terça-feira, 30 de março de 2010

Manipulação da atividade cerebral muda julgamento moral, diz estudo

O julgamento moral de uma pessoa pode ser alterado através da manipulação de uma região específica do seu cérebro com um campo magnético, segundo sugere um estudo realizado por cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT).

No estudo, os cientistas partiram do princípio de que quando julgamos se uma ação é moralmente certa ou errada, nós nos apoiamos na nossa capacidade de compreender o estado mental da pessoa que a praticou.

Assim, os especialistas procuraram enfraquecer a atividade das células de uma região do cérebro que busca entender o estado mental de outros.

A área escolhida - chamada junção têmporo-parietal - fica localizada na parte acima e atrás do ouvido direito.

Primeiro, os pesquisadores usaram um campo magnético aplicado no couro cabeludo que produzia uma corrente fraca que bloqueia temporariamente a ação normal das células dessa área do cérebro de alguns voluntários e depois apresentaram eles algumas situações.

'Culpado ou inocente'

Em uma das situações, por exemplo, os voluntários tinham que julgar se consideravam um ato permissível ou condenável uma mulher servir café com açúcar para uma amiga em que o pó branco adicionado à bebida que tinha um rótulo de "tóxico".

Na história, a substância era açúcar mesmo e a amiga não morreu mas, como deveriam julgar sabendo das intenções da mulher que leu o rótulo que indicava que o pó poderia ser prejudicial à saúde da amiga?

Os pesquisadores constataram que a habilidade dos voluntários de fazer um julgamento moral que exige a compreensão das intenções de outras pessoas - como nesta suposta tentativa de assassinato fracassada - ficou prejudicada.

Mesmo que a amiga não tenha morrido, a ação dela seria condenável ou não?

Outro cenário perguntava aos voluntários se era permissível que um homem deixasse a namorada atravessar uma ponte que ele sabia não ser segura, mesmo que ela tenha conseguido fazer a travessia sem sofrer um acidente.

Em ambos os casos, um julgamento baseado somente no resultado da ação consideraria a mulher que ofereceu o café e o homem que permitiu a travessia da namorada isentos de culpa, mesmo que o comportamento dos dois parecesse ter a intenção de prejudicar outras pessoas.

Nestes dois casos, os cientistas descobriram que quando a junção têmporo-parietal tem seu funcionamento afetado, as pessoas têm maior probabilidade de julgar tentativas fracassadas de prejudicar outra pessoa como atos moralmente permissíveis.

A habilidade de interpretar intenções foi prejudicada e os voluntários se viram forçados a se concentrar mais nas informações sobre o desfecho da história ao fazer um julgamento.

O trabalho científico foi publicado na última edição da revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Estresse emocional acelera a queda de cabelo nos jovens

Normalmente, uma pessoa pode perder cerca de 100 fios de cabelo por dia, fato provocado pela renovação dos fios: enquanto uns caem, outros nascem. Mas quando esse ritmo de desenvolvimento capilar sofre alterações e a queda se torna acentuada, é bom ficar atento, pois pode ser um sinal indicando que algo não anda bem.
Os principais fatores responsáveis pela queda de cabelo são a herança genética, alterações hormonais, menopausa e variações da tiróide. Porém, um fator muito importante vem deixando cada dia mais pessoas carecas de preocupação: o estresse emocional. O estresse tem feito com que jovens percam mais cedo seus fios.
O mundo globalizado, repleto de informações e exigências, uma sociedade cheia de transformações, repleta de problemas como a violência e o trânsito, cobranças e competitividade, além de situações de conflitos, deixam-nos predispostos a desenvolver esse tipo de problema.
Pesquisas feitas recentemente apontam um aumento da perda dos fios nos jovens do mundo inteiro.
– Nos últimos cinco anos, houve um crescimento de 20% de homens com idades entre 22 e 28 anos que apresentaram calvície precoce e um acréscimo de 10% em mulheres de 30 a 35 anos com queda capilar –, diz o cirurgião plástico Carlos Oscar Uebel, um dos coordenadores do XI Simpósio Internacional de Cirurgia Plástica, que acontecerá de 19 a 21 de março, em São Paulo, e que abordará esse tema.
Tratamentos e novas técnicas desenvolvidas por especialistas da área da saúde que buscam solucionar o problema da calvície estão disponíveis no mercado, e a de microtransplante, desenvolvida pelo Dr. Carlos, se tornou referência mundial na área de tratamento de problemas capilares.
A técnica de Uebel consiste em transplantar raízes capilares da região da nuca – onde é encontrada melhor qualidade genética do cabelo – para a área calva por meio de microincisões pontiformes. Esses bulbos capilares, ricos em células-tronco, levam toda a carga genética para a área que receberá o microtransplante, garantindo assim, a qualidade de crescimento e durabilidade.
Para serem estimulados, depois de retirados, esses bulbos são mergulhados em uma solução ativa de plasma concentrado. Depois de ativados, são implantados, um a um, no paciente.
Como resultado, a área tratada pode atingir um aumento de 52% de cabelo e o resultado estético é natural.
– O paciente não sairá da cirurgia cheia de cabelo como em um passe de mágica. O microtransplante é gradativo. Os fios que foram transplantados crescerão como os fios já existentes dentro do prazo que varia de 3 a 4 meses. Isso garante uma naturalidade muito grande e a certeza de um resultado satisfatório –, afirma o cirurgião plástico.

