terça-feira, 25 de agosto de 2009

A Ironia ao seu melhor estilo

“Eles já vendem sem pandemias”


Falámos no texto recebido via Internet com o título – “A Ironia ao seu melhor estilo” - de que vou extrair alguns items:



« - 2 mil pessoas contraem a gripe suína e todo o mundo já quer usar máscara. 25 milhões têm SIDA e ninguém quer usar preservativo.



“ PANDEMIA DO LUCRO”



I- Morrem anualmente, sob o silêncio dos media:

- milhões de pessoas vítimas da Malária. Bastava prevenir com um mosquiteiro;

- 2 milhões de crianças com diarreia, evitável com um soro de 25 centavos;

- 10 milhões de pessoas com sarampo, pneumonia e enfermidades curáveis com vacinas baratas.



II - Há cerca de dez anos, apareceu a gripe das aves: Uma epidemia, a mais perigosa de todas... Uma pandemia! Só se falava da terrífica enfermidade das aves, que, em dez anos matou 250 pessoas – 25 mortos por ano. A gripe comum mata, por ano, meio milhão de pessoas no mundo.

-A farmacêutica transnacional Roche, com o seu famoso Tamiflu vendeu milhões de doses aos países asiáticos. Ainda que o Tamiflu seja de duvidosa eficácia, o governo britânico comprou 14 milhões de doses para prevenir a sua população.

-Com a gripe das aves, a Roche e a Relenza, as duas maiores empresas farmacêuticas que vendem os antivirais, obtiveram milhões de dólares de lucro.



III - Agora começou a psicose da gripe suína. E todos os noticiários do mundo só falam disso.

- A empresa norte-americana Gilead Sciences tem a patente do Tamiflu. O principal accionista desta empresa é Donald Rumsfield, secretário da defesa de George Bush, artífice da guerra contra o Iraque.

- Os accionistas das farmacêuticas Roche e Relenza têm novamente vendas milionárias com o duvidoso Tamiflu.

- A verdadeira pandemia é de lucro, os enormes lucros destes mercenários da saúde.



IV - Não nego as necessárias medidas de precaução tomadas pelos países.

- Mas se a gripe porcina é uma pandemia tão terrível , como anunciam os meios de comunicação,

- Se a Organização Mundial de Saúde (conduzida pela chinesa Margaret Chan) se preocupa tanto com esta enfermidade, porque não a declara como um problema de saúde pública mundial e autoriza a fabricação de medicamentos genéricos para combatê-la?

- Prescindir das patentes da Roche e Relenza e distribuir medicamentos genéricos gratuitos a todos os países, especialmente os pobres. Seria a melhor solução.»





A minha amiga não se poupou a críticas, nos seus comentários escandalizados:



1º - A fortuna doida dos laboratórios! Não devia ser possível essa monstruosidade de lucros!

2º - Eles já vendem sem pandemias, quanto mais! Como é que esta gente pode vender tanto?!

3º - A quantidade só para os Chineses é qualquer coisa de bárbaro!

4º - Realmente, se há pandemia, os medicamentos deviam ser distribuídos gratuitamente!

5º - Claro que não se consegue nada porque são poderes colossais!

6º - A imprensa tem uma força danada!

7º - Deus nos livre que a coisa fosse a sério! Alguma vez estes números de telefone e os hospitais eram suficientes!?

8º - Além do Tamiflu, é preciso lavar as mãos. Mas os Portugueses não estão habituados a lavar as mãos. Há-de ser bonito!

9º - Eu acho que esse artigo devia ser passado e dado a conhecer.



Ainda rebati com a fraca projecção do meu blog, e mesmo do do Sr. Casimiro Rodrigues, mas, no fundo, estava a tentar evitar a tarefa ingente da cópia dactilográfica, por meio de um só dedo moroso, que nunca criou automatismos de urgência.

