quinta-feira, 29 de abril de 2010

Anticorpos sintéticos

Tecnologia da UFMG poderá facilitar diagnóstico de males cardiovasculares e criar identificadores de doenças tipicamente tropicais. Hoje, 99% dos kits são importados
Frederico Bottrel
A partir do próximo semestre, uma nova tecnologia para produção de anticorpos sintéticos, desenvolvida pela UFMG, vai poder aumentar a precisão quanto a diagnósticos precoces de doenças cardiovasculares e tipos raros de câncer. A plataforma também pode agilizar a detecção de doenças negligenciadas como dengue, malária, mal de Chagas, leishmaniose, febre amarela e hanseníase, a partir da produção de testes rápidos, como os que são usados hoje para identificar a gravidez.
Os novos anticorpos sintéticos foram batizados de anfitechs. "São na verdade fragmentos de RNA e DNA (conhecidos como oligonucleotídeos) que funcionam da mesma maneira que os anticorpos nos exames", explica o professor doutor Luiz Augusto Pinto, diretor da Bioaptus, empresa incubada na UFMG responsável pela plataforma. Hoje, são importados 99% dos anticorpos usados no Brasil, em exames, como o de sangue, de acordo com a Bioaptus. Além de produzir kits, a tecnologia permite atender demandas específicas de empresas nacionais de medicina laboratorial, diagnóstico in vitro e biociências.
A previsão é de que, em agosto, os primeiros kits diagnósticos para exames cardiovasculares criados a partir da novidade cheguem ao mercado. Com o novo método, podem custar até 10 vezes menos, em comparação com aqueles produzidos na maneira tradicional - que utiliza células ou animais para chegar às proteínas que ajudam a identificar as doenças nos exames.
"Em vez do procedimento usual, partimos de uma sopa com 1x1020 anticorpos sintéticos, que servem de matriz para a replicação em escala industrial daquele anticorpo específico que interessa, em cada caso", explica o especialista. A maneira como os pesquisadores mineiros produziram a tal sopa é o segredo industrial da produção, já patenteado.
Nesse tubo de ensaio é feito o procedimento de purificação da molécula. "É por isso que chamamos a tecnologia de plataforma, porque a mesma estratégia pode ser usada para a criação de diversos tipos de anfitechs", diz Pinto. Diferentemente dos anticorpos naturais, os anfitechs não têm reação cruzada, sem diferença entre lotes, o que evita processos por diagnósticos equivocados. O professor aponta outras vantagens da nova produção: "Os anticorpos sintéticos são estáveis à temperatura ambiente - o que minimiza custos de refrigeração e logística de transporte. Como não utilizamos células ou animais na produção, também reduzimos custos de manutenção".
Além do uso para diagnósticos, os anfitechs encontram aplicação em vacinas e soros . O soro antiofídico, por exemplo, dispensaria a necessidade de aplicação exclusiva em hospitais. Hoje essa é uma cautela necessária, já que os anticorpos produzidos por cavalos podem gerar reações adversas no organismo humano, facilmente tratáveis em ambiente hospitalar. Como o anfitech é direcionado, a partir da sintetização em laboratório, esse risco, de acordo com o professor, é zerado. "A reação alérgica à vacina do H1N1, por exemplo, apresentada por aqueles com intolerância a ovo, seria inexistente se a vacina fosse produzida com um anticorpo sintético", emenda.

Desenvolvendo um CEP vascular

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – O casal de cientistas brasileiros Renata Pasqualini e Wadih Arap desenvolveu, nos Estados Unidos, uma tecnologia de mapeamento de marcadores moleculares que proporciona o direcionamento de medicamentos exclusivamente a células-alvo do organismo. Em maio de 2009, tiveram início os testes clínicos de uma droga baseada no sistema inovador para o tratamento de câncer de próstata.
Em São Paulo, Renata apresentou a cerca de 120 estudantes e pesquisadores brasileiros e estrangeiros os passos do longo caminho entre as pesquisas iniciais e os testes clínicos realizados no Laboratório Arap-Pasqualini no M.D. Anderson Cancer Center da Universidade do Texas, Estados Unidos.
A conferência apresentada por Renata abriu a 1st São Paulo School of Translational Science (1ª Escola São Paulo de Ciência Translacional), primeiro curso organizado no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), nova modalidade de fomento da FAPESP. O evento, realizado pelo Hospital A.C. Camargo, prosseguirá até o dia 30 de abril.
De acordo com Renata, o processo caracterizou um típico exemplo de medicina translacional – um ramo da pesquisa médica que procura conectar diretamente a investigação científica ao tratamento dos pacientes.
“Os testes clínicos começaram em março de 2009 e já tratamos cinco doentes. Ainda não podemos comentar os resultados, porque haveria conflito de interesse, já que somos detentores de patentes. Mas estamos torcendo para que o conceito do sistema seja validado”, disse Renata à Agência FAPESP.
Segundo ela, os testes clínicos estão na fase 1, que tem foco na segurança do medicamento. As fases seguintes testarão a eficácia do produto. “O sistema de direcionamento precisa ser realmente validado, comprovando que a droga é direcionada apenas ao local desejado e a nenhum outro. A eficácia propriamente dita só será testada na fase seguinte”, disse.
Renata explica que a tecnologia mapeia marcadores moleculares específicos dos vasos localizados em órgãos, tumores ou mesmo em gordura. “Para qualquer tecido que se avalie, em geral, teremos marcadores muito seletivos. Então, usamos um peptídeo para direcionar terapias ou fatores com finalidades específicas, como recuperar ou destruir o tecido”, disse.
O sistema utiliza vírus bacteriófagos para ser desenvolvido. Com base neles, a tecnologia ficou conhecida como zip code, ou código de endereçamento postal (CEP).
Os cientistas descobriram que tecidos como tumores e vasos danificados possuem moléculas únicas na superfície de suas células e procuraram montar, nos fagos, moléculas complementares a esses receptores. Quando os fagos são injetados no organismo, só se acoplam às células que reconheçam o código.
“As bibliotecas de fagos foram criadas em 1985. Os peptídeos foram produzidos e o funcionamento foi verificado. Mas o trabalho era todo feito in vitro, com proteínas, mapeando os peptídeos que se ligavam em receptores”, contou Renata, que se graduou em 1990 em biologia pela Universidade de São Paulo.
“Em 1996, publicamos na Nature um artigo que descrevia como injetamos a coleção de fagos e recuperamos especificamente os que iam para o cérebro e para o rim. Esse artigo despertou grande interesse”, disse.
A partir daí, o grupo começou a fazer o mapeamento em tumores. Em 1998, Renata e Arap publicaram na Science um artigo em que descreviam que quando o direcionamento é bem-sucedido se consegue utilizar muito menos droga, com menos efeitos colaterais e mais eficiência.
“Até aí, só tínhamos acesso a modelos animais. Quando mudamos para o M.D. Anderson, em 1999, pudemos começar a trabalhar em outro nível”, disse a cientista. O centro no Texas é um dos primeiros no mundo em pesquisa de câncer, com 14 mil funcionários e cerca de 1,5 mil professores, médicos e cientistas.
“Ali, começamos a estabelecer um protocolo para fazer a seleção em doentes com câncer e iniciamos efetivamente o trabalho em medicina translacional. Em 2001, começamos a trabalhar com pacientes. O processo foi muito interessante, porque há um forte componente ético – utilizamos uma população de doentes terminais e fazemos o mapeamento diretamente neles. A primeira droga, que está agora em estudo clínico, foi derivada do primeiro paciente que estudamos”, disse Renata.
Para trazer a droga para a aplicação clínica, o grupo recebeu uma doação de um empresário norte-americano que se interessou pelo estudo. Nos Estados Unidos, doações do tipo geralmente vão para a construção de prédios e infraestrutura. “Mas esse empresário queria que o dinheiro fosse para o projeto do nosso grupo, para desenvolvimento da droga”, disse.
O trabalho envolveu mais de 60 pessoas e gerou um relatório de 2 mil páginas. “Foi essencialmente interdisciplinar: veterinários fizeram a toxicologia, biólogos atuaram no laboratório, os médicos escreveram o protocolo e assim por diante. Foi interessante ter uma visão global do processo, da descoberta até chegar ao paciente”, contou.
Os estudos sobre o sistema de “endereçamento postal” continuam e três artigos estão em preparação, segundo Renata. “Continuamos fazendo o mapeamento e, graças às novas tecnologias de sequenciamento, podemos estudar autópsias. Literalmente qualquer tecido no corpo pode ser mapeado”, disse.
“Ao unirmos as tecnologias de sequenciamento às ferramentas estatísticas da bioinformática – necessárias para analisar a imensa quantidade de dados gerada –, podemos ver agora perfeitamente como os peptídeos se distribuem de forma específica. Talvez cada célula do vaso sanguíneo possa ter um endereço particular”, disse.
Mais informações sobre a 1st São Paulo School of Translational Science: www.schoolscienceaccamargo.org.br
Mais informações sobre a ESPCA: www.fapesp.br/espca

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sem proteção

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – A quantidade excessiva de flúor no organismo de crianças pode causar a fluorose dental. Para evitar essa alteração estética que forma manchas brancas nos dentes foram lançados no mercado, há alguns anos, os cremes dentais com baixa concentração de flúor.

Mas a alternativa pode não ter sido uma boa ideia: um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indicou que os cremes dentais com baixa concentração de flúor não são tão eficientes contra as cáries como os dentifrícios convencionais. Pior: também podem não evitar a fluorose.

O tema foi o foco da pesquisa de mestrado de Regiane Cristina do Amaral, defendida na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp, em Piracicaba (SP), sob orientação de Jaime Aparecido Cury, professor de Bioquímica da unidade. Durante a graduação, Regiane teve apoio da FAPESP para duas bolsas de iniciação científica.

Com a colaboração de Lívia Tenuta, Altair Cury e Cinthia Tabchoury – todos professores da FOP, o estudo gerou um artigo que será publicado na edição de agosto do European Journal Oral Sciences.

De acordo com Cury, para a realização do estudo, 14 voluntários utilizaram creme dental com concentrações de flúor de 500 ou 1.100 partes por milhão e usaram dispositivos palatinos contendo esmalte decíduo, que foram submetidos à simulação de consumo de diferentes níveis de exposição a açúcar: de duas a oito vezes por dia.

“Os resultados mostraram que, entre os voluntários que simulavam menor consumo de açúcar, o efeito dos dois tipos de cremes dentais era semelhante. Mas, conforme aumentava a exposição ao risco de cárie, o dentifrício de baixa concentração de flúor não era capaz de combater o efeito do açúcar e as cáries aumentavam linearmente. Além disso, para os dois tipos de cremes dentais o risco de ocorrência de fluorose dental seria semelhante, para crianças que ingerissem grande quantidade da pasta”, disse à Agência FAPESP.

Segundo Cury, o uso do flúor tem sido considerado indispensável para o controle das cáries e muitos países conseguiram, com a fluoretação das águas de abastecimento público, reduzir os níveis de cáries de suas populações. Posteriormente, estudos começaram a relatar um declínio acentuado nos casos de cárie em países em que havia um uso abrangente de cremes dentais com flúor. No Brasil, em setembro de 1988, o creme dental que dominava mais de 50% do mercado passou a ser fluoretado.

“De um dia para o outro, no Brasil, o uso do flúor passou a ser praticamente universalizado, com a fluoretação da água e dos cremes dentais. Houve um declínio acentuado das cáries. Só que, a partir de então, começou a haver uma preocupação com o aumento da fluorose”, disse.

A partir dessa constatação, na década de 1990 países como o Brasil, os Estados Unidos e a Irlanda, que utilizam água fluoretada, começaram a discutir como diminuir o problema da fluorose dental. Foram lançados cremes dentais de baixa concentração de flúor, que diminuíam a quantidade do elemento químico em cerca de 50%.