Anedotas clinicas...

Qual é a diferença entre um pára-quedas e um preservativo
Se o pára-quedas falha é nenos um, se o preservativo falha é mais um.


Dois amigos á conversa:
- Porque deste á tua mulher um anel de diamantes se ela te pediu uma TV a cores
- Porque na loja não havia televisões falsas.


Um homem vai a uma farmácia:
Tem preservativos pretos
- Para que quer preservativos pretos
- Morreu o meu irmão e vou dar os meus pêsames á viúva.


Porque é que as pilhas são melhores do que as mulheres
Porque as pilhas tem um lado positivo.


Três senhoras muito velhinhas se reúnem para o chá da tarde.
- Pucha, acho que estou ficando esclerosada – comentou uma delas ; Ontem eu me peguei com a vassoura na mão e não me lembrava se já havia ou não varrido a casa.
- Isso não é nada – diz a outra - Outro dia eu me vi de pé, ao lado da cama, de camisola, e não sabia se tinha acabado de acordar ou se estava me preparando para dormir.
- Cruzes!!! – fez a terceira.
- Deus me livre de ficar assim!!! Isola !!! – e deu três batidas na mesa: toc-toc-toc.
Olhou para as outras e emendou>
- Esperem um pouco que eu já volto! Tem gente batendo na porta!!!


Joe conseguiu um jeito de se lembrar do aniversário da sua melher e do aniversário de casamento.
Abriu uma conta com um florista e pediu que enviasse flores á sua esposa naquelas datas, junto com um cartão que dizia:
“Seu marido apaixonado”
Sua mulher ficou feliz, e tudo ia bem até certo tempo. Numa das datas de aniversário, Joe, ao chegar a casa, viu o ramalhete de flores, beijo a mulher e disse:
- Bonitas flores. Onde você as arranjou


A mulher do marinheiro conta para uma amiga:
- Meu marido passa onze meses no mar e um em terra...
- Nossa!!! E como você agüenta
- Ah!!! Ele passa 15 dias com a mãe...


Um paciente diz ao psiquiatra:
- Doutor, Cho que estou ficando maluco!
- É mesmo... Como assim
- Comecei a escrever cartas para mim mesmo!
- Hum... Quando foi a ultima vez que escreveu uma
- Ontem doutor!
- E o que foi que você escreveu nela
- Como vou saber se ainda não a recebi!


Ao cair da tarde, dois caipiras faziam um jogo de adivinhação, na mesa do boteco:
- Se você adivinhar quantas cabras eu tenho lá no meu sitio, eu te dou uma e fico com as outras três.


Apanhado de surpresa por uma prova final cujas respostas eram do tipo; verdadeiro ou falso, um estudante apela para a sorte. Joga uma moeda ao ar; se der cara, é verdadeiro, se der coroa é falso.
Trinta minutos depois, ele havia terminado, antes do restante da turma. Mas, então, o estudante começa a lançar a moeda outra vez. E logo está falando palavrões e suando mais a cada pergunta.
- O que está acontecendo – pergunta o professor, preocupado.
- Estou verificando as minhas respostas – diz o estudante.


No consultório de um cirurgião plástico, o médico fala para a paciente:
- Eu não posso mais esticá-la, já fizemos dezessete cirurgias.
E ela responde:
- Não doutor, agora eu só quero tirar esta covinha do meu queixo.
- Que covinha ; pergunta o médico – isto aqui é o umbigo.


