sábado, 31 de julho de 2010

Cérebros estão sincronizados durante uma conversa

Os cérebros das pessoas envolvidas numa conversa ficam sincronizados, revela uma investigação feita na universidade norte-americana de Princeton e publicada no National Academy of Sciences Journal.

Essa sincronização faz com que as comunicações sejam mais efectivas e pode ser a justificação para a observação comum da imitação de expressões, gramática e até gestos e a postura entre pessoas que estão a conversar.


O investigador em psicologia Uri Hasson tentou perceber quais as zonas do cérebro que ficavam activas durante o ouvir e o falar.

Numa primeira etapa, uma aluna do cientista foi colocada num aparelho de ressonância magnética durante 15 minutos e começou a contar uma história dos seus tempos da escola secundária.

Depois, 11 voluntários também estiveram no mesmo aparelho e começaram a ouvir a história da aluna, que tinha sido gravada.

No estudo, percebeu-se que existia um elevado grau de sincronia entre as áreas cerebrais usadas pela primeira aluna e as das pessoas que ouviram a sua história.

A maior parte dessas zonas nos ouvintes "acendiam" entre um e três segundos após os da aluna, mas em algumas áreas isso acontecia antes, o que sugere que o cérebro antecipava o relato.

Melhor entendimento

A descoberta foi considerada surpreendente porque se acreditava que falar e ouvir usavam áreas do cérebro distintas.

“Quanto mais similares forem os nossos padrões cerebrais durante uma conversa, melhor as pessoas se compreendem”, afirmou Hasson.

Noutra etapa da investigação, os 11 voluntários que falam inglês ouviram uma história em russo, o que foi incompreensível para todos. As análises não revelaram qualquer sincronização.

Hasson informou que o próximo passo será desenvolver um método técnico para conseguir monitorizar, em simultâneo, os cérebros de duas pessoas conversando.


Com a devida venia ao Ciencia Hoje

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Alimentos fibrosos contribuem para a limpeza dos dentes

Alimentos fibrosos, como os legumes e frutas cruas, já recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para uma alimentação balanceada, também contribuem para a limpeza dos dentes.

Por serem duros, eles são capazes de limpar a superfície dos dentes por meio do próprio atrito provocado pela mastigação, removendo resíduos e placa bacteriana. Maçã, pêra, melancia, kiwi, cenoura, pepino, acelga e aipo, assim como as nozes e castanhas, são alguns de alimentos "limpadores" ou "protetores" recomendados pelos cirurgiões-dentistas da Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic aos pacientes atendidos em suas clínicas.

Eles ressaltam, no entanto, que esses alimentos contribuem na higiene não substituindo a limpeza com creme e fio dental, fundamental após todas as refeições. "As maçãs possuem um mecanismo de ação interessante: contêm polifenóis que estimulam a saliva e ajudam na limpeza dos dentes. Mas também, por serem ácidas, apresentam o risco do desenvolvimento de cárie. Assim a escova e o fio dental nunca devem ser dispensados", explica a professora Luciana Butini Oliveira.


Jornal Debate

Artrite reumatóide aumenta risco cardíaco

A artrite reumatóide é uma doença inflamatória que afeta todo o corpo.

“Provoca dor, rigidez, inchaço e perda de movimento nas articulações. É uma doença auto-imune em que os tecidos que revestem as articulações sofrem com inflamações”, explica o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo), que participou do Eular, European League against Rheumatism - Congresso Anual da Liga Européia contra o Reumatismo - evento que reuniu especialistas do mundo inteiro em Roma. Um trabalho dinamarquês apresentado durante o Eular 2010 sugere que o paciente com artrite reumatóide apresenta um risco seis vezes maior de sofrer um enfarte do miocárdio. Este risco é maior entre mulheres com menos de 50 anos. A artrite reumatóide é uma doença auto-imune que afeta cerca de 1,3 milhões de americanos.

