segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Mulheres têm cérebro mais activo do que os homens

Lá se vai mais um mito feminista. Parece que as distinções entre os homens e as mulheres não são "construções sociais", como defendem as feminazis, mas sim algo que é próprio de cada sexo.
Um estudo canadiano revela que os homens, quando comparados com as mulheres, apresentam uma predisposição maior para viver sem pensar. A descoberta ocorreu acidentalmente durante uma pesquisa sobre esquizofrenia.

Enquanto o cérebro das mulheres consegue atender inúmeras solicitações ao mesmo tempo, o cérebro dos homens entra mais frequentemente em repouso, revela o estudo liderado por Adrianna Mendrek, investigadora canadiana do departamento de Psiquiatria da Universidade de Montreal.
Na verdade, os homens são mais dados a viver do que a pensar, menciona o trabalho dos investigadores que chegaram à conclusão que os cérebro masculino entra com maior facilidade em repouso durante uma pesquisa sobre esquizofrenia.
"Na realidade, os cérebros estão sempre activos. É uma questão de intensidade, mas podemos dizer que o cérebro dos homens repousa mais do que o das mulheres", explicou Adrianna Mendrek, em declarações ao jornal francês "Le Figaro".
Segundo a investigadora, existe uma explicação neurológica para esta característica que dota os homens com a capacidade "de não pensar em nada". A actividade neural do cérebro é maior em pessoas do sexo feminino, por isso o cérebro dos homens entra em repouso com mais facilidade.
A descoberta surgiu por mero acaso, já que a área de estudos de Adrianna Mendrek é a esquizofrenia - um transtorno mental que difere entre os sexos em termos de idade de início, sintomatologia, resposta à medicação e anormalidades estruturais do cérebro. Nesse contexto, analisou diversos sujeitos de ambos os sexos afectados por esta doença e comparou a sua actividade cerebral.
"Nós fomos os primeiros a relatar as diferenças sexuais no funcionamento do cérebro de esquizofrénicos", assevera Adrianna Mendrek.
O estudo envolveu 42 pessoas sem a doença, com idades compreendidas entre os 25 e 45 anos, que foram submetidas a uma tarefa de rotação mental, a partir de uma figura a três dimensões, com a finalidade de medir a actividade cerebral através de ressonância magnética. Essa medida de actividade neural foi registada quando os sujeitos, de ambos os sexos, repousavam.
Foi na sequência deste estudo que a equipa de Mendrek verificou que as mulheres se encontravam em auto-avaliação sobre aquilo que tinham acabado de fazer e a pensar naquilo que iriam realizar posteriormente. Os homens, por sua vez, apenas descansavam completamente.
Contudo, a investigadora assume que, ainda, não se encontra em posição de referir qual é a parte da pressão social ou quais as hormonas biológicas que diferenciam os dois sexos.
A equipa está, ainda, a medir os níveis de estrogénio e testosterona. Resta saber quais as medidas de actividade cerebral que devem ser exactamente observadas, a fim de possibilitar uma ligação entre os papéis das hormonas e da pressão social nas mulheres relativamente aos homens.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Descoberta chave da metastização do cancro

Investigadores do Institute of Cancer Research, no Reino Unido, descobriram a chave do processo que desencadeia a metastização do cancro. Trata-se da enzima LOXL2, que, ao inibir duas proteínas que naturalmente evitam que a doença se espalhe (a TIMP1 e a MMP9), torna-se responsável pela difusão do tumor pelo corpo.

De acordo com o estudo publicado na revista americana
"Cancer Research", 90 por cento dos casos de morte por cancro acontecem depois de a doença se espalhar pelos órgãos vitais, como pulmões, fígado e ossos.

Com a nova descoberta, os cientistas pretendem desenvolver medicamentos mais eficientes que aprimorem os tratamentos ja existentes, actuando directamente no bloqueio da LOXL2, o que evitaria que o tumor sofresse metástase.

Altos níveis de LOXL2 estão também relacionadas com formas mais agressivas de cancro, pelo que testes que detectem a concentração da enzima no organismo poderão melhorar o tratamento de pacientes que já apresentam os tipos mais agressivos da doença, além de identificar os indivíduos com tendência para desenvolvê-la.

No estudo, a enzima foi avaliada em casos de cancro da mama, o segundo problema oncológico mais comum no mundo e o mais frequente entre as mulheres. Contudo, foi encontrada ainda em outros tipos de cancro.


“O nosso estudo mostra que inibir a acção da LOXL2 pode reduzir significativamente a metástase do cancro de mama. Isso sugere que medicamentos específicos, que tenham acção no bloqueio dessa enzima, podem ser alternativas mais eficientes na prevenção da metástase”
, referiu Janine Erler, investigadora que liderou a investigação.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mais de 18 por cento dos genomas contaminados com DNA humano

Mais de 18 por cento dos genomas que foram sequenciados até agora estão contaminados com DNA humano. A afirmação foi feita pela equipa da investigadora Rachel O'Neill, da Universidade de Connecticut (EUA), que já estudou 2.749 genomas, entre bactérias, vírus, plantas e animais.

A equipa descobriu que 492 das análises mostraram que todos partilhavam AluY, um DNA que os seres humanos possuem – possivelmente proveniente dos funcionários que trabalham em laboratórios.
Os genomas do vírus influenza foram os únicos que não apresentaram sinais de AluY, provavelmente por serem manipulados seguindo um protocolo mais rígido, por se tratar de uma doença infecciosa.

O'Neill diz que as regras de manuseio em laboratório
"precisam ser mais rígidas", principalmente em estudos que envolvam a sequenciação genética de pessoas e a probabilidade destas desenvolverem uma doença grave.

