quarta-feira, 25 de maio de 2011

A felicidade tem um lado ruim?

Ciência e filosofia
Recentemente, um filósofo alertou que, pouco a pouco, a busca pela felicidade está se transformando em uma obsessão muito pouco saudável.
Além da filosofia, os testes práticos e repetitivos da ciência parecem concordar com isso.
Foi o que demonstrou um levantamento de todas as pesquisas científicas feitas sobre o tema ao longo da última década.
Segundo as pesquisadoras, as pesquisas mostram que a busca desenfreada pela felicidade, que parece ser uma marca registrada da época atual, tem um lado negativo - eventualmente, muito negativo.
Lado escuro da felicidade
Segundo o artigo, publicado na revista científica Perspectives on Psychological Science, o sentir-se bem não pode ser pensado como algo universalmente bom - e destaca situações em que a felicidade pode ser bem ruim.
As pessoas que se esforçam para obter a felicidade podem acabar sentindo-se pior do que quando começaram, afirmam June Gruber, da Universidade de Yale (EUA) e suas colegas.
As "ferramentas" sugeridas para se tornar mais feliz não são necessariamente ruins - como dedicar um tempo todos os dias para pensar sobre coisas que lhe deixam feliz ou grato, ou a criação de situações que possam fazer você feliz.
"Mas quando você está fazendo isso com a motivação ou a expectativa de que essas coisas deveriam fazê-lo feliz, isso pode levar à decepção e à diminuição da felicidade," diz Gruber.
Por exemplo, um estudo mostrou que pessoas que leram um artigo de jornal enaltecendo o valor da felicidade sentiram-se pior depois de assistir um filme feliz do que as pessoas que leram um artigo de jornal que não mencionou a felicidade - presumivelmente porque elas ficaram desapontadas por não se sentirem mais felizes depois do filme.
Quando as pessoas não acabam tão felizes como esperavam, seu sentimento de fracasso pode fazê-las sentir-se ainda piores.
Felicidade demais vira problema
Muita felicidade também pode ser um problema. Um estudo acompanhou crianças dos anos 1920 até a velhice e descobriu que aquelas classificadas como altamente alegres por seus professores morreram mais jovens.
Os pesquisadores concluíram que as pessoas que se sentem extremamente felizes não pensam mais de forma criativa e tendem a assumir mais riscos.
Por exemplo, pessoas que têm manias, como no transtorno bipolar, têm um grau excessivo de emoções positivas que podem levá-los a assumir riscos - o que inclui abuso de drogas, dirigir em alta velocidade ou gastar todas as suas economias.
Outro problema é a "sensação de felicidade de forma inadequada" - obviamente, não é saudável sentir-se feliz quando você vê alguém chorando a perda de um ente querido ou quando ouve que um amigo ficou ferido em um acidente de carro.
As pesquisas descobriram que essa felicidade inadequada também ocorre em pessoas com manias.
A felicidade exagerada também pode significar prestar pouca atenção nas emoções negativas, que igualmente têm o seu lugar na vida - o medo pode evitar correr riscos desnecessários, a culpa pode ajudar a lembrar de se comportar bem em relação aos outros, e assim por diante.
O que traz felicidade?
Relendo as pesquisas, as cientistas também descobriram o que parece realmente aumentar a felicidade.
"O mais forte preditor da felicidade não é o dinheiro e nem o reconhecimento externo, através do sucesso ou da fama", diz Gruber. "É ter relações sociais significativas."
Isto significa que a melhor maneira de aumentar a sua felicidade é parar de se preocupar em ser feliz e centrar suas energias em nutrir os laços sociais que você tem com outras pessoas.

Cérebro possui "estações de rádio" transmitindo em várias frequências‏

Assim como ouvintes ajustam a sintonia de um rádio para captar estações diferentes, cientistas demonstraram que é possível sintonizar frequências precisas emitidas pelo cérebro.
Até agora, os cientistas têm focado suas pesquisas sobre as funções cerebrais no "onde" e no "quando" a actividade do cérebro ocorre.
"O que nós descobrimos é que o comprimento de onda que a actividade cerebral emite proporciona um terceiro ramo essencial para a compreensão da fisiologia do cérebro," diz o Dr. Eric Leuthardt, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
Eléctrodos no cérebro
Os pesquisadores usaram a electrocorticografia, uma técnica para monitorar o cérebro com uma grade de eléctrodos implantada directamente na superfície do cérebro, de forma temporária.
Os pesquisadores usam essa abordagem para identificar a fonte de ataques epilépticos persistentes e que não respondem aos medicamentos e para mapear regiões do cérebro para a remoção cirúrgica.
Com a permissão dos pacientes, os cientistas agora usaram a grade de eletrodos para monitorar experimentalmente um espectro muito maior da atividade cerebral do que é feito normalmente quando se monitora as ondas cerebrais.
Frequências do cérebro
As ondas cerebrais são produzidas quando muitos neurônios disparam ao mesmo tempo.
A frequência desses disparos - quantas vezes eles ocorrem num determinado período de tempo - determina a frequência da atividade cerebral - ou seu comprimento de onda, que é medido em hertz, ou ciclos por segundo.
Estações FM, por exemplo, transmitem em frequências entre 88 e 108 MHz - milhões de ciclos por segundo.
Os equipamentos disponíveis permitiram aos cientistas monitorar as "transmissões cerebrais" em frequências de até 500 Hz.
"Um electroencefalograma só pode monitorizar as frequências até 40 hertz, mas com a electrocorticografia podemos monitorizar as actividades até 500 hertz. Isso realmente nos dá uma oportunidade única para estudar a fisiologia completa da actividade cerebral," diz Leuthardt.
Detectando uma faixa de frequências maior, os cientistas conseguiram determinar a origem das transmissões com mais precisão, o que deverá permitir um mapeamento das funções cerebrais com uma resolução inédita.
Frequência e função
Leuthardt e seus colegas usaram essa sintonia da "Rádio Cérebro" para acompanhar a diminuição da consciência durante a acção da anestesia cirúrgica e o retorno da consciência, quando a anestesia começa a perder o efeito.
Eles descobriram que cada frequência dá informações diferentes sobre como diferentes circuitos cerebrais se alteram com a perda da consciência.
"Algumas relações entre as frequências altas e baixas da actividade do cérebro não se alteraram, e nós especulamos que isso pode estar relacionado com alguns dos circuitos de memória," conta Leuthardt.
Outra descoberta é que o comprimento de onda dos sinais cerebrais em uma determinada região pode ser usado para determinar qual função essa região está realizando naquele momento.
"Historicamente nós juntamos as frequências da actividade do cérebro em um fenómeno único, mas nossos resultados mostram que existe uma diversidade real e uma não-uniformidade nessas frequências", conclui o cientista.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Depressão tem explicação genética