Mas a fluorose, segundo Cury, não é decorrente do efeito tópico do flúor em contato com os dentes. Ela é causada pela presença sistêmica do flúor no organismo de crianças com dentes em formação. O problema, portanto, não é a concentração do flúor no creme dental, mas a ingestão de grandes quantidades de creme dental com flúor. Por isso, para diminuir o risco de fluorose, o estudo recomenda a utilização de pequenas quantidades dos cremes dentais convencionais.

“Como a criança, até determinada faixa etária, ainda não é capaz de cuspir com perfeição, acaba engolindo muita pasta. Essa quantidade de flúor ingerida se soma à que está na água e esse excesso leva ao único efeito colateral sistêmico do uso de flúor, que é a fluorose dental. A solução não é diminuir a concentração de flúor do creme dental, mas utilizá-lo em menor quantidade nos dentes da criança – algo da dimensão de um grão de arroz”, disse.

O estudo corroborou os dados de um estudo clínico realizado anteriormente, entre crianças com atividades de cárie, pelo grupo da FOP em São Luís (MA) e publicado na revista Caries Research .

“O creme de baixa concentração não conseguiu controlar as cáries. Já o creme convencional não apenas controlou o problema, como levou a uma reversão das lesões de cárie existentes. Em um trabalho epidemiológico de campo como aquele, no entanto, não controlamos todas as variáveis. No novo estudo pudemos chegar aos mesmos resultados, mas sabendo que todos os voluntários da pesquisa tinham a mesma quantidade de bactérias sobre os dentes – o que variava era apenas o consumo de açúcar e a concentração de flúor na pasta”, explicou.

Segundo o pesquisador, atualmente alguns dentistas e médicos, preocupados com a fluorose dental, chegam a recomendar cremes dentais que não contêm flúor. Segundo ele, trata-se de um equívoco: "se a pasta de baixa concentração de flúor não é suficiente para controlar as cáries, o que esperar de uma pasta sem flúor?", alertou.

Manchas brancas

O problema da fluorose, segundo Cury, tem caráter essencialmente estético. Os dentes são formados, na infância, a partir de uma matriz proteica, que gradualmente vai perdendo matéria orgânica e passando por mineralização.

“A ingestão do flúor pelo organismo durante a formação dos dentes inibe a degradação da matéria orgânica e o esmalte acaba sendo formado com mais proteínas do que o normal. Isso dá ao esmalte uma porosidade que absorve a luz e forma uma mancha branca difusa nos dentes. Há um efeito estético, mas não há um comprometimento sério do bem-estar da pessoa”, disse.

A diminuição da quantidade de creme dental pode ser suficiente para evitar o problema, segundo Cury. “Além disso, nem todo o flúor que é engolido é absorvido pelo organismo. Essa absorção varia de acordo com a presença de alimentos no estômago. Uma criança que escova os dentes logo após as refeições, por exemplo, pode absorver apenas 40% do flúor que for engolido”, explicou.

Outro aspecto da questão, segundo Cury, é que a quantidade de flúor absorvida depende do tipo de abrasivo presente na pasta. "Além disso, enquanto 100% do flúor dos cremes com apelo para consumo por crianças é absorvido e cai na corrente sanguínea, as pastas 'populares', de uso da família, são absorvidas apenas parcialmente. Assim, é contraditório recomendar um creme dental 'infantil', em vez do dentifrício de concentração de flúor de 1.500 partes por milhão, utilizado normalmente pelos pais", concluiu.

Conforto no chocolate

Agência FAPESP – Uma pesquisa feita na Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, verificou que mulheres e homens com depressão comem mais chocolate à medida que os sintomas do problema aumentam.
Segundo eles, os resultados sugerem uma associação entre humor e o alimento à base de cacau. O estudo foi publicado na edição do periódico Archives of Internal Medicine.
“O estudo confirma uma suspeita antiga de que comer chocolate é algo que as pessoas fazem quando estão se sentindo por baixo”, disse Beatrice Golomb, professora associada de medicina da universidade norte-americana e um dos autores da pesquisa.
A pesquisadora ressalta que o objetivo do trabalho era analisar apenas uma possível associação entre o problema psíquico e o alimento e que, por conta disso, não procuraram observar se o consumo diminui ou intensifica o estado.
Os pesquisadores examinaram eventuais relações entre o consumo de chocolate e o humor em 1 mil adultos que não tomavam medicamentos antidepressivos e que tinham problemas cardiovasculares ou diabetes.
Os participantes foram submetidos a testes e avaliados de acordo com a escala de depressão (CES-D) do Centro de Estudos Epidemiológicos, dos Estados Unidos.
Os autores do estudo observaram que homens e mulheres que apresentaram níveis mais elevados na escala consumiram em média 12 porções de chocolate por mês, enquanto que aqueles sem depressão ingeriram menos de cinco porções no mesmo período.
Não houve diferenciação entre chocolate com leite ou com mais cacau. A porção considerada foi de cerca de 30 gramas. Não houve diferença, no período, no consumo de outros alimentos ricos em antioxidantes, como peixes, café, frutas e vegetais, entre os participantes.
“Os resultados não aparentam ter como explicação um aumento geral no consumo de cafeína, gordura ou carboidrato, indicando que foram específicos ao chocolate”, disse Beatrice.
Segundo os pesquisadores, novos estudos serão necessários para tentar determinar a base da associação, bem como o papel do chocolate na depressão, seja ele positivo ou negativo.
O artigo Chocolate and Depressive Symptoms in a Cross-sectional Analysis, de Beatrice Golomb e outros, pode ser lido na Archives of Internal Medicine (Arch Intern Med. 2010;170(8):699-703) em http://archinte.ama-assn.org/cgi/content/short/170/8/699.

Infecções vigiadas

Por Fábio Reynol

Agência FAPESP – Quais são os agentes infecciosos mais comuns em hospitais brasileiros? Como as infecções se distribuem pelas regiões do país? Qual é a resistência aos antibióticos apresentada pelos microrganismos envolvidos nesses casos?
Essas são algumas perguntas que um abrangente trabalho de pesquisa está procurando responder. Iniciado em 2007, o projeto Brazilian Scope (sigla em inglês para “vigilância e controle de patógenos de importância epidemiológica”) já registrou cerca de 3 mil episódios de infecção ocorridos em 16 hospitais brasileiros e identificou 1.828 microrganismos envolvidos. O trabalho é coordenado pelo professor Antonio Carlos Campos Pignatari, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A ideia do programa foi trazida dos Estados Unidos em 2006 pelo infectologista e pesquisador Alexandre Marra, também da Unifesp, que esteve no país para o pós-doutorado. “O Scope norte-americano registrou 24 mil episódios de infecção da corrente sanguínea em 49 hospitais daquele país e foi coordenado pelo professor Richard Wenzel, da Universidade de Virgínia”, contou Pignatari à Agência FAPESP.
Os pesquisadores da Unifesp decidiram elaborar uma versão brasileira do programa e receberam o apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular. “O Scope é um importante auxílio à saúde pública, basta lembrar que o ambiente hospitalar é o local que apresenta o maior índice de mortes por infecção”, disse Pignatari.
Para fazer o levantamento, a equipe entrou em contato com vários hospitais por meio das comissões de controle de infecção hospitalar (CCIH). Ao todo, 16 instituições de todo o país, entre públicas e privadas, aceitaram o convite.
As CCIHs se tornaram as responsáveis pela coleta de informações de sua unidade e registraram o primeiro episódio de infecção da corrente sanguínea ocorrido com qualquer paciente durante a internação no hospital. Essas informações foram registradas em formulário próprio e enviadas para o grupo da Unifesp, que organizou um banco de dados com informações clínicas epidemiológicas sobre essas infecções.
Saber quais são os microrganismos mais incidentes em cada região é fundamental para o aprimoramento do tratamento médico e os resultados da cultura do sangue (hemocultura), que indicam o patógeno e o antibiótico adequado, demoram cerca de dois dias. “Como o médico não pode esperar para iniciar o tratamento do processo infeccioso, ele receita o antibiótico com base em sua experiência clínica, protocolos assistenciais ou dados fornecidos pelas CCIHs dos hospitais ”, disse Pignatari.
O problema é que as características dos microrganismos causadores dessas infecções pode variar de região a região, de uma cidade a outra e até entre hospitais. “As regiões, os climas e até os pacientes são diferentes. Por isso, é importante que os hospitais conheçam as infecções às quais os pacientes de sua região, cidade ou hospital estão sujeitos”, afirmou.
O Scope brasileiro avançou a versão original norte-americana ao solicitar aos hospitais o envio dos fungos ou bactérias encontrados nos exames – a fim de ser analisados no Laboratório Especial de Microbiologia Clínica (Lemc) da Unifesp, dirigido por Pignatari.
Com equipamentos capazes de detectar os mecanismos genéticos de resistência das bactérias, o Lemc aumentou o número de informações a respeito das infecções. Foi possível levantar, por exemplo, o perfil de resistência de muitas bactérias a determinados antibióticos, incluindo aqueles de uso não habitual.
Embora facultativo, o envio das amostras constituiu um dos maiores desafios do trabalho, segundo Pignatari. “O transporte exigiu a contratação de uma empresa com certificação internacional em biossegurança e foi uma das partes mais dispendiosas do projeto”, disse.
Contudo, graças a esse trabalho, a equipe obteve avanços importantes, como a detecção dos mecanismos de resistência da Klebsiella pneumoniae, bactéria responsável por episódios de mortes de recém-nascidos em vários hospitais brasileiros.
“Recentemente, esse microrganismo vem apresentando resistência aos antibióticos do grupo dos carbapenems, deixando poucas opções terapêuticas seguras para o tratamento de infecções por esse agente”, disse Pignatari.
Por meio da análise molecular feita pelos equipamentos do Lemc, os pesquisadores podem rastrear a disseminação dessa resistência associada a produção de um grupo de enzimas denominadas KPC (carbapenemase-beta-lactamase).
“Da mesma maneira, as enzimas metalo-beta-lactamases da bactéria Pseudomonas aeruginosa são responsáveis pela inativação do mesmo grupo de antibióticos. Presente em praticamente todo o país, esse microrganismo tem sido identificado e rastreado na sua disseminação graças às análises moleculares do laboratório da Unifesp”, disse Pignatari.
O mesmo acompanhamento está ocorrendo com o Staphylococcus aureus organismos prevalentes em hospitais do país e cujas mutações genéticas tem dificultado o seu combate. A caracterização molecular dos diferentes clones desses microrganismos pode auxiliar na implementação de medidas de controle mais efetivas por parte das CCIHs dos hospitais
As análises moleculares do Lemc acabam auxiliando os hospitais ao identificar a versão das bactérias coletadas e indicar um antibiograma adequado ao combate. “Podemos também acompanhar o andamento de epidemias e alertar hospitais para que fiquem atentos a infecções que ainda não chegaram até eles”, disse Pignatari.
Fatores de risco
Análise feita pelos pesquisadores, abrangrndo 1.715 pacientes, identificou um índice de 38% de mortalidade nos casos registrados de infecção da corrente sanguínea, valor considerado elevado. A maior parte dessas fatalidades esteve relacionada a pacientes que tinham alguns fatores de risco. O cateter venoso central, por exemplo, estava sendo utilizado por 68% dos pacientes que morreram.
Empregado também em pacientes que necessitam de quimioterapia, as infecções relacionadas ao cateter venoso central poderia também contribuir, de acordo com os pesquisadores, para o índice de 24% de óbitos por infecção entre pacientes que faziam tratamento de câncer.
Outros grupos mais sujeitos às infecções, apontados pelo trabalho, foram os internados em unidades de terapia intensiva (UTIs) que apresentaram a taxa de 48% de mortes causadas por infecções. “O quadro desses pacientes já era grave e a infecção piorou o quadro, o que pode justificar essa letalidade”, apontou Pignatari.
Também os transplantados formam um grupo que exige atenção especial quanto às infecções. Os medicamentos utilizados para diminuir a rejeição do novo órgão atuam inibindo o sistema imunológico do paciente, deixando-o mais sujeito a adquirir infecções.
Os pesquisadores da Unifesp agora acompanham grupos mais específicos de pacientes, como crianças com câncer, transplantados renais e transplantados de medula óssea. “Cada grupo tem suas peculiaridades e estão mais sujeitos a determinadas infecções”, disse Pignatari.
Agora, a equipe de pesquisa está enviando os dados coletados aos hospitais participantes para que possam ser analisados individualmente e apresentados à comunidade científica em congressos e publicações especializadas.
O grupo pretende dar continuidade ao projeto ampliando seu raio de ação por meio de convite a outras instituições que se interessem em participar e incluindo novos testes moleculares nos estudos microbiológicos para caracterização dos mecanismos de resistência a antimicrobianos.
“Acreditamos que o projeto pode trazer contribuição significante no controle das infecções relacionadas à assistência a saúde em nosso meio e esperamos contar com o apoio institucional e das agências financiadoras de pesquisa na sua continuidade”, disse Pignatari.