De acordo com o Instituto Nacional de Artrite e Doenças Osteomusculares e de Pele, embora seja, muitas vezes, reconhecida como uma condição inflamatória que causa dor, inchaço, rigidez e perda de função das articulações, a artrite reumatóide também pode ter impacto em outras partes do corpo. Algumas pessoas com artrite reumatóide, por exemplo, desenvolvem anemia, dor de garganta, olhos secos, boca seca, vasculite, pleurisia e pericardite. “A artrite reumatóide é também um fator de risco conhecido para o endurecimento das artérias, que pode levar a ataques cardíacos e derrames dez anos mais cedo do que em pessoas que não têm artrite”, revela Sérgio Lanzotti.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sons de bebés facilitam diagnóstico de autismo

Investigadores americanos acreditam ser capazes de distinguir bebés autistas a partir dos sons que eles produzem, revela um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Através de um método para a análise das vocalizações emitidas por 232 crianças com idades entre dez meses e quatro anos, os especialistas da Universidade do Kansas identificaram diferenças nos sons emitidos pelas que foram diagnosticadas como sendo autistas. A tecnologia permitiu diagnósticos correctos em 86 por cento dos casos.

Estudos anteriores indicam uma associação entre características vocais e autismo, mas, até então, o critério voz nunca tinha sido usado no diagnóstico desta condição. Os investigadores analisaram 1500 gravações com um dia de duração feitas através de aparelhos fixados nas roupas das crianças. Mais de três milhões de sons infantis foram usados na investigação e foram considerados 12 parâmetros específicos associados ao desenvolvimento vocal do bebé.

Entre eles, o mais importante foi a habilidade da criança em emitir sílabas bem formadas a partir de rápidos movimentos do maxilar e da língua. Nas crianças autistas até quatro anos de idade, o desenvolvimento nesse parâmetro é mais lento. "Essa tecnologia poderia ajudar pediatras a fazer testes de autismo para determinar se o bebé deve ser examinado por um especialista para diagnóstico", disse Steven Warren, da Universidade do Kansas, um dos investigadores envolvidos no estudo.

O mesmo explicou ainda que a nova técnica pode identificar sinais de autismo aos 18 meses de idade, sendo que actualmente, a média de idade das crianças diagnosticadas com a condição nos Estados Unidos é 5,7 anos. E quanto mais cedo é feito o diagnóstico, mais eficazes são os tratamentos, acrescentou o especialista.

Outro ponto forte da tecnologia é que se baseia em padrões sonoros ao invés de palavras e pode ser usada para testar crianças de qualquer país. "Pelo que sabemos, os aspectos físicos da fala humana são os mesmos em todas as pessoas", sublinhou Warren.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Respiração cerebral

Agência FAPESP – Técnicas para controlar a respiração, como em ioga ou meditação, por exemplo, estão se tornando populares como alternativa para tentar relaxar e diminuir o estresse. Mas como é mesmo que o cérebro controla a respiração?

Segundo um grupo de cientistas do Reino Unido e dos Estados Unidos, são as células conhecidas como astrócitos que têm um papel central na regulação da respiração.

Astrócitos são células com formato de estrela (daí o nome) encontradas no cérebro e na medula espinhal. Até então, achava-se que fossem personagens passivos e secundários na fisiologia cerebral, mas Alexander Gourine, da University College London, e colegas encontraram evidências de que essas células multitarefas são protagonistas no controle químico-sensorial envolvido na respiração.

Os autores do estudo, publicado na edição on-line da revista Science, descobriram que os astrócitos cerebrais são capazes de perceber alterações nos níveis de dióxido de carbono e de acidez no sangue e no cérebro.

Com essa capacidade, essas células podem ativar redes neuronais envolvidas na respiração, localizadas no cérebro, de modo a aumentar a respiração de acordo com a atividade e o metabolismo do organismo.

Os astrócitos fazem isso ao liberar trifosfato de adenosina (ATP), um mensageiro químico que estimula centros respiratórios no cérebro a aumentar a respiração para que a quantidade a mais de dióxido de carbono seja removida do sangue e eliminada pela expiração.

Os resultados do estudo, segundo seus autores, podem ajudar a entender melhor os mecanismos responsáveis por problemas respiratórios como asma, enfisema e até a sensação de fôlego curto causada pelo estresse ou por doenças cardiovasculares.

“A pesquisa identifica os astrócitos cerebrais como elementos fundamentais nos circuitos cerebrais que controlam funções vitais como a respiração e indica que eles são realmente as estrelas do cérebro”, disse Gourine.

O artigo Astrocytes Control Breathing Through pH-Dependent Release of ATP (doi: 10.1126/science.1190721), de Alexander Gourine e outros, pode ser lido na Science em www.sciencemag.org.

