sexta-feira, 29 de abril de 2011

O alfacaroteno

Nossa saúde depende de muitos fatores, um deles é a alimentação. Saber escolher alimentos que proporcionem mais saúde e prolongue a vida é muito importante. Um elemento que nem ouvimos falar é o alfacaroteno, uma substância encontrada na abóbora e na cenoura que reduz o risco de doenças cardiovasculares e câncer em quase 40%.

O alfacaroteno tem se mostrado muito mais interessante para a saúde que seu primo famoso, o beta. Notícias vindas dos Estados Unidos mostram que o carotenoide é até dez vezes mais potente que o betacaroteno no combate a células defeituosas, precursoras de tumores. O estudo feito no Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta observou que pessoas com maior quantidade de alfacaroteno no sangue têm risco menor de morrer por diversas causas, entre elas as doenças cardíacas e o câncer.

O poder de prolongar a vida se deve à ação antioxidante do alfacaroteno que previne a mutação genética e o envelhecimento antes da hora. O alfacaroteno não costuma ser incluído em suplementos alimentares, por isso o único modo de obtê-lo é por meio do consumo alimentar. As principais fontes são os vegetais de cor laranja, amarelo-escuro e verde, como abóbora, batata doce e brócolis. 

Doenças crônicas são maior causa de mortes no mundo, diz OMS

Doenças crônicas, como câncer, problemas cardíacos e diabetes, causam mais mortes do que todas as outras doenças juntas no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).
A agência afirma que essas doenças causaram 63% das mortes do mundo em 2008 e são uma ameaça maior do que doenças infecciosas como malária, HIV e tuberculose, mesmo em países pobres.
O maior fator de risco para essas doenças é o tabagismo, que mata cerca de 6 milhões de pessoas por ano (incluindo fumantes passivos).
Até 2020, esse número aumentará para 7,5 milhões, o que corresponderá a 10% de todas as mortes no mundo.
A OMS afirma ainda que cerca de 3 milhões de pessoas morrem anualmente por falta de atividade física, 2,8 milhões, por causa da obesidade e 2,5 milhões, pelo alto consumo de álcool.
Cerca de 80% das mortes por doenças crônicas aconteceram em países de baixa renda e em desenvolvimento, segundo a OMS.
A OMS ainda listou dez ações para controle e prevenção das doenças, como banir o fumo em lugares públicos, restringir o acesso ao álcool e diminuir a quantidade de sal dos alimentos.

Pesquisa revisa 12 mil casos de câncer para definir melhores formas de tratamento