Mas, depois de referir outras epidemias anteriores – de vacas, de galinácios – certamente que também com objectivos tenebrosos de boicotes comerciais, de mistura com o real ou o fictício das doenças que liquidaram tantos animais e seus donos, obrigados a desfazerem-se deles (as pessoas são timoratas e as leis fabricam-se na urgência dos cataclismos), dispus-me à cópia do texto “A Ironia ao seu melhor Estilo”.

Na realidade, eu nunca deixei de comer bife nem frango, com a garantia do estado de saúde dos animais em questão, pelo meu talhante, nas alturas dessas pestes. Também espero não vir a apanhar a gripe. Sou das que lava as mãos, sobretudo nos exageros da confecção culinária. Mas enfileiro na pandemia do terror, sabiamente instilado pelos media, de conivência com os meios nisso interessados, atrás referidos. Terror pelos meus netos, sobretudo, que frequentam locais propícios à sua propagação.

Terror, mas também asco, pelo bombardeamento diário mediático e médico – ministerial! - sobre a progressão dos dados da Gripe Porcina, mais sofisticadamente, Gripe A.

E agora, que o texto supra nos alertou para a pandemia do negócio lucrativo que a ela preside, desprezo.


"Berta Brás"

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Diário de um doente à espera de saber se tem Gripe A

Imagine que é um caso suspeito de gripe A e, após quatro dias de quarentena, continua sem saber se está infectado. Esta experiência foi vivida na primeira pessoa por um jornalista do «barlavento», eu próprio.

TEMAS: Gripe A

As linhas que se seguem permitem saber o que funcionou e o que não funcionou no meu processo de diagnóstico e tratamento da gripe A. Uma situação particular não faz regra, mas as regras são o resultado do avolumar de situações particulares.

Recapitulando. Na quarta-feira, depois de mais uma reunião da redacção do «barlavento» fui para casa. Ao final da tarde, Portugal enfrentava o Liechtenstein e talvez devido à apatia do jogo, começou a tornar-se difícil manter os olhos abertos.

Ao medir a temperatura, entendi que a culpa não era dos comandados de Carlos Queiroz. Tinha 38,5º de febre. Fiz então o que qualquer português faria na mesma situação: automediquei-me com paracetamol e esperei estar recuperado na manhã seguinte.

Durante a noite, a febre subiu até aos 39,5 graus e, mesmo com medicação, não baixou mais do que meio grau.

De manhã, alertado pelo trabalho desenvolvido a nível profissional – os leitores mais atentos lembrar-se-ão que alguns dos trabalhos sobre a Gripe A publicados no «barlavento» foram escritos por mim – liguei para a linha Saúde 24. Depois dos (a)normais cinco minutos de espera, fui atendido.

Apesar de a minha sintomatologia se cingir à temperatura elevada, a enfermeira no outro lado da linha sugeriu que me dirigisse ao Serviço de Atendimento da Gripe (SAG) de Loulé, pelo facto de «o Algarve ser uma zona de risco», e informou-me que iria enviar um fax para avisar da minha situação.

O SAG tinha pouca gente quando cheguei, pouco passava das 8 horas da manhã de quinta-feira. Um adolescente cujo pai se afirmava tão desconfiado como eu em relação à infecção com H1N1, aguardava entrada na rua, enquanto um homem de meia-idade fazia o registo de chegada já no interior do serviço.

Aguardei a minha vez. À entrada do serviço, coloquei a máscara e desinfectei as mãos, como foi sugerido pelo segurança.

Depois de examinado e auscultado, suponho que fui tido como um caso suspeito de infecção com H1N1, uma vez que foi chamado por um enfermeiro para levar a cabo a recolha de amostras para análise no laboratório.

Foi-me dito para aguardar entre 24 a 48 horas por um contacto telefónico para saber o resultado das análises. Foram-me feitas ainda as naturais recomendações para evitar a propagação do vírus: utilização de máscara no contacto com outras pessoas e regime de clausura até ao conhecimento do resultado da análise.

Na receita só vinha uma caixa de paracetamol para levantar na farmácia.

Depois da visita ao Serviço de Atendimento da Gripe, seguiu-se a clausura. Não podia sair do quarto, para prevenir o contágio a outras pessoas e restava-me aguardar pelo contacto telefónico com notícias do laboratório.

Ao fim de 24 horas sem notícias, comecei a melhorar e a febre desceu para valores próximos dos 37 graus. Ao final do dia de sexta-feira, a temperatura já tinha voltado ao normal.

O prazo que me tinha sido dado para o conhecimento do resultado das análises terminou no sábado às 8h30 da manhã. A partir desta altura, e porque me sentia recuperado, o facto de estar fechado dentro de quatro paredes começou a atingir contornos de tortura.

Acabei por tentar contactar o SAG de Loulé através do número disponível no Portal da Saúde, mas ninguém atendeu.

Depois de mais um dia sem notícias, acabei por dirigir-me, no domingo, ao Serviço de Atendimento, na tentativa de saber o resultado da análise ao vírus.

«Se não lhe disseram nada é porque não tinha a gripe», disseram-me. Espantado com esta declaração, perguntei se era normal não ter resposta no caso de não estar infectado com o H1N1, ao que me responderam afirmativamente.

Ainda assim, perguntei se o SAG não recebia o resultado das análises, ainda que fosse negativo. Isso de facto deveria ter acontecido, mas depois de mais de cinco minutos de procura no computador, não foi possível encontrar o resultado do meu teste. A partir deste momento, declarei-me curado.

Só às 19h13 de terça-feira, dia 18 de Agosto, seis dias depois da minha visita ao SAG, ao segundo dia de rotina normal, recebi a resposta que, felizmente, não foi outra: não estive infectado com o H1N1…mas continuo a desconhecer o motivo da febre.

É importante lembrar que numa situação suspeita, existem pessoas afectadas directa e indirectamente. Para além das dúvidas em relação ao meu estado de saúde, todos aqueles que estiveram em contacto comigo, desde colegas, amigos e familiares, alteraram os hábitos sociais durante quatro dias, devido ao medo de transmitir o vírus a terceiros, e numa situação destas, mais vale prevenir.

Apresentados os factos, resta ao leitor tirar as próprias conclusões e avaliar o que o espera se for considerado um caso suspeito de gripe A.


"Nuno Costa"

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Método brasileiro de diagnóstico detecta gripe A em 5 minutos

Rio de Janeiro, 18 ago (Lusa) - Um novo método de diagnóstico desenvolvido por pesquisadores brasileiros da Universidade Federal de Pernambuco detecta o vírus da gripe A (H1N1) no tempo máximo de cinco minutos e poderá ser utilizado em larga escala a baixo custo.

“É uma técnica usada para fazer diagnóstico totalmente diferente das técnicas usuais”, disse à Agência Lusa o físico Celso Pinto de Melo, que lidera a pesquisa em Pernambuco.

“Apesar de uma grande sofisticação, esse procedimento demora de três a cinco minutos. É um teste rápido e barato. É possível aplicá-lo e dar a resposta ao paciente se ele está ou não infectado, adiantou.

Ainda em fase de testes de laboratório, o cientista acredita que este método democratizaria o diagnóstico e causaria um “impacto muito grande”.

Apenas quatro laboratórios estão autorizados no Brasil a fazer os testes de diagnóstico da H1N1: o Adolfo Lutz em São Paulo, a Fiocruz no Rio de Janeiro, o Evandro Chagas no Pará e os laboratórios centrais Lacens do Paraná e Rio Grande do Sul.

No caso de pacientes do estado de Pernambuco, os exames são levados para o Pará e levam mais de dez dias para terem a confirmação do resultado.

“O tempo de dez dias é apenas útil para dados epidemiológicos. Não há muito a fazer: ou o paciente já foi medicado com tamiflu e melhorou ou evoluiu para óbito”, argumentou.

Pinto de Melo explicou que a nova técnica consiste num trabalho com polímeros condutores com nanopartículas metálicas que apresentam intensa fluorescência.

A pesquisa teve início há três anos e meio, quando a equipe de cientistas viu a possibilidade de usar este método para algum tipo de diagnóstico.