Um homem bastante gripado vai ao médico e pede um remédio. O doutor receita uns comprimidos, mas, uma semana depois, o homem ainda está doente.
Então o médico resolve aplicar-lhe uma injeccão, mas o quadro não muda.
O medico diz:
- Nesse caso, você tem de fazer o seguinte ao voltar para casa, tome um banho bem quente. Em seguida, abra todas as janelas e fique ao relento.
O paciente protesta:
- Mas desse jeito vou apanhar uma pneumonia!
- Mas isso eu sou capaz de curar – disse o medico.


A minha tia Ana, uma senhora elegante de 75 anos, estava vestida com um luxuoso conjunto de cetim quando meu primo, um garotinho muito observador, olhou atentamente e disse:
- Tia, a senhora está to bonita! Está parecendo até uma Miss!
Tia Ana teria ficado muito feliz se ele não tivesse completado a frase:
- Uma Miss velha!


Era a primeira ida do seu filho de 4 anos a um funeral e eu quis me certificar de que ele se comportaria bem no cemitério:
- Qual a regra mais importante – perguntei
Ele pensou por alguns instantes e, a seguir, respondeu:
- Não desenterre os corpos


Em uma das minhas férias viajei com uma amiga para Bombinhas, no litoral catarinense, que geralmente fica lotado de argentinos no fim do ano. Percebi que minha amiga ficou intrigada, olhando demais para eles.
Depois de um tempo, ela me perguntou:
- Por que os brasileiros daqui não falam a nossa língua


Estava no consultório do meu dentista para uma cirurgia. Recebi um par de formulários para preencher e, assim que assinei o primeiro, brinquei com a recepcionista>
- Por acaso isso aqui diz que mesmo se você retirar a minha cabeça eu não posso te processar
- Não, isso está na folha seguinte - disse ela – Esta diz que mesmo assim você terá de nos pagar.


Meu marido Steve, que é contador, e eu sofremos, ás vezes, de crises de insônia.
Certa noite, sugeri que experimentássemos uma técnica de relaxamento que eu tinha aprendido numa revista.
Então, de olhos fechados, descrevi uma cena bem relaxante>
- Estamos em um lindo chalé á beira-mar numa ilha tropical. Uma brisa suave sopra pelas venezianas enquanto apreciamos a beleza de uma praia só para nós dois.
Meu marido falou, com um fiapo de voz:
- Quanto estas férias estão nos custando


Dias depois de me mudar para outro condomínio, a vizinha veio dar as boas-vindas á minha família. Ao fim da visita, ela disse:
- A propósito, meu marido oferece 20 dolares pelo sino dos ventos que está em sua porta.
- Mas ele pode comprar por um valor mais barato na loja! – ponderei.
- Eu sei, mas ele quer o seu. Por culpa dele não conseguimos mais dormir de noite!


Era manhã de sábado quando eu ajudava na arrumação do salão de festas para a recepção do meu casamento.
Ao tentar retirar um frezer do carro, ele caiu directo sobre o meu pé.
Levaram-me correndo ao centro medico. A enfermeira queria imobilizar o pé, mas eu lhe disse que não fizesse isso, porque á noite, iria á igreja para o casamento. Ela respondeu:
- Caso não dê para calcar o sapato, você se senta no ultimo banco que ninguém o verá.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Dupla infecção