Pesquisa revisa 12 mil casos de câncer para definir melhores formas de tratamento
"É gratificante saber que somos capazes de fazer trabalhos de qualidade internacional do mesmo nível que o pessoal da Universidade de Oxford. Temos aqui uma agilidade que eles não têm lá fora." [Imagem: Antoninho Perri/Jornal da Unicamp]
Saber sobre o câncer
O uso de quimioterápicos orais não substitui com a mesma eficácia a quimioterapia endovenosa em pacientes com câncer de intestino.
Uma quimioterapia de curta duração em pacientes com câncer de pulmão apresenta os mesmo resultados que uma quimioterapia de longo prazo.
Pacientes com câncer de rim sem metástases têm melhores resultados clínicos se tratados apenas com cirurgia do que inicialmente com cirurgia e, depois, com quimioterapia, hormonioterapia ou imunoterapia.
Essas são algumas das conclusões de um estudo que revisou cerca de 12 mil casos de pacientes com diversos tipos de câncer publicados na literatura internacional.
O trabalho foi realizado no Centro de Evidência em Oncologia (Cevon) do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Medicina baseada em evidências
Criado em 2007 a partir da contratação do médico oncologista André Deeke Sasse para ensinar aos médicos residentes a metodologia da medicina baseada em evidências (MBE), o objetivo principal do Cevon é oferecer aos pacientes com câncer atendidos no ambulatório de oncologia do HC da Unicamp um cuidado mais atual e eficaz por meio da utilização das melhores evidências científicas para o tratamento do câncer.
A MBE (medicina baseada em evidências) é um movimento médico criado em 1972 pelo professor e pesquisador britânico Archie Cochrane.
A MBE se fundamenta na aplicação do método científico a toda prática médica, usando técnicas oriundas da ciência, engenharia e estatística, tais como metarrevisões da literatura existente - denominadas também de meta-análises -, análise de custo-efetividade, experimentos clínicos aleatórios e controlados, estudos naturalísticos populacionais, dentre outros.
A prática da MBE implica não somente no conhecimento e na experiência clínica, mas também em procurar, encontrar, interpretar e aplicar os resultados de estudos científicos epidemiológicos ao problema individual dos pacientes.
Implica, também, em conhecer como calcular e comunicar os riscos e os benefícios dos diferentes tratamentos existentes na medicina aos pacientes.
Meta análises
Uma meta-análise é desencadeada a partir de uma pergunta clínica.
Para ser bem formulada, ela deve ter quatro componentes e pode ser abreviada com a sigla PICO: P de paciente, população ou problema de interesse; I de intervenção principal, que pode ser uma exposição (agente etiológico), um teste diagnóstico, um fator prognóstico ou um tratamento; C de comparador, ou seja, a intervenção ou exposição a que se deseja comparar a intervenção principal; e O da palavra inglesa outcomes, ou seja, os desfechos clínicos de interesse, que podem incluir fator temporal, se relevante, como, por exemplo, sobrevida livre de doença em cinco anos.
"A pergunta de nossa última revisão sistemática com meta-análise foi a seguinte: pacientes com câncer de pulmão do tipo pequenas células com o uso de quimioterapia com cisplatina e camptotecinas (uma nova classe de drogas) comparada com o uso padrão da quimioterapia com cisplatina e etoposídeo resultam em uma melhora do tempo de vida total dos pacientes?
"Descobrimos que sim, além de diminuir os efeitos colaterais associados à terapia", explicou Sasse.
Pesquisa sem laboratório
No final de 2010, a convite da Universidade de Oxford e da Associação Médica Britânica, Sasse participou do "Evidence 2010", ocorrido em Londres, e mostrou a experiência brasileira da criação do Cevon. Segundo Sasse, o Cevon é um centro de pesquisa barato que não envolve bancadas, nem laboratórios e nem pesquisas diretas com pacientes. O caso brasileiro despertou interesse da comunidade internacional, em razão do grande número de revisões sistemáticas concluídas em tão pouco tempo.
"O André nos procurou para conduzir estudos de meta-análise desenvolvidos por ele fora da Universidade. Nós não tínhamos ninguém que fizesse isso aqui. Inicialmente, ele começou a ensinar os residentes. Hoje, ele tem vários orientandos de mestrado e doutorado", explicou a médica oncologista Carmen Silvia Passos Lima, responsável pela disciplina de oncologia clínica do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.
Assédio da indústria farmacêutica
De acordo com a professora, o trabalho do Cevon desperta também a atenção dos médicos para um assunto polêmico e atual: o assédio da indústria farmacêutica no sentido de utilizar novos medicamentos lançados no mercado.
"É fundamental que nossos alunos e residentes tenham a visão de que um artigo ou uma informação de um determinado laboratório não devam ser utilizados para mudar a conduta no tratamento dos pacientes, mas sim a somatória de diversos resultados, como o que obtemos por meio da meta-análise. Nós ensinamos isso aos nossos alunos, futuros médicos", explicou Carmen.
Segundo Sasse, dados de pesquisas patrocinadas pela indústria farmacêutica nem sempre aparecem nos artigos científicos. "Este foi um dos temas abordados no congresso. Outro ponto discutido no evento foi o quanto vale para a sociedade e para o paciente ficar vivo às custas de efeitos colaterais e de qualidade de vida deteriorada", comentou Sasse.
Idealista, o médico oncologista espera consolidar o Cevon e ampliar a MBE para o estudo de todos os tipos de câncer, além de auxiliar o desenvolvimento de diretrizes clínicas para outras disciplinas não-oncológicas. Outro objetivo de Sasse é ampliar o curso de medicina baseada em evidências para todos os residentes e para os médicos em geral da Unicamp.
"Queremos expandir essa experiência para outras áreas do HC. Desejo também ajudar a avaliar a incorporação de novas tecnologias em geral em saúde, desde equipamentos novos como máquinas de radiologia e medicina nuclear, até novas drogas para reumatologia e infectologia, criando, talvez, um núcleo de avaliação permanente dentro do HC", disse Sasse.
Mas o que mais o preocupa é a fixação dos profissionais dentro do centro, uma vez que após o término da residência ou pós-graduação, os alunos seguem outros caminhos dentro da carreira médica. "É gratificante saber que somos capazes de fazer trabalhos de qualidade internacional do mesmo nível que o pessoal da Universidade de Oxford. Temos aqui uma agilidade que eles não têm lá fora", concluiu Sasse.
Revisões sistemáticas sobre câncer
De 2008 a 2010, o Cevon completou nove revisões sistemáticas e dois estudos de custo-efetividade que foram apresentados em congressos internacionais e também submetidos à publicação em revistas médicas.
Veja abaixo um resumo dos resultados principais desses trabalhos.
Quimioimunoterapia versus quimioterapia no tratamento do melanoma maligno metastático
Aglutinou resultados de 19 estudos aleatórios sobre o tema com mais de 2,5 mil pacientes.
Demonstrou que a utilização de quimioimunoterapia - associação de imunoterapia com quimioterapia - não traz nenhum tipo de benefício aos pacientes, em comparação à quimioterapia convencional.
Pacientes não necessitam ser tratados com esquemas altamente tóxicos e com grande perda de qualidade de vida.
Combinação de bevacizumabe à quimioterapia no tratamento de pacientes com câncer de cólon
Associou resultados de cinco estudos com mais de 3 mil pacientes. Demonstrou que a nova droga de alto custo bavecizumabe pode melhorar os resultados do tipo de quimioterapia usada em pacientes com tumores intestinais.
Porém, segundo o estudo, nem todo quimioterápico terá sua eficácia aumentada.
Isso diminui a indicação da nova droga e o número de pacientes que sofrerá seus efeitos colaterais, mantendo a máxima eficácia da estratégia de tratamento.
Camptotecinas comparadas ao etoposídeo, na combinação à cisplatina, no tratamento de câncer de pulmão
O trabalho incluiu dados de oito estudos e mais de 3 mil pacientes.
Demonstrou que a utilização de quimioterapia mais moderna (irinotecano) em comparação a mais antiga (etoposídeo) aumenta um pouco o tempo de vida e a chance de controle da doença em pacientes com um tipo de câncer de pulmão (pequenas células), mas, principalmente, diminui os efeitos colaterais associados à terapia.
Duração do tratamento quimioterápico para pacientes com câncer de pulmão com metástases à distância
Combinou resultados de sete pesquisas independentes com mais de 1,5 mil pacientes estudados.
Demonstrou que um tratamento com curta duração (cerca de três meses) apresenta igual eficácia à de um tratamento mais longo, de seis meses ou mais.
Possibilita aos pacientes ficarem mais tempo sem os efeitos colaterais do tratamento. O estudo foi publicado na revista European Journal of Cancer.
Utilização de radioterapia após quimioterapia em pacientes com linfoma
Com avaliação de dados de quatro estudos e quase 2 mil pacientes, o estudo concluiu que ainda faltam dados confiáveis a respeito do potencial benefício que o tratamento com radioterapia pode adicionar aos pacientes já tratados com quimioterapia.
A maioria dos pacientes com linfoma, hoje, é tratada inicialmente com quimioterapia e depois recebe radioterapia para complementar o tratamento.
Os resultados do estudo sugerem que talvez a radioterapia não necessite ser feita, o que diminuiria drasticamente os riscos do tratamento e seus efeitos colaterais.
Terapia adjuvante à cirurgia para pacientes com câncer renal localizado
Combinando dados de mais de 2,5 mil pacientes avaliados em 10 estudos clínicos diferentes, o estudo demonstrou que pacientes com câncer de rim e sem metástases têm melhores resultados clínicos se tratados apenas com cirurgia do que se tratados inicialmente com cirurgia e depois com outras terapias (como quimioterapia, hormonioterapia ou imunoterapia).
O estudo contribuiu para evitar a indicação de tratamentos desnecessários e que potencialmente poderiam prejudicar pacientes.
Combinação de cetuximabe à quimioterapia no tratamento de pacientes com câncer de cólon
Associou resultados de seis estudos, com mais de 4 mil pacientes.
Demonstrou que a nova droga cetuximabe, de alto custo, pode melhorar os resultados da quimioterapia endovenosa em pacientes com tumores intestinais com um certo tipo de mutação genética.
Pacientes usando parte da quimioterapia por meio de comprimidos não foram beneficiados com essa associação. Isso diminui a utilização da nova droga e seleciona melhor os pacientes que podem se beneficiar da medicação.
Fluoropirimidinas orais versus fluorouracil no tratamento de pacientes com câncer colorretal
Contou com avaliação de dados de quase 12 mil pacientes de 21 estudos clínicos diferentes.
Concluiu que em pacientes com câncer de intestino o uso de quimioterápicos orais não substitui de forma igual a quimioterapia endovenosa, pois apresenta eficácia um pouco menor.
Os quimioterápicos com o nome de fluoropirimidinas (capecitabina e UFT, os mais comuns) são frequentemente usados como substitutos do fluorouracil, uma droga endovenosa geralmente utilizada em infusão lenta, de 48 horas. Apesar de mais práticos, os comprimidos são mais caros.
Imaginava-se que tivessem a mesma eficácia. O estudo provou o contrário.

Tomar suplementos alimentares pode ser faca de dois gumes

Comportamento de risco
Você pertence à metade da população que utiliza frequentemente suplementos alimentares com a esperança de que eles lhe façam bem?
Bem, de acordo com um estudo publicado na revista científica Psychological Science, parece haver uma interessante relação assimétrica entre a frequência do uso de suplementos alimentares e o estado de saúde dos indivíduos.
Ou seja, quem toma suplementos alimentares parece acreditar ter ingerido uma licença para assumir comportamentos pouco saudáveis.
"Uma revisão da literatura médica sobre a prevalência do uso de suplementos alimentares, mostra que o uso de suplementos alimentares é crescente, mas não parecia haver uma correlação disto com uma melhora na saúde pública," Wen-Bin Chiou, da Universidade Nacional de Sun Yat-Sen, em Taiwan.
Invulnerabilidade presumida
Foram feitos dois experimentos utilizando um conjunto diversificado de medidas comportamentais para determinar se o uso de suplementos alimentares poderia induzir a comportamentos danosos à saúde.
Os participantes do grupo A ficaram sabendo que iriam tomar um multivitamínico, e os participantes no grupo-controle ouviram que iriam tomar um placebo.
Na verdade, todos os participantes tomaram pílulas de placebo.
Os resultados dos experimentos demonstraram que os participantes que acreditaram que tinham tomado suplementos vitamínicos sentiam-se invulneráveis aos riscos à saúde, o que os levou a se engajar em comportamentos de risco à saúde.
Especificamente, os participantes do grupo que achava que haviam tomado suplementos usar expressaram menos vontade de praticar atividades físicas e mais desejo de se envolver em atividades prazerosas, mas não-saudáveisf.
Maldição da auto-indulgência
O que significa tudo isto?
De acordo com as conclusões do estudo, "as pessoas que usam suplementos alimentares para a proteção da saúde podem pagar um preço oculto, a maldição da auto-indulgência.
Depois de tomar suplementos alimentares no período da manhã, as pessoas devem verificar se sua invulnerabilidade ilusória não foi ativada, restaurando seu comportamento saudável," dizem os pesquisadores.
Simplificando, as pessoas que tomam suplementos alimentares podem ter a falsa ideia de que são invulneráveis a problemas de saúde e podem tomar decisões ruins quando se trata de sua saúde - como a escolha de fast food em detrimento de uma refeição saudável e orgânica.