“Vimos que, graças à enorme luminescência de material, poderiam ser feitos testes com fragmentos com vírus ou bactérias em pequenas concentrações e desde há dois anos que estamos a trabalhar com o diagnóstico da dengue e o HPV (papiloma vírus humano). E os testes foram muito positivos”, destacou.

O grau de confiabilidade para o diagnóstico do HPV aproxima-se dos 100% e da dengue supera os 70%.

O teste consiste em recolher o material genético do paciente (secreção nasal ou sangue) e, numa lâmina, juntar a uma substância de composto metálico fluorescente. Para confirmar a doença, a lâmina fica brilhando em contato com o fragmento de RNA que transmite a carga genética do vírus.

“Se o paciente é suspeito de ter a doença, a lâmina fica brilhante e o teste é positivo”, destacou, acrescentando: “Queremos fazer para o H1N1 o que já está a ser feito com a dengue e o HPV”.

O laboratório da instituição já está em contato com as autoridades públicas de Pernambuco para articular ações com vista a utilizar este método. Melo garantiu que é possível que, a partir da próxima semana, esta técnica já possa ser utilizada.

Mas, para ser implementado a nível nacional é necessário o cumprimento de uma série de exigências e protocolos de segurança do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Se os testes provarem confiabilidade, admitiu o pesquisador, o método será usado para uma larga gama de doenças como a leishmaniose e a hepatite. A possibilidade de salvar vidas também é maior, reconheceu.

Celso Pinto de Melo considerou viável implantar este sistema a nível nacional, até o final do ano, caso a Anvisa e o Ministério de Saúde manifestem interesse.

A grande vantagem seria a rapidez e a facilidade do diagnóstico que não ficaria restrito aos quatro laboratórios.

“Poderia ser feito em postos de saúde e hospitais com um preço de custo de dose a 75 centavos de real", concluiu.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Sida: patentes criam monopólios injustos

Laboratórios desenvolvem medicamentos que prolongam a vida e reduzem a mortalidade por HIV/sida, e, portanto, têm uma grande responsabilidade social na luta contra a pandemia. A afirmação é de Javed Jabbar, ex-senador e ex-ministro de Informação do Paquistão, no Nono Congresso Internacional sobre Sida na Ásia e no Pacífico, que se realizou entre os dias 9 e 13 de Agosto na ilha de Bali, na Indonésia.
Por Johanna Son, de Bali, para a IPS

Jabbar exortou governos e comunidades a recordarem às empresas farmacêuticas a diferença fundamental que existe entre possuir patentes sobre bens - como telemóveis - e sobre medicamentos para tratamento do HIV (vírus da deficiência imunológica humana, causador da sida), que podem salvar vidas.

"Estes são remédios que fazem a diferença entre a vida e a morte", disse Jabbar, também vice-presidente mundial da União Internacional para a Conservação da Natureza. Ao aplicar o sistema de patentes a remédios e ao processo que leva a eles, "criamos monopólios injustos e bloqueamos a transferência de conhecimentos" que podem salvar muitas vidas em todo o mundo, afirmou. É hora de reescrever as regras dos direitos da propriedade intelectual, um pilar do sistema do comércio mundial, afirmam críticos como ele. "No contexto do HIV e da sida, precisamos de um novo conceito sobre os direitos de propriedade das pessoas em lugar de direitos da propriedade intelectual", ressaltou Jabbar.

Vários activistas que defendem a eliminação das patentes dos medicamentos reuniram-se diante do local onde Jabbar dava as suas declarações com cartazes dizendo "não às patentes dos medicamentos para sida". Voltando-se contra vários laboratórios por se negarem a permitir o desenvolvimento de versões genéricas dos medicamentos utilizados nas terapias do HIV, gritavam: "Tomem vergonha!". Jabbar expressou o seu apoio a uma proposta de Joseph Stiglitz, prémio Nobel de Economia, de reconhecer os direitos de propriedade intelectual da população. Sugeriu criar um fundo para pagar os cientistas que conseguirem a fórmula para curar doenças-chave, com estes remédios passando ao domínio público, em lugar de se converter em "propriedade" dos laboratórios. Em entrevista, Jabbar disse que a ideia dos direitos de propriedade da população incluiria o pagamento aos laboratórios para continuarem a produzir a medicação necessária.