Estudos distintos obtiveram as mesmas conclusões

Depressão afecta um quinto das pessoas em algum momento da sua vida
Depressão afecta um quinto das pessoas em algum momento da sua vida
Duas investigações distintas chegaram à mesma conclusão ao procurarem uma explicação genética para a depressão. De acordo com os investigadores, o DNA do cromossoma 3 está ligado a este problema que afecta um quinto das pessoas em algum momento da sua vida. No entanto, não foi possível isolar nenhum gene específico que o cause.

Ambos os estudos foram feitos separadamente pela Universidade de Washington, em Saint Louis, nos EUA, e pelo King’s College, em Londres, na Inglaterra, sendo que os seus resultados foram publicadas pelo “American Journal of Psychiatry”.
“O que é impressionante é que os dois grupos encontraram exactamente a mesma região em dois estudos separados”, disse Pamela Madden, investigadora da instituição norte-americana. “Estávamos a trabalhar independentemente, sem nenhum tipo de colaboração, e quando procuramos uma forma de replicar as nossas descobertas, a equipa de Londres entrou em contacto e disse-nos que tinha encontrado a mesma ligação”, referiu ainda.

Gerome Breen, autor principal do trabalho britânico, destacou que esta é a primeira vez que se encontra “uma região genética associada à depressão”, sendo que, o que torna as descobertas “impactantes” é a semelhança entre os resultados de ambos os estudos.

Investigações anteriores já tinham sugerido que o risco de depressão poderia ser determinado pela genética. Os cientistas acreditam ainda que há mais genes envolvidos no processo e, apesar de afirmarem que as novas descobertas não terão impacto imediato para os pacientes, realçam que ajudam a compreender melhor o que causa destes problemas.

Um em sete casos de AVC acontece durante o sono

Ocorrência enquanto se dorme dificulta tratamento

Estudo analisou 1854 adultos que sofreram AVC isquémico
Estudo analisou 1854 adultos que sofreram AVC isquémico
Um estudo publicado na revista “Neurology” adverte para o facto de um sétimo dos AVC ocorrer durante o sono, o que reduz as probabilidades de os pacientes chegarem ao hospital a tempo de um tratamento eficaz.

Investigadores da Universidade de Cincinnati, nos EUA, analisaram, ao longo de um ano, todos os casos de AVC isquémicos – provocados pelo bloqueio de um vaso sanguíneo ou de uma artéria, o que impede a corrente sanguínea de atingir partes do cérebro – que deram entrada nas urgências dos hospitais da região metropolitana de Cincinnati e no Norte do estado de Kentucky.


Entre os 1854 adultos que sofreram AVC isquémico, em 14 por cento dos casos as pessoas acordaram com sintomas de AVC. De acordo com este levantamento, a percentagem é a mesma, independentemente do sexo, estado civil e de factores de risco como tensão arterial elevada, diabetes, tabagismo ou colesterol alto.
“Como o único tratamento para o AVC isquémico deve ser administrado dentro de poucas horas após os primeiros sintomas, quem acorda com os sintomas, muitas vezes, não pode ser tratado, já que não sabemos quando começaram os sintomas”, explicou Jason Mackey, um dos autores do estudo.

Acrescentou ainda que "estudos de imagiologia estão a ser realizados agora para nos ajudar a desenvolver melhores métodos capazes de identificar quais as pessoas mais susceptíveis de beneficiar do tratamento, mesmo que os sintomas aconteçam durante a noite."

Fibromialgia

Saúde. Exercícios contra Fibromialgia.

Muitas pessoas sofrem de fibromialgia e essa doença é de difícil diagnóstico. Até ser ter a doença confirmada o portador sofre muito. Agora é divulgado um estudo em que associa a prática de exercícios com a menor possibilidade de vir a ter a doença e de diminuir seus sintomas.

A fibromialgia é uma síndrome dolorosa não-inflamatória, caracterizada por dores musculares difusas, fadiga, cansaço e dor em pontos dolorosos específicos sob pressão (pontos no corpo com sensibilidade aumentada ou tender-points).

A palavra Fibromialgia deriva do latim fibro (tecido fibroso: tendões, fáscias), do grego mio (tecido muscular), algos (dor - algoz) e ia (condição). É entidade nosológica reconhecida desde meados do século XIX com outras denominações - fibrosite, dor muscular crónica, reumatismo psicogênico, mialgia por tensão, ou mesmo confundida com sintomas de somatização.

Pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia concluíram um trabalho estabelecendo uma relação entre a prática de exercício físico e o risco de desenvolver a fibromialgia. Durante 11 anos, 15.990 mulheres foram acompanhadas pelos pesquisadores. As que relataram se exercitar quatro vezes por semana apresentaram um risco 29% menor de desenvolver fibromialgia em comparação com as mulheres inativas.

Resultados semelhantes foram encontrados na análise da combinação de informações sobre a frequência, a duração e a intensidade dos exercícios. As mulheres que praticavam mais exercícios apresentaram um risco menor de desenvolver o problema.

– O exercício físico regular, além de melhorar o condicionamento físico do paciente e possibilitar um emagrecimento saudável, pode servir também como “um amortecedor” contra a perpetuação dos sintomas músculo-esqueléticos que, eventualmente, conduzem ao desenvolvimento de fibromialgia – explica o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo).

sábado, 14 de maio de 2011

Auto-devoração de células para tratar doenças neurodegenerativa

Investigação realizada na Universidade de Coimbra

Eliminar proteínas indesejáveis (ataxina-3) pode ser solução.
Eliminar proteínas indesejáveis (ataxina-3) pode ser solução.
Desencadear um mecanismo em que as células se auto-devorem, para promover a eliminação de indesejáveis, poderá ser uma via para no futuro tratar doenças neurodegenerativas, como aponta uma investigação realizada na Universidade de Coimbra (UC).