Tipo intestinal: humanos têm três tipos diferentes de intestino

Grupo intestinal
No futuro, quando você entrar no consultório médico ou no hospital, poderão lhe perguntar não apenas sobre as suas alergias e seu grupo sanguíneo, mas também sobre o seu tipo de intestino.
Cientistas descobriram que os seres humanos têm 3 tipos diferentes do intestino, independentemente do sexo, nacionalidade e idade.
A descoberta, feita por cientistas do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL), na Alemanha, e colaboradores do consórcio internacional MetaHIT, foi publicada na revista Nature.
Marcadores genéticos microbianos
O estudo também revelou a existência de marcadores genéticos microbianos, estes sim, relacionados com características como sexo, idade e índice de massa corporal.
Estes genes bacterianos poderão no futuro ser usados para ajudar a diagnosticar e prevenir doenças como o câncer colo-retal, enquanto a informação sobre o tipo intestinal de uma pessoa poderá ajudar a delinear o melhor tratamento.
Bactérias intestinais
Todos nós temos bactérias em nosso intestino que ajudam a digerir o alimento, quebrar as toxinas e produzir algumas vitaminas e aminoácidos essenciais, além de formar uma barreira contra os invasores.
Mas a composição da comunidade microbiana intestinal - os números relativos de diferentes tipos de bactérias - varia de pessoa para pessoa.
"Nós descobrimos que a combinação dos micróbios no intestino humano não é aleatório," diz Peer Bork, coautor do estudo. "Nossa flora intestinal pode se organizar em três tipos diferentes de comunidade - três ecossistemas diferentes, por assim dizer."
Enterotipos
Bork e seus colegas primeiro analisaram as bactérias do intestino de 39 indivíduos de três diferentes continentes (Europa, Ásia e América) e, posteriormente, estenderam o estudo para um extra de 85 pessoas da Dinamarca e 154 dos Estados Unidos.
Todos estes casos podem ser divididos em três grupos, com base em quais espécies de bactérias ocorrem em números mais elevados em seu intestino: pode-se dizer que cada pessoa tem um de três tipos de intestino, ou enterotipos.
Os cientistas ainda não sabem por que as pessoas têm esses tipos diferentes do intestino, mas especulam que isto poderia estar relacionado com diferenças na forma como o sistema imunológico distingue entre bactérias amigas e nocivas, ou a diferentes formas de liberação de resíduos de hidrogênio a partir das células.
Como os grupos sanguíneos, estes tipos de intestino são independentes de características como idade, sexo, nacionalidade e índice de massa corporal.
Melhores tratamentos
Mas os cientistas descobriram, por exemplo, que o intestino de pessoas mais idosas parece ter mais genes microbianos envolvidos na quebra de carboidratos do que as pessoas mais jovens.
Possivelmente isso ocorre porque, à medida que envelhecemos, ficamos menos eficientes no processamento dos nutrientes - por isso, para sobreviver no intestino humano, as bactérias têm de assumir essa tarefa.
"O fato de que há genes bacterianos associados com características como idade e peso indica que pode haver também marcadores para características como a obesidade ou doenças como o câncer colo-retal," diz Bork, "o que poderia ter implicações para o diagnóstico e o prognóstico [dessas condições]."
Se este for realmente o caso, ao avaliar a probabilidade de que um paciente contraia uma doença em particular, os médicos poderiam procurar pistas não somente no corpo do paciente, mas também nas bactérias que vivem nele.
E, após o diagnóstico, o tratamento poderia ser adaptado para o tipo de intestino do paciente, para garantir os melhores resultados.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Número de jovens a pedir apoio psicológico está a aumentar

Estudos revelam que um em cada cinco adolescentes sofre de depressão. Alertar os jovens e o público em geral para a realidade desta doença e dar a conhecer os mecanismos de apoio existentes são os pontos centrais do colóquio «Depressão nos Jovens», a realizar-se no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (UC), depois de amanhã, às 14h. A entrada é livre.

A psicóloga Ana Melo, do Gabinete de Aconselhamento Psico-Pedagógico dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra (SASUC) e oradora do colóquio, revela que, “do número total de pedidos de consulta que são solicitados ao Gabinete, 27 por cento dos jovens apresentam critérios clínicos para a depressão”.
Uma difícil adaptação ao ambiente universitário em jovens do primeiro ano, causada pela quebra de laços familiares e dificuldades em estabelecer um novo grupo de amigos, pode conduzir a reacções depressivas. Ana Melo ressalta, ainda, que dificuldades económicas crescentes e a pressão para o sucesso são também factores que estão a contribuir para o aumento do número de jovens a pedir apoio psicológico.

De acordo com Manuel João Quartilho, professor na Faculdade de Medicina da UC e também orador do colóquio
«Depressão nos Jovens», os indícios desta doença são vários: alteração do humor, tristeza prolongada, diminuição do interesse ou prazer nas actividades comuns, irritabilidade e impaciência, diminuição da auto-estima, sentimentos de culpa e inutilidade e, mesmo, de ideação suicida. Em caso de sintomas, pedir ajuda é o passo a tomar.

Segundo Manuel Quartilho,
“por norma, os jovens com depressão tendem a pedir ajuda, nomeadamente no âmbito das suas relações familiares ou sociais” e acrescenta que “as raparigas fazem-no mais frequentemente que os rapazes”.

O colóquio conta, ainda, com a presença de Luís Providência, Vereador do Desporto, Juventude e Lazer da Câmara Municipal de Coimbra, Filipa Craveiro, da Linha SOS Estudante da Associação Académica de Coimbra (AAC), e a Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares (ADEB).


«Depressão nos Jovens»
é uma iniciativa conjunta do Museu da Ciência e do Gabinete de Apoio a Necessidades Educativas Especiais da UC e insere-se no ciclo de debates “Homem, Cidade, Ciência”, que tem como objectivo discutir diversos aspectos da vida nas cidades contemporâneas, estimulando o diálogo entre a comunidade científica, a sociedade civil e as autoridades locais, representada nesta sessão pela Câmara Municipal de Coimbra.

Tratamento de quimioterapia para cancro pode tratar a malária

Um tratamento de quimioterapia inicialmente concebido para inibir o crescimento de células cancerígenas pode também servir para acabar com o parasita da malária – do género Plasmodium. Numa investigação internacional liderada por cientistas das universidades de Glasgow e Berna conseguiu demonstrar-se que isso é possível.

O estudo, realizado com fundos da União Europeia, tem como principal objectivo encontrar tratamento para esta doença que afecta mais de 225 milhões de pessoas em todo o mundo, e provoca mais de 800 mil mortes, a maior parte de crianças.
Na investigação conseguiu observar-se que o parasita que provoca a malária depende, para poder proliferar, de uma via de sinalização presente nas células hepáticas e nos glóbulos vermelhos do hospedeiro.