O estudo indica que os resultados podem tornar-se muito pouco precisos se, por exemplo, uma determinada sequenciação mostrar que um paciente tem um alto risco de vir a desenvolver uma doença cancerígena quando, na verdade, isso não acontece.

Não são preguiçosos! Sofrem do distúrbio do sono atrasado!

Há quem lhes chame preguiçosos mas os que gostam de ficar na cama até a hora do almoço podem ter um motivo científico para tal: o distúrbio do sono atrasado. Segundo um estudo desenvolvido pelo Centro de Controle de Doenças, órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, sono em excesso pode indicar um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares. A investigação foi publicada na «Sleep».

O organismo humano tem um ciclo diário (circadiano), onde os níveis hormonais e a temperatura do corpo se alteram, ao longo do dia e da noite. Depois do almoço, por exemplo, o organismo trabalha para fazer a digestão e, consequentemente, a temperatura sobe – o que pode causar sonolência.
Quando dormimos, a temperatura diminui e começamos a produzir hormonas de crescimento. Se o descanso for durante a noite, no escuro, produzimos também uma hormona específica – a melatonina –, responsável por comandar o ciclo do sono e fazer com que sua qualidade seja melhor, que seja mais profundo.

Pessoas vespertinas, que têm o hábito de ir para a cama durante a madrugada e dormir até o meio-dia, por exemplo, só irão começar a produzir hormonas por volta das 5h da manhã – por isso têm dificuldade em deitar-se mais cedo no dia seguinte e, consequentemente, acordar mais cedo. É um hábito que só tende a piorar, porque a pessoa acaba por realizar assuas actividades no final da tarde ou à noite, ou seja, quando tem mais energia.


Luciano Ribeiro Júnior, investigador da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), especialista em sono, realizou em trabalho em consequência ao estudo do Centro de Controlo de Doenças, que esse distúrbio pode ser genético: "Pessoas com o gene da ‘vespertilidade’ têm predisposição para dormirem tarde. No entanto, o factor social e a educação também podem favorecer a tendência”. Mas não se sabe ainda até que ponto o comportamento social pode influenciar o problema.
O vespertino não se encaixa na rotina normal e acaba por ser prejudicado em muitos aspectos. O problema surge na infância. A criança prefere estudar durante a tarde e não consegue praticar muitas actividades de manhã. Na adolescência, a doença é acentuada, uma vez que os jovens tendem a sair à noite e dormir até tarde com mais frequência.

Este distúrbio torna-se num verdadeiro problema quando o vespertino entra na fase adulta e não consegue acompanhar o ritmo de vida a que a maioria está acostumada. Estima-se que cinco por cento da população sofra do transtorno da fase atrasada do sono em diferentes graus e apenas uma pequena parcela se consegue adaptar à rotina contemporânea.

Consequências


O investigador explica no estudo que, para além da pressão exercida pelos pais, professores e, mais tarde, pelos colegas de trabalho, o vespertino sofre de problemas psiquiátricos com maior frequência: depressão, bipolaridade, hiperactividade ou défice de atenção. Além disso, a privação do sono profundo, quando sonhamos, faz com que a pessoa tenha maior susceptibilidade a vários problemas de saúde: no sistema nervoso, endócrino, renal, cardiovascular, imunológico, digestivo, além do comportamento sexual.

O tratamento não envolve apenas remédios indutores do sono, como se fosse uma insónia comum. É necessário uma terapia comportamental complexa, de forma a tentar mudar o hábito, procurando antecipar o sono. Envolve estímulo de luz, actividades físicas durante a manhã e principalmente um trabalho de reeducação

Enigma epigenético

Um estudo realizado nos Estados Unidos, com participação brasileira, revelou como a informação epigenética – a parcela de 99% do genoma que não codifica proteínas – se propaga durante a divisão celular e como esse processo é subvertido no câncer.
A pesquisa foi publicada na revista PLoS Genetics. Um dos autores, o brasileiro Daniel Diniz de Carvalho, realiza pós-doutorado no Departamento de Urologia, Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade do Sul da Califórnia.
Graduado em medicina veterinária pela Universidade de Brasília (UnB), Carvalho concluiu em 2009 seu doutorado, com Bolsa da FAPESP, no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP), na área de imunologia.
Sob a orientação de Gustavo Amarante-Mendes, do ICB-USP, seu trabalho de doutorado gerou resultados importantes, publicados recentemente na revista Oncogene, do grupo Nature.
O trabalho, a princípio, tinha o objetivo de compreender como os padrões de metilação do DNA se mantêm inalterados em células normais. A metilação é o principal mecanismo epigenético: um grupo metil é transferido para algumas bases de citosina do DNA. O processo é fundamental para “desligar” os genes que provocam alterações na transcrição genética.
“O novo mecanismo descrito no estudo explica como células somáticas normais conseguem manter um padrão fiel de metilação do DNA durante diversas divisões celulares. Isso sugere que, durante o processo de gênese do tumor, esse mecanismo é desregulado, permitindo que ocorra metilação em regiões onde não deveria ocorrer – o que pode explicar como os genes supressores de tumor são inibidos”, disse Carvalho à Agência FAPESP.
Todas as células de um organismo têm o mesmo DNA, mas cada uma delas é especializada para uma função específica. Isso ocorre porque as alterações epigenéticas garantem essa diferenciação. “No câncer, esse processo é subvertido. A metilação ocorre em locais errados, desligando genes que deveriam suprimir o tumor, permitindo assim que ele ocrorra”, explicou.
Mas com os modelos utilizados até agora não se sabia exatamente como a metilação é mantida, nas células saudáveis, em locais exatos do DNA durante as divisões celulares. “Nosso principal achado se refere exatamente a isso: como as metilações aberrantes não ocorrem na célula normal”, disse.
Duas enzimas são responsáveis por controlar o mecanismo de metilação: a DNMT3A e a DNMT3B. Ambas podem metilar o DNA em qualquer lugar. “Essas enzimas são perigosas, já que podem desencadear a metilação em lugares onde ela não devia ocorrer”, afirmou.
As duas enzimas só conseguem ser estáveis quando estão “ancoradas” no nucleossomo que contém DNA metilado. Isso permite um mecanismo homeostático que faz com que as enzimas só ocorram nessa região. “Descobrimos que, no tumor, uma dessas enzimas se desgarra do nucleossomo e fica livre no núcleo. Com isso, ela consegue metilar lugares do DNA que não deveriam ser metilados”, disse.
Mecanismos de controle
Os pesquisadores descobriram também que o desprendimento da enzima ocorre por causa de uma deleção da proteína: um trecho da enzima é perdido e permite que ela possa se estabilizar fora do nucleossomo.
“Mas o mais importante foi descrever o mecanismo de como, em situação saudável, ocorre a manutenção dos padrões normais de metilação do DNA. Com a divisão celular, esse padrão precisa ser transferido para a célula filha de forma fiel. Conseguimos descrever como esse mecanismo se mantém com tal fidelidade”, disse Carvalho.
As enzimas, segundo o cientista, precisam ficar ancoradas no nucleossomo. Esse mecanismo regulatório é o que permite a propagação fiel e impede que ocorram metilações aberrantes.
“Vamos tentar entender melhor como a célula tumoral consegue superar esse mecanismo. Chegamos às primeiras pistas: a deleção de deltaisoformas da enzima, que permite que ela se desprenda do nucleossosmo. Agora, queremos entender como o tumor consegue driblar esses mecanismos de controle que descrevemos”, afirmou.
O artigo Nucleosomes Containing Methylated DNA Stabilize DNA Methyltransferases 3A/3B and Ensure Faithful Epigenetic Inheritance (doi:10.1371/journal.pgen.1001286), de Daniel Diniz de Carvalho e outros, pode ser lido em www.plosgenetics.org.