Luís Pereira de Almeida, que coordena uma equipa internacional no Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC, diz ser essa uma via para promover a eliminação dessas proteínas indesejáveis, como é o caso da ataxina-3 mutada, a proteína tóxica envolvida na doença de Machado-Joseph.
Este processo de autofagia celular já foi confirmado pela sua equipa em modelos animais com a doença de Machado-Joseph, mas “também há evidências de que este mecanismo pode ter efeitos protectores nas outras doenças neurodegenerativas”, afirma o investigador, ligado à Faculdade de Farmácia da UC.

Nessas doenças há um bloqueio desse mecanismo de autofagia, uma falha dos mecanismos de degradação proteica que leva à acumulação no interior dos neurónios de proteínas com conformações alteradas, agregadas em diferentes graus, que se tornam tóxicas.


“É como se existissem ‘sacos de lixo’ que se começam a acumular quando a remoção do lixo numa cidade não é feita. Por outro lado, vimos também que uma das proteínas que era essencial a fazer este transporte, no fundo a remover este lixo - os ’camiões do lixo’ - estavam em níveis mais baixos que o normal”
, explica o investigador.

Ou seja – prossegue –
“em vez de haver um número normal de ‘camiões do lixo’ há um número menor, uma diminuição dos níveis da proteína beclina-1”, importante para este processo.

A partir desta descoberta, a equipa de investigação, que envolve ainda elementos de França, México e EUA, desenvolveu
“uma estratégia de terapia génica em que aumentando a produção da proteína beclina-1 nos neurónios de modelos da doença de Machado-Joseph (culturas de neurónios e cérebros de ratos), promoveram a eliminação dessa proteína tóxica, a ataxina-3 mutante, e a redução da neuropatologia”.

Novo alvo terapêutico

“Não temos uma terapia que possa ser aplicada aos doentes já amanhã, mas o que isto nos trouxe foi um novo alvo terapêutico”,
sublinha, acrescentando que já há medicamentos no mercado que activam a autofagia celular.

Luís Pereira de Almeida realça que até já há fármacos que activam esse mecanismo através da beclina-1, só que
“infelizmente são fármacos citostáticos, utilizados na terapia do cancro, dos quais não há garantias de que eles não vão ter alguma toxicidade”. A sua equipa já está a testar em modelos animais outros fármacos que activam a autofagia celular pela via molecular, “com o intuito de trazer tão depressa quanto possível uma terapia aos doentes”

A Machado-Joseph, que está a ser estudada por esta equipa de investigação, é uma doença neurodegenerativa que inicialmente foi identificada em descendentes de portugueses, principalmente açorianos. Provoca a perda de coordenação motora e acaba por confinar os doentes a uma cadeira de rodas, não dispondo actualmente de um tratamento que permita bloquear a sua progressão.

ARS Algarve IP apresenta site “Saúde e Violência”

O Grupo de Trabalho da Violência ao Longo do Ciclo de Vida da Administração Regional de Saúde (ARS) Algarve realizou uma sessão de apresentação pública do site da Internet sobre “Saúde e Violência”. O evento decorreu no dia 12 de Maio, pelas 15 horas, no auditório da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.
“Saúde e Violência” é um site destinado a profissionais de saúde e a utentes cujo objectivo é informar e sensibilizar para o impacto da violência enquanto problema de saúde. Este site fornece estratégias de actuação perante esta problemática, permitindo a rentabilização de recursos, o aumento da eficácia das intervenções e a melhoria da acessibilidade aos serviços de saúde.
O fenómeno da violência é considerado pela Organização Mundial de Saúde como um grave problema de saúde pública, com forte impacto nas populações e elevados custos associados. Neste sentido, o Grupo de Trabalho da Violência ao Longo do Ciclo de Vida da ARS Algarve foi criado, em 2007, com a finalidade de estabelecer uma estratégia integrada de intervenção nesta área.
No mesmo ano, a ARS Algarve e o Servicio Andaluz de Salud (Serviço de Saúde Andaluz) estabeleceram uma parceria que teve como objectivo a criação de estruturas de saúde de utilização comum, tanto funcionais como físicas, contemplando a criação de um Observatório de Saúde incluindo áreas como a violência de género. Esta parceria é financiada pelo POCTEP – Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal.

Regulamento do Transporte de Doentes não Urgentes

Novo Regulamento do Transporte de Doentes não Urgentes no âmbito do SNS foi assinado a 11 de Maio de 2011


O Ministério da Saúde e a Liga dos Bombeiros Portugueses assinaram, no dia  11 de Maio de 2011, o acordo sobre o novo Regulamento do Transporte de Doentes não Urgentes.
Culminando um trabalho desenvolvido ao longo dos últimos meses, e obtido o parecer da Entidade Reguladora da Saúde, o acordo define as regras que disciplinam o Transporte de Doentes não Urgentes no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O novo regulamento consubstancia um equilíbrio entre o acesso dos doentes à prestação dos cuidados de saúde e uma gestão criteriosa dos elevados recursos financeiros afectos ao pagamento deste tipo de serviços, garantindo que todos os que necessitam de transporte têm direito a ele.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Colesterol ruim não é tão ruim quanto se pensa