Para isso, o parasita “sequestra” as quinases (enzimas) activas nas células do hospedeiro. Quando os investigadores utilizaram agentes quimioterapêuticos chamados inibidores da quinase para tratar os glóbulos vermelhos infectados pela malária, conseguiram travar o parasita.


Até agora, o parasita da malária conseguia ganhar a batalha desenvolvendo rapidamente uma resistência aos fármacos através de mutações. O facto do parasita ter de sequestrar algumas das enzimas da célula em que vive para esse efeito abre perspectivas para uma nova estratégia de luta contra a doença.


Em vez de se atacar o parasita o objectivo é fazer com que as células do organismo do hospedeiro se tornem inúteis, bloqueando as quinases.


Actualmente, já se utilizam várias quimioterapias inibidoras de quinase em tratamentos contra o cancro. E apesar dos seus efeitos secundários, são utilizados durante longos períodos. No caso da malária, o período de tratamento seria curto e por isso não haveria tanta toxicidade.


Os investigadores propõem que se analisem de imediato as propriedades anti-malária desses medicamentos para reduzir de forma drástica o tempo e o dinheiro necessários para por em prática esta nova estratégia de luta contra a doença.

Estudo revela que infecções urinárias podem ser tratadas com probiótico

Um artigo publicado na “Clinical Infectious Diseases” revela um novo tratamento com um probiótico que pode baixar a taxa de recorrência de infecções urinárias em mulheres. Comuns entre o sexo feminino, estas infecções têm como principal problema “a resistência aos antibióticos”, referiu Thomas M. Hooton, um dos autores do estudo, sublinhando a necessidade crescente de se desenvolver outro tipo de métodos para tratá-las e preveni-las.

Quando recorrentes, as infecções urinárias devem-se a alterações na flora vaginal, devido à redução de uma bactéria designada por Lactobacillus crispatus (L. crispatus), que, predominantemente, “está presente na vagina das mulheres saudáveis”, acrescentou o investigador. A ausência desta bactéria facilita o crescimento de bactérias patogénicas, pelo que a sua reposição pode ser um método eficaz na prevenção da infecção urinária.
Neste estudo participou uma centena de mulheres com um histórico de infecções urinárias recorrentes e as quais tinham sido tratadas com antibióticos. Os cientistas da Universidade de Washington, nos EUA, dividiram-nas em dois grupos. Umas foram sujeitas a um tratamento com um supositório intravaginal que continha o probiótico L. crispatus, chamado LACTIN-V. O outro grupo foi tratado com um placebo durante cinco dias seguidos. Posteriormente todas as participantes receberam o mesmo tratamento uma vez por semana, ao longo de dois meses e meio.

Os testes realizados mostraram que sete das mulheres que receberam o probiótico tiveram pelo menos uma infecção urinária, o que aconteceu com 13 das voluntárias do grupo de controlo.

Os autores do estudo acreditam que estes resultados foram “bastante promissores”. No entanto, admitem que é necessário aprofundar esta investigação, a fim de avaliar se este novo tratamento tem potencial para substituir a utilização de antibióticos.

Novo dispositivo para tratamento de cancro aumenta qualidade de vida dos doentes

O tratamento do cancro tem mais um aliado: um dispositivo portátil, já aprovado nos Estados Unidos, que interrompe a divisão das células cancerígenas onsequentemente, trava o crescimento e propagação de tumores no cérebro.

O aparelho, fabricado em Israel, foi concebido para tratar adultos com um dos cancros mais comuns e que mais resistem aos tratamentos de quimio e radioterapia, o glioblastoma multiforme (GBM). "O glioblastoma multiforme recorrente é um tipo de cancro cerebral devastador que frequentemente resiste aos tratamentos padrões", explicou Jeffrey Shuren, director da Food and Drug Administration (FDA), entidade americana responsável pela aprovação deste dispositivo.
Esta nova alternativa de tratamento, que foi aprovada depois de realizado um estudo internacional com 237 doentes, é composta por um conjunto de eléctrodos implantados no couro cabeludo do doente que emitem descargas eléctricas de baixa intensidade para “atacar” o tumor cerebral. Com um peso de 2,7 quilogramas, funciona com baterias ou com energia eléctrica. Pode ser utilizado em casa pelos doentes, que conseguem assim manter as suas actividades diárias com normalidade.

A  principal vantagem da utilização do “NovoTTF-100A” consiste, precisamente, na melhoria da qualidade de vida e não no aumento do período de sobrevivência dos doentes, comparativamente aos que se submetem a quimioterapia. O estudo registou que, em ambos os casos, há seis meses de vida adicionais.

De acordo com a FDA, os doentes que foram submetidos ao tratamento com o dispositivo sentiram uma maior incidência de efeitos neurológicos secundários, incluindo convulsões e dores de cabeça, em comparação aos que recorreram à quimioterapia. Contudo, não reportaram problemas de náuseas, anemia, fadiga, diarreia e infecções graves, como habitualmente ocorre com a toxicidade da quimioterapia.

A pele electrónica

A nossa pele tem resistência com memória e, segundo pesquisadores da Universidade de Oslo, isso torna-a em algo parecido a um memristor. O memristor é um engenho que se "lembra" da última voltagem a que foi sujeito e varia a sua resistência levando isso em conta.
A New Scientist explicou o que foi descoberto:
Verificou-se que quando uma potencial electricidade negativa é aplicada à pele das várias partes do braço, essa parte da pela exibe uma resistência inferior em relação a uma corrente subsequencial através da pele. Mas se o primeiro potencial é positivo em relação à pele, então um potencial subsequente produz corrente que encontra uma resistência superior.
Dito de outra forma, a pele tem memória da corrente prévia.
O cientistas atribuem esta habilidade aos poros sudoríferos. As glândulas sudoríferas contêm sódio, uma substância condutora.
Quanto mais tempo a pele está exposta a potencial negativo, menor é a resistência subsequente até que atinge o máximo quando o suor preenche os poros. Do mesmo modo um potencial positivo empurra os iões para trás, tornado a camada de suor por cima dos poros mais fina e aumentado a resistência à corrente.
Não se sabe qual é a função que esta habilidade dá à pele, mas pesquisas futuras podem trazer mais respostas.
Outro cientista da Universidade da Carolina do Sul encontrou comportamento memristorativo nas amebas e qualificou-o de "inteligência primitiva". Qualquer que seja a função, estas pesquisas podem fornecer aos médicos novas formas de testar e resolver as deformações epidérmicas.

10 mil novos cancros da pele por ano em Portugal

Dez mil novos cancros da pele surgem por ano em Portugal, provocados por exposições solares excessivas, alertou a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, quando os portugueses começam a expor-se ao sol.
«São para cima de 10 mil novos casos de cancros da pele por ano e mais de mil novos melanomas [cancro da pele de maior gravidade]», disse à agência Lusa o dermatologista e secretário-geral da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, Osvaldo Correia.
Esta advertência surge também numa altura em que os raios ultravioletas atingem índices muito altos. 

Diário Digital / Lusa

Antidepressivos podem estreitar as artérias

Uma pesquisa da Universidade Emory, em Atlanta, afirma que o uso constante e excessivo de medicamentos antidepressivos ajuda a estreitar os vasos sanguíneos. Essa tendência influencia diretamente o risco de ataques cardíacos e derrame, motivo pelo qual essa pesquisa gerou preocupação e ganhou destaque em um congresso de cardiologia realizado recentemente nos EUA.