Queda do império (científico) americano

Uma mudança no cenário da pesquisa científica mundial irá reposicionar os Estados Unidos como um personagem importante, mas não mais como líder dominante. E essa mudança ocorrerá já na próxima década, afirma estudo feito na Universidade Penn State, nos Estados Unidos.
Por outro lado, a análise, apresentada no dia 18 na reunião anual da American Association for the Advancement of Science (AAAS), em Washington, aponta que o país poderá se beneficiar do novo panorama, caso adote políticas para compartilhar o conhecimento com a comunidade científica mundial.
“O que está emergindo é um sistema científico mundial no qual os Estados Unidos serão um participante entre muitos outros”, disse Caroline Wagner, professora da Penn State e autora do estudo.
Segundo ela, a entrada de mais países tem mudado o cenário da pesquisa mundial. De 1996 a 2008, a porcentagem de artigos científicos publicados pelos Estados Unidos em relação ao total mundial caiu 20%. Caroline atribui esse resultado não a uma queda nos esforços de pesquisa no país, mas ao crescimento exponencial observado em países como China e Índia.
A mudança principal está entre os chineses, que já ultrapassaram os norte-americanos na publicação de artigos em áreas como ciência natural e engenharia. Se as taxas de crescimento atuais forem mantidas, de acordo com a análise, a China publicará mais que os Estados Unidos em todas as áreas do conhecimento já em 2015.
De acordo com Caroline, embora a China ainda esteja atrás na qualidade –medida por indicadores como fator de impacto e citações –, a diferença nesse ponto para os Estados Unidos também está diminuindo. A China também deverá se tornar o primeiro país em número de cientistas.
O estudo aponta que recomendações típicas para estimular a pesquisa, como aplicar mais dinheiro no setor, não serão suficientes para garantir a supremacia científica norte-americana.
No lugar da estratégia tradicional do baixo retorno sobre o investimento, Caroline recomenda que os Estados Unidos passem a adotar uma política mais eficiente de compartilhar o conhecimento ao atrair para o país especialistas que desenvolveram melhores capacidades do que seus colegas norte-americanos em determinadas áreas. Outros países também podem fazer o mesmo com relação aos pesquisadores norte-americanos.
A autora do estudo discute a possibilidade de uma comunidade global nos moldes da “universidade invisível”, termo que deriva do século 17 e que descreve as conexões entre cientistas de disciplinas e locais diversos para criar uma sociedade científica mundial.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Próteses mais antigas pertencem aos egípcios

Dois dedos grandes dos pés artificiais, um deles encontrado junto de uma múmia egípcia, podem ter sido as mais antigas próteses humanas, de acordo com investigadores da Universidade de Manchester, que testaram duas réplicas em voluntários.

As próteses, uma de madeira e pele e outra composta por uma mistura de papel maché, gesso e resto de tecidos, têm 2600 anos, pelo que os egípcios podem ter sido pioneiros na utilização deste tipo de tecnologia para indivíduos amputados, de acordo com um estudo publicado na revista
"Lancet".

Ambas as próteses, preservadas no Museu Egípcio do Cairo e no British Museum, em Londres, são 300 anos anteriores àquela que até agora era considerada a mais antiga - a perna romana de bronze que datava de 300 a.C.  e da qual só resta uma réplica de gesso, pois a orginal foi destruída durante os bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial.

A equipa britânica de investigadores estudava estes objectos desde 2007, a fim de verificar se se tratava de adornos ou próteses. Depois de testes com voluntários com alguns dedos dos pés amputados, constataram que os dedos artificiais permitiram recuperar determinados movimentos e são confortáveis. "Funcionaram muito bem e produziram movimentos surpreendentes", explicou Jacky Finch, da Universidade de Manchester.