Colesterol ruim não é tão ruim quanto as pessoas pensam
As proteínas do HDL formam uma estrutura parecida com uma gaiola, que encapsula a sua carga de gordura.[Imagem: University of Cincinnati]
LDL com exercício
O chamado "colesterol ruim" - a lipoproteína de baixa densidade, ou LDL (Low-Density Lipoprotein) - pode não ser tão ruim quanto se tem apregoado.
Pelo menos não quando a pessoa faz exercícios físicos regulares.
É o que garante um novo estudo, realizado pela equipe do Dr. Steve Riechman, pesquisador da Universidade do Texas, juntamente com vários outros cientistas de universidades dos Estados Unidos e do Canadá.
LDL e massa muscular
Segundo o estudo, o LDL não é o eixo do mal que se tem feito acreditar ao longo dos últimos anos, e que novas atitudes devem ser adotadas em relação à substância.
O estudo analisou um grupo de adultos entre 60 e 69 anos de idade, com boa saúde, e que se exercitavam regularmente, mas sem participar de programas organizados de atividades físicas.
Os experimentos mostraram que, após sessões de treino bastante vigorosas, os participantes que ganharam mais massa muscular também apresentaram os níveis mais elevados de LDL (o colesterol chamado "ruim").
"Foi um resultado muito inesperado e que nos surpreendeu. Ele mostra que você precisa produzir uma certa quantidade de LDL para ganhar mais massa muscular. Não há dúvida de que você precisa dos dois - LDL e HDL - e a verdade é, todos os tipos de colesterol são bons," afirma Riechman.
"Você não pode simplesmente remover totalmente o colesterol 'ruim' do seu corpo, sem sofrer sérias consequências," completa o pesquisador.
Placas de colesterol nas artérias
O colesterol é encontrado em todos os seres humanos e é um tipo de gordura que circula pelo corpo.
O colesterol total de uma pessoa composto de LDL (lipoproteína de baixa densidade) e HDL (lipoproteína de alta densidade).
O LDL é rotineiramente chamado de "mau colesterol" porque tende a se acumular nas paredes das artérias, causando uma diminuição do fluxo de sangue que, muitas vezes, leva a ataques do coração e outras doenças cardíacas.
Sinal de alerta
O HDL, normalmente chamado de "colesterol bom", ajuda a remover o colesterol LDL das artérias.
"Mas é aqui que as pessoas tendem a fazer as coisas erradas," diz Riechman. "O LDL serve a um propósito muito útil. Ele atua como um aviso de que algo está errado e envia sinais de alerta para o corpo. Ele faz seu trabalho exatamente da forma como se espera que ele faça."
Assim, o importante é ler o alerta emitido pelo LDL que começa a subir e encontrar a causa, e não apenas tentar baixá-lo a qualquer custo - geralmente a custo de medicamentos. Essas causas podem ser tabagismo, dieta ruim ou falta de exercícios, entre outras.
"As pessoas costumam dizer, 'Eu quero me livrar do meu colesterol ruim; mas o fato é que, se você se livrasse de todo ele, você iria morrer," acrescenta. "Todo mundo precisa de uma certa quantidade de LDL e de HDL no seu corpo. Nós precisamos mudar essa idéia de que o LDL é uma coisa do demônio - todos nós precisamos dele, e precisamos que ele faça o seu trabalho."
Sarcopenia
Riechman diz que o estudo será útil para lidar com uma condição conhecida como sarcopenia, que é a perda muscular devido ao envelhecimento.
Estudos anteriores mostraram que a perda muscular atinge uma taxa de 5 por cento por década após os 40 anos de idade - uma grande preocupação, porque a massa muscular é o principal determinante da força física.
Após os 60 anos de idade, a prevalência de sarcopenia moderada a severa é encontrada em cerca de 65 por cento de todos os homens e cerca de 30 por cento de todas as mulheres.

Alterações do sono têm forte impacto no desempenho cognitivo

Sono e envelhecimento
Alterações do sono que ocorrem durante um período de cinco anos na idade adulta afetam fortemente a função cognitiva na terceira idade.
Homens e mulheres que tiveram variações no seu tempo de sono, passando a dormir menos do que 6 e mais do que 8 horas por noite, estão sujeitos a um declínio cognitivo acelerado.
Os efeitos verificados são equivalentes a um período de 4 a 7 anos de envelhecimento.
Dormir mais e dormir menos
As pessoas que passaram a dormir um adicional de 7 a 8 horas por semana tiveram menor pontuação em cinco de seis testes de função cognitiva, com a única exceção sendo o teste de memória verbal de curto prazo.
As pessoas que tiveram uma redução de 6 a 8 horas de sono por semana tiveram uma menor pontuação em três dos seis testes cognitivos - raciocínio, vocabulário e estado cognitivo global.
"O principal resultado do nosso estudo é que mudanças adversas na duração do sono parecem estar associadas com uma piora na função cognitiva em idade mais avançada," afirma a Dra. Jane Ferrie, da Universidade College London, no Reino Unido.
Sono de homens e mulheres
Os pesquisadores também descobriram que, nas mulheres, um sono de 7 horas de duração por noite esteve associado com a maior pontuação para cada teste cognitivo, seguido de perto por seis horas de sono noturno.
Entre os homens, a função cognitiva foi igual para aqueles que relataram dormir 6, 7 ou 8 horas por noite - somente durações menores do que 6 horas ou maiores do que 8 horas parecem estar associadas com menores notas nos testes cognitivos.
Embora os participantes em sua maioria fossem trabalhadores de escritório, o grupo de estudo abrangeu um amplo leque socioeconômico, com uma diferença de 10 vezes no salário.
Os pesquisadores ajustaram os efeitos da educação e da posição ocupacional devido à sua conhecida associação com o desempenho cognitivo.
O nível socioeconômico não responde por todas as associações observadas, indicando ou uma associação direta entre as alterações no sono e a função cognitiva, ou a uma associação mediada ou confundida por outros fatores além da educação e da posição ocupacional.
Importância do sono
Segundo os autores, um sono adequado e de boa qualidade é fundamental para a fisiologia humana e o bem-estar.
A privação do sono e a sonolência têm efeitos adversos sobre o desempenho, os tempos de reação, e problemas de atenção e concentração.
Além disso, a duração do sono está associada com uma vasta gama de medidas de qualidade de vida, tais como o relacionamento social, a saúde mental e física, e a morte precoce.