Evolução emprestada

Agência FAPESP – Por que adaptar seus genes se há uma alternativa muito mais rápida: emprestar as adaptações necessárias para sua sobrevivência de outro indivíduo?
Há mais de um século entende-se que um princípio básico da evolução é que animais e plantas podem se adaptar geneticamente de modo que tais mudanças ajudem em sua sobrevivência e reprodução. Agora, uma pesquisa destaca um mecanismo evolucionário até então desconhecido.
Estudos anteriores sempre indicaram que características que aumentam a capacidade de um animal de sobreviver e reproduzir eram conferidas por genes favoráveis, passados de uma geração a outra.
Em artigo publicado na edição da revista Science, John Jaenike, da Universidade de Rochester, e colegas descrevem um exemplo surpreendente de bactéria que infecta um animal, dando a esse último uma vantagem reprodutiva. E o invasor é passado para as crias, espalhando o benefício e garantindo a permanência da espécie.
A relação simbiótica entre hospedeiro e bactéria dá ao primeiro uma defesa especial contra algum risco em seu ambiente, que é transmitida pela população por meio de seleção natural, de forma similar à que ocorre com um gene favorável.
Segundo os autores do trabalho, o fenômeno foi identificado agora, mas não deve ser exclusivo aos organismos em questão e pode estar ocorrendo há muito tempo.
Os pesquisadores também apontam que, além de colocar em cena um importante mecanismo evolucionário, a descoberta poderá ajudar no desenvolvimento de métodos que usem bactérias como defesa contra doenças em humanos.
A descoberta foi feita em uma espécie de mosca, a Drosophila neotestacea, que é tornada estéril por nematelmintos, vermes parasíticos abundantes que atingem animais e plantas. Os nematelmintos invadem fêmeas jovens dessas moscas, evitando que elas possam reproduzir.
Mas quando uma fêmea de Drosophila neotestacea é infectada também por um gênero de bactéria conhecido como Spiroplasma, o crescimento dos vermes é afetado, impedindo-os de esterilizar a mosca.
Os pesquisadores também descobriram que, como resultado do impacto benéfico da ação da bactéria, essa está se espalhando pela América do Norte, aumentando rapidamente de frequência nas moscas à medida que passa de uma geração a outra.
Por meio da análise de exemplares da Drosophila neotestacea preservados na década de 1980, Jaenike e colegas calcularam que a bactéria estaria então presente em cerca de 10% das moscas. Em 2008, a frequência havia aumentado para 80%.
“Essas moscas estavam realmente sendo esmagadas pelos nematelmintos na década de 1980 e é impressionante ver como elas estão se dando bem melhor atualmente. A proliferação da Spiroplasma nos faz pensar na rapidez das ações evolucionárias que estão ocorrendo abaixo da superfície de tudo o que enxergamos lá fora”, disse Jaenike.
“Esses simbiontes transmissíveis são uma forma de um hospedeiro adquirir uma nova defesa muito rapidamente. Em vez de modificar seus próprios genes – que não são muito diversos, para começo de conversa –, o melhor pode ser simplesmente incorporar um novo organismo”, disse Nancy Moran, da Universidade Yale, em comentário sobre o estudo.
A descoberta pode ter consequências importantes para o controle de doenças em humanos. Nematelmintos transmitem diversas doenças graves, como elefantíase, e podem causar problemas como cegueira. Agora que se conhece uma evidência de defesa natural contra esses vermes, abre-se um caminho para usar esse fenômeno como estratégia contra tais invasores.
O artigo Adaptation via symbiosis: recent spread of a drosophila defensive symbiont (doi: 10.1126/science.1188235), de John Jaenike pode ser lido na Science em www.sciencemag.org.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Galinha surgiu antes do ovo

O enigma sobre o que surgiu primeiro, se o ovo ou a galinha, foi esclarecido por investigadores das Universidades de Sheffield e Warwich, no Reino Unido.

De acordo com os resultados obtidos, a galinha apareceu antes, na medida em que a formação da casca do ovo depende de uma proteína que só é encontrada nos ovários deste tipo de ave. Assim sendo, o ovo só pôde existir depois de ter surgido a primeira galinha.


