendo este facto que, hipoteticamente, pode protegê-los de alguns tipos de cancro.
Apesar desta correlação, os autores deste estudo, advertiram que um facto não é causador do outro, isto é, ter alergias não é sinónimo de não se ter cancro.

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