Genomas comparados

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Um grupo coordenado por cientistas brasileiros descreveu o genoma das duas espécies de bactéria do gênero Xanthomonas, que causam os cancros cítricos tipo B e tipo C, e comparou os resultados com o genoma da Xanthomonas citri, agente da cancrose tipo A – que é a forma mais severa dessa doença de grande impacto econômico na citricultura mundial.
A sequência genômica da Xanthomonas citri foi descrita em 2002 em artigo publicado na revista Nature por pesquisadores da Rede Onsa (Organização para Sequenciamento e Análise de Nucleotídeos, na sigla em inglês), instituto virtual de genômica financiado pela FAPESP e pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) e formado por laboratórios ligados a instituições de pesquisa do Estado de São Paulo.
O estudo atual foi publicado na revista BMC Genomics e, de acordo com os autores, desvendou inúmeras semelhanças e diferenças no conteúdo genético dos genomas dos agentes patogênicos que causam os cancros cítricos A, B e C.
De acordo com o autor principal do artigo, João Carlos Setúbal, pesquisador do Instituto de Bioinformática da Universidade Virginia Tech (Estados Unidos), a partir da comparação entre os genomas, a genética molecular poderá ser empregada para determinar o papel dos genes nas interações entre o microrganismo e a planta.
“Com essa comparação, descobrimos uma série de informações genômicas que serão extremamente úteis para que a doença seja melhor compreendida. Acreditamos que o artigo será uma referência importante para quem estuda o cancro cítrico, abrindo caminho para testar novas hipóteses e explorar novas direções. Esse conhecimento será importante para que a doença possa ser efetivamente controlada”, disse Setúbal à Agência FAPESP.
De acordo com dados divulgados pelo Fundecitrus, a exportação de suco de laranja gera anualmente US$ 1,5 bilhão ao Estado de São Paulo. A cada ano, o cancro cítrico tem um custo direto de US$ 15 milhões, incluindo a manutenção de equipes e eliminação de focos da doença. O cancro cítrico eliminou cerca de 8 milhões de plantas desde 1999.
O artigo teve participação de cientistas da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Instituto Biológico de Campinas e Instituto Agronômico do Paraná.
Entre as instituições norte-americanas, participaram pesquisadores da Universidade Virginia Tech e da Universidade da Flórida em Gainesville. O genoma da Xanthomonas citri foi comparado aos da Xanthomonas aurantifolii das cepas B e C, além de outros genomas de bactérias do mesmo gênero.
O sequenciamento foi realizado na Unesp em Jaboticabal (com coordenação de Jesus Aparecido Ferro), na Unesp em Botucatu (com coordenação de Luiz Roberto Furlan) e no Instituto de Química da USP (coordenado por Ana Cláudia Rasera da Silva, atualmente pesquisadora da empresa Alellyx).
O trabalho de bioinformática e a coordenação da publicação e submissão ficaram a cargo de Setúbal, que, na época do estudo, era professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

História de percalços
Segundo Setúbal, a publicação foi resultado de uma história longa e cheia de reviravoltas. Tudo começou com o projeto Xylella, iniciado em 1997 pela FAPESP. Naquele ano, a Fundação organizou a Onsa e, em parceria com o Fundecitrus, financiou as pesquisas que decifraram o material genético da bactéria Xylella fastidiosa, causadora da clorose variegada de citros (CVC), ou praga do amarelinho. O projeto deu início ao Programa Genoma-FAPESP. Setúbal era um dos coordenadores da área de bioinformática do projeto.
O projeto foi concluído em novembro de 1999 e o país entrou para a história pelo primeiro sequenciamento de um fitopatógeno – isto é, um organismo causador de uma doença em uma planta de importância econômica. Os resultados foram publicados na revista Nature, em 2000, representando um marco para a ciência brasileira.
“O projeto Xylella congregou 34 laboratórios paulistas. Com ele adquirimos a capacidade para fazer esse tipo de pesquisa e foram organizados subgrupos para iniciar outros projetos, voltados para o sequenciamento e a descrição dos genomas da cana-de-açúcar, do câncer e da Xanthomonas citri. Esse grupo terminou seu trabalho em 2002 e, ainda naquele ano, publicou outro artigo na Nature”, contou Setúbal.
Em seguida, dois participantes do projeto – Ana Cláudia, então no IQ-USP, e Jesus Ferro, da Unesp – conseguiram financiamento da FAPESP para o sequenciamento das Xanthomonas B e C.
“Uma das diferenças entre esses outros dois tipos de cancro e o tipo A é geográfica: são encontrados apenas na América do Sul, sendo que a forma B só aparece na Argentina, Uruguai e Paraguai e a forma C é exclusiva do Estado de São Paulo”, explicou Setúbal.
Outra diferença é que a cancrose cítrica tipo A ataca um número maior de árvores cítricas do que os tipos B e C. “Pensamos em sequenciar os tipos B e C e comparar seus genomas com o do tipo A, para fazer correlações e compreender melhor, a partir das diferenças, os mecanismos causadores da doença”, disse.
Quando o grupo obteve apoio da FAPESP, em 2002, a Allelyx foi fundada com capital da empresa Votorantim. Entre os fundadores estavam Ana Cláudia, Ferro e Setúbal. “No início, Ana Cláudia e Ferro conseguiram conciliar suas atividades na Allelyx e a coordenação do sequenciamento.Mas logo eles começaram a ficar totalmente absorvidos pelas atividades da empresa e isso fez com que o projeto ficasse em segundo plano”, disse Setúbal.
Em 2003, Setúbal já havia saído da Allelyx e retornado às suas atividades na Unicamp, enquanto Ana Cláudia havia deixado a USP para se dedicar à empresa. No início de 2004, Setúbal mudou-se para os Estados Unidos, mas manteve ativo seu laboratório de bioinformática na Unicamp – que ainda desempenhava papel crucial em outros projetos Genoma financiados pela FAPESP, e passou a ser controlado pelo professor à distância.
Em julho de 2004 Ana Claudia convidou Setúbal a assumir a direção do projeto sobre a Xanthomonas B e C. O professor resolveu aceitar, segundo ele, pois achou que com mais um ano de trabalho seria possível finalizar as sequencias e terminar o projeto.
“No entanto o sequenciamento parou, e eu e meus alunos no laboratório da Unicamp passamos aquele ano montando e anotando as sequências já disponibilizadas. Em outubro de 2005, a Unicamp solicitou que eu voltasse ao Brasil. Escolhi permanecer nos Estados Unidos e sair da Universidade. Com isso, tive que fechar o laboratório de bioinformática. Transferimos então todos os dados do projeto para o laboratório do professor Ferro, em Jaboticabal”, contou Setúbal.

Alinhamento favorável
Mesmo com a transferência dos dados, as perspectivas de finalização do projeto eram cada vez piores, de acordo com Setúbal. Nesse momento, segundo o professor, um dos fatores que manteve acesas as esperanças de que o projeto pudesse vir a ser finalizado foi o interesse demonstrado por um aluno de doutorado de Ana Cláudia, na USP, Leandro Moreira.
“Ele estava envolvido com o projeto desde 2004 e determinados aspectos das análises faziam parte de sua tese de doutorado.Por isso, para ele seria péssimo se o projeto morresse. Com isso, firmamos uma espécie de pacto que visava levar o projeto a bom termo de qualquer jeito", contou. Mas, segundo o professor, ainda havia tanto por fazer, com tão poucos recursos, que a dupla precisava lutar constantemente contra o desânimo.
"Para piorar, fiquei sabendo, em 2007, que cientistas da Flórida haviam obtido financiamento para sequenciar várias cepas de Xanthomonas de cancro, incluindo os tipos A e B. Imaginei, naquele momento, que o projeto iria mesmo morrer, pois não faria sentido continuar depois que outro grupo passase à nossa frente e publicasse esses genomas”, disse Setúbal.
Em agosto de 2007, Setúbal recebeu nos Estados Unidos, para um pós-doutorado, o pesquisador Nalvo Almeida Jr., professor da UFMS. A presença de Almeida Jr. permitiu que duas etapas cruciais do projeto fossem realizadas: a anotação dos genomas e sua submissão ao banco público de sequências GenBank. Enquanto isso, Moreira, que havia concluído o doutorado, tornou-se professor da Ufop, em Minas Gerais. Em 2008, Setúbal e Moreira finalmente iniciaram a redação do manuscrito com a análise dos genomas.
“O início do trabalho de preparação do manuscrito nos deu um grande alento. Mas sabíamos que a comparação entre os genomas só poderia ser feita com propriedade se contássemos com um especialista na proteínas efetoras – que são essenciais para que a bactéria cause o cancro. Sem isso não conseguiríamos uma publicação de impacto”, disse Setúbal.
Em meados de 2009, um colega do cientista na Virginia Tech indicou a ele uma especialista em proteínas efetoras, Neha Potnis, da Universidade da Flórida. “Convidamos Neha para nos ajudar e ela aceitou. Em outrubro de 2009 repassamos a ela todos os dados e em um mês ela descobriu todos os genes que codificam as proteínas efetoras e elaborou o texto que foi incorporado ao nosso manuscrito parcial. Os pontos se alinharam de forma favorável. Em dezembro pudemos submeter o texto à publicação”, contou Setúbal. "A notícia da aceitação do artigo, em março de 2010, veio a coroar um esforço de mais de oito anos", disse ainda o pesquisador.
O artigo Novel insights into the genomic basis of citrus canker based on the genome sequences of two strains of Xanthomonas fuscans subsp. aurantifolii, de João Setúbal e outros, pode ser lido na BMC Genomics em www.biomedcentral.com/1471-2164/11/238/abstract.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Sonhos são importantes para a consolidação da memória

Sabe-se que o sono é importante para a consolidação da memória e aprendizagem. Agora, um novo estudo indica o papel dos sonhos nesses importantes processos.

Coordenado por pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Center, nos Estados Unidos, os resultados do trabalho indicam que os sonhos podem ser a forma que o cérebro adormecido tem de dizer que está ocupado em pleno trabalho de consolidação da memória. A pesquisa foi publicada na edição on-line da revista Current Biology.

– O que nos deixou entusiasmados é que, após quase um século de debates sobre a função dos sonhos, esse estudo mostrou que os sonhos são a maneira de o cérebro processar, integrar e realmente compreender novas informações –, disse Robert Stickgold, um dos autores do estudo.

– Os sonhos são uma clara indicação de que o cérebro adormecido está trabalhando com memórias em múltiplos níveis, incluindo formas que terão um impacto direto na melhoria da execução de tarefas aprendidas –, apontou.

Os cientistas examinaram 99 voluntários que foram submetidos a atividades em um videogame em três dimensões, no qual tinham que navegar por cenários virtuais com o objetivo de chegar o mais rapidamente possível à saída.

Após o treinamento inicial, os participantes foram divididos em dois grupos: o primeiro tirou um cochilo com média de 90 minutos e o segundo permaneceu acordado em atividades tranquilas. Em diversos momentos, os integrantes do segundo grupo eram questionados sobre o que estavam pensando. Os que tiraram uma soneca diziam depois o que lembravam de seus sonhos.

Cinco horas depois, os participantes repetiram o procedimento completo, com o exercício virtual e a sequência com soneca ou atividade tranquila. Os resultados surpreenderam os pesquisadores.

Os que se mantiveram acordados não mostraram melhoria no rendimento dos exercícios feitos posteriormente, ainda que tivessem pensado no mesmo durante o período de descanso, o que, em teoria, daria mais chances de se sair melhor.

Dos que dormiram, aqueles que não descreveram sonhos relacionados ao mundo virtual no qual interagiram também não apresentaram melhoria no aproveitamento dos exercícios. Mas os que sonharam com os ambientes tridimensionais tiveram uma melhoria considerada dramática, dez vezes superior aos que dormiram e não sonharam com o exercício.

– Os que sonharam descreveram cenários diversos, como pessoas em pontos específicos nos ambientes, de estar perdido em uma caverna ou mesmo de ouvir a música de fundo do game –, disse Erin Wamsley, outro autor do estudo.

Segundo os cientistas, os resultados indicam que não apenas o sono foi necessário para consolidar as informações, mas que os sonhos se mostraram como uma espécie de reflexo da atividade cerebral intensa nas tarefas de consolidação da memória.

– Mas não estamos dizendo que quando se aprende algo é o sonho o responsável. Em vez disso, aparentemente, quando temos uma nova experiência ela dispara uma série de eventos paralelos que faz com que o cérebro consolide e processe as memórias –, disse Stickgold.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Interação cardiorrespiratória

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Por uma pesquisa de doutorado recém-concluída na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), Daniel Breseghello Zoccal receberá dois prêmios internacionais.
Neste mês, viajará para os Estados Unidos para receber o The Michael J. Brody Young Investigator Award, concedido pela American Physiological Society e pela Merck, em reconhecimento a jovens pesquisadores.
Em julho, seguirá para Manchester, na Inglaterra, onde será agraciado com outro prêmio, concedido pela revista Experimental Physiology, editada pela The Physiological Society. Um artigo publicado na revista em 2009 junto com outros pesquisadores foi um dos que mais geraram downloads no ano.
A pesquisa de Zoccal investiga a interação entre a respiração e a função cardiovascular, isto é, mostra como mecanismos relacionados ao controle da respiração podem também influenciar significativamente os níveis da pressão arterial.
“Nosso trabalho aponta que mecanismos relacionados com o controle da respiração podem contribuir para o desenvolvimento da hipertensão arterial”, disse à Agência FAPESP.
O trabalho de doutorado, intitulado “Alterações no acoplamento entre as atividades simpática e respiratória em ratos jovens submetidos à hipóxia crônica intermitente”, foi orientado pelo professor Benedito Honório Machado, do Departamento de Fisiologia da FMRP-USP, e contou com uma Bolsa da FAPESP.
Zoccal analisou as alterações cardiovasculares e respiratórias em ratos submetidos à hipóxia crônica intermitente durante dez dias, condição que consiste em reduções transitórias na fração de oxigênio inspirado intercalados por períodos de respiração normal.
“Utilizando um sistema automático de válvulas, o oxigênio do ar inspirado foi reduzido para níveis próximos a 6% por meio da injeção de nitrogênio dentro de câmaras especializadas. Após 30 segundos nesse nível, o oxigênio foi injetado dentro das câmaras para restabelecer os níveis de oxigênio do ar inspirado próximos ao valor normal, que é de 21%”, explicou.
Os resultados indicaram que ratos submetidos a essa situação apresentaram um aumento da pressão arterial, possivelmente decorrente de uma maior interação entre a atividade respiratória e o sistema cardiovascular após a hipóxia crônica intermitente.
“A condição de hipóxia crônica intermitente pode ser observada em algumas condições fisiopatológicas, como na apneia obstrutiva do sono. Contudo, é preciso ressaltar que não simulamos o que ocorre na clínica”, ressaltou.
Segundo o farmacêutico, nos ratos foi mimetizada somente a situação da hipóxia intermitente. “Nos pacientes com apneia do sono, além da hipóxia intermitente, são observadas outras condições que também podem contribuir para o aparecimento de disfunções cardiovasculares e respiratórias, como alterações metabólicas, obesidade e estresse”, disse.
Busca por modelo
Uma das principais conclusões do estudo, segundo Zoccal, é que a hipóxia crônica intermitente promove alterações na atividade respiratória, as quais, por sua vez, influenciam os níveis da atividade simpática, um dos principais fatores que determinam os níveis de pressão arterial por meio do controle da resistência vascular.
“Notamos que um dos fatores que contribuem para o aumento dessa atividade simpática são alterações nos mecanismos neurais que controlam a respiração. Existe ali uma interação muito forte no modelo que estudamos”, disse.
De acordo com o pesquisador, um dos fatores limitantes do estudo foi encontrar um modelo experimental adequado. “Muitos estudos descritos na literatura trabalharam com o animal anestesiado, mas sabemos que a anestesia interfere nos resultados. Dessa forma, trabalhamos com o animal não anestesiado e com preparações in situ, modelos livres dos efeitos depressores da anestesia”, disse.
Apesar disso, Zoccal ressalta que os resultados não devem ser encarados apenas como restritos ao modelo experimental, uma vez que a hipertensão é um problema multifatorial. O que chama a atenção, segundo ele, é que existem casos nos quais os pacientes não respondem a tratamentos convencionais.
“Estudos realizados com outros modelos animais de hipertensão arterial apresentam resultados semelhantes aos nossos. Dessa forma, acreditamos que essa interação – respiração e função cardiovascular – possa também contribuir para casos de hipertensão que não respondem aos tratamentos existentes”, disse.
O artigo Sympathetic-mediated hypertension of awake juvenile rats submitted to chronic intermittent hypoxia is not linked to baroreflex dysfunction, de Daniel Zoccal e outros, pode ser lido na revista Experimental Physiology em http://ep.physoc.org/content/94/9/972.long.

Doença inflamatória pélvica: Fertilidade ameaçada

A fertilidade fica ameaçada quando a mulher sofre de doença inflamatória pélvica. E quantos mais episódios, maior o risco. O melhor é prevenir, o que é sinónimo de práticas sexuais seguras.
A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma infecção dos órgãos reprodutores da mulher que anda de mãos dadas com as doenças sexualmente transmissíveis. É que a DIP é causada por bactérias de transmissão sexual, como as que são responsáveis pela clamídia e pela gonorreia, entre outros agentes, que sobem da vagina até ao útero, podendo infectar pelo caminho as trompas de Falópio e os ovários.
Muitas mulheres têm DIP sem o saber, dado que não apresentam quaisquer sintomas. Significa isto que não se tratam, o que aumenta o risco de danos nos órgãos reprodutores, tal como aumenta a probabilidade de transmitirem a infecção ao/s parceiro/ s sexuais.
E mesmo quando há sintomas eles podem ser tão ligeiros que levem a mulher a não procurar tratamento. A doença pode manifestar-se por dor na região inferior do abdómen e na região pélvica, acompanhada de descarga vaginal intensa com odor desagradável, períodos irregulares, dor durante as relações sexuais e ao urinar, podendo ocorrer ainda febre, fadiga, diarreia ou vómitos.
Estes sintomas tendem a ser mais intensos quando a DIP tem origem na mesma bactéria causadora da gonorreia e mais ligeiros ou ausentes quando a causa é a clamídia.
A principal causa é uma doença sexualmente transmissível, o que significa que comportamentos como sexo desprotegido ou com múltiplos parceiros constituem um duplo risco.
Mas há outros riscos a ter em conta, nomeadamente os associados ao uso do DISPOSITIVO INTRA-UTERINO: as bactérias podem entrar no aparelho reprodutor feminino durante a colocação do chamado "aparelho". Já a PÍLULA, embora não proteja contra doenças sexualmente transmissíveis, oferece alguma protecção contra a DIP na medida em que desencadeia uma produção de muco cervical mais espesso, o que dificulta a entrada das bactérias. Em matéria de protecção, os métodos de barreira, como o PRESERVATIVO, são mais eficazes.
Algumas práticas de higiene, como os duches vaginais, também aumentam a probabilidade de desenvolver DIP, pois perturbam o equilíbrio entre a flora vaginal, destruindo as bactérias benignas e favorecendo a multiplicação das nocivas. Pela mesma razão, a limpeza dos genitais femininos a cada ida à casa de banho deve fazer-se no sentido da vagina para o ânus.
Complicações à espreita
Conhecendo os factores de risco, o importante é procurar tratamento à menor suspeita. É que, se não for tratada, a doença inflamatória pélvica pode abrir a porta a complicações de saúde graves. Os tecidos dos órgãos reprodutores podem ser danificados, através da formação de cicatrizes e abcessos que podem obstruir as trompas de Falópio. Uma das consequências possíveis é a gravidez ectópica, ou seja, fora do útero: assim acontece porque o óvulo fertilizado não consegue percorrer a trompa para se implantar na cavidade uterina. Contudo, como a trompa não está preparada para acolher um feto em desenvolvimento, o resultado pode ser uma ruptura da trompa com hemorragias intensas que põem a vida da mulher em perigo, obrigando a cirurgia.
Os danos nos órgãos reprodutores podem ainda ter como consequência a infertilidade. E quantas mais vezes a mulher tiver DIP menor a probabilidade de ter um filho.
Há, pois, que tratar e o mais cedo possível. O diagnóstico envolve a colheita de muco vaginal e cervical, para análise, bem como exames pélvicos. E como a causa mais frequente é uma bactéria, o tratamento faz-se à base de antibióticos, - sendo indispensável cumpri-lo até ao fim mesmo que os sintomas desapareçam: só assim se tem a certeza de ter eliminado todas as bactérias responsáveis pela infecção.
Sexo seguro, para prevenir
Para prevenir a reinfecção, é importante que o parceiro sexual da mulher também seja examinado e, se necessário, tratado. Com o mesmo objectivo, há que praticar sexo seguro. Essa é, aliás, a principal arma da prevenção: usar PRESERVATIVO sempre que se tem relações sexuais, limitar o número de parceiros e conhecer o histórico sexual do parceiro. A prevenção passa também por fazer análises regulares às doenças sexualmente transmissíveis e por sensibilizar o parceiro sexual para a importância deste gesto.
Afinal, não está em causa apenas o presente, está também em risco o futuro, sobretudo se a mulher deseja ser mãe.