Reiterando as críticas feitas por muitos activistas no congresso, citou estudos segundo os quais apenas 15% do custo dos remédios se destinam realmente ao seu desenvolvimento. O restante é usado em mercadologia. Remetendo-se a pesquisas académicas, Jabbar disse que a protecção de patentes faz os preços dos medicamentos aumentarem 400%, em média, e frequentemente superar os 1.000%. "Eles podem ganhar dinheiro, mas não precisam obter 400% de lucro. Isso é cobiça, e é vergonhoso", afirmou.

Ao mesmo tempo, Jabbar disse que há sinais de que "o conceito de vontade das pessoas" gradualmente abre caminho na hora de pressionar os laboratórios. Em Julho, a empresa GlaxoSmithKline concedeu uma licença gratuita e voluntária a uma companhia farmacêutica sul-africana para produzir a versão genérica do abacavir, composto activo de um medicamento antiretroviral. No começo deste ano liberou várias de suas patentes para remédios usados no tratamento de doenças tropicais, mas excluiu os usados em casos de HIV e sida. Há exemplos, como Brasil, Índia e Tailândia, que assumiram papel-chave na produção de tratamentos mais acessíveis para o HIV.

"Estes laboratórios são forçados a reconhecer que há uma procura pública, que há hostilidade", disse Jabbar. Ironicamente, são os grandes problemas da ciência e da medicina - entre eles o HIV/sida - que dão aos laboratórios um peso tão importante que praticamente dá forma às políticas mundiais de saúde pública. Embora as regras da Organização Mundial do Comércio proporcionem espaços para quebrar patentes e recorrer a licenças obrigatórias em nome das necessidades de saúde pública, incluídos HIV e sida, muitos activistas afirmam que isto está longe de ser suficiente.

O regime comercial mundial também criou um sistema onde os direitos corporativos sobre a propriedade intelectual - especialmente os das firmas farmacêuticas - são fortemente aplicados, à custa do bem público, disse Jabbar. Os que violam patentes ou desenvolvem versões genéricas dos remédios mobilizam as empresas que os registaram de maneira muito mais forte do que quando são feitas copias piratas de livros ou filmes, embora esteja claro que no caso dos remédios há um interesse de saúde pública em jogo, acrescentou. Embora a ideia dos direitos da propriedade dos indivíduos não seja algo que os laboratórios irão abraçar, "isso não significa que não devemos fazer campanha por ela. Os sonhos de hoje são os factos de amanhã", afirmou.

COMO EVITAR A GRIPE "A"

O médico Márcio Bontempo (CRM-DF 15458), especialista em Saúde Pública e naturopata, alerta como as pessoas adquirem a gripe suína (Influenza A -H1N1) e mostra como preveni-la através da alimentação, de produtos naturais e biológicos e dá outras dicas, além dos procedimentos de praxe. É médico clínico geral, homeopata, especialista em saúde pública, membro da Associação Brasileira de Nutrologia, palestrante, consultor científico e autor de 54 obras. Presidente da Federação Brasileira de Medicina Tradicional, diretor do Núcleo de Saúde da União Planetária, apresentador do programa "Saúde em Pauta" pela TV Supren.

Além das recomendações das autoridades sanitárias, como lavar as mãos com frequência, etc., existem providências que devem ser lembradas, ou conhecidas que, infelizmente, não fazem parte dos cuidados necessários, sendo que, muitos deles, são mais importantes do que as orientações oficiais.