As pessoas que participaram no estudo avaliaram a eficácia das próteses num tapete rolante que calculou a pressão criada pelos passos nos dedos. Além disso foram instaladas câmaras nos laboratórios da Universidade Salford (Reino Unido), onde decorreram os testes, que forneceram informações sobre a marcha dos voluntários amputados e a sua adaptação às próteses. 


"Os meus resultados dão grandes provas de que estes dois modelos foram capazes de funcionar como substitutos para o dedo amputado e, assim, podem ser classificados como aparelhos protéticos. Se for esse o caso, podemos considerar que os primeiros trabalhos neste ramo da medicina devem ser 'colocados nos pés' dos antigos egípcios"
, concluiu  a especialista britânica.

O peixe é um antidepressivo natural

Os ómegas 3 são parte dos ácidos gordos essenciais ao nosso organismo e que este não sabe sintetizar. Encontram-se preferencialmente no peixe e já foram provados os seus benefícios, nomeadamente para o coração.

Novos avanços defendem que estes ácidos gordos são igualmente importantes para a esfera cerebral, com efeitos favoráveis sobre a depressão. Um estudo do Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica (Inserm), em França, aplicado em ratos, demonstra que a carência de ómega 3 afecta negativamente o humor. O trabalho foi publicado na «Nature Neuroscience».
Já foi provado que regimes deficitários em ómega 3 influenciam no declínio cognitivo, das doenças cardiovasculares e de alguns tipos de cancro.

Foi neste contexto que os investigadores do Inserm quiseram perceber o impacto da carência experimental de ómega 3 a nível cerebral. O director de investigação do instituto, Olivier Manzoni, explica que os ratos foram submetidos a uma dieta pobre nesse ácido gordo durante a gestação e aleitamento dos animais.


Entretanto, os novos ratinhos mantiveram o regime até à idade adulta e antes de passarem sob diferentes testes – presença de um novo congénere, de um ambiente desconhecido e de um banho de água – para os cientistas poderem verificar os níveis de inibição dos animais. Os ratos com carência demonstraram serem mais ansiosos e menos exploradores.


O estudo demonstrou que um regime deficitário em ómega 3 pode influenciar o humor, mas o director do Inserm salienta que isso não significa que comer desalmadamente alimentos com este ácido gordo possa curar uma depressão ou evitá-la, mas que a sua carência, ou seja, um regime desequilibrado pode activar a doença.


Agora, os investigadores querem perceber o que acontece aos animais caso reencontrem uma alimentação equilibrada. Avisam que uma ementa semanal onde se inclua duas vezes peixe é uma das melhores armas alimentares ‘anti-depressão’.

Saude Romã

A fruta da longevidade. 
Os gregos antigos faziam oferendas à deusa Afrodite - a deusa do amor - com romãs, porque acreditavam que a fruta alimentava o amor. Outros a consideram símbolo da sorte e comem romãs na passagem de ano, guardando algumas sementes na carteira, para ter sorte o ano todo. Além de amor e sorte, a romã é a fruta da saúde, tantos são seus efeitos benéficos. Os constituintes da fruta que tem propriedades terapêuticas vêm sendo intensamente estudados. Os ácidos gálico, elágico e protocatequínico presentes na romã, barram moléculas que danificam a estrutura celular, desencadeando o câncer. Além deles, há doses concentradas de antocianinas, substâncias reconhecidamente anticancerígenas que lhe conferem a cor avermelhada. Uma publicação recente no periódico científico Atherosclerosis, da Sociedade Européia de Aterosclerose, diz que a romã ajuda a reduzir os teores de colesterol. Médicos examinaram os níveis da gordura no sangue de 20 voluntários, antes e após o consumo diário do suco da fruta, e, assim, notaram que houve uma significativa queda do LDL, a fração do colesterol associada ao entupimento dos vasos. E, ainda, os antioxidantes existentes na fruta são bastante eficientes para proteger o organismo dos radicais livres, os grandes agentes de envelhecimento da pele. Pesquisas realizadas na Universidade Hallym, na Coréia do Sul, apontaram que as células da pele tratadas com o extrato da romã, sentiram menos os efeitos da radiação ultravioleta. Para usufruir de tantos predicados, a romã pode ser usada em sucos, salpicada em saladas ou como ingrediente de molhos ou sobremesas. Com a casca, é possível fazer chá, que preserva os benefícios da fruta e, ainda auxilia na redução dos sintomas da menopausa, já que possui ação similar ao estrogênio - hormônio cuja produção é diminuída com o envelhecimento, causando os sintomas desagradáveis nesse período. Vale lembrar que os estudos não são conclusivos no que diz respeito à quantidade de consumo da fruta. A sugestão é incluí-la como parte de uma dieta saudável, associada a bons hábitos de vida. Sua safra ocorre entre os meses de fevereiro e abril, quando é possível encontrar mais oferta da fruta.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Expectativa do paciente altera sensação de dor