Doentes de Alzheimer retém sentimentos

Um estudo feito nos Estados Unidos tem boas notícias para parentes e amigos de pessoas que sofrem da doença de Alzheimer.
Segundo a pesquisa, indivíduos com problemas de perda de memória esquecem uma conversa ou um momento engraçado, por exemplo. Mas, ainda assim, as sensações associadas com as experiências podem permanecer, com melhoria no humor e no bem-estar.
O trabalho, feito por cientistas da Universidade do Iowa, publicado no site na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os pesquisadores mostraram a pessoas com problemas de retenção de memória pequenos filmes alegres e tristes. Embora os participantes não tenham conseguido lembrar o que assistiram, o estudo verificou que eles mantiveram as emoções suscitadas pelos filmes.
Os autores do trabalho afirmam que os resultados têm implicações diretas para portadores da doença de Alzheimer.
– Uma simples visita ou um telefonema de algum membro da família pode ter uma influência positiva na felicidade do paciente, mesmo que ele rapidamente esqueça que a visita ou a chamada tenha ocorrido –, disse Justin Feinstein, um dos autores do estudo.
– Por outro lado, a contínua indiferença por parte dos profissionais de saúde do local onde o paciente está internado pode deixá-lo mais triste, frustrado e solitário, ainda que ele não saiba os motivos por estar se sentindo dessa forma –, afirmou.
Os pesquisadores avaliaram cinco casos neurológicos raros de pacientes com danos no hipocampo, parte do cérebro crítica para a transferência de memórias de curto prazo para o armazenamento de longo termo. Danos no hipocampo fazem com que memórias desapareçam. Esse mesmo tipo de amnésia é um sinal inicial de Alzheimer.
– Ainda que não se lembrassem dos filmes, eles sentiam a emoção. Tristeza tendeu a durar mais tempo do que a alegria, mas as duas emoções permaneceram por muito mais tempo do que a memória dos filmes –, disse Feinstein.
Os resultados do estudo vão contra a noção popular de que apagar uma memória dolorosa poderia abolir o sofrimento psicológico. Também reforçam a importância de atender necessidades emocionais de portadores de Alzheimer, que, de acordo com estimativas, poderá atingir mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo por volta de 2050.

Agência Fapesp

Estudo liga grupo de carboidratos a risco de doenças cardíacas em mulheres

Mulheres que consomem carboidratos com altos níveis glicêmicos, como pães, pizzas e arroz, podem até duplicar seu risco de doenças cardíacas. A conclusão é de um estudo com mais de 47 mil pessoas realizado na Itália.
O estudo, coordenado pela pesquisadora Sabina Sieri, da Fondazione IRCCS Instituto Nazionale dei Tumori, em Milão, analisou mais de 15 mil homens e 32 mil mulheres que tiveram sua dieta monitorada ao longo de quase oito anos.
Após esse período, 463 participantes haviam desenvolvido algum tipo de doença coronária.
Em um artigo na revista científica Archives of Internal Medicine, os pesquisadores disseram ter percebido que as mulheres que consumiram mais alimentos com alto índice glicêmico (25% da amostragem) haviam desenvolvido um risco de doenças equivalente ao dobro do risco de mulheres das 25% que consumiram carboidratos com baixo índice glicêmico, como massas.
No segundo grupo, os pesquisadores não observaram relação com o risco de doenças cardíacas.
Alimentos com alto índice glicêmico liberam energia e elevam rapidamente os níveis de açúcar no sangue e, assim, acionam mais rapidamente o pâncreas para produzir insulina.
Entretanto, os cientistas dizem que são necessárias novas pesquisas para entender por que os carboidratos com alto índice glicêmico – e não os carboidratos em si mesmos – estão ligados ao risco de doenças cardíacas, e por que este risco se aplica às mulheres, mas não aos homens.
– Um alto consumo de carboidratos a partir de alimentos com alto índice glicêmico, e não a quantidade total de carboidratos consumido, parece influenciar o risco de desenvolver doenças na artéria coronária –, escreveram os cientistas.
Os pesquisadores especulam que a razão para isso possa estar ligada a um possível efeito de redução dos níveis de "colesterol bom" no sangue das mulheres.
A nutricionista Victoria Taylor, da Fundação Britânica para o Coração (British Hearth Foundation) disse que o estudo pode ajudar as mulheres a escolher os alimentos mais saudáveis para sua dieta.
– É possível diversificar os tipos de pães e cereais para incluir grãos, centeio, aveia; incluir mais feijão, lentilha, grão de bico; e acompanhar as refeições com uma boa porção de frutas e verduras.

Memórias vão, emoções ficam

Agência FAPESP – Um estudo feito nos Estados Unidos tem boas notícias para parentes e amigos de pessoas que sofrem da doença de Alzheimer.
Segundo a pesquisa, indivíduos com problemas de perda de memória esquecem uma conversa ou um momento engraçado, por exemplo. Mas, ainda assim, as sensações associadas com as experiências podem permanecer, com melhoria no humor e no bem-estar.
O trabalho, feito por cientistas da Universidade do Iowa, será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os pesquisadores mostraram a pessoas com problemas de retenção de memória pequenos filmes alegres e tristes. Embora os participantes não tenham conseguido lembrar o que assistiram, o estudo verificou que eles mantiveram as emoções suscitadas pelos filmes.
Os autores do trabalho afirmam que os resultados têm implicações diretas para portadores da doença de Alzheimer. “Uma simples visita ou um telefonema de algum membro da família pode ter uma influência positiva na felicidade do paciente, mesmo que ele rapidamente esqueça que a visita ou a chamada tenha ocorrido”, disse Justin Feinstein, um dos autores do estudo.
“Por outro lado, a contínua indiferença por parte dos profissionais de saúde do local onde o paciente está internado pode deixá-lo mais triste, frustrado e solitário, ainda que ele não saiba os motivos por estar se sentindo dessa forma”, afirmou.
Os pesquisadores avaliaram cinco casos neurológicos raros de pacientes com danos no hipocampo, parte do cérebro crítica para a transferência de memórias de curto prazo para o armazenamento de longo termo. Danos no hipocampo fazem com que memórias desapareçam. Esse mesmo tipo de amnésia é um sinal inicial de Alzheimer.
“Ainda que não se lembrassem dos filmes, eles sentiam a emoção. Tristeza tendeu a durar mais tempo do que a alegria, mas as duas emoções permaneceram por muito mais tempo do que a memória dos filmes”, disse Feinstein.
Os resultados do estudo vão contra a noção popular de que apagar uma memória dolorosa poderia abolir o sofrimento psicológico. Também reforçam a importância de atender necessidades emocionais de portadores de Alzheimer, que, de acordo com estimativas, poderá atingir mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo por volta de 2050.
O artigo Sustained experience of emotion after loss of memory in patients with amnesia (doi/10.1073/pnas.0914054107), de Justin Feinstein e outros, poderá ser lido em breve na Pnas em www.pnas.org.

Consumo regular de café protege contra o surgimento da diabetes

Estudos modernos mostram que o consumo regular de café protege contra o surgimento da diabetes do adulto (Tipo II).
Estudos recentes sugerem que o consumo diário de até 6 xícaras de café pode prevenir o surgimento do diabetes tipo II, não devido a cafeína mas talvez devido aos ácidos clorogênicos, seus metabólitos ou aos minerais como o magnésio, dentre inúmeras outras substâncias ainda a serem estudadas no café, que não é só cafeína, abrindo uma nova área de pesquisa sobre o papel protetor do consumo de café.
O diabetes tipo II ou insulino-independente (tipo adulto) tem início na maturidade, geralmente após os 40 anos, e os pacientes são em sua maioria obesos e a evolução é lenta. O diabetes do tipo 2 é responsável por 90 % dos casos. Há um componente genético importante e, embora a função das células beta do pâncreas esteja diminuída, persiste uma certa capacidade de secreção de insulina, havendo maior resistência ao desenvolvimento de cetose.
Os sintomas mais freqüentes são poliúria (diurese abundante), polidipsia (sede intensa) e emagrecimento e as complicações mais comuns são retinopatia e nefropatia, todas passíveis de controle pelo acompanhamento rigoroso da glicemia.
O café não é remédio, mas a comunidade médico-científica já considera a planta como funcional , já que previne doenças mantendo a saúde ou mesmo nutracêutica (nutricional e farmacêutico).
Isso porque o café não possui apenas cafeína, mas também potássio, zinco, ferro, magnésio e diversos outros minerais, embora em pequenas quantidades. O grão do café também possui aminoácidos, proteínas, lipídeos, além de açúcares e polissacarídeos.
Possui uma enorme quantidade de polifenóis antioxidantes, chamados ácidos clorogênicos. Durante a torra do café, esses ácidos clorogênicos formam novos compostos bioativos: os quinídeos. É nessa etapa também que as proteínas, aminoácidos, lipídeos e açúcares formam os quase mil compostos voláteis responsáveis pelo aroma característico do café. É toda essa composição que faz do café uma bebida natural e saudável.

sábado, 17 de abril de 2010

Alterações ansiosas

Agência FAPESP – Uma conexão biológica entre estresse, ansiedade e depressão foi identificada pela primeira vez por um grupo de cientistas da Universidade de Ontario Ocidental, no Canadá.
A descoberta foi publicada no site da revista Nature Neuroscience.
Ao identificar o mecanismo no cérebro responsável pela ligação, o grupo liderado por Stephen Ferguson conseguiu mostrar como o estresse e a ansiedade podem levar à depressão.
O estudo também resultou no desenvolvimento de um inibidor molecular que poderá, de acordo com os autores, levar a um novo caminho para o tratamento da ansiedade, da depressão e de outros distúrbios relacionados.
Em experimentos em camundongos, os pesquisadores identificaram o caminho da conexão e puderam testar o inibidor. “Os resultados do estudo indicam que poderemos ter uma nova geração de drogas e de alvos dessas drogas que possam ser usadas para identificar a depressão e tratá-la com mais eficiência do que os métodos atuais”, disse Ferguson.
Segundo o cientista, o próximo passo da pesquisa será verificar se o inibidor desenvolvido poderá resultar em um agente farmacológico.
“De acordo com a Organização Mundial da Saúde, depressão, ansiedade e outros distúrbios de comportamento estão entre as causas mais prevalentes de doenças crônicas. Ao explorar o potencial da biologia molecular, Ferguson e colegas mostraram novos caminhos que poderão se mostrar importantes para a melhoria das vidas de muitas pessoas que sofrem com esses problemas”, disse Anthony Phillips, diretor dos Institutos Canadenses de Pesquisa em Saúde, que financiou a pesquisa.
O mecanismo de conexão descoberto envolve a interação entre o receptor de fator de liberação de corticotropina 1 (CRFR1) e tipos específicos de receptores do neutrotransmissor serotonina (5-HTR).
O estudo revelou que o CRFR1 atua no aumento do número de 5-HTR em superfícies de células no cérebro, o que pode causar uma sinalização anormal.
Como a ativação do CRFR1 leva à ansiedade em resposta ao estresse, e como o 5-HTRs induz ao estado depressivo, a pesquisa verificou como os caminhos do estresse, da ansiedade e da depressão se conectam por meio de processos distintos no cérebro.
O fator inibidor desenvolvido pelos pesquisadores bloqueou, em camundongos, os caminhos, reduzindo os comportamentos de ansiedade e de depressão potencial, disseram os autores.
O artigo CRF receptor 1 regulates anxiety behavior via sensitization of 5-HT2 receptor signaling (doi:10.1038/nn.2529), de Stephen Ferguson e outros, pode ser lido na Nature Neuroscience em www.nature.com/neuro.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Algas contra obesidade

