segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Técnica pioneira substitui biopsia ao fígado - Dia Mundial das Hepatites assinala-se hoje


Exame mede elasticidade do fígado
Exame mede elasticidade do fígado
Uma técnica que está a revolucionar o diagnóstico de doenças do fígado, por não ser invasiva e evitar as biopsias, vai ser amanhã implementada no HospitalCuf do Porto. Trata-se de um processo inovador que proporciona uma investigação precisa do grau de fibrose no fígado e que faculta resultados em apenas cinco minutos.
De acordo com Alexandre Sarmento, coordenador da Gastrenterologia do HospitalCuf Porto, a elastografia hepática - assim se designa a técnica - “apresenta uma nova tecnologia que mede a elasticidade do fígado através da transmissão de ondas dentro do órgão, que permitem verificar a existência, ou não, de cicatrizes, dispensando a realização de biopsias e a consequente hospitalização do doente”.
Esta modalidade de diagnóstico “apresenta resultados muito fidedignos na avaliação de fibrose hepática”, sendo ainda capaz de diagnosticar “situações extremas, como a presença de cirrose ou ausência de fibrose”, disse ao “Ciência Hoje”, sublinhando que “este exame faz na prática o mesmo que uma biópsia”.

Além da função de diagnóstico, a técnica permite o acompanhamento das doenças crónicas hepáticas, especialmente a hepatite C, na medida em que “funciona como uma ecografia”. O teste captura as imagens do fígado por ultra-som e também transmite uma onda de baixa frequência. A vibração propaga-se e mede a elasticidade do tecido hepático.

Substituição de biopsias
A elastografia hepática, que, de acordo com Alexandre Sarmento, já foi implementada em alguns hospitais públicos portugueses, tem um grande potencial para substituir as biópsias ao fígado, em especial nos casos de hepatites.
“É uma técnica com muita aceitação”, declarou o especialista em Gastrenterologia, sublinhando que, porém, “o aparelho é muito caro”, pelo que a sua “divulgação se torna mais lenta” do que o desejado.  Contudo, o médico acredita que “muito rapidamente” a sua utilização vai ser massificada, pois as vantagens da sua utilização são “irrefutáveis”.
Para elucidar os profissionais de saúde sobre esta técnica, no dia 30 de Julho, pelas 9h30, o HospitalCuf Porto vai também promover um workshop no auditório do hospital.
Dia Mundial das Hepatites
A hepatite é uma infecção no fígado que, dependendo do seu tipo, pode ser curada de forma simples, apenas com repouso. Por outro lado, pode exigir um tratamento mais prolongado e que nem sempre leva à cura completa, muito embora se consiga, em muitos dos casos,  controlar e estagnar a evolução da doença.
Alexandre Sarmento acredita que, em relação à hepatite B, “o panorama nacional tem melhorado bastante graças à vacinação, que hoje é feita já aos recém-nascidos”. Segundo o médico, “prevê-se que haja uma diminuição acentuada nos próximos anos das pessoas com esta doença”.
O caso da hepatite C, que em Portugal estima-se que afecte 150 mil pessoas, é “mais grave, sobretudo por ainda não haver vacina”. O coordenador da Gastrenterologia do HospitalCuf Porto lembrou que esta pode ser “uma doença silenciosa durante muitos anos” – o que leva a que, muitas vezes, “o diagnóstico seja feito em fases avançadas” -  e que representa “um problema de saúde pública importante, sobretudo nos países ocidentais”.
Embora possa haver “centenas ou milhares de doentes a quem ainda não tenha sido diagnosticada o hepatite C”, Alexandre Sarmento tem esperança em que “o número de novos casos possa diminuir, tendo em conta o maior cuidado que hoje há relativamente ao uso de seringas, por exemplo”. 

Carla Sofia Flores

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