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Ao examinar homens infectados com HIV-1 (um dos vírus da imunodeficiência humana, causador da Aids), pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da USP detectaram que cerca de 30% dos pacientes apresentaram resultado positivo para HPV-16 (papilomavírus humano), responsável por cerca de 80% dos casos de câncer cervical nas mulheres.
O objetivo do estudo, publicado no Journal of Medical Virology, foi determinar a prevalência de HPV dos tipos 16, 18, 6 e 11 em amostras de urina de homens infectados pelo HIV-1. Existem mais de 200 tipos diferentes de vírus de HPV, que são classificados como de baixo e de alto risco de causar câncer.
“O que mais chama a atenção no estudo foi a identificação de uma alta prevalência em homens, que normalmente não apresentam os sintomas. E o mais preocupante é que quase um terço deles – 31,9% – apresentaram resultado positivo para o HPV-16”, disse Jorge Simão do Rosário Casseb, professor do Instituto de Medicina Tropical da FMUSP, à Agência FAPESP.
O estudo, intitulado “Avaliação da diversidade genética da região longa de controle (LCR) e L1 dos tipos 6,11,16 e 18 do vírus papilomavirus humano (HPV) em homens infectados pelo HIV-1”, teve apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.
O trabalho investigou 223 homens, entre março de 2006 e abril de 2008, infectados pelo HIV-1 e que foram atendidos no Serviço de Doenças Sexualmente Transmissíveis do Departamento de Dermatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP e no Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids.
Do total, 81% dos pacientes usavam o coquetel anti-Aids baseado no antirretroviral HAART (Highly Active AntiRetroviral Treatment, em inglês). Para a análise, foi utilizada a urina dos pacientes. Casseb destaca que o método de análise a partir da urina é um dos resultados importantes do estudo.
“Como os pacientes não apresentavam lesões nos genitais, a urina se mostrou um exame útil e confiável para a detecção de HPV. É de fácil obtenção por não ser uma técnica invasiva e também pode ser estendido às mulheres”, diz Casseb.
Os resultados do estudo indicam que 18 pacientes (26,5%) apresentaram o DNA para o HPV-11, quatro (5,8%) para o HPV-6, cinco (7,2%) para o HPV-18 e 20 pacientes (29%) apresentaram DNA de algum tipo de HPV que não estavam nos objetivos propostos da pesquisa. Os HPVs 6 e 11 estão relacionados a verrugas benignas.
Um dos achados aponta que os pacientes coinfectados (HIV/HPV) apresentaram carga viral menor em relação aos que foram contaminados somente com HIV. Ou seja, com o uso da HAART, muitos pacientes apresentavam alto número de células TCD4+ e baixa carga viral de HIV.
Os pesquisadores não chegaram a uma conclusão sobre esse achado. “Esse dado poderia ser confirmado com uma diferença estatística significativa em relação ao uso de antirretrovirais, mas não houve dados conclusivos em relação a isso”, disse Casseb.
Ele conta que o grupo pretende ampliar o estudo para avaliar esse dado específico. Uma das hipóteses, segundo ele, é que nos pacientes coinfectados que apresentaram significativa carga viral menor em relação àqueles que não estavam infectados pelo HPV “o resultado pode indicar que o grupo apresentava maior adesão ao tratamento com coquetel e, consequentemente, melhor qualidade de vida”.
Atualmente, existem duas vacinas que imunizam contra os vírus 6, 11, 16 e 18 cuja eficácia, segundo Casseb, é de mais de 90%.
Homens e mulheres
Os homens são um importante reservatório de HPV e os principais responsáveis pela transmissão às suas parceiras. Mas os sintomas da doença no público masculino são, na maioria dos casos, assintomáticos.
A grande maioria dos participantes na pesquisa era homossexual. “Os coinfectados relataram não usar sempre o preservativo na relação oral como ativo, que é a forma mais recorrente de transmissão nesse grupo”, disse Casseb.
O risco de desenvolver câncer, segundo ele, atinge tanto homens como mulheres, mas elas são mais suscetíveis e podem desenvolver tumores malignos na região genital ou, mais raramente, na boca e no nariz.
“No caso dos homens, não sabemos ainda o local onde há o risco, se na bexiga ou em outra parte do trato urinário. Mas um dado interessante é que somente em homossexuais masculinos que têm HIV há uma incidência maior de câncer no pênis e no ânus”, contou.
Assim como nas mulheres, que fazem prevenção por meio do exame de Papanicolau para detectar o HPV, já existem estudos que defendem que homens com perfil que possa ser considerado de risco façam um exame parecido, no caso, no ânus.
“Em São Francisco e em Nova York, nos Estados Unidos, há alguns estudos que indicam que o Papanicolau para os homens pode ser útil na detecção do HPV”, disse Casseb.
O professor da FMUSP conta que o estudo terá continuidade. A ideia é repetir o exame já realizado nos mesmo pacientes por quatro meses, para poder avaliar se o vírus está presente ou não na urina.
“Os próximos passos serão a realização de exames imunológicos com os portadores de HPV/HIV e comparar com os não portadores para avaliar se têm uma resposta imunológica diferente”, disse. Outra frente, segundo Casseb, pretende investigar se esses homens estão disseminando os vírus de outra forma, que não somente pela relação sexual.
O pesquisador destaca que uma das questões que o estudo traz como novidade é a possibilidade de analisar o HPV em mulheres por meio da urina. “Como não é um método invasivo, poderíamos utilizá-lo futuramente como exame adicional. Mas isso não fez parte de nosso estudo”, disse.
O estudo também faz parte da dissertação de mestrado de Fernando Costa, com bolsa FAPESP, e contou com a participação do urologista Roberto Carvalho da Silva, do Centro de Referência e Treinamento em DST/AIDS de São Paulo.
O artigo Prevalence of human papillomaviruses in urine samples of male patients infected with HIV-1 in Sao Paulo, de Jorge Casseb e outros, pode ser lido em www3.interscience.wiley.com/cgi-bin/fulltext/122662787/PDFSTART.