Primeiramente, tanto profissionais de saúde quanto pessoas comuns, devem saber que é necessário atuar no sentido de se possuir um sistema imunológico bem forte. Percebo que absolutamente nada está se fazendo nessa direção, de uma forma que se espalha o terror de uma nova doença, mas não se tomam as providências necessárias para reforçar o mecanismo de defesa do organismo da população, permitindo assim que todos estejam expostos à virose em questão. Porque as pessoas adquirem mesmo a gripe comum e o que fazer para fortalecer as defesas? Para começar, é necessário saber O QUE ENFRAQUECE o nosso sistema imunológico, e isso não é divulgado (ou sabido?) pelas autoridades sanitárias. Sabe-se, cientificamente, que todos os vírus se beneficiam e se desenvolvem mais facilmente em ambientes orgânicos mais ácidos e, obviamente, quando o sistema imunológico está enfraquecido. E o que faz com que nosso ambiente sanguíneo fique mais ácido e o que diminui a força das nossas defesas?
São os alimentos industrializados que tendem a criar e a manter um ambiente sanguíneo mais ácido. Os principais são:
Açúcar branco - produz ácido carbônico em quantidade proporcional à quantidade ingerida, seja ele puro ou presente em doces, refrigerantes, bolos, tortas, guloseimas, etc. O uso regular de grandes quantidades de açúcar branco produz perda de cálcio e magnésio (e muitos microminerais) , o que afeta sobremaneira de modo crônico e constante o nosso sistema imunológico. Deve ser substituído pelo açúcar mascavo orgânico, mel, etc.
Carnes vermelhas e embutidos - Produzem diversos ácidos e reações ácidas, como ácido oxálico, ácido úrico, além de toxinas redutoras da imunidade como cadaverina, putrescina, indol, escatol, fenol, etc. Como fonte de proteínas, dar preferência a peixes e proteínas vegetais, frutas oleaginosas, leguminosas, subprodutos da soja, etc.
Leite e derivados - Principalmente o leite de vaca, rico em caseína (indigesto), produz incremento do ácido lático e gera mucosidades em excesso, enfraquecimento das defesas orgânicas, expondo os seus consumidores, não só à gripe, mas a muitos outros problemas. Substituir por leite de soja pronto ou caseiro (evitar o leite de soja instantâneo, em pó). Como fonte de cálcio, preferir as verduras e os feijões. Farinhas brancas - O pão branco e as farinhas de trigo brancas, não integrais, são fermentativas e produzem mucosidades, além de serem pobres em proteínas, vitaminas e minerais essenciais.. Seu uso constante enfraquece o organismo. Frituras-comidas em saquinhos (chips), guloseimas, fastfood - Hoje consumidos em grande quantidade por crianças e adolescentes, responsáveis por grandes desequilíbrios orgânicos e muitas doenças, como diabetes, obesidade, pressão alta, etc. O seu consumo regular, associado ao açúcar branco, determina um constante estado de acidificação do sangue e depósito de compostos prejudiciais. Álcool - Em pequenas quantidades (vinho, etc.) pode até ajudar, mas em excesso produz reações ácidas.
Recomenda-se, portanto, evitar estes alimentos substituindo- os, sendo que esta abstenção já significa um grande passo para a prevenção de qualquer gripe e de muitas doenças.
Há alimentos particularmente úteis para reforçar a nossa imunidade, tais como o arroz integral, os subprodutos da soja (tofu, leite de soja líquido, misso), a aveia (rica em beta-glucana, um grande estimulador do mecanismo de defesa), o inhame, as verduras em geral, frutas frescas, a semente de linhaça, o gengibre, o alho, a cebola e outros.
Estresse - Um dos piores inimigos, pois reduz a ação das células de defesa, principalmente os linfócitos que combatem os vírus, elevando os níveis de adrenalina e cortisol, um imunodepressor. O estresse é provocado pela vida agitada, os problemas diários, as preocupações excessivas, o excesso de trabalho ou estudos, etc.
Vida sedentária - Com ela os radicais ácidos se acumulam nos músculos e nos demais tecidos, reduzindo o pH do corpo e favorecendo as doenças virais e bacterianas.
Refrigerador de ar, "ar condicionado"- Deve ser evitado a todo custo, pois desidrata o ar, ressecando as mucosas e produzindo desequilíbrio térmico no organismo. Faz muito mal.
Hábitos perniciosos - Tabagismo, alcoolismo, drogas, excesso de remédios farmacológicos, etc., são, decididamente, fatores que reduzem a capacidade de defesa do organismo.
Certamente que muitas mudanças propostas são sacrificantes, mas tudo é uma questão de ajuste e adaptação, sendo que, os resultados são altamente benéficos, não só em relação à gripe suína, mas à saúde em geral.