Sensação de dor
Uma pesquisa sugere que as expectativas dos pacientes podem tanto potencializar os efeitos de um analgésico como neutralizá-los por completo.
Pesquisadores britânicos e alemães aplicaram calor nos pés de 22 pacientes, que em seguida tiveram de quantificar o grau de dor sentida em uma escala de 0 a 100.
Simultaneamente, os pacientes eram submetidos a um escâner cerebral, que exibia as condições das diferentes regiões do cérebro enquanto os testes eram realizados.
Após a aplicação do calor, o nível médio de dor sinalizado por eles foi de 66.
Os pacientes que estavam também conectados a um dispositivo intravenoso pelo qual poderiam receber doses de medicamentos sem ser informados, recebiam, então, um poderoso analgésico chamado remifentanil.
Depois disso, eles passaram a sinalizar 55 como sendo seu índice de dor.
Dor psicológica
Os pesquisadores informaram-nos, em seguida, que eles estavam sendo medicados com um analgésico, e a nota dada por eles caiu para 39.
Então, mantendo a mesma dose, eles foram informados de que a aplicação do analgésico havia sido suspensa e que eles provavelmente sentiriam dor.
Com isso, a nota subiu para 64.
Portanto, apesar de eles estarem recebendo remifentanil, relataram estar sentindo o mesmo nível de dor indicado quando não estavam recebendo qualquer analgésico.
Mente 1 x 0 Analgésico
A professora Irene Tracey, da Universidade de Oxford, disse à BBC: "É fenomenal. É um dos melhores analgésicos que temos e a influência do cérebro pode ou aumentar em muito o seu efeito ou removê-lo por completo".
O estudo, publicado na revista especializada Science Translational Medicine, foi conduzido em pessoas saudáveis que foram submetidas à dor por um curto período de tempo.
De acordo com a pesquisadora, pessoas com condições críticas e que haviam experimentado vários medicamentos ao longo de muitos anos podem ter uma experiência negativa muito maior do que a de outros, o que teria impacto sobre seu tratamento no futuro.
Poder das expectativas
Escaneamentos cerebrais realizados durante a pesquisa mostraram também quais as regiões do cérebro que foram afetadas.
A expectativa de um tratamento positivo foi associada com a atividade nas áreas cíngulo-frontal e subcortical do cérebro, enquanto a expectativa negativa levou ao aumento da atividade no hipocampo e no córtex frontal medial.
Os cientistas também disseram que a pesquisa levanta dúvidas a respeito de testes clínicos usados para determinar a eficácia de medicamentos, que usam placebos.
Segundo George Lewith, pesquisador da área de saúde da Universidade de Southampton, trata-se de "mais uma prova de que encontramos o que esperamos da vida. A pesquisa faz cair por terra testes clínicos aleatórios, que não levam a expectativa em conta como fator".

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Queda de cabelo e câncer de prostata

Homens que começam a perder cabelo na faixa dos 20 anos podem ter maior risco de desenvolver câncer de próstata no futuro, de acordo com estudo publicado nesta terça-feira (15/2) na revista Annals of Oncology.
A pesquisa, feita na França, comparou 388 portadores de tumores na próstata com um grupo controle de 281 homens saudáveis e verificou que, entre aqueles com a doença a porcentagem daqueles que começaram a ficar calvos aos 20 e poucos anos era duas vezes maior do que nos demais.
Para aqueles cuja calvície começou depois dos 30 ou depois dos 40, não houve diferença no risco de desenvolver câncer de próstada em comparação com o grupo controle.
A alopécia androgênica é a queda de cabelos que afeta principalmente os homens. Cerca de 50% do público masculino será afetado em algum momento da vida. Relações entre calvície e hormônios androgênicos (como a testosterona) são conhecidas, da mesma forma que a relação entre esses hormônios e o câncer de próstata.
A finasterida – medicamento usado no tratamento da calvície – bloqueia a conversão de testosterona em um androgênio chamado dihidrotestosterona, que se estima estar envolvida na queda de cabelos. O medicamento também é usado para tratar câncer de próstata.
Os autores do estudo apontam a relação observada entre a queda de cabelo precoce o risco de desenvolvimento da doença mas ressaltam que os mecanismos por trás dessa associação são ainda desconhecidos.
“Mais estudos são necessários, tanto com maiores grupos como no nível molecular, de modo a encontrarmos as ligações desconhecidas entre hormônios androgênicos, calvície precoce e câncer de próstata”, disse Michael Yassa, que na época do estudo estava no Hospital Europeu Georges Pompidou, em Paris, e atualmente é professor na Universidade de Montreal.
“Precisamos também encontrar formas de identificar aqueles que têm mais risco de desenvolver a doença e que poderiam se beneficiar dos exames de diagnóstico. Com isso, poderíamos começar a considerar a prevenção por meio de drogas antiandrogênicas. A calvície precoce pode ser um desses fatores de risco”, derstacou Philippe Giraud, professor da Universidade de Paris Descartes, que coordenou a pesquisa.
O artigo Male pattern baldness and the risk of prostate cancer (doi:10.1093/annonc/mdq695), de Philippe Giraud e outros, pode ser lido na Annals of Oncology em http://annonc.oxfordjournals.org.
 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Estudo associa sonambulismo a cromossomo defeituoso