A proteína em questão - ovocledidin-17 (OC-17) - actua como um catalisador para acelerar o desenvolvimento e cristalização da casca, cuja estrutura rígida é necessária para abrigar a gema e os seus fluidos de protecção, enquanto o pinto se desenvolve.

Nesta investigação foi utilizado um super computador – HECToR - para visualizar de forma ampliada a formação de um ovo. Este indicou que a OC-17 é fundamental no inicio da formação da casca, pois transforma o carbonato de cálcio em cristais de calcita, que compõem a casa do ovo.

Segundo Colin Freeman, do Departamento de Engenharia Material da Universidade de Sheffield, "há muito tempo que se suspeita de que o ovo surgiu primeiro, mas agora há provas científicas de que a galinha foi sua precursora."

John Harding, outro cientista da mesma universidade, considera que o estudo poderá servir como base para outras investigações. "Entender como funciona a produção da casca de ovo é interessante, mas também pode ser uma pista para a concepção de novos materiais e processos", referiu.

"Ciencia Hoje"

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Vitamina D e risco de Parkinson

Agência FAPESP – Um novo estudo indicou que pessoas com níveis elevados de vitamina D podem ter menor risco de desenvolver doença de Parkinson. O trabalho foi publicado na edição de julho dos Archives of Neurology.

O papel da vitamina D na saúde óssea é conhecido, mas estudos anteriores apontaram a relação também com problemas como diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.

Paul Knekt, do Instituto Nacional para Saúde e Bem-Estar da Finlândia, e colegas acompanharam 3.173 homens e mulheres com idades entre 50 e 79 anos e que não tinham diagnóstico de Parkinson no início do estudo, entre 1978 e 1980.

Os participantes completaram questionários e foram submetidos a entrevistas sobre aspectos de saúde e socioeconômicos. Também foram examinados e forneceram amostras de sangue para análise.

Em um período de 29 anos, até 2007, os pesquisadores observaram que 50 dos participantes desenvolveram doença de Parkinson. Após serem feitos os ajustes para fatores potencialmente relacionados (como atividade física e índice de massa corporal), os indivíduos no grupo com níveis mais elevados da vitamina D apresentaram 67% menos risco de desenvolver a doença do que o grupo com menores níveis – os participantes foram divididos em quatro grupos com relação aos níveis da vitamina.

“Apesar dos níveis baixos de vitamina D em geral na população estudada, uma relação de dose e resposta foi encontrada. O estudo foi conduzido na Finlândia, onde há exposição restrita à luz solar e, portanto, tem como base uma população com níveis continuamente baixos da vitamina”, disse Knekt.

“De fato, o nível médio da vitamina D na população estudada é cerca da metade do nível considerado ideal, de 75 a 80 nanomoles por litro. Os resultados do estudo são consistentes com a hipótese de que uma deficiência crônica de vitamina D é um fator de risco para Parkinson”, destacou.

Segundo os pesquisadores, os mecanismos pelos quais os níveis da vitamina podem afetar o desenvolvimento da doença são desconhecidos, mas o nutriente exerce um efeito protetor no cérebro por meio de atividades antioxidantes, da regulação de níveis de cálcio, da desintoxicação, da modulação do sistema imunológico e da melhoria na condução de eletricidade nos neurônios.

“O estudo reúne os primeiros dados promissores em humanos que sugerem que um estado inadequado de vitamina D está associado com o risco de desenvolver Parkinson, mas outras pesquisas são necessárias, tanto básicas como clínicas, para elucidar o papel, mecanismos e concentrações exatas”, disse Marian Leslie Evatt, da Universidade Emory, nos Estados Unidos, em editorial na revista sobre o estudo.

O artigo de Knekt e outros pode ser lido no Archives of Neurology (doi:10.1001/archneurol.2010.120) em http://archneur.ama-assn.org/cgi/content/short/67/7/808.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Por que as mulheres sofrem mais de infecção urinária?

A infecção do trato urinário é o segundo tipo mais comum de infecções no organismo – o primeiro é a gripe. Estudos revelam que uma em cada três mulheres sofrerá de infecção pelo menos uma vez na vida. “Isso acontece porque a uretra feminina é mais curta do que a masculina. O fato de estar localizada mais perto do reto facilita o acesso das bactérias ao trato urinário”, diz o urologista Alex Meller, do Hospital Santa Paula (SP).