Genética do envelhecimento

Agência FAPESP – Cientistas europeus anunciaram a descoberta de mutações genéticas associadas com o envelhecimento em humanos. O grupo analisou mais de 500 mil variações genéticas espalhadas pelo genoma para identificar as mutações, que se encontram próximas ao gene chamado Terc.
A novidade foi publicada na revista Nature Genetics. Nilesh Samani, professor de cardiologia da Universidade de Leicester, no Reino Unidos, um dos coordenadores da pesquisa, explica que há duas formas de envelhecimento.
A primeira é o envelhecimento cronológico, isto é, a quantidade de anos vividos, e a segunda é o biológico, no qual as células de um indivíduo são mais novas (ou mais velhas) do que sugere a idade real.
“Há cada vez mais evidências de que o risco de doenças associadas à idade, entre as quais problemas no coração e alguns tipos de câncer, está mais intimamente ligada à idade biológica do que à idade cronológica”, disse Samani.
“Estudamos estruturas chamadas telômeros, que são partes do cromossomo. Indivíduos nascem com telômeros de determinado comprimento e em muitas células eles encolhem à medida que envelhecem e que as células se dividem. O comprimento do telômero é, por conta disso, considerado um marcador do envelhecimento biológico”, explicou.
O grupo de cientistas observou que as pessoas com variantes genéticas específicas tinham telômeros mais curtos e eram biologicamente mais velhas.
“Dada a associação entre telômeros mais curtos com doenças relacionadas à idade, os resultados da pesquisa levantam questões sobre se tais indivíduos que têm uma determinada variante têm risco mais elevado de desenvolver tais doenças”, apontou Samani.
As mutações identificadas estão próximas ao gene Terc, que já se sabia ter uma papel importante na manutenção do comprimento dos telômeros. “O que nosso estudo sugere é que algumas pessoas são geneticamente programadas para envelhecer mais rapidamente”, disse Tim Spector, professor do King's College London e coordenador da pesquisa.
“Esse efeito se mostrou mais acentuado nos indivíduos com as variantes, que apresentaram o equivalente a três ou quatro anos de envelhecimento biológico conforme medido pela perda no comprimento dos telômeros. Essas pessoas podem envelhecer ainda mais rapidamente quando expostas a situações que se mostraram prejudiciais aos telômeros, como fumo, obesidade ou falta de exercícios físicos”, disse.
O artigo Common variants near TERC are associated with mean telomere length (DOI:10.1038/ng.532), de Nilesh Samani e outros, pode ser lido na Nature Genetics em www.nature.com/naturegenetics.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Mosquitos na mira

