segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Não são preguiçosos! Sofrem do distúrbio do sono atrasado!

Há quem lhes chame preguiçosos mas os que gostam de ficar na cama até a hora do almoço podem ter um motivo científico para tal: o distúrbio do sono atrasado. Segundo um estudo desenvolvido pelo Centro de Controle de Doenças, órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, sono em excesso pode indicar um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares. A investigação foi publicada na «Sleep».

O organismo humano tem um ciclo diário (circadiano), onde os níveis hormonais e a temperatura do corpo se alteram, ao longo do dia e da noite. Depois do almoço, por exemplo, o organismo trabalha para fazer a digestão e, consequentemente, a temperatura sobe – o que pode causar sonolência.
Quando dormimos, a temperatura diminui e começamos a produzir hormonas de crescimento. Se o descanso for durante a noite, no escuro, produzimos também uma hormona específica – a melatonina –, responsável por comandar o ciclo do sono e fazer com que sua qualidade seja melhor, que seja mais profundo.

Pessoas vespertinas, que têm o hábito de ir para a cama durante a madrugada e dormir até o meio-dia, por exemplo, só irão começar a produzir hormonas por volta das 5h da manhã – por isso têm dificuldade em deitar-se mais cedo no dia seguinte e, consequentemente, acordar mais cedo. É um hábito que só tende a piorar, porque a pessoa acaba por realizar assuas actividades no final da tarde ou à noite, ou seja, quando tem mais energia.


Luciano Ribeiro Júnior, investigador da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), especialista em sono, realizou em trabalho em consequência ao estudo do Centro de Controlo de Doenças, que esse distúrbio pode ser genético: "Pessoas com o gene da ‘vespertilidade’ têm predisposição para dormirem tarde. No entanto, o factor social e a educação também podem favorecer a tendência”. Mas não se sabe ainda até que ponto o comportamento social pode influenciar o problema.
O vespertino não se encaixa na rotina normal e acaba por ser prejudicado em muitos aspectos. O problema surge na infância. A criança prefere estudar durante a tarde e não consegue praticar muitas actividades de manhã. Na adolescência, a doença é acentuada, uma vez que os jovens tendem a sair à noite e dormir até tarde com mais frequência.

Este distúrbio torna-se num verdadeiro problema quando o vespertino entra na fase adulta e não consegue acompanhar o ritmo de vida a que a maioria está acostumada. Estima-se que cinco por cento da população sofra do transtorno da fase atrasada do sono em diferentes graus e apenas uma pequena parcela se consegue adaptar à rotina contemporânea.

Consequências


O investigador explica no estudo que, para além da pressão exercida pelos pais, professores e, mais tarde, pelos colegas de trabalho, o vespertino sofre de problemas psiquiátricos com maior frequência: depressão, bipolaridade, hiperactividade ou défice de atenção. Além disso, a privação do sono profundo, quando sonhamos, faz com que a pessoa tenha maior susceptibilidade a vários problemas de saúde: no sistema nervoso, endócrino, renal, cardiovascular, imunológico, digestivo, além do comportamento sexual.

O tratamento não envolve apenas remédios indutores do sono, como se fosse uma insónia comum. É necessário uma terapia comportamental complexa, de forma a tentar mudar o hábito, procurando antecipar o sono. Envolve estímulo de luz, actividades físicas durante a manhã e principalmente um trabalho de reeducação

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