Outros fatores predispõem a mulher a contrair infecção. “Mulheres com vida sexual ativa estão propensas à doença, principalmente aquelas que fazem uso de diafragma ou espermicidas. Gestantes e diabéticas também apresentam maior ocorrência da doença, assim como pacientes acima dos 65 anos que fazem uso de determinados medicamentos e de fraldas geriátricas”, diz o médico. Vontade freqüente de ir ao banheiro, sensação de pressão na bexiga, incontinência e ardência ao urinar são os sintomas mais comuns.

“Normalmente, a urina é estéril e livre de bactérias e fungos. Portanto, vale a pena prestar atenção na urina. Caso ela não esteja límpida e tenha um odor desagradável e forte, é importante procurar ajuda médica. Em algumas pessoas, a infecção também pode vir acompanhada de febre, náusea e vômito”, afirma o doutor Meller. A infecção geralmente é tratada com antibióticos específicos, prescritos por um especialista de acordo com as condições do paciente. A automedicação é altamente combatida também nesse caso, principalmente porque pode vir a aumentar a resistência do organismo aos princípios ativos.

Estresse dentro de casa é mais comum do que no trabalho

As pessoas ficam mais estressadas dentro da própria casa do que no trabalho. É o que aponta o mais amplo estudo sobre avaliação de risco cardiovascular já realizado no país, feito com base nos resultados do mutirão estadual do coração promovido em 2009 pela Secretaria de Estado da Saúde em parceria com a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.

Cerca de 100 mil pessoas foram avaliadas nas cidades de São Paulo e de Campinas. Foi o primeiro estudo empírico em que o estresse foi considerado e avaliado como fator de risco. No Mutirão do Coração o estresse foi avaliado nos vários locais onde as pessoas convivem como trabalho, casa, locais sociais (clubes, bares, boates), além de ter considerado fatores como problemas financeiros e crença religiosa. E a casa foi apontado como o local de maior estresse pela população, superando até o mesmo o trabalho. Todas as pessoas que participaram do mutirão afirmaram ter passado por algum nível de estresse no último ano, com intensidades variando entre pouco, moderado, intenso e exagerado.

O resultado pode indicar um novo quesito para doenças cardiovasculares na modernidade, o estresse. Ainda segundo o estudo, 23,2% da população afirmou ter sofrido estresse em casa. Marido, filhos, cachorro ou a nova rotina feminina podem ser fatores determinantes para que as mulheres estejam desenvolvendo doenças cardiovasculares. 46,80% afirmaram que tiveram algum fator estressante no último ano: morte de familiar, perda de emprego, separação conjugal ou ruína financeira. Estresse intenso ou exagerado ocorreu em 23,2% dentro da própria casa; 15% dentro do trabalho; 10% dentro da sociedade e 25% de causa financeira. E as mulheres sofrem mais com o estresse dentro de casa: 28,34% delas revelaram estresse intenso ou exagerado. Entre os homens esse índice combinado cai para 13,07%. No trabalho, os níveis de estresse foram menores do que em casa.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

SIDA: descobertos anticorpos que abrem caminho a vacina

Investigadores norte-americanos descobriram dois anticorpos capazes de bloquear, em laboratório, a maior parte dos tipos de vírus da imunodeficiência humana (VIH), abrindo caminho a uma vacina eficaz contra a SIDA, revela um trabalho hoje publicado.
Mais de um quarto de século sobre a identificação do VIH responsável por cerca de 30 milhões de mortos, a procura de uma vacina contra a infeção ainda não foi bem sucedida, apesar do esforço da comunidade científica internacional.
De acordo com os autores do trabalho que será publicado na sexta feira na revista Science, os dois anticorpos descobertos -- VRCO1 e VRCO2 -- mostraram um elevado potencial a impedir a infeção de células humanas para cerca de 90 por cento das variedades de VIH em circulação.
Os investigadores demonstraram igualmente o mecanismo biológico pelo qual os anticorpos bloqueiam o vírus.
“A descoberta destes antigenes com poderes excecionais na neutralização do VIH e a análise à forma como eles operam representam avanços que vão acelerar os nossos esforços para descobrir uma vacina capaz de proteger de forma abrangente contra o vírus da SIDA”, congratulou-se Anthony Fauci, diretor do Instituto de Alergias e Doenças Infecciosas norte-americano, que co-dirigiu as equipas de investigação.
Num comunicado citado pela agência noticiosa France Presse, o responsável salientou que a técnica usada pelas equipas de investigação para descobrir estes anticorpos “representa uma nova forma de abordagem que pode ser aplicada à conceção ou ao desenvolvimento de vacinas contra outras doenças infecciosas”.
Os virologistas descobriram estes anticorpos produzidos naturalmente pelo organismo no sangue de um seropositivo. Conseguiram depois isolá-los através de um novo instrumento molecular.
Após esta descoberta, os investigadores começaram a desenvolver os componentes de uma vacina que pode ensinar o sistema imunitário humano a produzir grandes quantidades de anticorpos semelhantes aos anticorpos VRCO1 e VCRO2.