Dor de cabeça é um dos males que mais afetam a população mundial

Dor de cabeça negligenciada
Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que a dor de cabeça é um dos problemas de saúde mais comuns em todo o mundo.
Apesar disso, o tratamento da condição tem sido negligenciado.
Os especialistas estimam que até 75% dos adultos de 18 a 65 anos sofreram com dores de cabeça no ano passado.
De acordo com o estudo, poucos casos são diagnosticados por um profissional.
Desses, cerca de 40% estão associados à enxaqueca e tensões e 10% ocorrem por uso excessivo de remédios.
Automedicação
O estudo mostra que metade das pessoas com dor de cabeça buscou a automedicação e apenas 10% procuraram um neurologista, percentual ainda menor na África e no Sudeste Asiático.
A OMS aponta que a dor de cabeça impõe alto custo financeiro à sociedade, como a perda de produtividade dos trabalhadores, que custa mais que as medidas preventivas de saúde.
A organização recomenda o aumento dos investimentos no tratamento e na prevenção das dores.
Foram analisados dados de 101 países, que respondem por 86% da população mundial.

Carolina Pimentel

Autópsias sem corpo aberto

Nova técnica é mais rápida e rentável

Novo método oferece
Novo método oferece "uma abordagem muito diferente da autópsia"
 
Uma nova técnica cirúrgica, desenvolvida por cientistas da Universidade de Leicester, no Reino Unido,vai permitir realizar autópsias sem necessidade de abrir o corpo a fim de examinar os órgãos vitais.

Esta alternativa, que utiliza apenas um scanner e uma pequena incisão no pescoço, foi testada em 33 cadávers e conseguiu determinar com sucesso a causa da morte em 80 por cento dos casos.

Os investigadores recorreram à tomografia axial computadorizada ou TAC para detectar contusões, fracturas e cancro no corpo. Para investigar o coração, realizaram uma pequena incisão no pescoço, onde inseriram um cateter nas artérias coronárias e através do qual injectaram ar, seguido de uma tinta branca. Esta funciona como meio de contraste e ajuda a procurar sinais que mostrem a presença de doença cardíaca.
De acordo com Sarah Saunders, que liderou a equipa de investigadores, haverá outras experiências para testar plenamente a eficácia deste novo método que oferece "uma abordagem muito diferente da autópsia".

"A primeira coisa de que precisamos é uma base significativa de evidências para convencer os patologistas e médicos legistas de que a autópsia com TAC pode fornecer exactamente as mesmas informações que a tradicional",
sublinhou ainda a especialista.

Esta é uma das diversas técnicas que estão a ser estudadas para se encontrarem alternativas à autópsia convencional, que, por vezes, levanta alguns problemas nalgumas famílias ou comunidades que se opõem por motivos religiosos. Além disso, Saunders afirmou que esta nova abordagem oferecida por esta técnica apresenta a mais-valia de ser mais rápida e rentável do que os métodos não-cirúrgicos.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Quando dói o coração

Popularmente falamos dos sentimentos do coração, como se esse órgão tivesse capacidade de amar, odiar e outros sentimentos. Na verdade todos os sentimentos são responsabilidade do cérebro. No artigo abaixo o médico cirurgião Ivo Nesralla nos ensina que o coração não dói nem quando é cortado, ele só dói quando recebe menos sangue para bombear. Cuide do seu coração, pois se ele doer é porque você está em grande risco de vida.

Ao contrário de um músculo qualquer do corpo humano, que, ao ser cortado causa dor, o coração não sofre com este tipo de agressão. Ele dói caso falte sangue passando pelas artérias coronárias que irão nutrir suas células. Este fluxo sanguíneo traz consigo energia, ácidos graxos e, fundamentalmente, oxigênio. O oxigênio é o alimento desse órgão: se ele faltar, o coração reclama. A dor do coração é chamada de angina e localiza-se no centro do peito. Ela varia de intensidade, mas está relacionada diretamente com a intensidade dos esforços físicos e com as emoções.

Nem sempre o paciente com lesão coronária tem essa dor tipicamente descrita. Em alguns casos, a dor é nas costas, na mandíbula ou até mesmo nos pulsos. Tipicamente, durante a crise de angina, o paciente põe a mão no peito, espalhando os dedos em forma de garra. Muitas vezes, a dor se irradia para a parte interna do braço esquerdo ou do direito, ou de ambos.

O coração é uma caixa de surpresas: ele pode estar sofrendo a falta de alimento pelos vasos coronários, e a pessoa nada sente. É isto que chamamos de isquemia (falta de sangue) silenciosa. Por esta razão, é fundamental realizar exames periódicos anuais com o seu cardiologista, especialmente para os homens com mais de 40 anos e para mulheres acima de 45 anos.


A prevenção da doença isquêmica do coração passa, por um lado, pela mudança do estilo de vida, e, de outro, pelo controle dos ditos fatores de risco. São eles colesterol alto, obesidade, hipertensão arterial (pressão alta), estresse, fumo e sedentarismo.

Fique atento aos cuidados ao sentar à mesa para as refeições. Em primeiro lugar, acalme-se. Quanto mais angustiado, com mais rapidez você irá comer, e um volume maior de calorias irá ingerir. Assim, você comerá com compulsividade, e não com prazer. Mastigue lentamente. Preste atenção ao que você está degustando. Procure não servir pela segunda vez. Quem sabe colocando as travessas sobre um aparador, que fique longe dos seus olhos, fique mais fácil resistir. Olhar a comida aumenta a produção de suco gástrico, o que aumenta a sensação de fome. E não se esqueça de beber água somente antes das refeições. Seu coração agradece.
In: Blogue do Catarino

terça-feira, 3 de maio de 2011

O cérebro sabe a diferença entre dia e noite

Aprendizagem programada logo à nascença

A capacidade de coordenar ritmos circadianos não é influenciada por alterações na quantidade de luz recebida
A capacidade de coordenar ritmos circadianos não é influenciada por alterações na quantidade de luz recebida
 
Uma nova investigação sobre ritmos circadianos da Universidade de Chicago, EUA, revela que o cérebro é programado, desde o nascimento, para desenvolver a capacidade de determinar o nascer e o pôr-do-sol, informa o Eurekalert.

De acordo com Brian Prendergast, professor associado de psicologia na Universidade de Chicago, este estudo traz uma nova abordagem sobre a plasticidade do cérebro e pode explicar alguns comportamentos humanos básicos.