Além das medidas anteriores, cientificamente sugere-se o seguinte:

Alho:
O alho é rico em alicina, uma substância ativa que possui ação antiviral reconhecida, além de mais de uma dezena de outros componentes imunoestimulantes. Basta ingerir diariamente 3 a 5 dentes de alho cru picado, com os alimentos ou engolidos com água ou suco. Há o inconveniente do hálito, mas é passageiro, e mais vale a boa saúde do que o comentário alheio. Existem também suplementos à base de alho que não exalam odor, mas são caros. O óleo de alho em cápsula ou o alho em comprimidos não produzem o mesmo efeito do alho cru. O alho também é útil para evitar ou tratar uma grande quantidade de doenças. O problema do alho para crianças é a dificuldade para ingerir, mas com habilidade tudo é possível.

Própolis:
A própolis é reconhecida cientificamente como um antibiótico natural incluindo uma forte ação antiviral, tanto em situações de infecção quanto como para prevenção. Foram reconhecidos mais de 100 princípios medicinais ativos da própolis. Deve-se usar o extrato alcoólico de própolis a 30%, na quantidade de 30 gotas, 3 a 4 vezes ao dia, em meio copo de água. Para crianças pequenas, metade da dose (lactentes e bebês, seguir orientação do pediatra). Pode-se colocar um pouco de mel para adoçar e reduzir o sabor e efeito da própolis na boca.

Chá de gengibre:
O gengibre é um alimento funcional reconhecido hoje cientificamente por seus poderosos princípios ativos. Foram isolados cerca de 25 substâncias, entre elas as famosas gengiberáceas, de grande ação estimulante do sistema de defesa do organismo e ação antiviral. Basta beber chá de gengibre fresco, forte, uma xícara 3 vezes ao dia, morno ou quente e sem adoçar.

Equilíbrio nervoso neurovegetativo
O organismo e as células de defesa são regidos pela ação do sistema nervoso autônomo, representado pelos sistemas simpático e parassimpático; o primeiro é responsável pela produção de granulócitos (de pouca ação viral e mais bactericida) e o segundo de linfócitos (de ação antiviral direta). Devido à agitação da vida moderna e ao estresse, as pessoas apresentam um excesso de atividade do sistema simpático (que produz adrenalina, cortisol, etc., todos imunodepressores) , com maior quantidade de granulócitos do que linfócitos, o que abre o caminho para viroses. É devido a isso que muitas pessoas adquirem uma gripe depois de um impacto emocional, notícia ruim, desavenças, tristezas, etc. É necessário proceder à redução da atividade simpática (redução do estresse, etc.) e promover maior estímulo parassimpático. Isso se consegue com mais repouso, menos agitação e preocupações, atividade física moderada, respiração
profunda, alimentação natural integral, massagens terapêuticas, saunas, banhos quentes (tipo ofurô, banheiras, etc). Importante é evitar a friagem e manter o corpo aquecido, principalmente as extremidades.

Saquinho com cânfora - uma grande dica, esta eu não conhecia!
Durante a gripe espanhola no começo do século passado, milhões de pessoas morreram, mas aqueles que lidavam com os doentes raramente contraiam o vírus. É que havia uma orientação para que o pessoal de serviço, médicos, enfermeiros, etc, usasse um saquinho de gaze com pedras de cânfora pendurado no pescoço. As emanações voláteis da cânfora esterilizam o ar em sua volte e protegem as mucosas. Então, aconselha-se a fazer o mesmo. Basta adquirir a cânfora na farmácia comum (algumas pedrinhas bastam), confeccionar uma bolsinha de gaze e pendurar no pescoço, podendo inclusive manter por dentro do vestiário, sem necessidade de deixar à mostra (se bem que o ideal é manter do lado de fora). Deve ser usado constantemente durante o contato com as pessoas. É uma boa dica para quem lida com pessoas ou trabalha em ambiente de aglomeração, etc.