Diário Digital / Lusa

sábado, 3 de julho de 2010

Pulmão eletrônico

Agência FAPESP – Um pulmão eletrônico acaba de ser desenvolvido por cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. O grupo criou um dispositivo que simula o funcionamento de um pulmão em um microchip.
Do tamanho de uma moeda, o equipamento atua como se fosse um pulmão humano e é feito de partes do órgão e de vasos sanguíneos. A novidade está na edição da revista Science.
Por ser translúcido, o pulmão eletrônico oferece a oportunidade de estudar o funcionamento do órgão sem ter que invadir um organismo vivo. Por conta disso tem, segundo os autores do estudo, potencial de se tornar uma ferramenta importante para testar efeitos de toxinas presentes no ambiente ou de avaliar a eficácia e segurança de novos medicamentos.
“A capacidade do pulmão no chip de estimar a absorção de nanopartículas presentes no ar ou de imitar a resposta inflamatória a patógenos demonstra que o conceito de órgãos em chips poderá substituir estudos com animais no futuro”, disse Donald Ingber, fundador do Instituto Wyss, em Harvard, e um dos autores da pesquisa.
Segundo Ingber, os microssistemas a partir de tecidos produzidos até o momento são limitados mecânica ou biologicamente. “Não conseguimos entender realmente como a biologia funciona, a menos que nos coloquemos no contexto físico de células, tecidos e órgãos vivos”, disse Ingber.
Na respiração humana, o ar entra nos pulmões, preenche os microscópicos alvéolos (localizados nos finais dos bronquíolos) e transfere oxigênio por meio de uma membrana fina e permeável de células até a corrente sanguínea.
É essa membrana – formada por camadas de células pulmonares, matriz extracelular permeável e capilares – que faz o trabalho pesado do sistema respiratório. É também essa interface entre pulmão e sistema circulatório que reconhece invasores inalados, como bactérias ou toxinas, e ativa a resposta imunológica.
O pulmão eletrônico parte de uma nova abordagem na engenharia de tecidos ao inserir duas camadas de tecidos vivos – a fileira de alvéolos e os vasos sanguíneos em sua volta – em uma estrutura porosa e flexível.
O dispositivo consiste de uma membrana de silicone, porosa e flexível, coberta por células epiteliais de um lado e de células endoteliais do outro. Microcanais em torno da membrana permitem que o ar se desloque por ela. Ao aplicar um vácuo no dispositivo, a membrana se expande de modo semelhante ao que ocorre no tecido pulmonar real.
“Partimos do funcionamento da respiração humana, pela criação de um vácuo quando nosso pulmão se expande, que puxa o ar para os pulmões e faz com que as paredes dos sacos pulmonares se estiquem. O sistema de microengenharia que desenhamos usa os princípios básicos da natureza”, disse Dan Huh, outro autor do estudo.
Para determinar a eficiência do dispositivo, os pesquisadores testaram sua resposta ao inalar bactérias vivas (E. coli). Eles introduziram microrganismos no canal de ar do lado do pulmão no dispositivo e, ao mesmo tempo, aplicaram leucócitos pelo canal no lado dos vasos sanguíneos.
Como resultado, no dispositivo ocorreu uma resposta imunológica que fez com que os leucócitos se deslocassem pelo canal de ar e destruíssem as bactérias.
O artigo Reconstituting Organ-Level Lung Functions on a Chip, de Dan Huh e outros, pode ser lido na Science em www.sciencemag.org.