quinta-feira, 17 de junho de 2010

Obesidade prejudica vida sexual

Já se sabe que a obesidade é uma das maiores inimigas da saúde cardiovascular e da longevidade.

O Instituto Francês da Saúde e Investigação Médica alerta, num estudo recente, que os quilos a mais afectam significativamente a vida sexual.

Na investigação, publicada no British Medical Journal, os autores advertem que os médicos devem ter em conta que o excesso de peso pode ter um impacto nas relações.

Apesar dos efeitos da obesidade estarem largamente documentados, os investigadores franceses chegaram à conclusão que havia uma lacuna no que diz respeito à relação dos quilos a mais com a saúde sexual.

Para a investigação, submetera uma amostra de 10 170 indivíduos, dos 18 aos 69 anos, a um inquérito telefónico em que, além das características físicas, eram também questionados sobre os hábitos de vida, inclusive sexuais.

Dos participantes, 2 725 homens e 3 651 mulheres apresentaram um peso considerado normal, em que o Índice de Massa Corporal (IMC) variava entre 18,5 e 25. 1 488 homens e 1 010 mulheres sofriam de excesso de peso (IMC entre 25 e 30) e os restantes 350 homens e 411 mulheres apresentavam o IMC superior a 30, considerados obesos.

Peso condiciona saúde sexual

Na análise dos resultados, ficou claro que o número de mulheres que tinham tido relações sexuais nos últimos 12 meses era significativamente mais baixo nas participantes obesas.

Nathalie Bajos, investigadora

Entre as mulheres com excesso de peso também era mais comum considerar o sexo como uma parte pouco importante do equilíbrio pessoal, enquanto que os homens com uns quilos a mais tinham menos probabilidades do que os outros a terem mais de uma parceira sexual no último ano.

Além disto, os indivíduos com quilos a mais também tinham mais hipóteses de desenvolver uma disfunção eréctil.

Menos parceiros, mais gravidezes não desejadas

Uma das informações mais apelativas desta investigação é que a taxa de gravidez não desejada era quatro vezes mais alta entre as mulheres obesas. Chegou-se ainda à conclusão que estas participantes eram também menos propensas a utilizar métodos anticonceptivos ou a consultar serviços de contracepção.

“A pressão social sobre os corpos de mulheres e o seu peso é particularmente forte.

As mulheres obesas sofrem um risco duplo: têm mais dificuldade em encontrar parceiros sexuais e em gerir as consequências”, referiu Nathalie Bajos, líder da investigação, do Instituto Francês da Saúde e Investigação Médica.

Mulheres obesas têm quatro vezes mais probabilidades de gravidez indesejada
Pintura de Fernando Botero
Mulheres obesas têm quatro vezes mais probabilidades de gravidez indesejada
Pintura de Fernando Botero
Contudo, um editorial que acompanha a investigação adverte que é necessário olhar para estes dados com precaução antes de extrapolá-los para outras populações.

“O trabalho centra-se no uso de preservativos e anticonceptivos orais, ignorando outros contraceptivos de longa duração”, comentam os autores do artigo que reclamam mais estudos neste sentido.

“Se estes resultados se confirmarem, necessitamos de saber porque é que as mulheres obesas usam menos anticonceptivos e têm mais gravidezes não desejadas, além de terem menos parceiros sexuais. As respostas a estas perguntas serão provavelmente complexas, com aspectos biológicos, psicológicos e sociais que exigem um enfoque de qualidade”, realçam os autores do artigo.

Sem comentários: