quarta-feira, 27 de abril de 2011

Tratamento de quimioterapia para cancro pode tratar a malária

Um tratamento de quimioterapia inicialmente concebido para inibir o crescimento de células cancerígenas pode também servir para acabar com o parasita da malária – do género Plasmodium. Numa investigação internacional liderada por cientistas das universidades de Glasgow e Berna conseguiu demonstrar-se que isso é possível.

O estudo, realizado com fundos da União Europeia, tem como principal objectivo encontrar tratamento para esta doença que afecta mais de 225 milhões de pessoas em todo o mundo, e provoca mais de 800 mil mortes, a maior parte de crianças.
Na investigação conseguiu observar-se que o parasita que provoca a malária depende, para poder proliferar, de uma via de sinalização presente nas células hepáticas e nos glóbulos vermelhos do hospedeiro.

Para isso, o parasita “sequestra” as quinases (enzimas) activas nas células do hospedeiro. Quando os investigadores utilizaram agentes quimioterapêuticos chamados inibidores da quinase para tratar os glóbulos vermelhos infectados pela malária, conseguiram travar o parasita.


Até agora, o parasita da malária conseguia ganhar a batalha desenvolvendo rapidamente uma resistência aos fármacos através de mutações. O facto do parasita ter de sequestrar algumas das enzimas da célula em que vive para esse efeito abre perspectivas para uma nova estratégia de luta contra a doença.


Em vez de se atacar o parasita o objectivo é fazer com que as células do organismo do hospedeiro se tornem inúteis, bloqueando as quinases.


Actualmente, já se utilizam várias quimioterapias inibidoras de quinase em tratamentos contra o cancro. E apesar dos seus efeitos secundários, são utilizados durante longos períodos. No caso da malária, o período de tratamento seria curto e por isso não haveria tanta toxicidade.


Os investigadores propõem que se analisem de imediato as propriedades anti-malária desses medicamentos para reduzir de forma drástica o tempo e o dinheiro necessários para por em prática esta nova estratégia de luta contra a doença.

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