quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Polónia - Anti-Gripal, Anti-biótico e Anti-Corrupção: Ministra da Saúde Ewa Kopacz

A antiga médica de família e actual Ministra da Saúde da Polónia, a Sra Ewa Kopacz, viu-se, no dia 5 de Novembro, confrontada com protestos da oposição a propósito da demora do governo em adquirir as vacinas necessárias para proteger a população contra a gripe A.
O recente surto da doença na vizinha Ucrânia levou o antigo Ministro da Saúde a pedir celeridade na aquisição das vacinas, mas encontrou pela frente uma forte resistência na figura da, mais prudente, actual detentora do cargo.
A polémica tornou-se no principal assunto do país e levou o programa televisivo Teraz My, do mais visto canal da Polónia, a TVN, a fazer um especial sobre toda esta questão. Entre outros factos menos conhecidos da maioria do público europeu, o programa abordou o incidente da Baxter e também a curiosidade de 2/3 dos fundos da Agência Médica Europeia, que apela à vacinação, virem da indústria farmacêutica.

http://www.youtube.com/watch?v=RhZesZe33cw

Sem mais comentários, da sessão parlamentar do dia 5 publicamos a transcrição da intervenção da Sra Kopacz -- a primeira política a adoptar publicamente uma posição de cautela face à aquisição de vacinas e à sua administração (ver vídeo acima):


"Gostaria de dizer que a minha prioridade durante os 20 anos em que pratiquei medicina foi: "Antes de tudo, não faças mal". E trouxe essa regra comigo para o Ministério da Saúde. Numa situação em que tivesse que receitar medicação a alguém, como acredito que qualquer outro médico faria, eu perguntava-me: daria eu isto à minha mãe? ou à minha criança?

"E esse exacto pensamento fez-me tomar a precaução de verificar duplamente a informação acerca de uma medicação que pode vir a ser recomendada a todos os polacos - a milhões de polacos que não têm a educação médica que um Ministro tem; e que um especialista - o professor Brydak - tem, um especialista que trabalha em gripes desde há 40 anos.

"Ele trabalha num dos 189 centros de pesquisa de gripe que existem no mundo, um deles na Polónia. Podemos hoje ser acusados de falta de conhecimento acerca da gripe? Pode uma pessoa questionar a opinião de um professor que trabalha com gripes desde há 40 anos, e não apenas em um tipo de gripe, e que publicou centenas de artigos sobre a matéria?

"Coloco apenas uma questão fundamental: queremos combater a pandemia da gripe?

"Hoje temos conhecimento acerca de cláusulas nos acordos que muitos outros governos de países ricos assinaram com os produtores de vacinas. [1]
Sabemos também o que foi proposto à Polónia.
Devido às negociações, que ainda decorrem, não posso dizer tudo hoje, mas posso dizer o seguinte: o nosso departamento jurídico encontrou pelo menos 20 pontos que levantam dúvidas no acordo.

"Qual é, então, o dever da Ministra da Saúde? Assinar acordos no melhor interesse do povo polaco, ou assinar acordos no melhor interesse das companhias farmacêuticas?

"Sei que hoje existem três vacinas disponíveis no mercado, de três produtores diferentes. Cada uma tem uma quantidade diferente de substância activa e, no entanto, elas são estranhamente tratadas da mesma maneira?

"Assim sendo, é legítimo que a Ministra da Saúde e os especialistas tenham dúvidas acerca dela.

"Talvez a que tem tal quantidade de substância activa seja a "água benta" que, supomos, talvez possa curar a gripe? É suposto pagarmos por isso?

"Temos o exemplo da Alemanha que comprou 50 milhões de doses e só 10% foram administradas até agora. 13% dos alemães querem tomar hoje esta "cura milagrosa".
Mas é peculiar porque os alemães têm uma grande percentagem de toma de vacinas, assim enquanto na Polónia por cada mil habitantes apenas 52 tomam a vacina da gripe sazonal (5,2%), na Alemanha há 238 pessoas em cada mil a fazer o mesmo (23%).
Então, porque é que apenas 13% dos alemães querem tomar a vacina da gripe A contra os 23% que tomam a da gripe sazonal?
O governo alemão comprou as vacinas e ofereceu-as e eles não as querem tomar? O que se passou?