O estudo chegou a um numero exato: usar remédios contra a depressão causa um encolhimento de 370 micra (mícron é medida de alta definição usada na medicina) na artéria carótida, o que representa 5% da espessura. Essa média foi tirada de exames com 500 americanos de 55 anos de idade, usuários de medicamento antidepressivo.

Uma comparação interessante foi feita com 59 pares de gêmeos, onde um dos irmãos fazia uso desses remédios e o outro não. Aqueles que tomam o medicamento tiveram 41 micra de encolhimento a mais. Os médicos se perguntaram se o encolhimento da artéria carótida não era fruto da depressão em si, e não do medicamento. Mas até agora não se encontrou evidências de que a depressão seja parte no processo.

O que se teoriza é que o estreitamento dos vasos seja um problema hormonal. Como o medicamento antidepressivo libera quantidades, no cérebro, de substâncias que em excesso estimulam o encolhimento arterial. Mas isso não significa, como explica um dos pesquisadores, que você não deva de nenhuma maneira tomar antidepressivos. Depende de cada caso.


Reuters

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tratamentos para o câncer de próstata

Uma pesquisa feita nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil mostrou que o câncer recorrente de próstata pode ser curado.
Até agora, a doença, quando aparecia pela segunda vez, após o tratamento com radioterapia, era considera incurável.
Os pacientes com o diagnóstico de tumor maligno na próstata têm duas opções de tratamento: a cirurgia para a retirada da glândula - que pode trazer complicações, como a impotência, em 50% dos casos, e a incontinência urinária - ou o tratamento com radioterapia, que também pode deixar sequelas, mas em menores proporções.
É possível curar
Nos casos em que a opção pela radioterapia, após o tratamento, o tumor voltava, a doença era considerada sem cura, e o único tratamento disponível é o da hormonoterapia, que consiste em bloquear a produção do hormônio masculino no organismo.
Isso retarda o desenvolvimento do câncer, mas não o cura, e dá sobrevida, em média, de mais dois anos ao paciente.
De acordo com um dos coordenadores da pesquisa, o médico do Instituto do Câncer de São Paulo, Daher Chade, a operação de retirada da próstata, depois da reincidência do câncer, não era feita em razão de, geralmente, a radioterapia produzir aderências na região da glândula, o que prejudicava a cirurgia.
"O que foi descoberto com essa pesquisa é que nessa situação, os pacientes que fizeram radioterapia, e o tumor voltou, a cirurgia pode ser feita com segurança. Com a radioterapia mais moderna, a radiação ocorre mais no interior da próstata para eliminar o tumor, e causa menos aderência ao redor da glândula", afirmou.
Sobrevida surpreendente
O estudo publicado na semana passada, e que começou a ser feito nos Estados Unidos há cerca de 25 anos, apresentou resultados surpreendentes para os pesquisadores.
Cerca de 77% dos pacientes que fizeram a cirurgia após o reaparecimento do tumor estavam, dez anos após a cirurgia, sem nenhum sinal de disseminação da doença.
Outro dado importante obtido, foi a constatação de que 83% dos pacientes estavam vivos uma década após a cirurgia.
"Esse é um tempo muito longo para um tumor que se achava incurável, e que era instituído um tratamento de hormônio, para que o paciente vivesse só mais dois ou três anos".
O médico ainda destacou que os médicos não precisam aprender uma técnica nova para fazer cirurgia, já que o procedimento é o mesmo já utilizado nos casos em que o tumor aparece pela primeira vez.
"Os urologistas já sabem fazer essa cirurgia. O que é preciso é adquirir experiência, porque, até agora, poucos cirurgiões faziam essa cirurgia porque não se sabia que ela era benéfica para o paciente".
A pesquisa analisou 404 pacientes de todo mundo, que tinham, em média, 65 anos de idade.

Transtorno Bipolar é dividido em quatro subtipos

O transtorno bipolar não é mais considerado uma única doença. 

Os profissionais de saúde mental agora classificam quatro principais subtipos da doença, referidos como “espectro do transtorno bipolar”: bipolar I, bipolar II, transtorno bipolar não especificado e ciclotimia.

Fatores que diferenciam os tipos de transtorno bipolar incluem a duração e a intensidade das variações de humor. A classificação é importante, pois saber que tipo um paciente tem pode ajudar os médicos a escolher o melhor tratamento.

O transtorno bipolar I é considerado o “clássico”. Os pacientes sofrem um ou mais episódios maníacos com duração de pelo menos uma semana, e quase sempre um ou mais episódios depressivos.

Também pode causar psicose, que podem incluir alucinações (ver coisas que não existem) ou delírios (fortes crenças não baseadas na realidade e não influenciadas pelo pensamento racional).

Episódios maníacos trazem um humor anormalmente elevado; a pessoa se agita, tem ideias grandiosas, precisa de menos sono, fica facilmente distraída e age impulsivamente.

Episódios depressivos trazem sentimentos de tristeza, desesperança, culpa, inutilidade e pessimismo. Os pacientes podem ter dificuldade de concentração, perda de interesse em atividades diárias e mudanças nos hábitos alimentares e de sono. É considerado um episódio depressivo se a pessoa experimenta vários desses sintomas por mais de duas semanas.

Homens e mulheres são igualmente propensos a ter transtorno bipolar, mas os homens são mais propensos a ter seu primeiro episódio maníaco mais jovem. A doença também ocorre igualmente entre as etnias.

No transtorno bipolar I, os períodos de depressão duram mais do que os episódios maníacos. A depressão pode durar um ano ou mais, enquanto episódios maníacos raramente duram mais do que alguns meses.

Se o tratamento for bem sucedido, os pacientes bipolares podem passar meses ou anos com humor estável entre episódios, embora um terço deles mantenha sintomas residuais.

A depressão também é a principal característica do transtorno bipolar II. Os pacientes têm períodos de humor elevado, mas menos acentuados. Em vez de mania, as pessoas com bipolar II experimentam hipomania, uma forma mais leve de mania.

Estudos mostram que as mulheres são ligeiramente mais propensas a ter bipolar II. Embora uma pessoa com bipolar tipo II possa negar que algo está errado, seus parentes podem perceber que ela está agitada demais ou estranhamente otimista.

O transtorno bipolar II é por vezes confundido com depressão porque os períodos hipomaníacos são mais difíceis de detectar. Com o tempo, sem tratamento, a hipomania pode evoluir para a mania ou se transformar em um estado depressivo.

Já o transtorno bipolar não especificado é uma categoria abrangente para aqueles que parecem ter transtorno bipolar, mas que não se encaixam em nenhuma categoria. Por exemplo, para uma doença ser considerada bipolar I, um episódio maníaco tem que durar pelo menos uma semana. Se o episódio maníaco dura apenas três dias, os médicos afirmam que o paciente tem transtorno bipolar não especificado.

As pessoas com ciclotimia são muitas vezes consideradas por seus parentes como “extremamente temperamentais”. Elas têm “altos e baixos” (em ciclos, explicados abaixo), nenhum tão grave ou durando o tempo suficiente para se qualificar como mania ou depressão.

Pessoas com ciclotimia pode ter explosões de energia e precisam de menos sono, seguido de depressão leve. Poucas procuram médico para tratar a doença. Alguns profissionais de saúde mental consideram a ciclotimia uma condição distinta do transtorno bipolar. Outros dizem que é um traço de personalidade, ainda que relacionado com o transtorno bipolar.

Pesquisas mostram que pessoas que têm um familiar próximo com ciclotimia são mais propensas a ter transtorno bipolar. Além disso, pessoas com transtorno bipolar têm mais tendência a experimentar ciclotimia entre os episódios de depressão ou mania.