Agência FAPESP – Algas marinhas podem se tornar uma importante alternativa contra a epidemia de obesidade. A conclusão é de uma pesquisa feita no Reino Unido e apresentada na reunião da American Chemical Society, em São Francisco.
O estudo verificou que as algas têm potencial de reduzir a quantidade de gordura pelo organismo em cerca de 75%. Os pesquisadores, da Universidade de Newcastle, adicionaram fibras obtidas das algas em pães, de modo a desenvolver alimentos que ajudem a perder peso ao serem consumidos.
O grupo liderado por Iain Brownlee e Jeff Pearson observou que o alginato, a fibra natural encontrada nas algas, diminui a absorção de gordura pelo organismo de modo muito mais eficiente do que a maioria dos tratamentos atuais contra obesidade.
Com o uso de um sistema digestivo artificial, os cientistas testaram a eficácia de mais de 60 tipos de fibras naturais ao medir a quantidade de gordura que era digerida e absorvida em cada caso. As algas apresentaram o melhor resultado.
Alginatos são comumente usados como espessantes ou estabilizantes em alguns tipos de alimentos. Segundo os pesquisadores, quando adicionados à massa de pães em testes cegos, os produtos resultantes foram considerados melhores do que o pão branco comum com relação à textura e gosto.
“Obesidade é um problema que não para de crescer e muitas pessoas acham difícil seguir uma dieta ou um programa de exercícios físicos com o objetivo de perder peso”, disse Brownlee.
“Os alginatos têm um grande potencial para o uso no controle de peso e, quando adicionados aos alimentos, oferecem a vantagem adicional de ampliar a quantidade de fibra”, apontou.
A próxima etapa da pesquisa será verificar, por meio de experimentos com voluntários, se os resultados observados no laboratório podem ser reproduzidos em circustâncias normais.
“Verificamos que o alginato reduz significativamente a digestão de gorduras. Isso sugere que, se pudermos adicionar essa fibra natural a produtos ingeridos diariamente – como pão, biscoitos ou iogurte –, até três quartos da gordura contida nessa refeição podem simplesmente passar pelo corpo sem serem absorvidos”, disse Brownlee.
A pesquisa é parte de um projeto de três anos financiado pelo Biotechnology and Biological Sciences Research Council, do Reino Unido

ALCOOLISMO

O alcoolismo é uma doença crônica, progressiva, de instalação insidiosa e não raramente fatal, com capacidade para afetar todas as áreas da vida de uma pessoa: quer seja familiar, pessoal, ocupacional ou social.
Estudos realizados com pesquisa genética sugerem que 60% dos casos de abuso do álcool são hereditários e 40% ambientais. Além disso, foi constatado que o estresse e o isolamento emocional parecem ser os fatores mais prováveis entre homens. Em contrapartida, as mulheres começam a ingerir bebidas alcoólicas em resposta a alguma situação de crise especifica, sendo estas mais suscetíveis aos efeitos do etanol, o qual tem a capacidade de danificar vários sistemas orgânicos, levando a patologias graves, tais como: transtornos mentais, cirrose, pancreatite, miocardiopatia, neuropatias e câncer de boca, língua, esôfago e fígado.
Do ponto de vista ocupacional, o alcoolismo constitui um grave problema para o empregador devido aos custos decorrentes desta patologia que incluem trabalho de má qualidade, aposentadoria precoce, decisões incompetentes que podem gerar acidentes de trabalho e maiores reivindicações de seguro de trabalho.
Tendo em vista a gravidade desta doença, faz-se necessário alertar a sociedade da importância da prevenção deste mal e ficar sempre vigilante para não transformar a ingestão de bebidas alcoólicas em um ato habitual alterando assim, toda uma vida. O objetivo do tratamento do alcoolismo é a abstinência e para isso é necessário que o alcoólatra se concientize da necessidade de se recuperar, sendo imperativo o apoio da família e dos amigos, acompanhamento médico e ingressar nos Alcoólicos Anônimos (AA).
Não existe algo que beneficie tanto os alcoólatras e de modo tão eficaz quanto a ajuda que eles próprios podem se dar participando deste grupo de apoio. Os Alcoólicos Anônimos provêem um local onde o alcoolismo em recuperação pode socializar-se longe de um bar, com amigos não-alcoólatras que sempre estão dispostos para apóia-lo, quando a vontade de beber se torna novamente imperiosa. Finalmente, proponho meios para que o alcoólatra ajude os demais (AA) permite que o individuo recupere a confiança e a auto-estima que, anteriormente eram encontradas após a ingestão de álcool.

‘Dr. Itamara Maria Rodrigues de Farias’

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Suco de laranja combate os efeitos negativos do fast food

O suco de laranja pode combater alguns dos efeitos negativos dos fast foods e das refeições ricas em gordura e carboidratos.
De acordo com um estudo da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, as grandes quantidades de antioxidantes dessa bebida - principalmente os flavonoides naringenina e hesperidina - ajudam a prevenir danos causados pelos radicais livres inflamatórios produzidos com o consumo excessivo de gorduras.
Os pesquisadores acompanharam três grupos de 10 pessoas com idades entre 20 e 40 anos e com peso normal, que tiveram de quebrar o jejum comendo, no café da manhã, fast food de 900 calorias com 81 gramas de carboidratos e 51g de gordura.
O grupo que tomou 300 calorias de suco de laranja na refeição apresentou menores níveis sanguíneos de radicais livres do que aqueles que tomaram água e uma bebida à base de glicose. Após a pesada refeição, o grupo do suco apresentou aumento de 47% nos níveis de radicais livres, contra 62% e 63% dos grupos que tomaram água e a bebida de glicose, respectivamente.

PUBERDADE PRECOCE

Puberdade precoce é quando aparecem os caracteres sexuais secundário (pêlos, crescimento das Mamas) antes dos 8 anos de idade. As manifestações mais freqüentes são a telarca e a pubaca.
Telarca precoce é o desenvolvimento das glândulas mamárias, em geral causadas pela ação estrogênica: na recém-nascida produzida pelos hormônios maternos placentário, em crianças pela ingestão acidental de anticoncepcionais ou contato com estrogênios através da aplicação direta de cosméticos, pomadas, loções capilares ou cremes alisantes.
Os tumores funcionais dos ovários, quando ocorrem na infânci, também determinam precocidade sexual, especialmente tumores de células granulosas caracterizadas pelo crescimento rápido das glândulas mamárias. A ação estrogênica poderá levar à soldadura precoce das epífises ósseas, acelerando o amadurecimento.
Pubaca precoce é o aparecimento dos pêlos ao nível dos grandes lábios e região pubiana. Tem como origem os hormônios androgênios.
A puberdade precoce verdadeira, a orgânica é aquela cuja origem se encontra no eixo neuro-endócrino (SVC), devendo ser tratada por um neurologista ou neurocirurgião.
Em recente pesquisa, observou-se que 12,3% das meninas cuja puberdade se iniciou entre os 6 e os 8 anos apresentaram doenças endócrinas, devendo ser investigadas.
No diagnóstico clínico, é importante lembrar que sinais puberais isolados (a telarca ou pubarca) podem estar presentes sem que haja associação com o aumento significativo da velocidade óssea caracterizando a adrenarca e telarca prematura, não tendo indicação de tratamento.
É importante impedir o aparecimento e instalação dos ciclos menstruais te a idade entre os 9 e 10 anos. Os pais devem estar atentos para detectar os primeiros sinais de aparecimento da puberdade precoce, levando a criança a um ginecologista infantil para fazer o tratamento adequado se necessário, orientando a mãe e a criança.

‘Maria da Penha Pessoa da Silva’

Bactéria contra dengue

Agência FAPESP – Uma bactéria que pode bloquear a duplicação do vírus da dengue em mosquitos foi descoberta por cientistas da Universidade do Estado de Michigan, nos Estados Unidos.
O achado poderá ajudar no desenvolvimento de tratamentos contra a doença que ameaça cerca de 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo e para o qual atualmente não existe vacina.
“Na natureza, cerca de 28% das espécies de mosquitos são hospedeiros da bactéria Wolbachia, mas esse não é o caso do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. Verificamos que a Wolbachia é capaz de parar a duplicação do vírus da dengue e, se não houver vírus no mosquito, ele não se espalhará para as pessoas. Ou seja, a transmissão da doença poderia ser bloqueada”, disse Zhiyong Xi, um dos autores do estudo.
O estudo foi publicado na edição de abril da revista PLoS Pathogens. Xi e colegas introduziram a bactéria em mosquitos Aedes aegypti por meio da injeção do parasita em embriões.
Os pesquisadores mantiveram a Wolbachia em insetos no laboratório por quase seis anos, com a bactéria sendo transmitida de uma geração a outra.
Quando um macho com a bactéria cruza com uma fêmea não infectada, a Wolbachia promove uma anormalidade reprodutiva que leva à morte precoce de embriões.
Mas a Wolbachia não afeta o desenvolvimento embrionário quando tanto o macho como a fêmea estão infectados, de modo que a bactéria pode se espalhar rapidamente, infectando uma população inteira de mosquitos. A bactéria não é transmitida dos mosquitos para humanos.
Um estudo anterior feito na Austrália, com abordagem diferente, também destacou o potencial da Wolbachia. “A linhagem que usamos tem uma taxa de transmissão maternal de 100% e faz com que os mosquitos vivam mais. No trabalho australiano, a linhagem usada faz com que os mosquitos morram cedo”, disse Xi.
“Os dois métodos têm suas vantagens. Quanto mais o mosquito viver, mais chances ele terá de passar a infecção para seus descendentes e de atingir uma população inteira de mosquitos em um determinado período. Mas se o mosquito viver menos, ele não picará as pessoas e não transmitirá o vírus da dengue. Os dois exemplos demonstram o potencial do uso da bactéria para controle da transmissão”, explicou.
Os dois estudos reforçam a preocupação de cientistas de diversos países com o problema. Uma pesquisa publicada em fevereiro pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences apresentou um possível método para controle da transmissão por meio da obtenção de fêmeas do Aedes aegypti que são incapazes de voar.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Nozes podem ajudar contra o câncer de próstata

Reconhecidas como um alimento bom para o coração por serem ricas em ômega-3, as nozes podem ajudar a reduzir o tamanho e a taxa de crescimento do câncer de próstata.
Um estudo, apresentado no Encontro Nacional da American Chemical Society, indica que as nozes devem ser parte de uma dieta saudável para a próstata, que inclui muitas frutas e vegetais.
As nozes são ricas em substâncias saudáveis, como ômega-3, gama-tocoferol (um tipo de vitamina E), polifenóis e antioxidantes.
Em testes com ratos, os cientistas notaram que os animais alimentados com 70 gramas diários de nozes por dois meses desenvolveram tumores 50% menores e que cresciam 30% mais lentamente, comparados aos cânceres de ratos com uma dieta convencional.
Os pesquisadores descobriram ainda que esses animais também apresentavam menores níveis de fator de crescimento similar à insulina tipo 1 - que é associado ao aumento no risco de câncer de próstata.
O câncer de próstata é, no Brasíl e nos EUA, o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele.
Mais de 190 mil homens devem desenvolver a doença nos EUA neste ano. A previsão é que 27 mil pessoas devem morrer por causa do câncer.

