segunda-feira, 31 de maio de 2010

Dentes limpos e o coração agradece

Agência FAPESP – Escovar os dentes corretamente não é bom apenas para evitar cáries e mau hálito, mas também para o coração. Um novo estudo reforça que pessoas com higiene bucal deficiente têm maiores riscos de desenvolver problemas cardíacos do que aqueles que escovam os dentes pelo menos duas vezes ao dia.

O estudo, feito por pesquisadores do Reino Unido, foi publicado no site da revista British Medical Journal (BMJ) e faz parte de um levantamento feito na Escócia com 11 mil adultos.

Nos últimos 20 anos tem aumentado o interesse na investigação de relações entre a saúde bucal e a do coração. Sabe-se que inflamações no corpo (na boca e gengiva inclusive) têm papel importante no processo de obstrução de artérias.

A nova pesquisa, feita por cientistas da University College London, procurou avaliar se o número de vezes que se escova os dentes tem relação com o risco de desenvolver doenças cardíacas.

Os pesquisadores analisaram dados a respeito do comportamento dos participantes, como o hábito de fumar, a prática de atividades físicas e rotinas de higiene oral.

Os partipantes foram classificados com relação à frequência de visita ao dentista (uma vez a cada seis meses, a cada dois anos e raramente/nunca) e de limpeza dos dentes (duas vezes ao dia, uma vez ao dia ou menos de uma vez ao dia).

Em outro momento, enfermeiras visitaram os participantes para colher informações a respeito do histórico médico pessoal e familiar com respeito a doenças coronárias. Também foram colhidas amostras do sangue dos voluntários, o que permitiu avaliar os níveis de inflamação em cada um. Os dados das entrevistas foram reunidos com informações de admissões e óbitos em hospitais escoceses.

Os comportamentos de saúde oral foram considerados “geralmente bons”, com 62% dos participantes dizendo que visitam o dentista a cada seis meses e 71% afirmando que escovam os dentes duas vezes ao dia.

Quando os dados foram ajustados para fatores estabelecidos de risco cardíaco, como obesidade, fumo ou histórico familiar, os pesquisadores observaram nos participantes que escovavam os dentes com menos frequência um risco 70% maior de desenvolver problemas cardíacos do que aqueles que escovavam duas vezes ao dia.

Os participantes com higiene bucal mais deficiente também testaram positivamente para marcadores usados para identificar a presença de inflamação.

“Os resultados confirmam e reforçam a associação sugerida entre higiene oral e o risco de doença cardiovascular”, disse Watt. Segundo ele, novos estudos são necessários para confirmar se a associação observada é um fator causal ou apenas um marcador de risco, isto é, que não preenche os critérios de causalidade mas que está associado à maior probabilidade de doença.

O artigo Toothbrushing, inflammation, and risk of cardiovascular disease: results from Scottish Health Survey (BMJ 2010;340:c2451 doi:10.1136/bmj.c2451) pode ser lido em www.bmj.com/cgi/content/abstract/340/may27_1/c2451.

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