“Esta descoberta pode-nos mostrar por que razão as crianças de muitas espécies eventualmente aprendem a distinguir o dia da noite”
, afirmou Brian Prendergast, investigador de ritmos biológicos.
Numa série de experiências, os cientistas foram capazes de mostrar que embora a capacidade de ver estímulos visuais, tais como o movimento, seja perdida quando um olho em desenvolvimento não é exposto à luz, a capacidade de determinar os ciclos de luz e escuridão não é afectada. Assim, a capacidade de distinguir entre a noite e o dia desenvolve-se à medida que um animal cresce.

Outras experiências demonstraram que os primatas, assim como os seres humanos, adaptam-se naturalmente a um ritmo de sono durante a noite. Mas esta investigação mostra que o caminho no sistema circadiano que permite a sincronia entre o cérebro e os ritmos dia-noite no meio ambiente é provavelmente uma característica inata do desenvolvimento


“Pela primeira vez, estabelecemos que a capacidade de coordenar os ritmos circadianos com mudanças diárias de exposição à luz não está tão sujeita à plasticidade, ou seja, não é influenciada por alterações na quantidade de luz que o cérebro recebe durante o desenvolvimento”,
explicou August Kampf-Lassin, investigador principal.

Experiência com hamsters

Os resultados do estudo foram retirados de uma série de experiências com hamsters.


A capacidade de sincronizar ritmos circadianos foi conservada
A capacidade de sincronizar ritmos circadianos foi conservada
Pouco depois dos olhos dos hamsters abrirem, mas antes de serem expostos à luz, os cientistas colocaram uma lente de contacto que bloqueou completamente a luz num dos olhos. Manter um olho fechado e outro aberto é um método que os cientistas usam para estudar o uso da plasticidade no desenvolvimento visual.

Em seguida, os hamsters cresceram num ciclo claro-escuro de tal forma que só um dos olhos foi capaz de enviar informações de luz para o cérebro. Na idade adulta, as lentes foram retiradas, e foi avaliada a função dos olhos dos hamsters privados de luz. Os investigadores descobriram que os cérebros dos hamsters estavam cegos para todos os estímulos visuais apresentados ao olho privado de luz, tais como alimentos ou estímulos em movimento.

No entanto, o olho privado de luz conservou perfeitamente a capacidade dos hamsters para sincronizar os ritmos circadianos de actividade com um dia de 24 horas. O estudo também mostrou que a privação monocular a longo prazo não afectou as projecções anatómicas do olho para o relógio circadiano no cérebro.

“É interessante ver como alguns aspectos do desenvolvimento comportamental estão interligados e desenvolvem-se em padrões típicos, mesmo na ausência total de um ambiente normal para o sistema”
, sublinhou Brian Prendergast.

Filhos de pessoas com Alzheimer têm maior risco de adquirir a doença

Estudo publicado na revista“Neurology”

Ilustração de Stéphane Lauzon
Ilustração de Stéphane Lauzon
Um estudo realizado por investigadores da Universidade do Kansas, nos EUA, e publicado na revista “Neurology” indica que pessoas cuja mãe teve Alzheimer têm mais probabilidade de herdar a doença.

De acordo com Robyn Honea, primeiro autor deste trabalho, “estima-se que pessoas com parentes de primeiro grau com Alzheimer são, de quatro a dez vezes, mais susceptíveis de desenvolver a doença, comparativamente a outras sem antecedentes familiares". No entanto, esta probabilidade aumenta, quando o familiar é a mãe.

Os investigadores acompanharam 53 pessoas sem a doença, com 60 anos ou mais, ao longo de dois anos. Onze dos participantes tinham a mãe com doença de Alzheimer, dez participantes tinham o pai na mesma situação e 32 não tinham história familiar da doença.

Todos os voluntários foram submetidos a exames cerebrais e testes cognitivos ao longo do estudo, tendo sido verificado que aqueles cuja mãe tinha Alzheimer apresentavam uma redução duas vezes maior da massa cinzenta, uma ocorrência nesta doença neurodegenerativa, do que o grupo sem história familiar. Além disso, a diminuição da área cerebral, por ano, era 1,5 vezes maior, em comparação com os que tinham o pai com a doença.

"Através de métodos de análise tridimensional, conseguimos examinar as diferentes regiões do cérebro afectadas em pessoas cujas mães ou pais sofressem da doença de Alzheimer. Nas pessoas com antecedentes familiares maternos da doença foram verificadas diferenças nos processos de decomposição em áreas específicas do cérebro que também são afectadas pela doença de Alzheimer, levando à sua redução”, explicou Robyn Honea, acrescentando que “o conhecimento de como a doença se pode herdar poderá conduzir a uma melhor prevenção e tratamento".