Cientistas dizem ter descoberto o código genético responsável pelo sonambulismo.
Os pesquisadores, da Washington University School of Medicine, em St. Louis, Missouri, Estados Unidos, estudaram quatro gerações de uma família de sonâmbulos e encontraram uma mutação em uma seção do cromossomo 20.
Em artigo publicado na revista Neurology, eles afirmam que, para sofrer de sonambulismo, basta que a pessoa carregue uma cópia do DNA defeituoso.
Sonambulismo
A equipe disse esperar que a descoberta abra caminho para tratamentos para a condição, que afeta até 10% das crianças e um em cada 50 adultos.
Na maioria dos casos, o sonambulismo é uma condição benigna, que passa com a idade.
Em muitos casos, crianças sonâmbulas se levantam da cama em estado de transe e saem caminhando pela casa.
Mas casos mais extremos podem ser problemáticos e até perigosos, particularmente quando a condição persiste até a idade adulta.
Sonambulismo é hereditário?
Sonâmbulos podem fazer ações complexas, como encontrar a chave do carro, destrancar portas e dirigir.
Há casos graves, de sonâmbulos que cometeram crimes durante um surto.
Apesar disso, sabe-se pouco sobre o fenômeno.
O sonambulismo tende a se propagar em famílias, de uma geração para outra. Algumas pessoas são particularmente suscetíveis.
E fatores como cansaço e estresse podem desencadear surtos.
Os surtos tendem a acontecer cedo, assim que a pessoa adormece, no estágio de sono profundo e sem sonhos, conhecido como Non Rapid Eye Movement, (ou NREM, quando não há movimentos rápidos do olho).
Pela manhã, a pessoa não terá qualquer lembrança do surto.
Família de sonâmbulos
Em seu estudo, a cientista Christina Gurnett e seus colegas da Escola de Medicina da Universidade de Washington observaram uma grande família de sonâmbulos.
A família tinha sido referida aos especialistas porque um dos seus membros mais jovens, uma menina chamada Hannah, de 12 anos, tinha vivenciado surtos preocupantes de sonambulismo, em que ela regularmente saía de casa e vagava noite adentro.
Em quatro gerações da família, dos bisavós até os netos, nove membros de um total de 22 eram sonâmbulos.
Um dos integrantes da família, um tio de Hannah, frequentemente acorda com oito pares de meias nos pés.
Outros parentes da menina sofreram ferimentos como, por exemplo, fraturas nos dedos dos pés, durante surtos.
A partir de amostras de saliva do grupo, os pesquisadores analisaram o DNA da família para entender a raiz genética da condição.
Genes do sonambulismo
Uma busca em todo o genoma revelou que o problema estava localizado em códigos genéticos presentes no cromossomo 20, e que o código tinha sido passado de uma geração para outra.
Se uma pessoa possui o gene, a probabilidade de que ela o passe adiante é de 50%.
E qualquer indivíduo que possua a cópia defeituosa do gene sofrerá de sonambulismo - os pesquisadores concluíram.
Embora ainda não tenham identificado exatamente o gene ou genes envolvidos - há 28 suspeitos - os cientistas dizem suspeitar de que o responsável seja o gene responsável pela enzima conhecida como adenosina deaminase.
Esse gene já é conhecido por sua associação à fase do sono em que ocorre o sonambulismo.
"É provável que vários genes estejam envolvidos. O que descobrimos é o primeiro local genético para o sonambulismo", disse Gurnett.
Ela explica que ainda não se sabe qual dos genes naquela área do cromossomo 20 serão responsáveis.
"Até que encontremos o gene, não saberemos se isto se aplica a várias famílias ou a um grande número de famílias que sofrem de sonambulismo".
"Mas encontrar esses genes pode ajudar a identificar e tratar a condição".

Molécula anticâncer longamente sonhada é sintetizada pela primeira vez

Uma equipe de cientistas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, sintetizou pela primeira vez um composto químico chamado aglicona lomaiviticina.
Químicos em todo o mundo têm estado interessados nas propriedades anticancerígenas da lomaiviticina desde sua descoberta em 2001.
Mas, até agora, eles não haviam conseguido obter quantidades significativas do composto, que é produzido por uma bactéria marinha rara (Micromonospora), que não pode ser facilmente persuadida a produzir a molécula em grandes quantidades.
Na última década, vários grupos ao redor do mundo têm tentado substituir a bactéria, sintetizando o composto natural em laboratório, mas sem sucesso.
Células-tronco do câncer
Tendo conseguido fazer isto agora, os cientistas acreditam poder caminhar rapidamente rumo ao desenvolvimento de uma nova classe de fármacos para alvejar e destruir as progenitoras, as chamadas células-tronco do câncer.
"Cerca de três quartos dos agentes anticancerígenos são derivados de produtos naturais, de modo que houve muito trabalho nesta área," conta Seth Herzon, que coordenou a pesquisa. "Mas este composto é estruturalmente muito diferente dos outros produtos naturais, o que tornou extremamente difícil sintetizá-lo em laboratório."
Além da aglicona lomaiviticina, a equipe de Herzon criou também moléculas similares menores, que se provaram extremamente eficazes na destruição das células-tronco do câncer de ovário.
Câncer de ovário
Os cientistas estão particularmente entusiasmados com a possibilidade da aglicona lomaiviticina destruir as células-tronco do câncer de ovário porque a doença é notoriamente resistente ao taxol e à carboplatina, duas das drogas mais usadas na quimioterapia da doença.
"O câncer de ovário tem uma alta taxa de recorrência, e depois de usar a quimioterapia para combater o tumor pela primeira vez, você fica com as células tumorais resistentes que tendem a voltar," explica Gil Mor, outro membro da equipe.
"Se você puder matar as células-tronco antes que elas tenham a chance de formar um tumor, a paciente terá uma chance muito maior de sobrevivência - e não há, por enquanto, muitas terapias potenciais para alvejar as células-tronco do câncer," comenta.
Testes em animais
Para sintetizar a molécula tão valiosa, os cientistas usaram uma técnica de 11 etapas, o que é considerado por eles como uma solução bastante simples, ainda que um dos passos tenha consumido um ano inteiro de pesquisas.
"Um monte de sangue, suor e lágrimas foram derramados para formar essa ligação," dramatiza Herzon. "Depois disso, o resto do processo foi relativamente fácil."
Agora, a equipe pretende analisar os compostos para entender melhor como ele interage com as células-tronco em nível molecular.
Os cientistas esperam começar a testar os compostos em animais em breve.