Fórmula homeopática:
A homeopatia, diferentemente da medicina farmacológica, atua estimulando a capacidade orgânica. Há uma fórmula homeopática para a prevenção, tanto da Influenza A (H1N1), quanto de qualquer outro tipo de gripe. É a seguinte:

Para a prevenção, tanto para adultos quanto para crianças:
Aviarium 200 CH.......... ......... .......30 ml
Influenzinum 200 CH.......... .......... 30 ml
Álcool a 20%
Tomar 10 gotas, de preferência diretamente na boca, uma vez por semana, cada semana um, alternados. Para crianças muito pequenas, dar apenas 5 gotas em um pouco de água numa colher.

Para tratamento em caso de gripe (qualquer que seja):
Aconitumnapellus 3 CH
Antimoniumtartaricu m 3 CH
Alliumcepa 3 CH
Bryoniaalba 3 CH
Belladonna 5 CH
Gelsemium 5 CH
Fazer 30 ml, em partes iguais (pedir: ãã)
Álcool a 20%.
Tomar 10 gotas (direto na boca ou em água para crianças) a cada meia hora em caso de sintomas de qualquer gripe, até melhorar bem.
Estes remédios podem ser adquiridos nas boas farmácias homeopáticas, e não fazem mal algum ou produzem efeitos colaterais. Se necessário, procurar um médico homeopata para a confecção de uma receita.

Atividade física, sol e ar livre
Sempre importante em qualquer aspecto para uma saúde melhor.

Suplementos
A medicina ortomolecular e a fitoterapia preconizam o uso de dois suplementos:
Vitamina C - Recomenda-se o uso de 500mg de vitamina C (ácido l - ascórbico) orgânica de uma a duas vezes ao dia, para reforçar as defesas. Crianças pequenas, metade da dose ou sob orientação pediátrica.

Cogumelo do Sol - Eleva a imunidade por ser rico em substâncias imunomoduladoras, como a beta glucana. Este não é um medicamento, mas um alimento. Adultos devem tomar 2 cápsulas de 500 mg 2 a 3 vezes ao dia, tanto como preventivo quanto para tratamento. Crianças pequenas, tomar metade da dose (abrir a cápsula e colocar na comida). No caso de dificuldade de encontrar o cogumelo do sol, procurar comer cogumelos, tipo champignon, shitake, shimeji, funghi, etc.

Minerais e microminerais - Com a acidificação constante do sangue devido à alimentação industrializada moderna, aliada ao estresse, perdem-se muitos minerais e microminerais que não são repostos pela dieta, haja vista o fato de que os alimentos modernos estão empobrecidos em termos de minerais (solo naturalmente pobre, uso de adubos, agrotóxicos, manipulação industrial, congelamento, microondas, etc.). Certamente que essa condição afeta a imunidade. É necessário atualmente repor estes nutrientes de modo a manter as defesas orgânicas, mas não é qualquer suplemento que serve. Recomenda-se utilizar os concentrados biominerais marinhos, principalmente aqueles extraídos da poderosa alga Lithothamnium, que possui acima de 50 minerais e microminerais orgânicos, de alta assimilação pelas células.

Frutas em geral - As frutas, principalmente as cítricas, ajudam a alcalinizar o sangue e são ricas em minerais e vitaminas, favorecendo a saúde e protegendo o organismo. Pessoas que consomem poucas frutas estão muito mais sujeitas, não só às viroses, quanto a qualquer outra enfermidade.

Estas orientações servem tanto para a prevenção quanto para serem utilizadas em casos de pessoas que contraíram qualquer tipo de gripe. Além do mais, estes procedimentos nos deixam seguros e tranqüilos em relação ao grande terror de se contrair, tanto a Influenza A quanto quaisquer outras doenças virais.