sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Açaí produzido de forma artesanal pode espalhar o Mal de Chagas

A falta de higiene na produção pode provocar a contaminação. O barbeiro infectado por um parasita transmite a doença pelas fezes

O repórter Roberto Paiva, no Pará, descobriu os perigos do açaí produzido de forma artesanal.

O açaí produzido no interior do Pará é distribuído em Belém e Região Metropolitana. O Ministério Público acompanha exames de laboratório que analisam amostras da polpa vendida ao consumidor.

“Tem dado maioria impróprio para o consumo, normalmente ligado a coliformes fecais”, aponta o promotor Marco Aurélio do Nascimento.

A falta de higiene pode provocar um problema grave - o Mal de Chagas, que atinge quatro milhões de brasileiros. A doença pode atacar o aparelho digestivo e provocar inflamações no coração e no cérebro.

O barbeiro infectado por um parasita transmite a doença pelas fezes. Na Amazônia, a contaminação também se dá por via oral, quando a pessoa ingere o açaí contaminado. Segundo o Instituto Evandro Chagas, no Pará, o barbeiro infectado é triturado junto com o açaí em máquinas que separam a polpa do caroço.

O Pará é o estado que apresenta o maior número de casos de Doença de Chagas . No ano passado, foram 97. Este ano, os casos quase dobraram: 187 pessoas ficaram doentes e uma morreu. Belém tem registrado surtos da doença.

Maria e o filho Murilo, de 4 anos, contraíram Mal de Chagas e estão em tratamento. A mãe conta que começou a passar mal depois de tomar açaí.

“Tive dor de cabeça, dor no corpo e febre alta”, diz.

A Secretaria Estadual de Saúde alerta que o hábito de congelar a polpa do açaí não elimina o parasita.

“O congelamento não é uma técnica que elimina o parasita da Doença de Chagas. Ele permanece viável. De maneira nenhuma o açaí congelado oferece segurança para ser ingerido sem problema”, diz a coordenadora do programa de doença de Chagas Sespa Elenilde Góes.

Segundo o Instituto Evandro Chagas, o açaí paraense vendido em todo o país e no exterior representa um risco menor de contaminação desde que as indústrias façam a pasteurização.

“A pasteurização é o processo mais adequado. É um processo físico que elimina o agente que transmite a Doença de Chagas e outros microorganismos”, comenta o pesquisador do Instituto Evandro Chagas Aldo Valente.

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