sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Assim vai a saude em Portugal - Tres "bons" exemplos num só dia

Com a devida venia ao Correia da Manha.

Enfermeiro droga e abusa de doentes 

Um enfermeiro do Hospital de Santarém está acusado pelo Ministério Público (MP) de ter drogado duas pacientes e abusado delas, colocando o pénis erecto nas mãos das queixosas, de 20 e 49 anos. O arguido, de 29 anos, começa a ser julgado em Setembro por dois crimes de coacção sexual.
A primeira doente entrou no Serviço de Urgências com dores fortes, pelas 02h00 de 23 de Março de 2009, e esteve em observações durante toda a noite. Pelas 09h00, segundo o MP, foi levada para uma sala de tratamento isolada dos restantes doentes por cortinas corridas. Antes de adormecer com a droga que lhe foi ministrada – um fármaco que provoca sono introduzido no tubo do soro – a queixosa sentiu que tinha na mão o órgão sexual do arguido.
A segunda queixosa deu entrada no hospital pelas 14h40, acometida por uma forte dor, e foi levada para a sala de observações do Serviço de Urgências. Enquanto aguardava por meios complementares de diagnóstico, o arguido, vestido com a bata de enfermeiro, aproximou-se da paciente, correu as cortinas de resguardo para proceder à recolha de sangue e ligou-a ao soro. A acusação diz que, nessa altura, aproveitou para dar à doente a substância indutora de sono. Ao adormecer, a paciente recorda-se de o enfermeiro lhe perguntar se gostava de sexo oral e anal, sentindo que agarrava o seu pénis erecto.
O profissional encontra-se suspenso de funções por ordem do MP e enfrenta também um processo disciplinar, aberto pela Ordem dos Enfermeiros, cuja conclusão depende do resultado do julgamento.
"Não acredito que isso seja verdade", disse ontem ao CM um colega do enfermeiro. "Primeiro, é alguém incapaz de fazer aquilo de que o acusam e é impossível uma coisa dessas ocorrer nas Urgências", justifica.
"Se existem duas queixas em simultâneo é porque alguma coisa se terá passado", admite, no entanto, outra colega, mas ressalvando que o acusado "sempre mostrou ser bom profissional e ter carácter", pelo que não acredita na denúncia.
NEM SEQUER SE LEMBRA DAS QUEIXOSAS
O enfermeiro, residente em Santarém, negou os factos que lhe são imputados pelo Ministério Público na fase de inquérito, dizendo-se vítima de uma tremenda mentira. Diz nem se recordar das queixosas, dado o movimento diário nas Urgências, considerando um caso destes impossível de ocorrer num sítio onde não há privacidade e o movimento de médicos, enfermeiros e doentes é constante. Uma das queixosas identificou o arguido pelo nome escrito na bata. A segunda recorda-se apenas de ter sido vítima do abuso sexual.
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Médico já foi embora

O médico Franciscus Versteeg, que operou os olhos de quatro pessoas, causando a três delas cegueira irreversível, regressou à Holanda e está a trabalhar na sua clínica em Amstelveen, a Eye-Q-Vision, perto de Amsterdão.