Agência FAPESP – Para milhões nos países tropicais que correm risco de contrair malária, uma boa notícia vem de um estudo feito nos Estados Unidos e publicado na edição de (04-02-2010) da revista Nature.
O artigo, de pesquisadores das universidades Yale e Vanderbilt, descreve a descoberta de mais de duas dúzias de receptores em mosquitos transmissores da malária que atuam na detecção do suor humano. Segundo os autores, a descoberta pode ajudar no desenvolvimento de novas formas de combater a doença, que mata cerca de 1 milhão de pessoas anualmente.
O motivo é que os receptores olfativos do Anopheles gambiae oferecem novos alvos potenciais para repelir, confundir ou atrair o mosquito para armadilhas.
“O mundo precisa desesperadamente de novas maneiras para controlar esses mosquitos que se mostrem eficientes, baratas e não prejudiciais ao meio ambiente. Alguns desses receptores podem se tornar alvos excelentes para o controle do comportamento desses mosquitos”, disse John Carlson, professor em Yale e líder da pesquisa.
Embora se saiba há tempos que os mosquitos são atraídos pelos odores corporais humanos, como o sistema olfatório dos mosquitos detecta esses diferentes elementos químicos é algo desconhecido.
“Os mosquitos nos encontram pelo olfato, mas pouco sabemos como isso ocorre. Aqui nos Estados Unidos os mosquitos são fonte de irritação, mas em grande parte do mundo eles são fontes de morte”, disse Carlson.
O cientista identificou os primeiros receptores de odores em insetos em 1999, em pesquisa com a mosca-da-fruta (Drosophila). Seu grupo, então, descobriu uma maneira engenhosa de usar esse inseto para estudar como funciona o sistema olfatório do mosquito.
Os pesquisadores produziram moscas geneticamente modificadas sem receptores de odores. Em seguida, ativaram genes de 72 receptores olfativos do anófeles em células de drosófilas que não tinham esses receptores.
As moscas resultantes foram expostas a diversos tipos de odores e as respostas relacionadas a cada receptor foram analisadas. Durante a pesquisa, foram registrados mais de 27 mil respostas, que foram reunidas em uma biblioteca de odores.
Os cientistas observaram respostas particularmente fortes em 27 receptores, a maioria dos quais respondia a componentes químicos encontrados no suor humano.
“Agora estamos pesquisando componentes que interajam com esses receptores. Compostos que confundam esses receptores, por exemplo, podem ser usados para diminuir a capacidade de o mosquito encontrar o homem. Ou compostos que os estimulem podem atrair os insetos para armadilhas”, disse Carlson.
O artigo Odorant reception in the malaria mosquito Anopheles gambiae, de John Carlson e outros, pode ser lido na Nature em www.nature.com.

ANEDOTAS HOSPITALARES ...‏

OBSTETRÍCIA
- Doutor, quando eu era solteira tive que abortar 6 vezes.
Agora que casei, não consigo engravidar. Qual é a razão?
- É muito comum. O problema é que você não reproduz em cativeiro.


PSICO-PATOLOGIA
- Dr. tenho tendências suicidas. O que faço?
- Em primeiro lugar, e antes que seja tarde, pague a consulta.


CUIDADOS INTENSIVOS
A senhora chega ao hospital e pergunta:
- Doutor, sou a esposa do Zé que sofreu um acidente; como ele está?
- Bem, da cintura para baixo ele não teve nem um arranhão.
- Puxa, que alegria... E da cintura para cima?
- Não sei, ainda não trouxeram essa parte.


CIRURGIA
Após a cirurgia:
- Doutor, sei que vocês médicos se vestem de branco. Mas porque essa luz
tão forte?
- Meu filho, eu sou São Pedro.


ANÁLISES CLÍNICAS
- Doutor, o que eu tenho?
- Não sei, mas fique tranquilo, em caso de dúvida vamos descobrir na
autópsia.


FARMÁCIA
Na farmácia, o sujeito entra a correr:
- Rápido, dê-me um remédio para diarreia.
Uma hora depois, o farmacêutico verifica que errou e entregou um forte
calmante.
Mais uma hora, volta o paciente. O farmacêutico pergunta:
- Como você está?
- Todo cagado, mas calminho, calminho...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Dieta ou exercício

