domingo, 16 de novembro de 2008

MAIORIA ACEITA A EUTANASIA

Mais de metade dos portugueses são a favor da eutanásia, e 47,5% defendem que o assunto deve ser referendado. Os dados constam de um estudo de opinião feito pela Eurosondagem. Para a deputada do PS Maria de Belém estes resultados mostram como a discussão sobre o tema é inevitável. Já a Igreja é absolutamente contra, mas admite que há que esclarecer os católicos. Os médicos, por seu lado, estão impedidos de realizar a eutanásia.
“Penso que pode haver alguma confusão sobre o significado da palavra eutanásia”, afirma o presidente da Conferencia Episcopal Portuguesa ao expresso. Jorge Ortiga acrescenta: “Há pessoas que associam a eutanásia a uma morte digna e por isso temos de elucidar os cristãos sobre o assunto. E também sobre o prolongamento artificial da vida”.
O suicídio com ajuda é um tema que está na mesa de muitos países europeus. Portugal não foge á regra e a eutanásia será um dos temas fracturantes da próxima legislatura.
“É uma matéria extraordináriamente sensível que vamos ter de debater. Não há alternativa”, avisa Maria de Belém, deputada socialista e ministra da saúde de António Guterres. “Pessoas muito doentes não sobreviveriam se não fossem os sistemas de saúde altamente sofisticados do Ocidente”, acrescenta. Mas Maria de Belém defende uma discussão profunda sobre o assunto, alargada à sociedade e muito centrada na experiência dos médicos, enfermeiros e psicólogos que diáriamente lidam com doentes terminais.
“Muitas vezes temos uma posição sobre este assunto porque conhecemos ou ouvimos falar de um caso concreto. Penso que não pode ser assim, não podemos decidir uma coisa destas a partir da nossa experiência”, afirma.
A deputada é, no entanto; contra que esta matéria seja decidida por consulta popular, alinhando com os 43,4% dos inquiridos pela Eurosondagem. Para a igreja, “a vida não é referendável” mas se o assunto avançar pelas mãos dos políticos, os eleitores devem ser chamados a pronunciar-se directamente, como defendeu o cardeal português José Saraiva Martins.
Sem querer responder à questão sobre se é a favor da eutanásia, cuja legalização já é defendida por BE e JS, Maria de Belém prefere uma aposta forte nos cuidados paliativos, onde “devem ser feitos investimentos”.
A Ordem dos Médicos recusa falar e remete para o seu mais recente código deontológico (aprovado em Setembro): “Ao médico é vedada a ajuda ao suicídio, a eutanásia e a distanásia”, diz o artigo 57º. No ponto seguinte, afirma-se que o médico, nos casos de doenças avançadas e progressivas, “deve passar a dirigir a sua acção para o bem-estar dos doentes”. Os cuidados paliativos constituem o padrão do tratamento nestas situações, e a forma mais condizente com a; dignidade do ser humano”, lê-se.
Há semanas, a Associação Portuguesa dos Cuidados Paliativos anunciava os resultados de uma sondagem que encomendara: apenas 38% dos portugueses conhecem a expressão. Mas apenas 10% dos doentes terminais ou com doenças graves têm acesso àqueles cuidados.


‘Monica Contreiras’

2 comentários:

Anónimo disse...

É mesmo importante continuar a trazer para o debate público estas questões. Mais uma vez OBRIGADA por isso!

Anónimo disse...

Cara Amiga Popelina

Obrigado por mais esta visita e comentário.
Fique certa que continuarei a trazer aqui, para o debate publico, temas de relevante importancia.
Com amizade
João Massapina