Ômega-3 em excesso eleva risco de câncer de próstata agressivo

Coração e próstata
Um estudo que procurava examinar a associação entre gorduras na dieta e o risco de câncer de próstata concluiu que o que é bom para o coração pode não ser bom para a próstata.
Homens com as maiores porcentagens de ácido docosahexanoico, ou DHA, um ácido graxo ômega-3 redutor de inflamações, comumente encontrado em peixes, têm duas vezes e meia mais risco de desenvolverem câncer de próstata agressivo de alto grau, em comparação com homens com níveis mais baixos de DHA.
Não foi encontrada conexão quando o foco é o câncer de próstata de baixo risco, menos agressivo.
A conclusão é dos pesquisadores do Centro de Estudos do Câncer Fred Hutchinson, nos Estados Unidos, depois de analisarem dados de um estudo nacional envolvendo mais de 3.400 homens.
De cabeça para baixo
Inversamente, homens com maiores índices de ácidos graxos trans no sangue - que estão ligados à inflamação e doenças do coração e abundante em alimentos industrializados que contêm óleos vegetais parcialmente hidrogenados - apresentaram uma redução de 50 por cento no risco de contrair câncer da próstata agressivo.
Por outro lado, nenhuma destas gorduras foi associada com um risco de câncer de próstata de baixo grau, menos severo.
Os pesquisadores também concluíram que os ácidos graxos ômega-6, que são encontrados na maioria dos óleos vegetais e estão ligados à inflamação e às doenças cardíacas, não têm conexão com o risco de câncer de próstata.
"Ficamos surpresos ao ver esses resultados e gastamos muito tempo para garantir que as análises estavam corretas," disse o Dr. Theodore Brasky, coordenador da pesquisa.
"Nossos resultados colocam de cabeça para baixo o que sabemos - ou melhor, o que nós pensamos que sabemos - sobre a dieta, a inflamação e o desenvolvimento do câncer de próstata, e mostra a complexidade de se estudar a associação entre a nutrição e o risco de várias doenças crônicas," diz ele.
Ácidos graxos e câncer de próstata
Os pesquisadores realizaram o estudo porque sabe-se que a inflamação crônica aumenta o risco de vários cânceres, e os ácidos graxos ômega-3, encontrados principalmente no óleo de peixe, têm efeitos anti-inflamatórios.
Em contrapartida, outras gorduras, como o ômega-6, dos óleos vegetais, e as gorduras trans encontrados em fast foods, podem promover a inflamação.
"Queríamos testar a hipótese de que as concentrações dessas gorduras no sangue estariam associadas com o risco de câncer de próstata," disse Brasky. "Nós pensávamos que os ácidos graxos ômega-3 poderiam reduzir e o ômega-6 e os ácidos gordos trans aumentarem o risco de câncer de próstata."
Mas não foi isto o que os dados mostraram - embora um estudo com 3.400 casos seja considerado pequeno para fundamentar qualquer recomendação a respeito, ou mesmo ser considerado conclusivo.
Mais pesquisas
Os mecanismos por trás do impacto do ômega-3 no risco do câncer de próstata de alto grau são desconhecidos.
"Além da inflamação, as gorduras ômega-3 afetam outros processos biológicos. Pode ser que esses mecanismos desempenhem um papel no desenvolvimento de certos cânceres da próstata", disse Brasky. "Esta é certamente uma área que necessita de mais pesquisas."

Cérebro cansado pode adormecer por uma fracção de segundo

Consequências podem ser perigosas

Padrões de actividade eléctrica nos neurónios limitados.
Padrões de actividade eléctrica nos neurónios limitados.
 
Há dias em que não nos lembramos de onde deixamos as chaves ou os óculos, mas será distracção, esquecimento ou apenas um sinal de que estamos a precisar de dormir? Segundo a conclusão de um estudo, realizado na Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), feito com ratos, o cérebro cansado pode adormecer por uma fracção de segundo, mesmo que esteja a funcionar activamente.

O estudo, publicado na revista britânica
«Nature» refere que o sono afecta parte do nosso cérebro. As consequências podem ser perigosas dependendo da tarefa que determinado indivíduo estiver a desempenhar. Antes da fadiga se manifestar, o cérebro poderá dar sinais que indicam que “o mais aconselhável será interromper certas actividades que exijam um estado alerta", avançam os investigadores da equipa de estudo.
Segundo Chiara Cirelli, professora de psiquiatria da universidade, grupos específicos de neurónios podem adormecer, com consequências negativas. A teoria convencional é baseada na observação de electroencefalogramas, que revelam os padrões de actividade eléctrica nos neurónios, mas com algumas limitações.

Os eléctrodos são posicionados no couro cabeludo, o que significa que captam melhor o sinal dos neurónios mais próximos do crânio e resumem a actividade de centenas de milhões deles, não conseguindo analisar células isoladamente.


Para contornar esta limitação, Cirelli e seus colaboradores inseriram sondas ultrafinas no cérebro de 11 camundongos adultos para monitorar a actividade eléctrica em subgrupos de neurónios no córtex responsável pela coordenação motora
"semi-automática".

Os roedores foram mantidos acordados durante quatro horas além do horário em que normalmente vão dormir, com a ajuda de objectos novos, introduzidos na gaiola, para mantê-los interessados e activos.


A monitorização cerebral mostrou que, mesmo quando todas as aparências indicavam que os animais estavam acordados e activos, neurónios nestas áreas específicas não estavam a funcionar, ou seja, partes do cérebro permaneceram adormecidas enquanto outras continuavam despertas.


Experiencia em camundongos


Mesmo quando alguns neurónios pararam de funcionar, as medições cerebrais indicavam que as cobaias estavam acordadas e estes episódios de
“sono localizado” afectaram o comportamento dos animais. Os ratos foram treinados durante duas horas para realizar uma tarefa complicada: segurar uma bola de açúcar com uma única pata, mas quanto mais cansados ficavam, mais difícil se tornava para os roedores conseguir desempenhar a actividade.

Acabavam por deixar cair as bolas, ou nem conseguiam pegar nelas. Era necessário que alguns poucos neurónios
"saíssem do ar" por um terço de segundo para que as falhas ocorressem, destacaram os investigadores. Dos 20 neurónios em estudo, 18 permaneceram acordados. Nos outros dois, havia sinais de sono, com alternância entre períodos breves de actividade e períodos de silêncio.

