quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Células-tronco podem ser desenvolvidas para matar o HIV

Pesquisadores do UCLA Aids Institute e colegas demonstraram pela primeira vez que as células-tronco do sangue humano podem ser criadas para alvejar e matar as células infectadas pelo vírus HIV, causador da Aids, processo que pode ser usado contra uma série de doenças virais crônicas.
O estudo, publicado em 7 de dezembro no jornal online (revisado pelos pares) PLoS One, fornece uma prova de princípio, ou seja, uma demonstração de viabilidade, de que as células-tronco podem ser desenvolvidas para o equivalente a uma vacina genética.
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“Nós demonstramos no estudo dessa prova de princípio que esse tipo de abordagem pode ser usado para programar o sistema imunológico humano, particularmente a resposta dos linfócitos T, para especificamente visar as células infectadas pelo HIV”, disse o investigador-chefe Scott G. Kitchen, professor-assistente de Medicina na Divisão de Hematologia e Oncologia na Escola de Medicina David Geffen na UCLA e membro do UCLA Aids Institute. “Esses estudos estabelecem a base para o desenvolvimento futuro de novas terapias que envolvam a restauração de respostas danificadas ou defeituosas do sistema imunológico com respeito a uma variedade de vírus que causam doenças crônicas, ou mesmo diferentes tipos de tumor.”
Examinando o citotóxico CD8 dos linfócitos T – o “matador” do sistema imunológico, que ajuda a combater as infecções – de um indivíduo infectado com o HIV, os pesquisadores identificaram a molécula conhecida como receptora de linfócitos T, que os guiam para reconhecer e matar as células infectadas. Essas células boas, mesmo que aptas a destruir as infectadas pelo HIV, não existem em quantidades suficientes para eliminar completamente o vírus do corpo. Então, os cientistas clonaram o receptor e geneticamente criaram células-tronco originárias do sangue humano, depois colocaram as células-tronco em um timo humano que tinha sido implantado em ratos, permitindo a eles estudar a reação em um organismo vivo.
As células-tronco criadas se desenvolveram em uma grande população de células CD8, maduras e multifuncionais, específicas para o HIV, que poderiam visar especificamente células que contivessem proteínas do HIV. Os pesquisadores descobriram também que os receptores de linfócitos T específicos para o HIV devem ser adaptados ao indivíduo da mesma forma que um órgão deve ser compatível a um paciente de transplante.
O próximo passo é testar essa estratégia em um modelo mais avançado para determinar se esse procedimento iria funcionar em um corpo humano, segundo o co-autor da pesquisa Jerome A. Zack, professor de Meidicina na Divisão de Hematologia e Oncologia da UCLA e diretor-adjunto do UCLA Aids Insitute. Os pesquisadores esperam também expandir a gama de vírus contra os quais essa abordagem possa ser utilizada.
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Mas os resultados do estudo já sugerem que essa estratégia pode ser uma arma efetiva na luta contra a Aids e outras doenças virais.
“Essa abordagem pode ser usada para combater uma variedade de doenças virais crônicas”, disse Zack, que é também professor de Microbiologia, Imunologia e Genética Molecular. “É como uma vacina genética.”
Além de Kitchen e Zack, fazem parte do grupo Michael Bennett, Zoran Galic, Joanne Kim, Qing Xu, Alan Young, Aléxis Lieberman, Hwee Ng e Otto Yang, todos da UCLA, e Aviva Joseph e Harris Goldstein, da Faculdade de Medicina Albert Einstein, de Nova Iorque. O estudo foi financiado pelo California Institute for Regenerative Medicine (CIRM) e pelo UCLA Center for Aids Research. [Science Daily]

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