O transtorno bipolar é uma condição complexa de diagnosticar. Os sintomas podem variar não só entre categorias, mas entre pessoas. Os pacientes também podem experimentar episódios mistos, com sintomas de depressão e mania simultaneamente.

Na doença, as emoções ficam completamente desreguladas. Você nunca sabe como um bipolar vai responder a uma crítica; chorando absurdamente ou agredindo seu crítico, por exemplo.

Além disso, mesmo que você tenha sido diagnosticado com um tipo particular de bipolar, isso não significa que seus sintomas permanecerão os mesmos ao longo do tempo, ou que você permanecerá no mesmo subtipo.

Sem tratamento, o transtorno bipolar tende a piorar com o tempo. Os episódios podem ser mais graves ou podem começar a ocorrer rapidamente. Cerca de 20 a 25% das pessoas têm quatro ou mais episódios distintos de mania ou depressão em um ano.

Isso é chamado de ciclo rápido, e pode ocorrer em pessoas com transtorno bipolar I, II ou não especificado. A ciclagem rápida tende a acontecer com a doença avançada e é mais comum em mulheres do que homens.

Mesmo dentro da ciclagem rápida do transtorno bipolar há muitas variáveis. Enquanto alguns têm períodos de normalidade entre os episódios, outros vão de alto a baixo sem qualquer quebra – ciclo contínuo. Outros podem ainda ter uma ciclagem ultra-rápida, com múltiplas mudanças de humor em um único dia.

A ciclagem apresenta desafios para os médicos; o tratamento correto é difícil de ser diagnosticado, porque os antidepressivos podem piorar episódios maníacos, etc.

A melhor coisa nessa situação é que o paciente ou seus parentes anotem os detalhes de seus episódios maníacos, incluindo sintomas, sentimentos, e quanto tempo dura cada episódio, para que o médico seja capaz de ajudar.

Injeção protetora

Um grupo internacional de pesquisadores acaba de anunciar que, a partir de uma nova descoberta, poderá desenvolver uma terapia que, com uma simples injeção, limitaria as consequências devastadoras de ataques cardíacos e derrames.
O estudo, que será publicado esta semana na revista Proceedings of the National Academy of SciencesPNAS), foi coordenado por Wilhelm Schwaeble, do Departamento de Infecção, Imunidade e Inflamação da Universidade de Leicester (Reino Unido), que descreveu o trabalho como "uma conquista nova e fascinante". (
Segundo ele, a equipe já começou a transformar a pesquisa em novas terapias clínicas. O estudo foi feito em parceria com colaboradores do King's College London (Reino Unido), da Universidade Médica de Fukushima (Japão) e da Universidade Estadual de Nova York (Estados Unidos).
Os cientistas identificaram a enzima serina-protease associada à lectina ligadora de manose-2 (MASP-2, na sigla em inglês), encontrada no sangue e componente central da via das lectinas de ativação do complemento, um componente do sistema imune inato.
A via da lectina é responsável pela potencialmente devastadora resposta inflamatória do tecido, que pode ocorrer quando qualquer tecido ou órgão do corpo é reconectado ao suprimento sanguíneo depois de uma isquemia –uma perda temporária do fornecimento de sangue e do oxigênio que ele transporta.
Essa resposta inflamatória excessiva é, em parte, responsável pela morbidade e mortalidade associadas ao infarto do miocárdio e aos acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Além disso, o trabalho indicou uma maneira de neutralizar essa enzima, aumentando um anticorpo terapêutico contra ele.
Uma única injeção de anticorpos em animais tem se mostrado suficiente para interromper o processo molecular que leva à destruição de tecidos e órgãos que acompanha os eventos isquêmicos, resultando em danos significativamente menores.
"Essa é uma conquista fascinante na busca de novos tratamentos que possam reduzir de forma considerável o dano tecidual e deficiência nas funções dos órgãos, que ocorrem após isquemia em condições graves como ataques cardíacos e derrames", disse Schwaeble.
"Também ficou demonstrado em animais que essa nova terapia potencial foi capaz de melhorar significativamente os resultados de cirurgias de transplante e pode ser aplicável a qualquer procedimento cirúrgico no qual a viabilidade do tecido estiver em risco devido à interrupção temporária do fluxo sanguíneo”, afirmou.
"O foco principal do estudo consistiu em identificar um mecanismo molecular responsável pela resposta inflamatória exacerbada que pode causar uma destruição considerável nos tecidos e órgãos após a perda temporária do fornecimento de sangue – um fenômeno fisiopatológico conhecido como isquemia e reperfusão", disse.
"Limitando respostas inflamatórias nos tecidos privados de oxigênio é possível melhorar os resultados de forma dramática, aumentando a taxa de sobrevivência entre os pacientes que sofrem ataques cardíacos ou derrames cerebrais", afirmou Schwaeble.
Nos últimos sete anos a equipe da Universidade de Leicester tem trabalhado em estreita colaboração com um parceiro comercial, a empresa Omeros, em Seattle (Estados Unidos), a fim de desenvolver anticorpos terapêuticos para a pesquisa e para aplicações clínicas.
A Omeros detém com exclusividade os direitos de propriedade intelectual das proteínas MASP-2 e de todos os anticorpos terapêuticos que visam a MASP-2. A empresa já começou a fabricação escalonada de um anticorpo para o uso em ensaios clínicos humanos.
O artigo Targeting of mannan-binding lectin-associated serine protease-2 confers protection from myocardial and gastrointestinal ischemia/reperfusion injury, de Wilhelm Schwaeble e outros, poderá ser lido em breve na PNAS em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1101748108.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Médicos colombianos permitem dar médico de família a mais de 22.000 pessoas no Algarve


A contratação de 13 médicos colombianos para o Algarve, por um período de três anos, vai permitir dar médico de família a mais de 22.000 pessoas, revelou hoje a Administração Regional de Saúde do Algarve (ARS).
Os médicos colombianos vão trabalhar nos Centros de Saúde de Aljezur, Vila do Bispo, Lagos, Portimão, Silves, Albufeira, Loulé e Olhão, exercendo ainda funções nos Serviços de Urgência Básicos de Albufeira, Loulé e Vila Real de Santo António.
Os médicos foram contratados pela ARS, ao abrigo de um Protocolo estabelecido entre os Ministérios da saúde de Portugal e Colômbia.
Os 13 médicos que vão dar médico de família a mais 22.000 pessoas estão já inscritos na Ordem dos Médicos, possuindo todas as habilitações necessárias para exercício livre da Medicina em Portugal, depois de antes terem visto reconhecidas as suas licenciaturas por uma Faculdade de Medicina portuguesa.
A ARS salienta que, desde 2005, em conjunto com o Ministério da Saúde, tem vindo a tomar «várias medidas estruturais para resolver a falta de médicos, em particular de Médicos de Família, no Serviço Nacional de Saúde e na região do Algarve».
Entre estas medidas a ARS destaca «o aumento das vagas no curso de Medicina, sendo que no ano letivo 2010/2011 serão admitidos no primeiro ano 1575 alunos», e «a criação do curso de Medicina na Universidade do Algarve em 2009/2010, visando atrair novos profissionais para o Sul do país».
Outras medidas passam pelo grande aumento do número de médicos em formação na especialidade de Medicina Geral e Familiar. No Algarve, o número de médicos em formação no internato da especialidade passou de 18 em 2005 para 36 em 2011, e em 2011 entrarão para o internato da especialidade no Algarve, 11 jovens médicos.
Por outro lado, segundo a ARS, «a reorganização dos serviços através da criação de nove Unidades de Saúde Familiar, 282 no país, hoje em funcionamento, que permitiram dar já acesso a Médico de Família a mais de 16.000 utentes, 452.447 no país», deu também um importante contributo.
Em nota de imprensa, a ARS conclui que «o Ministério da Saúde prosseguirá o atual esforço de recrutamento de novos médicos em vários países, no quadro de acordos de cooperação entre Estados, e respeitando as carências que outros países também têm, de acordo com o princípio da reciprocidade».
Barlavento

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Descoberto mecanismo celular implicado em doenças degenerativas

Uma equipa de investigadores em Itália, que inclui uma portuguesa, descobriu um mecanismo básico que ocorre nas células e como tornar as mitrocondrias mais eficientes, o que pode abrir portas na investigação de doenças como o Alzheimer, embora não tenha "uma aplicação directa na cura", explicou à agência Lusa Lígia Gomes, estudante da Universidade de Coimbra, que se encontra a fazer investigação na Universidade de Pádua, em Itália.