O director clínica I-QMed, de Lagoa, voltou ao seu país depois de ter sido ouvido, ao longo de mais de seis horas, no Centro de Saúde de Lagoa, pela Inspecção Geral das Actividades em Saúde (IGAS) e Autoridade de Saúde local.
Na Holanda, onde também está a ser investigado por alegada má prática em 17 cirurgias a cidadãos holandeses, em Amstelveen (3) e também em Lagoa (14), mantém, aparentemente impávido e sereno, a sua actividade normal. Apesar disso, corre o risco de perder a licença.
Ao que apurou o CM, as duas Inspecções de Saúde – portuguesa e holandesa – "estão em contacto".
Questionado sobre o impacto da existência das referidas queixas, na Holanda, fonte da inspecção de saúde portuguesa frisou que "o processo é muito abrangente e dele nada está excluído".
Ontem, a porta-voz da Inspecção de Saúde holandesa confirmou que a investigação foi desencadeada depois de três doentes que foram operados na Eye-Q-Vision terem apresentado queixa contra o médico "entre 2008 e 2010", por alegada má prática relacionada com cirurgias. O médico pode vir a ser suspenso.
A actividade de Franciscus Versteeg já tinha sido investigada na Holanda, depois de 14 queixas apresentadas por doentes que foram operados por ele em Lagoa, em 2004.
Sobre a infecção de que sofrem os quatro casos de portugueses operados na I-QMed, o médico justificou-se perante a imprensa holandesa com a possível existência de "uma bactéria no líquido de limpeza dos olhos, antes da cirurgia".
A Sociedade Holandesa de Oftalmologia também deverá avaliar a situação do médico.
DOENTES DE 83 E 88 ANOS FORAM ONTEM OPERADOS
Ernesto Barradas, de 83 anos, e uma mulher de 88 anos, dois dos doentes que cegaram após intervenções cirúrgicas às cataratas na clínica de Lagoa I-QMed, foram ontem operados no Hospital dos Capuchos para retirada do olho lesado, apurou o CM. Michael Donovan , 66 anos,foi operado terça-feira e Valdelane Santos, de 35 anos, recuperava ontem de mais uma cirurgia, realizada quarta-feira.
"Ela acredita que ainda vai ver de novo", disse ao CM Josiane Soares, amiga de Valdelane que a visita diariamente. "Ela está mais calma; já não tem tantas dores", adiantou.
Valdelane, mãe de um bebé de três anos e de um adolescente de 15, continuava, ontem, apenas a ser capaz de distinguir o claro do escuro. "É uma situação muito instável: ela pode estar melhor num dia e pior no outro", disse Josiane.
CLÍNICA DE LAGOA AINDA ESTÁ FECHADA
A I-QMed, no Parque Empresarial de Lagoa, continua fechada "e assim se manterá até que as autoridades de saúde portuguesas, que a mandaram fechar, dêem ordem para a sua reabertura", apurou o CM junto de fonte da clínica. A ordem de encerramento foi dada a 27 de Julho e a clínica recebeu a notificação, através da GNR de Lagoa, no dia seguinte.
Entretanto, a I-QMed, que entrou em funcionamento em 2003, continua em obras . Segundo informação disponibilizada no site da clínica, os trabalhos começaram a 24 de Julho, quatro dias depois das cirurgias aos quatro doentes que continuam internados no Hospital dos Capuchos, vítimas de endoftalmite. Em Fevereiro deste ano, a I-Q-Med deu início à implementação de um sistema de qualidade, lê-se ainda no site. 
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Doentes jantam ao lado do morto

O cadáver de uma mulher permaneceu durante duas horas junto a doentes e familiares, numa enfermaria do Hospital de São José. A situação decorreu quarta-feira, durante o período de visitas, e estendeu-se à hora da refeição dos doentes. Quem assistiu ficou indignado.

 

"A senhora começou a sentir-se mal e chamámos os enfermeiros, que lhe deram oxigénio. Apercebeu-se perfeitamente de quando morreu e até puxaram a cortina, mas o cadáver da mulher lá ficou, durante várias horas", conta ao CM uma familiar que assistiu.
"Disseram que tinham normas a cumprir e não podiam tirar dali o corpo", adianta, frisando que "o calor era infernal e o ar condicionado estava avariado".
Em comunicado, o Centro Hospitalar de Lisboa Central, que integra o Hospital de São José, refere que "o corpo da doente nunca esteve exposto aos olhares nem ao contacto com os outros doentes e visitas". Adianta que se manteve "totalmente resguardado durante duas horas, até à recolha e encami-nhamento para a morgue".
O facto de o cadáver ter ali permanecido entre as 18h30 e as 20h30, período durante o qual servem uma refeição aos doentes, ainda chocou mais os familiares. "A distância entre as camas é mínima e sabe-se que está ali um morto", refere a familiar.


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