Neurônios comunicam-se à distância por meio de campos elétricos

Você certamente já ouviu falar de neurônios e sinapses e como essas conexões fazem nosso cérebro funcionar.
Mas essa provavelmente não é a história toda.
Cientistas acabam de descobrir que os neurônios apresentam um comportamento coordenado mesmo quando não estão fisicamente conectados entre si por sinapses.
Campos elétricos no cérebro
O cérebro, estejamos acordados ou dormindo, está mergulhado em uma constante atividade elétrica - uma atividade que não se limita às conexões entre neurônios se comunicando uns com os outros.
Na verdade, o cérebro está envolvido em inúmeras camadas sobrepostas de campos elétricos, gerados pelos circuitos neurais de inúmeros neurônios que se comunicam continuamente.
Até agora, esses campos eram vistos como um "epifenômeno, uma espécie de 'bug' cerebral, que ocorrem durante a comunicação neural," conta o neurocientista Costas Anastassiou, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos,
O novo trabalho de Anastassiou e seus colegas, no entanto, sugere que os campos elétricos do cérebro fazem muito mais e podem, de fato, representar uma forma adicional de comunicação neural.
"Em outras palavras", diz Anastassiou, "enquanto os neurônios ativos dão origem aos campos elétricos extracelulares, os mesmos campos retroalimentam os neurônios e alteram seu comportamento", mesmo que os neurônios não estejam conectados fisicamente - um fenômeno conhecido como conexão ou acoplamento efático.
Novo meio de comunicação neural
"Até agora, acreditava-se que a comunicação neural ocorresse em aparelhos localizados, as sinapses. Nosso trabalho sugere um meio adicional de comunicação neural através do espaço extracelular, independente das sinapses," diz o cientista.
Os campos elétricos extracelulares existem em todo o cérebro, embora sejam particularmente fortes e robustos em regiões específicas, como no hipocampo, que está envolvido na formação da memória, e no neocórtex, que se acredita ser a área onde as memórias de longo prazo são guardadas.
"As flutuações contínuas desses domínios extracelulares são a marca registrada de um cérebro vivo e funcionando em todos os organismos, e sua ausência é um forte indicador de um cérebro em coma profundo, ou mesmo morto," explica Anastassiou.
Anteriormente, os neurobiólogos assumiam que esses campos eram capazes de afetar, e mesmo controlar, a atividade neural, somente durante condições patológicas graves, como convulsões epilépticas, as quais induzem campos muito fortes.
Poucos estudos, entretanto, tinham efetivamente avaliado o impacto dos campos não-epilépticos, muito mais fracos, mas muito mais comuns.
Eletrodos no cérebro
"A razão é simples", diz Anastassiou. "É muito difícil conduzir um experimento in vivo na ausência de campos extracelulares" para observar o que muda quando os campos não estão presentes.
Como não poderia ser de outra maneira, os experimentos foram realizados em cérebros de ratos, focando alguns campos oscilantes, chamados potenciais de campo local, que surgem a partir de poucos neurônios.
Para fazer isso, foi necessário colocar microeletrodos dentro de um volume equivalente ao de uma única célula do corpo humano - a distâncias de menos de 50 milionésimos de metro um do outro. Nunca havia sido alcançado tal nível de resolução espacial e temporal, o que ajudar a explicar a novidade das descobertas.
Campos elétricos afetam o cérebro
O achado mais inesperado e surpreendente, em relação ao saber da neurociência atual, foi que mesmo esses domínios extracelulares extremamente fracos são capazes de alterar a atividade neural.
"No cérebro dos mamíferos, nós sabemos que os campos extracelulares podem facilmente ultrapassar 2 ou 3 milivolts por milímetro. Nossos resultados sugerem que, sob tais condições, o efeito se torna significativo," diz o pesquisador.
E será que campos elétricos externos teriam efeitos similares sobre o cérebro?
"Esta é uma pergunta interessante," respondeu Anastassiou. "De fato, a física dita que qualquer campo elétrico externo terá impacto sobre a membrana neuronal. Porém, o efeito dos campos impostos externamente também vai depender do estado do cérebro. Pode-se pensar no cérebro como um computador distribuído - nem todas as áreas do cérebro mostram o mesmo nível de ativação em todos os momentos."
"Se um campo imposto externamente vai impactar o cérebro também depende a qual área do cérebro o campo é dirigido. Durante as crises epilépticas, campos patológicos podem atingir até 100 milivolts por milímetro - esses campos interferem fortemente nos disparos neurais e dão origem a estados super-sincronizados."
E isso, acrescenta o pesquisador, sugere que a atividade de um campo elétrico - mesmo de campos elétricos externos - sobre certas áreas do cérebro, durante estados cerebrais específicos, pode ter fortes efeitos cognitivos e comportamentais.
É com esses campos elétricos externos que vários outros pesquisadores vêm-se preocupando nos últimos anos:

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Diet não dá refresco

Trocar o refrigerante por uma versão diet pode ajudar no controle do peso, mas não vai refrescar a saúde cardiovascular. Segundo uma nova pesquisa, quem consome refrigerante com frequência, mesmo que diet, tem risco muito maior de desenvolver problemas cardiovasculares do que aqueles que não ingerem a bebida.
O estudo apresentado na quarta-feira (9/2) na International Stroke Conference 2011, em Los Angeles, Estados Unidos, foi feito com 2.564 pessoas com mais de 40 anos, de diferentes etnias, em Nova York, acompanhadas por uma média de 9,3 anos.
Os resultados mostraram que aqueles que consumiram refrigerante diet diariamente tiveram risco 61% maior de desenvolver problemas cardiovasculares do que os que não beberam refrigerante com a mesma frequência.
O motivo é o sal presente em tais bebidas, seja na versão com açúcar ou com adoçante. O consumo elevado de sal, além de poder causar hipertensão, mostrou-se relacionado com um grande aumento no risco de manifestar acidentes vasculares cerebrais (AVC) isquêmicos, que interrompem o fluxo de sangue para o cérebro.
O estudo verificou que os participantes que consumiram mais de 4 gramas de sódio por dia apresentaram risco duas vezes maior de desenvolver AVC do que aqueles que ingeriram menos de 1,5 grama por dia.
“Se os resultados forem confirmados em estudos futuros, poderemos dizer que os refrigerantes diet podem não ser os substitutos ideais para as bebidas açucaradas, com relação à proteção contra eventos vasculares”, disse Hannah Gardener, da Universidade de Miami, líder da pesquisa.
Dos participantes, apenas um terço se mostrou no limite recomendado pelas U.S. Dietary Guidelines de consumir até 2,3 gramas de sódio por dia, o equivalente a uma colher de chá de sal. A recomendação da American Heart Association é de um consumo diário de até 1,5 grama de sódio e a média do estudo ficou em 3 gramas.
“A ingestão elevada de sódio é um fator de risco para AVC isquêmico em pessoas com hipertensão ou não, o que destaca a importância de limitar o consumo de alimentos com muito sal”, disse Hannah.
A cientista destaca que nos resultados do estudo devem ser levados em consideração os poucos dados sobre tipos de bebidas consumidas, e que a variação entre marcas ou no uso de adoçantes pelas mesmas pode ter influído nos resultados.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Primeiras cirurgias oftalmológicas com 3D foram “sucesso total”