A equipa de investigadores daquela universidade concluiu que, ao induzir a autofagia nas mitocondrias - estruturas das células que produzem energia -, estas "mudam de forma e tornam-se mais eficientes, algo que, se não acontecer, põe em causa a sobrevivência das células", disse.

Lígia Gomes desenvolveu o trabalho de pesquisa na Universidade de Pádua juntamente com os investigadores italianos Giulietta Di Benedetto e Luca Scorrano, também professor na Universidade de Genebra.
Segundo a portuguesa, que é a primeira autora deste estudo, a descoberta de um novo papel das mitocondrias abre portas,  pois a sua desregulação está envolvida em várias doenças. "Em algumas – como a doença de Huntington [um distúrbio neurológico] - sabemos que as mitocondrias estão fragmentadas. Se evitarmos isso, garantimos a sobrevivência das células", referiu.

Conhecer o comportamento das mitocondrias pode ainda ajudar na descoberta de "novas estratégias para controlar a sobrevivência das células, seja para evitar que morram excessivamente, como ocorre nas doenças neurodegenerativas (casos do Alzheimer e do Parkinson), ou para controlar a sobrevivência descontrolada que se observa nos tumores cancerígenos".

Apesar de não ter aplicação directa, esta descoberta, que foi publicada na revista científica britânica
"Nature Cell Biology", garante Lígia Gomes, "abre perspectivas, já que desvendou um mecanismo fundamental das células".

Estudo indica que cérebro "encolhe" dez anos antes do diagnóstico da doença de Alzheimer

Um estudo publicado na revista "Neurology" indica que algumas partes do cérebro afectadas pelo Alzheimer começam a encolher dez anos antes de esta doença degenerativa incurável poder ser diagnosticada.
Embora sejam ainda resultados preliminares, os investigadores consideram que, futuramente, esta descoberta poderá permitir, com ajuda da ressonância magnética (RM), determinar quais são as pessoas que apresentam maior risco de desenvolver a doença, às vezes hereditária.

Neste trabalho, os investigares mediram, através de RM, as zonas cerebrais geralmente afectadas pelo Alzheimer de 64 pessoas saudáveis, sem problemas de memória ou outros sintomas de demência, sendo que todos os participantes do estudo foram acompanhados pelos especialistas por um período de sete a 11 anos.

Os cientistas constataram que as pessoas com menor espessura do córtex tinham grandes hipóteses de contrair a doença, em comparação às que possuíam as mesmas partes cerebrais mais espessas.

Assim, no grupo de 11 elementos que tinham as zonas cerebrais estudadas mais modestas, 55 por cento desenvolveram a doença de Alzheimer. Por outro lado, nenhum paciente do grupo de nove pessoas com maiores espessuras dessas mesmas partes do cérebro foi alvo desta doença neurodegenerativa. No grupo dos indivíduos com um tamanho médio dessas regiões cerebrais, 20 por cento contrairam a doença.

"Estes dados são um indicador potencialmente importante das primeiras mudanças relacionadas com o Alzheimer e podem ajudar a prever quais são as pessoas com maior risco de sofrer desta doença e talvez também determinar quando se vai dar a manifestação da doença", explicou Bradford Dickerson, investigador da Universidade de Harvard e primeiro autor do estudo.

Teia neural da esquizofrenia

Pesquisadores norte-americanos deram um passo importante para identificar as causas biológicas da esquizofrenia, conjunto de transtornos mentais graves que atingem cerca de 60 milhões de pessoas no mundo – por volta de 1,8 milhão no Brasil – e se caracterizam por distanciamento emocional da realidade, pensamento desordenado, crenças falsas (delírios) e ilusões (alucinações) visuais ou auditivas.
Alguns desses sinais são semelhantes aos apresentados pelo jovem Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, que no início de abril matou 12 crianças em uma escola no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro, antes de se suicidar.
A equipe coordenada pelo neurocientista Fred Gage, do Instituto Salk de Estudos Biológicos, na Califórnia, conseguiu transformar células da pele de pessoas com esquizofrenia em células mais imaturas e versáteis. Chamadas de células-tronco de pluripotência induzida (iPS, na sigla em inglês), essas células foram depois convertidas em neurônios, uma das variedades de células do tecido cerebral. O estudo foi publicado nesta quinta-feira no site da revista Nature.
Essa mudança forçada de função gerou o que os pesquisadores acreditam ser cópias fiéis, ao menos do ponto de vista genético, das células do cérebro de quem tem esquizofrenia, que, por óbvios motivos éticos, antes só podiam ser analisadas depois da morte.
Como são geneticamente idênticos às células cerebrais de quem desenvolveu esquizofrenia, esses neurônios fabricados em laboratório são importantes para compreender a enfermidade, que tem importante componente genético, porque permite aos pesquisadores desprezar a influência de fatores ambientais, como o uso de medicamentos ou o contexto social em que as pessoas vivem.
“Não se sabe quanto o ambiente contribui para a doença. Mas, ao fazer esses neurônios crescerem em laboratório, podemos eliminar o ambiente da equação e começar a focar nos problemas biológicos”, disse Kristen Brennand, pesquisadora do grupo de Gage e primeira autora do artigo.
Segundo Gage, é a primeira vez que se consegue criar, a partir de células de seres humanos vivos, um modelo experimental de uma doença mental complexa.
“Esse modelo não apenas nos dá a oportunidade de olhar para neurônios vivos de pacientes com esquizofrenia e de pessoas saudáveis, como também deve permitir entender melhor os mecanismos da doença e avaliar medicamentos que podem revertê-la”, disse o cientista que há alguns anos demonstrou que o cérebro adulto continua a produzir neurônios.
Depois de converter em laboratório células da pele em neurônios, Brennand realizou testes para verificar se eles se comportavam de fato como os neurônios originais e eram capazes de transmitir informação de uma célula a outra. As células cerebrais obtidas a partir de células da pele (fibroblastos) funcionavam, sim, como neurônios. “Em vários sentidos, os neurônios ‘esquizofrênicos’ são indistintos dos saudáveis”, disse.
Mas há diferenças. A pesquisadora notou que os novos neurônios de quem tinha esquizofrenia apresentavam menos ramificações do que os das pessoas saudáveis. Essas ramificações são importantes porque permitem a comunicação de uma célula cerebral com outra – e geralmente são encontradas em menor número em estudos feitos com modelo animal da doença e em análises de neurônios extraídos após a morte de pacientes com esquizofrenia.
Nos neurônios dos esquizofrênicos, a atividade genética diferiu daquela observada nas pessoas sem a doença. Os autores do estudo viram que o nível de ativação de 596 genes era desigual nos dois grupos: 271 genes eram mais ativos nas pessoas com esquizofrenia – e 325 menos expressos – do que nas pessoas sem o problema.
Em um estágio seguinte, Brennand deixou os fibroblastos convertidos em neurônios em cinco soluções diferentes, cada uma contendo um dos cinco medicamentos mais usados para tratar esquizofrenia – os antipsicóticos clozapina, loxapina, olanzapina, risperidona e tioridazina.
Dos cinco, apenas a loxapina foi capaz de reverter o efeito da ativação anormal dos genes e permitir o crescimento de mais ramificações nos neurônios. Esses resultados, porém, não indicam que os outros quatro compostos não sejam eficientes. “A otimização da concentração e do tempo de administração pode aumentar os efeitos das outras medicações antipsicóticas”, escreveram os pesquisadores.
“Esses medicamentos estão fazendo mais do que achávamos que fossem capazes de fazer. Pela primeira vez temos um modelo que permite estudar como os antipsicóticos agem em neurônios vivos e geneticamente idênticos aos de paciente”, disse a pesquisadora. Isso é importante porque torna possível comparar os sinais da evolução clínica da doença com os efeitos farmacológicos.
“Por muito tempo as doenças mentais foram vistas como um problema social ou ambiental, e as pessoas achavam que os pacientes poderiam superá-las caso se esforçassem. Estamos mostrando que algumas disfunções biológicas reais nos neurônios são independentes do ambiente”, disse Gage.
O artigo Modelling schizophrenia using human induced pluripotent stem cellsNature em (doi:10.1038/nature09915), de Fred Gage e outros, pode ser lido na www.nature.com.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Morreu Nobel da Medicina que descobriu vírus da hepatite B