Cientistas debatem teorias sobre a origem do câncer

Teoria sobre o câncer
Em artigos publicados no exemplar deste mês da revista científica BioEssays, cientistas de renome internacional na área do câncer discutiram suas controvérsias sobre as duas teorias que tentam explicar a origem do câncer.
Os especialistas apresentaram suas defesas e críticas em relação à Teoria da Mutação Somática - a teoria mais aceita hoje na comunidade científica para explicar o câncer - e a ainda debatida Teoria de Campo da Organização dos Tecidos.
Esta é a primeira vez que especialistas se dispõem e têm a oportunidade de discutir abertamente as controvérsias sobre as duas teorias, defendidas por autores de lados opostos do debate.
Mutação Somática versus Organização dos Tecidos
Ana Soto e Carlos Sonnenschein, ambos da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, argumentam que a Teoria da Mutação Somática (TMS), que se baseia na acumulação de mutações genéticas nas células, não só não consegue dar uma explicação para os fenômenos observáveis na biologia do câncer, como também é uma teoria essencialmente não testável com as tecnologias atuais.
A Teoria da Organização dos Tecidos (TOT) propõe que o câncer é uma doença clonal, baseada nas células, e assume implicitamente que a imobilidade é o estado padrão das células nos organismos multicelulares.
"A TMS é fortemente apoiada por observações das leucemias, que carregam translocações cromossômicas específicas," defende o Dr. David Vaux, do Instituto de Ciências Moleculares La Trobe, na Austrália, em defesa da TMS.
"Talvez a mais forte validação [da teoria] venha do sucesso do tratamento de certas doenças malignas com drogas que visam diretamente o produto do gene mutante," afirma.
Mudar teorias para alcançar resultados
Obviamente, em uma primeira discussão não poderia haver consenso, e cada pesquisador ressalta os pontos que acredita positivos e negativos em cada teoria.
Também, poucos acreditam, dada a variedade dos cânceres - a rigor, cada câncer pode ser enquadrado como uma doença diferente - que alguma teoria consiga dar conta de todas essas realidades.
O mais provável será o desenvolvimento de teorias para grupos mais parecidos da doença.
Este mesmo processo está ocorrendo no campo do Mal de Alzheimer, onde a falta de resultados encorajadores das pesquisas atuais - o que de resto vem acontecendo com o câncer há décadas - tem ensejado a busca de novas explicações para a doença:
Recentemente, cientistas que estudam a AIDS mudaram a estratégia para procurar por uma vacina contra o HIV, também fundamentados na falta de resultados que as teorias até então utilizadas lhes forneceram.
Debate científico
O artigo agora publicado, questionando as teorias sobre o câncer, representa apenas o começo da discussão: a revista pretende manter um fórum permanente para que os cientistas discutam e troquem informações.
"A ciência avança através da exposição clara dos pontos de vista contrários. Criar um novo fórum para o debate vigoroso, que aborda as bases fundamentais do câncer permitirá que os nossos leitores possam decidir por si mesmos!" afirma David Thomas, editor da BioEssays.

Comportamento dos pais determina hábito alimentar das crianças

Crianças e alimentos
O quanto as crianças de 4 a 6 anos de idade gostam dos alimentos que habitualmente fazem parte do seu dia-a-dia e como os pais atuam em relação à alimentação de seus filhos.
Este foi o foco da nutricionista Isa Maria de Gouveia Jorge, em uma pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.
O interesse pelo tema nasceu da observação de que a prevalência de excesso de peso tem aumentado significativamente nas últimas décadas, inclusive entre as crianças desta faixa etária.
Obesidade infantil
Participaram da pesquisa 400 crianças de pré-escolas universitárias, nas quais foram verificados o estado nutricional e a aceitação de 29 alimentos habituais de suas dietas.
Para medir o grau de gostar, ou seja, o quanto as crianças gostam dos alimentos, foram utilizadas fotografias padronizadas dos alimentos, na forma usualmente oferecidas às crianças e escala hedônica facial de cinco pontos.
Também participaram do estudo 190 pais. Foram levantados dados referentes a escolaridade e estado nutricional dos pais e aplicado um questionário sobre atitudes e práticas alimentares frente à alimentação da criança.
A prevalência de excesso de peso e obesidade entre os pré-escolares foi de 31,9% (22,2% e 9,7%, respectivamente) e acompanha a tendência secular do aumento de ganho de peso da população infantil brasileira.
A Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008-2009, realizada pelo IBGE e Ministério da Saúde, revelou que o excesso de peso entre crianças de 5 a 9 anos foi de 33,5%, sendo considerado obesos, 16,6% das crianças de sexo masculino e 11,8% do sexo feminino.
A prevalência de excesso de peso entre meninos foi de 34,6%, sendo 9,5% obesos, e entre as meninas, 29,2% sendo 9,8% obesas.
Considerando que esta prevalência ocorre entre crianças menores do que os estudos da POF 2008-2009 o quadro revela a importância de se adotar medidas de prevenção precocemente na infância, antes da idade pré-escolar. Somente 20% dos pais pesquisados percebem o excesso de peso dos filhos.
Cultura dos pais
Fatores culturais podem dificultar o reconhecimento dos pais de que o excesso de peso dos filhos seja um problema de saúde.
Na pesquisa, este foi o fator de maior peso na probabilidade de as crianças apresentarem excesso de peso.
O segundo fator foi o excesso de peso dos pais. A prevalência de excesso de peso entre os pais também foi alta (43,2%) sendo maior entre os familiares das crianças com excesso de peso, existindo uma associação positiva entre o excesso de peso dos pais e dos pré-escolares, ou seja, as chances de as crianças terem um ganho excessivo de peso são maiores quando os pais têm excesso de peso.
Alimentos que as crianças gostam
Quanto à aceitação de alimentos observou-se que, independentemente, do estado nutricional, sexo e idade, as crianças têm preferência por alimentos de alta densidade energética, ricos em gordura e/ou açúcares.
Os mais aceitos foram batata frita, pizza, chocolate, salgadinhos tipo chips, salsicha, biscoito recheado e refrigerante.
Entre os dez alimentos mais aceitos, somente três são saudáveis: frango, iogurte e melancia, sendo os demais considerados não saudáveis e constituídos de alimentos industrializados, ricos em densidade energética, gorduras, açúcares e/ou sal e escassos em micronutrientes e fibras.
Entre os menos aceitos pelas crianças destacam-se as hortaliças, entre elas o chuchu, sopa de legumes e purê de batatas.
Papel dos pais na alimentação
Em relação às atitudes e práticas de alimentação exercidas pelos pais observou-se uma relação com o estado nutricional dos pré-escolares, mas não com sexo ou idade.
Geralmente os pais se sentem responsáveis pela alimentação de seus filhos e monitoram a ingestão de alimentos não saudáveis. Já a preocupação com excesso de peso está relacionada ao estado nutricional da criança. A preocupação é maior nos pais das crianças com excesso de peso.
Pressionar a criança a comer é uma prática mais comum entre os pais das crianças mais magras. Foi observado que a probabilidade das crianças gostarem do alimento que são pressionadas a comer é menor quando comparadas com as demais.
Quanto às práticas de restrições de alimentos os dados não foram conclusivos, sendo necessários estudos complementares.