Detecção de doenças pela voz

Por Fábio Reynol

Agência FAPESP – Um fonoaudiólogo pede ao paciente para falar a vogal “a” diante de um microfone. Após alguns minutos, em um monitor de computador o médico recebe os dados analisados pelo programa com uma suspeita de diagnóstico, caso alguma alteração seja detectada.
Tornar possível essa cena é o objetivo de pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo que trabalham com sistemas de análise de voz.
Durante o doutorado no Departamento de Engenharia Elétrica, Paulo Rogério Scalassara trabalhou em um sistema de processamento digital de sinais que pudesse discriminar certas doenças relacionadas ao aparelho fonador. O estudo envolveu duas patologias: nódulos nas pregas vocais e o edema de Reinke, uma espécie de inflamação das pregas vocais que provoca o seu inchaço.
Agora, no pós-doutorado no Instituto de Física de São Carlos, também da USP, Scalassara pretende englobar no sistema outras quatro patologias: pólipo, carcinoma da laringe, mal de Parkinson e tremor essencial, um distúrbio neurológico semelhante ao Parkinson. Assim como ocorreu no doutorado, ele tem apoio da FAPESP por meio de Bolsa de Pós-Doutorado.
Scalassara se utiliza de um banco de vozes pré-gravadas e digitalizadas. Esses arquivos são submetidos a análises feitas com softwares baseados em modelos específicos. A inovação da pesquisa está nesses modelos.
“Os modelos convencionais observam alterações em características lineares da voz e nós utilizamos medidas de informação do sinal, como a entropia”, disse à Agência FAPESP.
A entropia, no caso, refere-se ao grau de desordem inerente ao sinal vocal. O que os modelos fazem é selecionar trechos e testar previsões de como ele se comportará em seguida. A previsão é então comparada ao trecho posterior e, desse modo, é testada.
Com base nos modelos de previsão usados, vozes oriundas de tratos vocais saudáveis têm características mais “previsíveis”, ou seja, menor entropia. Por outro lado, doenças que comprometem o aparelho fonador geram vozes com maior entropia. Têm maior grau de irregularidade e, portanto, são menos previsíveis.
No trabalho de doutorado, Scalassara conseguiu um bom índice de êxito ao diferenciar vozes de pacientes saudáveis e de portadores de edema de Reinke e de nódulo nas pregas vocais. No entanto, o sistema não conseguiu apontar entre as duas doenças de qual o paciente sofria.
Segundo a sua hipótese, as doenças também provocam graus diferentes de previsibilidade e, portanto, são passíveis de diferenciação por meio da técnica. Para isso, ele está aperfeiçoando os modelos usados e testando novos.
O banco de vozes utilizado no doutorado – composto por 48 arquivos, sendo 16 vozes saudáveis, 16 com edema de Reinke e 16 com nódulos – foi ampliado por uma coletânea de gravações cedidas pelo Hospital das Clínicas da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, onde atuou como assistente de pesquisa durante parte de seu doutorado. “Esse novo banco de dados conta com amostras de vozes com as outras patologias que estou analisando agora no pós-doutorado”, disse.
Exames não-invasivos
Uma das consequências de pesquisas como essa é promover o desenvolvimento de sistemas de auxílio pré-diagnóstico que possam, por exemplo, evitar exames invasivos como a laringoscopia, caso uma patologia seja detectada por meio do exame vocal.
Pesquisas com sinais vocais para elaboração de diagnósticos começaram a se intensificar há apenas cinco anos no Brasil, segundo José Carlos Pereira, professor da Escola de Engenharia de São Carlos. Juntamente com o professor Carlos Dias Maciel, Pereira orientou Scalassara durante o doutorado.
“Os estudos de modelagem biomecânica de voz se originaram na década de 1960 com pesquisas que pretendiam sintetizar a voz humana ao simular o trato vocal em máquinas. Com o tempo, o estudo mudou de lado ao decompor a voz para se conhecer as condições da laringe”, disse.
A mesma análise vocal que está sendo desenvolvida com o auxílio de computadores já é feita hoje por fonoaudiólogos, com a utilização do ouvido humano. Pereira conta que profissionais com ouvido apurado diferenciam patologias ao ouvir os sons produzidos por pacientes por meio do exame chamado “perceptivo auditivo”. São essas nuances vocais percebidas por humanos treinados que os pesquisadores tentam identificar e passar para as máquinas.
“Não é fácil, porque as pregas vocais são músculos extremamente complicados e há muita caoticidade em suas vibrações. Por isso, modelos lineares não conseguem captar todas as nuances”, explicou.
Outro desafio ressaltado pelos pesquisadores é a multidisciplinaridade e o distanciamento das áreas envolvidas nesse trabalho. “O processamento de sinais exige matemática pesada, ao mesmo tempo que envolve as áreas de fonoaudiologia e otorrinolaringologia”, disse Pereira.
Por conta disso, em seu laboratório engenheiros e cientistas da computação interagem com fonoaudiólogos e contam com a consultoria de médicos otorrinos durante a pesquisa.
O doutorado de Scalassara foi um exemplo. Fonoaudiólogas auxiliaram o doutorando, que é engenheiro, nas análises dos sinais de voz. Durante a coleta esse material foi analisado por médicos e reanalisados pelas fonoaudiólogas.
Por todos esses obstáculos, Pereira estima que a análise de sinais vocais poderá em breve detectar e distinguir as patologias que mais alteram a voz, especialmente nódulos, pólipos e edema de Reinke.
O campus de São Carlos da USP desenvolve um grande número de pesquisas envolvendo processamento de sinais de voz. Além do Laboratório de Processamento de Sinais do Departamento de Engenharia Elétrica da EESC-USP, coordenado pelo professor Pereira, diversos trabalhos são realizados também pelo Instituto de Física de São Carlos por meio do SpeechLab, coordenado pelo professor Rodrigo Capobianco Guido, orientador de Scalassara no pós-doutorado.

Dependência pesada

Agência FAPESP – O mecanismo molecular que leva indivíduos ao vício em drogas é o mesmo que está por trás da compulsão pela comida, de acordo com um novo estudo realizado por cientistas norte-americanos.
Os resultados fornecem uma explicação científica para algo que é verificado na prática por pacientes obesos há muito tempo: assim como ocorre com a dependência em outras substâncias, largar o vício por comida não saudável é algo extremamente difícil.
A pesquisa, coordenada por Paul Kenny do Instituto de Pesquisa Scripps, na Flórida (Estados Unidos), foi publicada na edição on-line da revista Nature Neuroscience e em breve será veiculada na versão impressa.
Os resultados do estudo já haviam sido divulgados de forma preliminar em uma reunião da Sociedade de Neurociências, em Chicago, em outubro de 2009. Mas o artigo vai mais longe, demonstrando pela primeira vez com clareza, em modelos animais, que o desenvolvimento da obesidade coincide com a deterioração progressiva do equilíbrio químico em circuitos de recompensa do cérebro.
Conforme esses centros de prazer do cérebro se tornavam cada vez menos sensíveis, os ratos utilizados no experimento desenvolviam rapidamente o hábito de comer compulsivamente, consumindo quantidades maiores de alimentos com altos teores de calorias e gordura, até se tornarem obesos.
As mesmas mudanças ocorreram nos cérebros dos ratos que consumiram grande quantidade de cocaína ou heroína. Os cientistas acreditam que esse mecanismo tem um papel importante no desenvolvimento do uso compulsivo de drogas.
De acordo com Kenny, o estudo, que levou três anos para ser concluído, confirma as propriedades “viciantes” da comida junk – alimentos não saudáveis com muitas calorias e muita gordura.
“Ao contrário do resumo divulgado de forma preliminar, esse novo estudo explica o que ocorre no cérebro desses animais quando eles têm acesso fácil a altos teores de calorias e gordura. A pesquisa apresentou as evidências mais completas e convincentes de que a dependência de drogas e a obesidade têm base nos mesmos mecanismos neurobiológicos subjacentes”, afirmou Kenny.
Segundo ele, os animais continuaram a comer compulsivamente, mesmo quando recebiam choques elétricos. “Isso mostra como eles estavam motivados a consumir o alimento saboroso”, disse.
Os pesquisadores alimentaram os ratos com uma dieta modelada a partir do típico cardápio que contribui para a obesidade humana – com calorias de fácil obtenção e alta gordura –, como salsichas, bacon e cheese-cake. Logo após o início dos experimentos, os animais começaram a comer em grande quantidade.
“Eles procuraram sistematicamente o pior tipo de comida. O resultado é que eles ingeriram o dobro das calorias dos ratos do grupo de controle. Quando removemos a comida junk e tentamos colocá-los em uma dieta mais balanceada, eles simplesmente se recusavam a comer”, disse Kenny.
A modificação na preferência dos ratos em relação à dieta foi tão grande que os animais passaram fome por duas semanas depois que a comida junk foi cortada. Os animais que apresentaram um colapso nos circuitos cerebrais de recompensa foram justamente aqueles que mudaram a dieta mais profundamente, buscando a comida mais saborosa e menos saudável.
“Esses mesmos ratos também foram os que se mantiveram comendo, mesmo quando levavam choques elétricos”, disse o cientista. De acordo com Kenny, o mecanismo do vício é bastante simples. As vias de recompensa no cérebro foram tão superestimuladas que o sistema basicamente começa a ser “ligado” espontaneamente, adaptando-se à nova realidade do vício – seja ele a cocaína ou o bolo de chocolate.
“O corpo se adapta notavelmente bem à mudança. E esse é o problema. Quando o animal superestimula os centros de prazer de seu cérebro com comida altamente saborosa, os sistemas se adaptam a isso, diminuindo sua atividade. No entanto, nesse momento o animal requer constante estimulação pela comida saborosa a fim de evitar a entrada em um estado persistente de recompensa negativa”, explicou.
Depois de mostrar que os ratos obesos tinham, em relação à comida, um comportamento claramente semelhante ao do vício em drogas, Kenny e sua equipe investigaram o mecanismo molecular subjacente que explica a modificação. Eles se concentraram em um receptor específico no cérebro, conhecido por ter um importante papel na vulnerabilidade à dependência química e à obesidade – o receptor de dopamina D2.
Esse receptor responde à dopamina, um neurotransmissor que é liberado no cérebro por experiências de prazer, como comida, sexo ou drogas como a cocaína. No caso do abuso de cocaína, por exemplo, a droga altera o fluxo de dopamina bloqueando sua recuperação, inundando o cérebro e superestimulando os receptores. Isso leva eventualmente a mudanças físicas na maneira como o cérebro responde à droga.
O estudo mostra que o mesmo processo ocorre quando o indivíduo está viciado em comida junk. “Essa descoberta confirma o que muita gente suspeitava: o consumo exagerado de comida muito saborosa é um gatilho para uma resposta neuroadaptativa, semelhante ao vício, nos circuitos de recompensa do cérebro. Isso leva ao desenvolvimento de uma obesidade e à dependência de drogas”, afirmou.
O artigo Dopamine D2 receptors in addiction-like reward dysfunction and compulsive eating in obese rats (doi:10.1038/nn.2519), de Paul Johnson e Paul Kenny e outros, pode ser lido na Nature Neuroscience em www.nature.com/neuro.

H1N1, a pandemia falsa

Wolfgang Wodarg, chefe de Saúde no Conselho da Europa, considera que o susto A H1N1 foi uma "campanha de pânico", uma pandemia "falsa", "um dos grandes escândalos de medicina do século" e alega que as vacinas, com base nas células cancerosas, significam que muito possivelmente "o pior está por vir".

Para Wolfgang Wodarg, a pandemia de H1N1, que começou como Gripe mexicana, depois gripe suína, foi nada mais, nada menos do que uma campanha para criar uma falsa noção de insegurança para as empresas farmacêuticas receberem dinheiro: "A grande campanha de pânico que vimos foi uma oportunidade de ouro para os representantes dos laboratórios que sabiam que eles iriam atingir o jackpot, no caso de uma pandemia ser declarada", afirmou.

Afirmando que a pandemia "é um dos grandes escândalos de medicina do século,” Dr. Wodarg apelou a um inquérito. A resolução que ele propôs é uma investigação sobre o papel das empresas farmacêuticas na história A H1N1, que foi aprovada pelo Conselho da Europa, que tem sede em Estrasburgo. Um debate de emergência será realizado no final de janeiro.

"Queremos esclarecer tudo que causou esta grande operação de desinformação. Nós queremos saber quem fez as decisões, com base em quais provas, e precisamente como a influência da indústria farmacêutica passou a ostentar-se na tomada de decisões ", declarou Dr. Wodarg, acrescentando que um grupo de pessoas na Organização Mundial de Saúde "está associado estreitamente com a indústria farmacêutica".

