segunda-feira, 26 de abril de 2010

Doença inflamatória pélvica: Fertilidade ameaçada

A fertilidade fica ameaçada quando a mulher sofre de doença inflamatória pélvica. E quantos mais episódios, maior o risco. O melhor é prevenir, o que é sinónimo de práticas sexuais seguras.
A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma infecção dos órgãos reprodutores da mulher que anda de mãos dadas com as doenças sexualmente transmissíveis. É que a DIP é causada por bactérias de transmissão sexual, como as que são responsáveis pela clamídia e pela gonorreia, entre outros agentes, que sobem da vagina até ao útero, podendo infectar pelo caminho as trompas de Falópio e os ovários.
Muitas mulheres têm DIP sem o saber, dado que não apresentam quaisquer sintomas. Significa isto que não se tratam, o que aumenta o risco de danos nos órgãos reprodutores, tal como aumenta a probabilidade de transmitirem a infecção ao/s parceiro/ s sexuais.
E mesmo quando há sintomas eles podem ser tão ligeiros que levem a mulher a não procurar tratamento. A doença pode manifestar-se por dor na região inferior do abdómen e na região pélvica, acompanhada de descarga vaginal intensa com odor desagradável, períodos irregulares, dor durante as relações sexuais e ao urinar, podendo ocorrer ainda febre, fadiga, diarreia ou vómitos.
Estes sintomas tendem a ser mais intensos quando a DIP tem origem na mesma bactéria causadora da gonorreia e mais ligeiros ou ausentes quando a causa é a clamídia.
A principal causa é uma doença sexualmente transmissível, o que significa que comportamentos como sexo desprotegido ou com múltiplos parceiros constituem um duplo risco.
Mas há outros riscos a ter em conta, nomeadamente os associados ao uso do DISPOSITIVO INTRA-UTERINO: as bactérias podem entrar no aparelho reprodutor feminino durante a colocação do chamado "aparelho". Já a PÍLULA, embora não proteja contra doenças sexualmente transmissíveis, oferece alguma protecção contra a DIP na medida em que desencadeia uma produção de muco cervical mais espesso, o que dificulta a entrada das bactérias. Em matéria de protecção, os métodos de barreira, como o PRESERVATIVO, são mais eficazes.
Algumas práticas de higiene, como os duches vaginais, também aumentam a probabilidade de desenvolver DIP, pois perturbam o equilíbrio entre a flora vaginal, destruindo as bactérias benignas e favorecendo a multiplicação das nocivas. Pela mesma razão, a limpeza dos genitais femininos a cada ida à casa de banho deve fazer-se no sentido da vagina para o ânus.
Complicações à espreita
Conhecendo os factores de risco, o importante é procurar tratamento à menor suspeita. É que, se não for tratada, a doença inflamatória pélvica pode abrir a porta a complicações de saúde graves. Os tecidos dos órgãos reprodutores podem ser danificados, através da formação de cicatrizes e abcessos que podem obstruir as trompas de Falópio. Uma das consequências possíveis é a gravidez ectópica, ou seja, fora do útero: assim acontece porque o óvulo fertilizado não consegue percorrer a trompa para se implantar na cavidade uterina. Contudo, como a trompa não está preparada para acolher um feto em desenvolvimento, o resultado pode ser uma ruptura da trompa com hemorragias intensas que põem a vida da mulher em perigo, obrigando a cirurgia.
Os danos nos órgãos reprodutores podem ainda ter como consequência a infertilidade. E quantas mais vezes a mulher tiver DIP menor a probabilidade de ter um filho.
Há, pois, que tratar e o mais cedo possível. O diagnóstico envolve a colheita de muco vaginal e cervical, para análise, bem como exames pélvicos. E como a causa mais frequente é uma bactéria, o tratamento faz-se à base de antibióticos, - sendo indispensável cumpri-lo até ao fim mesmo que os sintomas desapareçam: só assim se tem a certeza de ter eliminado todas as bactérias responsáveis pela infecção.
Sexo seguro, para prevenir
Para prevenir a reinfecção, é importante que o parceiro sexual da mulher também seja examinado e, se necessário, tratado. Com o mesmo objectivo, há que praticar sexo seguro. Essa é, aliás, a principal arma da prevenção: usar PRESERVATIVO sempre que se tem relações sexuais, limitar o número de parceiros e conhecer o histórico sexual do parceiro. A prevenção passa também por fazer análises regulares às doenças sexualmente transmissíveis e por sensibilizar o parceiro sexual para a importância deste gesto.
Afinal, não está em causa apenas o presente, está também em risco o futuro, sobretudo se a mulher deseja ser mãe.

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