O Centro Cirúrgico de Coimbra (CCC) é responsável pelas primeiras cirurgias oftalmológicas do mundo que recorreram à tecnologia 3D de alta definição (HD), tendo obtido bons resultados  com esta alternativa.

 António Travassos, que dirige a equipa do CCC, declarou à agência Lusa que “a utilização da tecnologia 3D no bloco operatório é um avanço significativo” para esta área da medicina e que as operações realizadas em Dezembro “foram um sucesso total”.

Segundo o cirurgião, o 3D leva a cirurgia “a aproximar-se da perfeição, permitindo, consequentemente, aumentar as probabilidades de sucesso das intervenções”. Acrescentou ainda que as imagens são “extremamente importantes para documentar a cirurgia”, pois tornam-se muito mais eficazes do que os registos escritos. 
“O 3D dá-nos uma visão muito mais próxima da realidade, permite à equipa que me acompanha estar a ver o que eu vejo no microscópio e detectar com muito maior precisão qualquer problema que surja durante a intervenção e corrigi-lo de imediato”, salientou.

Para dar este salto tecnológico, o cirurgião de Coimbra, que já realizou mais de 30 mil intervenções oftalmológicas, recorreu a Marco Neiva, perito em tecnologia 3D e  responsável pela integração tecnológica que permitiu executar estas cirurgias oftalmológicas inovadoras.


Imagens 3D do interior e exterior do olho


De acordo com Marco Neiva, nunca antes tinha sido possível a uma equipa de cirurgia oftalmológica visualizar em tempo real a operação e executar todas as tarefas de apoio ao cirurgião num ambiente 3D/HD.
“Com esta tecnologia, conseguimos imagens 3D do exterior e do interior do olho”, frisou.
 O especialista destacou como vantagens desta inovação, a qualidade do apoio à cirurgia dentro do bloco operatório, a recolha documental para memória futura e os benefícios no que diz respeito à formação de cirurgiões.

Marco Neiva desenvolveu esta solução em parceria com a Emílio Azevedo Campos (EAC), uma empresa especializada em vídeo profissional, e a Sony Europa. Rui Pinto, da EAC, destacou que o sucesso alcançado é o resultado das sinergias entre o Centro Cirúrgico de Coimbra – que tinha esta necessidade – a EAC e a Sony Europa – que forneceram o equipamento – e do empenho do Marco Neiva – que desenvolveu a solução.


“Cada uma das partes teve um papel activo muito importante e se qualquer uma delas não se tivesse envolvido não teríamos concretizado com sucesso este avanço”
, sublinhou.

Os resultados desta inovação tecnológica vão ser apresentados ao público especializado e à comunicação social na sexta-feira, pelas 10h30, numa sessão pública realizada no centro comercial Vasco da Gama, em Lisboa.

Exercícios para melhorar a memória

Exercícios físicos aeróbicos podem diminuir a perda de memória em idosos e prevenir o declínio cognitivo associado com o envelhecimento, indica estudo que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
A pesquisa, feita nos Estados Unidos, verificou que um ano de exercícios físicos moderados foi capaz de aumentar o tamanho do hipocampo em adultos mais velhos, levando a uma melhoria na memória espacial. De acordo com estudos anteriores, o hipocampo diminui com a idade, o que afeta a memória e aumenta o risco de demência.
Arthur Kramer, da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, e colegas examinaram os cérebros de 60 adultos saudáveis com idades entre 55 e 80 antes, durante e após o período de um ano de exercícios.
Os pesquisadores observaram que os participantes que caminharam por 40 minutos, três vezes por semana, tiveram um aumento de em média 2,12% no volume do hipocampo esquerdo e de 1,97% no direito. O grupo que praticou apenas exercícios de alongamento teve diminuição média de 1,40% no hipocampo esquerdo e de 1,43% no direito no período.
Testes de memória espacial foram conduzidos antes, com seis meses e após um ano. Aqueles que integraram o grupo de exercício aeróbico apresentaram melhoria nas funções de memória, que os cientistas apontam estar associado com o aumento no hipocampo.
O grupo que praticou atividade física aeróbica também teve aumento em diversos biomarcadores associados com a saúde cerebral, como no fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, na sigla em inglês), uma pequena molécula envolvida na memória e na aprendizagem.
“Os resultados do estudo são particularmente interessantes por indicarem que mesmo pequenas quantidades de exercícios em adultos mais velhos e sedentários podem levar a melhorias substanciais na memória e na saúde cerebral”, disse Kramer, que dirige o Instituto Beckman na Universidade de Illinois.
O artigo Exercise training increases size of hippocampus and improves memory (doi/10.1073/pnas.1015950108), de Arthur Kramer e outros, poderá ser lido em breve na PNAS em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1015950108.