terça-feira, 18 de novembro de 2008

Mais de cinco mil ficaram fora da rede de cuidados continuados

Saúde. Em 2009, a Rede vai apostar nos cuidados ao domicílio
Nos últimos dois anos, mais de cinco mil doentes não encontraram resposta na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), que se destina a pessoas doentes em situação de dependência. Ou seja, dos 20 895 casos referenciados pelos centros de saúde e hospitais, 5301 não chegaram a ser assistidos no âmbito desta rede, ou por não cumprirem as regras de admissão ou por precisarem de mais internamento hospitalar, explica a coordenadora da Unidade de Missão dos CCI.

Segundo Inês Guerreiro, desde que o sistema começou a funcionar, já passaram mais de 15 mil utentes pelas instituições que fazem parte da rede. Os restantes foram excluídos por causa de problemas com a referenciação, isto é, tratava-se sobretudo de "casos sociais e não de saúde que deveriam ir para uma instituição, como um lar, e não para os cuidados continuados". Nestes casos estavam ainda doentes que precisavam de mais internamento hospitalar e outros que simplesmente recusaram a solução da RNCCI, acrescenta Inês Guerreiro.

A coordenadora admite, no entanto, que a resposta existente ainda está muito aquém das necessidades do País: "está alcançado o primeiro terço dos objectivos a nível de cobertura". E mesmo esse objectivo foi revisto, passando de cinco mil para quatro mil camas contratualizadas. Mas apesar de faltar mais de metade do caminho, Inês Guerreiro salienta "o muito que já foi feito" em dois anos: "reconstruímos, estruturámos uma rede com gradientes de cuidados", diz. E a aposto é na qualidade. Por isso, no próximo ano, a Inspecção Geral de Saúde vai começar a fiscalizar com atenção os prestadores de cuidados, diz. A rede, que surgiu para dar resposta às situações de dependência fruto quer do envelhecimento da população, quer de doenças incapacitantes, conta com um conjunto de instituições públicas e privadas que prestam cuidados de saúde e de apoio social, sendo as Misericórdias um parceiro fundamental.

Ana Gomes, da Unidade de Missão, refere a necessidade de encontrar "respostas para doentes de Alzheimer" e estruturas diferenciadas para as várias faixas etárias, nomeadamente uma unidade dedicada especificamente a crianças

Autonomia

Além da diferenciação, 2009 será o ano da aposta no apoio domiciliário, respondendo a uma ambição manifestada por muito doentes: a de permanecerem na sua casa. Aliás, Inês Guerreiro salienta que o sucesso da rede não se mede apenas em camas, porque o objectivo é a recuperação. Assim, os resultados são avaliados em função da autonomia conseguida. E aqui, a coordenadora tem números animadores para apresentar, com base num estudo que envolveu uma amostra de 1625 doentes que passaram pela rede no primeiro semestre: 40% conseguiram sair da situação de incapacidade; o número de doentes autónomos cresceu 202%; e o de independentes 675%.

A apresentação no novo site da RNCCI (www.rncci.min-saude.pt), no arranque da semana dedicada aos Cuidados Continuados, serviu também para o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, realçar a importância da informação e da transparência na gestão da rede.

'Patricia de Jesus'

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