O Prémio Nobel da Medicina Baruch Blumberg, que descobriu o vírus da hepatite B, morreu na terça-feira aos 85 anos, anunciou a NASA, citada pelas agências de notícias internacionais.
O investigador morreu, aparentemente devido a um enfarte, numa conferência da agência espacial norte-americana, na Califórnia.
Baruch Blumberg ganhou em 1976 o Nobel da Medicina pelo seu contributo para a identificação do vírus da hepatite B e posterior descoberta da vacina da doença.

Diário Digital / Lusa

Saúde: OMS alerta para resistência aos antibióticos

A resistência aos antibióticos é cada vez maior e muitas infeções são agora mais difíceis de curar, o que leva a tratamentos caros e prolongados e a um aumento do risco de morte, alerta a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Hoje, quando se assinala o Dia Mundial da Saúde, que este ano decorre sob o tema «Combater a Resistência aos Antibióticos», a OMS apela a uma ação urgente e concertada dos governos, profissionais de saúde, indústria, sociedade civil e pacientes para desacelerar o aumento da resistência aos medicamentos, limitar o seu impacto e preservar os avanços médicos para as gerações vindouras.
«A mensagem neste Dia Mundial da Saúde é muito clara. O mundo está perto de perder as suas curas milagrosas», afirma a diretora-geral da OMS num comunicado hoje divulgado.

Diário Digital / Lusa

Olhos a partir de células-tronco

Cientistas japoneses conseguiram fazer com que células-tronco cultivadas em laboratório se organizassem sozinhas em uma estrutura complexa semelhante ao olho.
A novidade, destaque na edição desta quinta-feira (7/4) da revista Nature, poderá auxiliar no desenvolvimento de novas alternativas para transplantes de retina e tratamento de doenças oculares.
Yoshiki Sasai, do Centro de Biologia do Desenvolvimento Riken, em Kobe, e colegas obtiveram aglomerados de células-tronco embrionárias de camundongos em um meio de cultura desenhado especialmente para a pesquisa.
As células se organizaram espontaneamente em uma estrutura de camadas e tridimensional. A estrutura se mostrou semelhante à do cálice óptico, estágio de formação do olho no feto que se desenvolve nas camadas interna e externa da retina durante a embriogênese.
De acordo com os autores do estudo, a organização das células-tronco não era esperada, uma vez que a cultura se iniciou como um agregado sem padrão de células homogêneas, que não foi induzido a assumir uma forma específica.
A pesquisa destaca como a formação do cálice óptico depende de uma programação intrínseca, sequencial e auto-organizada que direciona o destino e a posição das células, bem como o formato dessa estrutura embrionária do olho.
“Com esse estudo, conseguimos resolver um problema em embriologia que permanecia há quase um século, ao mostrar que precursores da retina têm a capacidade inerente de dar origem à estrutura complexa do cálice óptico”, disse Sasai.
“É estimulante pensar que agora estamos no caminho de nos tornarmos capazes não apenas de gerar tipos de células diferenciadas, mas também tecidos organizados, que podem abrir novos caminhos para aplicações na medicina regenerativa”, disse o cientista.
O artigo Self-organizing optic-cupmorphogenesis in three-dimensional cultureNature em (doi:10.1038/nature09941), de Mototsugu Eiraku e outros, pode ser lido na www.nature.com.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Gene ligado ao consumo de álcool

Uma pesquisa conduzida por um grupo internacional de dezenas de cientistas conseguiu identificar um gene que pode ter um papel importante no consumo de álcool. O estudo é destaque na nova edição da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
 
Os pesquisadores analisaram amostras de DNA de mais de 26 mil voluntários em busca de genes que pudessem afetar o consumo de bebidas alcoólicas. Os resultados foram comparados com dados de outras 21 mil pessoas. Os participantes disseram quando bebiam por meio de questionários.
De acordo com os autores, encontrar uma variante genética que influencia os níveis de consumo de álcool pode levar a um melhor entendimento sobre os mecanismos por trás do alcoolismo.
O gene é denominado AUTS2, sigla para “candidato para suscetibilidade ao autismo número 2”. Estudos anteriores indicaram a relação do gene com o autismo e com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
A nova pesquisa, liderada por cientistas do Imperial College London e do King's College London, verificou que há duas versões do AUTS2, uma três vezes mais comum do que a outra.
Indivíduos com a versão menos comum do gene bebem em média 5% menos álcool do que as pessoas com a versão mais comum, apontou o estudo.
O gene se mostrou mais ativo nas regiões do cérebro associadas com mecanismos de recompensa neurofisiológicas, o que sugere que possa ter um papel importante na regulagem na resposta à ingestão de bebidas alcoólicas.
Sabe-se que o consumo de álcool é parcialmente determinado geneticamente, mas até agora o único gene conhecido com contribuição significativa era um que decodifica a álcool-desidrogenase, enzima que quebra as moléculas do álcool no fígado.
“Claro que há muitos fatores que afetam quanto de álcool uma pessoa bebe, mas sabemos que os genes têm um papel importante. A diferença promovida por esse gene específico [AUTS2] é pequena, mas, ao descobrir o seu papel, abrimos uma nova área na pesquisa sobre os mecanismos biológicos que controlam a ingestão de bebidas alcoólicas”, disse Paul Elliott, da Escola de Saúde Pública do Imperial College London, um dos coordenadores da pesquisa.
“Uma vez que as pessoas bebem por motivos muito diferentes, entender o comportamento especificamente influenciado pelo gene identificado ajuda a compreender melhor as bases biológicas desses motivos. Esse é um passo importante em busca do desenvolvimento de prevenções e tratamentos individuais para o abuso de álcool e para o alcoolismo”, disse Gunter Schumann, do Instituto de Psiquiatria do King's College London, primeiro autor do artigo.
O artigo Genome-wide association and genetic functional studies identify autism susceptibility candidate 2 gene (AUTS2) in the regulation of alcohol consumption (doi/10.1073/pnas.1017288108), de Gunter Schumann e outros, poderá ser lido na PNAS em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1017288108.