As vacinas são perigosas?
Sobre as vacinas, o Dr. Wodarg fez umas declarações preocupantes numa entrevista com o jornal francês L'Humanité, publicado no domingo: "As vacinas foram desenvolvidas muito rapidamente. Alguns ingredientes foram insuficientemente testados. Mas há pior para vir. A vacina desenvolvida pela Novartis, foi produzida em um biorreator de células cancerosas, uma técnica que nunca tinha sido utilizado até agora ".

O especialista em saúde acrescentou que não era necessária e enormes quantidades de dinheiro público foram desperdiçadas, como resultado, e o desenvolvimento da vacina não seguiu os processos usuais em lugar ao nível nacional e internacional das instituições públicas: "Estas são agora desacreditadas porque milhões de pessoas foram vacinados com produtos com possíveis inerentes riscos para a saúde".

Empresas Pharma fizeram bilhões da histeria

Wolfgang Wodarg ainda acusou os fabricantes de drogas Antigripais e de vacinas de influenciar a decisão da OMS para declarar uma pandemia global, facilitando a implantação de mecanismos que por sua vez gerou bilhões de dólares em lucros. O Ministério britânico da Saúde, por exemplo, estabeleceu procedimentos especiais, suspendeu as regras normais, disse às autoridades nacionais e locais para preparar para 65.000 mortes, preparar as morgues para números recordes de mortos e instruiu as forças armadas para estarem preparadas para tumultos.

O resultado foi inferior a 5.000 casos e 251 mortes, a maioria das quais ocorrerendo em pacientes com subjacentes graves problemas de saúde crônicos, ou uma taxa de mortalidade 260 vezes menor que o esperado.

Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru

Obesidade e sedentarismo aumentam risco de câncer de mama

Estima-se que 49.240 mulheres terão incidência de câncer de mama em 2010.

O risco de câncer de mama aumenta com a idade na população feminina, mas outras variáveis podem causar a doença. Entre elas, a obesidade e o sedentarismo, segundo a médica Ana Ramalho, chefe da Divisão de Ações de Detecção Precoce do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Para prevenir a doença, alertou ela, as brasileiras devem ter uma alimentação balanceada e atividade física.
– A alimentação pode reduzir em até 30% o número de casos de câncer –, explicou.
Evitar a obesidade e a reposição hormonal sem acompanhamento médico são outras recomendações dadas pela especialista. As mulheres com filhos devem também manter uma amamentação mais prolongada para diminuir o risco de câncer de mama. A amamentação no peito deve ser exclusiva até os 6 meses de idade do bebê, estendendo-se até os 2 anos, conjugada à alimentação normal.
O Inca estima que 49.240 mulheres terão incidência de câncer de mama em 2010 no Brasil. Esse tipo de câncer é o que mais mata mulheres no país. A taxa de mortalidade em 2007, que é o último registro do Inca, foi de 11,1 óbitos por 100 mil mulheres, o que corresponde a 11.060 óbitos devido ao câncer de mama.
Ana Ramalho esclareceu que embora o percentual de mulheres que fizeram exames de mamografia tenha se elevado no país entre 2003 e 2008, de 42,5% para 54,8%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), isso não contribui para diminuir a incidência de casos. A mamografia não é uma prevenção.
A detecção precoce pode ser feita por meio do autoexame das mamas. Outra estratégia é fazer exames clínicos anuais a partir dos 40 anos. A partir dos 50 anos, deve-se realizar mamografias a cada dois anos.

Qualidade das vozes femininas

Por Fábio Reynol

Agência FAPESP – Durante aproximadamente um minuto, a voluntária lê um texto impresso duas vezes. A primeira leitura em tom normal; a segunda, com maior intensidade. Sua voz é registrada em um gravador digital de alta precisão em uma cabine acusticamente isolada.
Repetida com 60 pessoas, essa experiência fez parte do trabalho “Análise acústica e perceptivo-auditiva da voz de atrizes brasileiras: espectro médio de longo termo e o formante do ator”, apoiado pela FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular e que procurou traçar diferenças entre as vozes de atrizes e as de não atrizes.
A experiência, encerrada no fim de 2009, foi coordenada pela professora Suely Master, do campus de São Paulo da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita (Unesp). Foram selecionadas 30 atrizes que tivessem, no mínimo, cinco anos de carreira profissional e cursado aulas de técnicas vocais. As outras 30 voluntárias, por sua vez, não poderiam ter formação cênica nem treinamento em técnicas vocais.
Segundo Suely, o estudo usou como parâmetro de medição o chamado “espectro médio de longo termo”, que significa uma análise em um tempo maior do que as convencionalmente feitas em testes fonoaudiológicos.
“O que se faz normalmente é pedir para a pessoa sustentar a emissão de uma vogal durante um curto período. Porém, nessa pesquisa pedimos a leitura de um texto”, disse à Agência FAPESP.
Outra novidade da pesquisa foi a abordagem de vozes femininas. “Há muitos estudos de vozes de homens, mas quase nada sobre o desempenho de mulheres”, afirmou.
No caso dos atores, pesquisas anteriores identificaram uma faixa de frequência, entre 3 e 4 kHz, em que há grande concentração de energia. Esse espectro é comum na maioria dos atores e seria o responsável pelo bom desempenho de suas vozes, tanto que é conhecido como “formante do ator”.
Um dos objetivos da pesquisa foi verificar se também as mulheres teriam uma faixa privilegiada durante a performance vocal e que pudesse atribuir qualidade à voz dessas profissionais.
No entanto, o estudo não encontrou um equivalente feminino para o “formante do ator”, embora a superioridade da qualidade da voz das atrizes tivesse ficado evidente em comparação às demais voluntárias que não tinham formação em teatro.
“Essa qualidade maior das vozes das atrizes foi uma hipótese que se confirmou, mas, além disso, queríamos dizer em que pontos especificamente estariam essas diferenças no espectro de som”, disse Suely.
Na pesquisa, as atrizes apresentaram vozes mais graves e suaves, sem forçar muito o aparelho fonador. Já as não atrizes avaliadas fizeram leituras mais agudas e demonstraram ter feito um esforço maior para ler.
“Essa informação é importante e indica que o treinamento vocal pode gerar uma grande economia de energia para o ator”, explicou a pesquisadora. Para profissionais que utilizam a voz com frequência, as técnicas vocais podem preservar a saúde, segundo destaca a professora.
Comparando as medidas com outros estudos feitos com homens, Suely conseguiu traçar também algumas diferenças entre os sexos. Enquanto as vozes masculinas têm características fortemente ligadas à ressonância e ao desempenho das pregas vocais, nas mulheres o papel principal da produção da voz projetada ou da voz cênica fica por conta da laringe.
Analisadores eletrônicos de voz
As análises foram feitas por meio de equipamentos acústicos de última geração, como um gravador digital profissional e um analisador de voz capaz de avaliar vários parâmetros vocais. “Esses recursos, assim como boa parte do nosso laboratório, foram adquiridos graças ao apoio da FAPESP”, disse Suely, que também coordena o Laboratório Didático de Voz e Interpretação da Unesp.
Ela explica que, antes do advento desses equipamentos, as análises dependiam apenas do ouvido humano. “Atestávamos a qualidade da voz, mas ficávamos com a pergunta: por que essa voz é boa? Agora, com medições mais objetivas, conseguimos ter respostas”, contou.
Mesmo com a tecnologia eletrônica disponível, a pesquisadora não dispensou a avaliação tradicional da escuta humana. Após as análises em computador, as gravações foram misturadas e, sem identificação, submetidas a análises perceptivo-auditivas de cinco fonoaudiólogas.
As profissionais anotaram em uma ficha os padrões percebidos e apontaram as vozes de atrizes como sendo mais graves, as mais sonoras e as mais articuladas, entre outros parâmetros. Os resultados coincidiram com os registrados pelas máquinas.
Suely ressalta que esse tipo de trabalho traz contribuições importantes para a formação do ator. “Pesquisas desse tipo permitem, por exemplo, o desenvolvimento de novas técnicas vocais para a atuação em palco e de novas metodologias de ensino no campo da expressão vocal.”
Ela constatou também a importância da “visualização” da voz possibilitada pelos gráficos de frequência fornecidos pelos equipamentos computadorizados. Ao enxergar o espectro da própria voz, o ator pode acompanhar visualmente os resultados dos exercícios e das técnicas empregadas. “É impressionante o efeito positivo que essa visualização tem para os estudantes”, disse.
No entanto, pesquisas como essa, que abordam dados mais técnicos, ainda são raras em instituições de ensino de artes cênicas, segundo aponta a própria pesquisadora. “Procuramos colocar a fonoaudiologia a serviço da arte, mas a disciplina ainda é privilégio de poucas escolas do gênero”, apontou.

A força dos dentes

Os dentes estão entre as coisas mais duras e resistentes que existem, afinal, são submetidos à pressão todos os dias. Segundo um novo estudo, essa resistência se deve à forma microscópica do esmalte dentário (a camada mais dura e externa do dente), que lembra a trama de uma cesta.
Embora o esmalte seja superduro, assim como o vidro, ele é quebradiço. O que surpreende os pesquisadores é que, quando bem cuidados, os dentes não quebram facilmente e podem durar a vida toda.
Os cientistas estudaram a boca de humanos e de animais e descobriram o segredo dos dentes: a microestrutura do esmalte faz com que as rachaduras que eventualmente se formam não se espalhem pelo resto do dente. Assim ele não se quebra em muitos pedaços. Quando examinaram os dentes de pessoas mais velhas, descobriram que eles estão cheios de rachaduras, embora continuem intactos. É um sistema de proteção incrível!
Mesmo com toda a tecnologia usada para fabricar próteses, os implantes feitos para substituir dentes perdidos nem chegam aos pés dos originais. As próteses têm menos resistência e quebram mais facilmente.
Quem criou essa microestrutura dentária com tecnologia ainda inigualável? A resposta está na ponta da língua – ou melhor, nos dentes.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

LEOCOPENIA


Leocopenia é a redução do numero de leucócitos no sangue. É uma das principais causas de encaminhamento de pacientes e indivíduos sadios ao hematologista. Os leucócitos são células de defesa que nos protegem dos ataques de microrganismos (bactérias, vírus, parasitas, etc) e juntamente com as hemácias e plaquetas, formam o componente celular do sangue. A contagem de leucócitos oscila entre 3.500 a 11.000/mm3 e apesar desta variação, admite-se que o valor normal é aquele observado naquela pessoa, em condições normais, e que costuma ser a mesma ao longo dos anos.
Os fatores que podem levar à leucopenia são:
1 – Constitucionais: indivíduos de determinadas etnias (raça negra) apresentam leucócitos em torno de 3.000/mm3.
2 – Patológicos: doenças infecciosas, principalmente as virais (Gripe, Dengue, Heptites, infecção por HIV), são as principais causas da leucopenia.
3 – Medicamentos / Ocupacional: alguns agentes estão ocasionalmente associados à leucopenia – analgésicos, antinflamatórios, antibióticos, anticonvulsivantes, tranqüilizantes, bem como o contato com substâncias químicas (benzeno, inseticidas, tintas).
4 – Doenças hematológicas: as leucoses agudas, linfomas, mieloma múltiplo também podem cursar com leucopenia.
A leucopenia não é uma doença e sim uma manifestação de alguma situação natural ou patológica e, por isso, não leva a nenhum sintoma especifico. No entanto, níveis muito baixos podem levar a maior propensão a infecções.
O diagnostico e tratamento da leucopenia vão depender do fator causal envolvido. Na grande maioria das vezes, o individuo/paciente tem a sua contagem leucocitária normalizada sem uso de medicação. Deve-se evitar exposição a substancias químicas, a ingestão abusiva de álcool e a auto medicação.


‘Dr. Roberto de Moura Grisi – Hematologista’