"Podem estes factos fazer-nos ter segundos pensamentos sobre a compra destas vacinas, ou não? Segundos pensamentos sobre introduzir um medicamento que é meio secreto?

"Existem websites nos quais os produtores de vacinas têm a obrigação de publicar os, assim chamados, efeitos secundários indesejados pós-vacinação.
A vacinação na Europa começou a 1 de Outubro de 2009.
Convido-vos a visitarem qualquer um desses websites e a encontrarem um qualquer efeito secundário. A mais pequena coisa, apenas uma, nem que seja uma pequena alergia na pele. Isso pode acontecer até usando o mais seguro dos remédios.

"Não existe nenhum nesses websites. Um remédio "perfeito".

"E já que é tão miraculoso, então porque é que a companhia produtora não quer introduzir o seu produto no mercado livre e acarretar com a responsabilidade de fazê-lo? Porque não dizem, "Fantástico remédio, e seguro também, tomo responsabilidade por ele, coloco-o no mercado e é tudo claro e transparente", em vez de depositarem esse peso em nós - os compradores?

"Não temos resultados dos testes clínicos, não temos informação detalhada sobre os ingredientes ou os efeitos secundários. As vacinas estão agora na quarta fase de testes, testes muito curtos, e continuamos a não ter esta informação. Além disso a amostra tem sido muito pequena, um tipo de vacina foi testado em apenas 160 voluntários com idades entre os 20 e os 60 anos, todos saudáveis, nenhum infectado.
Outro tipo de vacina foi testado em 600 voluntários com idades entre os 18 e os 60 anos, todos saudáveis. Será isto o suficiente, especialmente para os médicos presentes nesta câmara? Não é o suficiente para mim.

"Quero ter a certeza suficiente para recomendar esta vacina. Não estamos fora de tempo no que respeita à vacina, durante as negociações queremos usar esse tempo para sabermos tudo o que pudermos acerca dela.
Se depois disso o comité para a pandemia aceitar a vacina então comprá-la-emos.

"Há, para além disso, mil milhões de pessoas por ano a contrair a gripe sazonal em todo o mundo, e um milhão dessas pessoas morre em consequência dessa gripe. E isto não é de há um ou dois anos, mas de há muito mais tempo.
Alguém em algum lado declarou uma pandemia por causa da gripe sazonal? E a gripe sazonal é muito mais perigosa do que a gripe A, chegando a provocar a morte e complicações severas.
E houve alguma declaração de pandemia?

"Aos que me pressionam para comprar a vacina, pergunto-vos: Porque não fizeram barulho no ano passado, há dois anos e em 2003? Em 2003 um milhão e duzentos mil polacos apanharam a gripe sazonal!
Alguém aqui nesta câmara gritou, "vamos comprar vacinas para toda a gente!"? Não me recordo de tal coisa.

"Finalmente gostava de dizer apenas mais uma coisa: A nação polaca é muito perspicaz, os polacos sabem distinguir uma verdade de uma mentira com precisão. E também sabem dizer o que é uma situação objectiva e o que é apenas um jogo."

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Esta trancrição foi traduzida do inglês e posteriormente revista a partir do original, em polaco - cortesia do padre Ricardo, a quem deixamos o nosso agradecimento.

Notas:
[1] Em referência aos acordos estabelecidos por alguns governos europeus, e também pelo governo americano, que ilibam os produtores de vacinas de quaisquer responsabilidades por quaisquer efeitos secundários adversos que possam vir a surgir na população em consequência da sua toma.

Fonte: http://gripeh1n1.ning.com/profiles/blogs/polonia-antigripal

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