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Exercício físico ou restrição alimentar. Qualquer dos dois fatores evitou que ratos obesos desenvolvessem disfunção cardíaca, segundo um estudo feito na Faculdade de Medicina em colaboração com a Escola de Educação Física e Esporte, ambas da Universidade de São Paulo (USP).
O trabalho indicou também que a associação das duas condutas não medicamentosas não resulta em benefício adicional na função cardíaca. A explicação dos pesquisadores para isso é que cada uma das intervenções isoladamente já é suficiente para evitar que a obesidade crônica provoque a disfunção cardíaca.
De acordo com Carlos Eduardo Negrão, diretor da Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e orientador do estudo, as alterações cardíacas decorrentes da obesidade podem ser evitadas “se a restrição alimentar ou o exercício físico for utilizado como conduta não medicamentosa para interromper o processo de obesidade crônico”, disse.
Além de avaliar os efeitos do treinamento físico e da restrição alimentar na função cardíaca, um dos objetivos do estudo foi tentar esclarecer o papel dessas intervenções nos mecanismos moleculares envolvidos nas alterações cardíacas causadas pela obesidade.
Os resultados fazem parte da tese de doutorado “Efeito do treinamento físico e da restrição alimentar na função cardíaca e resistência à insulina em ratos obesos”, de Ellena Paulino, feita com apoio de Bolsa da FAPESP e defendida em novembro de 2009, com orientação de Negrão.
O docente também coordena o Projeto Temático “Exercício físico e controle autonômico na fisiopatologia cardiovascular”, apoiado pela Fundação, e é professor titular da Escola de Educação Física e Esporte da USP.
“O estudo acrescenta conhecimentos importantes sobre o papel do exercício e da restrição calórica nos mecanismos moleculares associados à função cardíaca na obesidade”, disse Negrão.
Na pesquisa, ratos wistar machos foram alimentados com dieta normocalórica (quantidade normal de calorias) ou hipercalórica (rica em gordura e açúcar) durante 25 semanas. Após esse período, os animais alimentados com a dieta hipercalórica foram subdivididos em quatro grupos e acompanhados por mais dez semanas.
No primeiro grupo, os ratos continuaram recebendo a dieta hipercalórica e foram mantidos sem treinamento físico. No segundo, continuaram com dieta hipercalórica e foram treinados. No terceiro, deixaram de receber esse dieta para serem submetidos à restrição alimentar (menos 20% da ingestão diária). No quarto grupo, os ratos foram submetidos ao treinamento físico e à restrição alimentar.
“Após a vigésima quinta semana, os animais submetidos à dieta hipercalórica não apresentavam alterações na função cardíaca, embora já apresentassem substancial ganho de peso”, explicou Ellena.
“Após mais dez semanas de alimentação rica em gordura e mais ganho de peso corporal, eles apresentaram alteração na força de contração do coração e nas proteínas moleculares envolvidas nessa função. Isso foi evitado nos animais submetidos ao exercício físico ou à restrição alimentar”, contou.

Outros benefícios
Outro resultado importante sobre o papel do exercício e da restrição alimentar alcançado no trabalho está relacionado ao metabolismo de lípides. “A restrição alimentar em associação com o exercício físico diminuiu significativamente a esteatose e a hipertrigliciridemia em animais obesos”, disse Ellena.
Mas se por um lado a associação da restrição alimentar e do exercício físico não mostrou efeito cumulativo nos parâmetros cardíacos, por outro lado essas duas intervenções associadas diminuíram a quantidade de gordura estocada no fígado de animais obesos (esteatose hepática) e, também, os níveis de triglicérides plasmático.
“Embora a restrição alimentar isoladamente diminua a quantidade de gordura acumulada no fígado, ela aumentou a concentração de triglicérides plasmático, o que sugere um aumento na resistência hepática à insulina. Esses são achados importantes. Sabe-se que a esteatose, triglicérides aumentados e a resistência à insulina elevam o risco de doença cardiovascular”, destacou Ellena.
Segundo a pesquisadora, o trabalho permite concluir que a restrição calórica e a prática de exercício devem ser recomendadas para a prevenção de alterações cardíacas e metabólicas causadas pela obesidade.

Menos sono com a idade

Agência FAPESP – Um estudo recente indica que adultos saudáveis sem distúrbios do sono podem esperar uma redução no tempo em que dormem à medida que envelhecem sem que isso acarrete sonolência diurna.
A pesquisa foi publicada na revista Sleep, da Academia Norte-Americana de Medicina do Sono. O trabalho verificou que, durante um período de oito horas na cama, o tempo total dormido diminuiu significativamente e progressivamente com a idade.
No estudo feito com voluntários, adultos mais velhos dormiram cerca de 20 minutos menos do que adultos de meia-idade, que, por sua vez, dormiram em média 23 minutos menos do que os adultos mais jovens.
Tanto o número de vezes em que os voluntários acordaram durante a noite como o tempo em que permaneceram despertos após cada momento em que acordaram tiveram um aumento com a idade. Por outro lado, o número de horas em sono profundo diminuiu consideravelmente.
Mas, mesmo com a diminuição no tempo, na intensidade e na continuidade do sono, os mais velhos apresentaram menor propensão a ter sono durante o dia do que os mais jovens.
Em seguida, os pesquisadores submeteram os três grupos – idosos, meia- idade e mais jovens – à interrupção do sono profundo por duas noites seguidas. A resposta foi semelhante para os três grupos: aumento na sonolência durante o dia e a volta do sono profundo à noite no dia seguinte ao teste.
Segundo os autores, os resultados indicam que a “ausência do aumento de sonolência diurna diante da diminuição na qualidade do sono por conta da idade não pode ser atribuída à ausência de respostas diante de variações na pressão homeostática de sono”.
Em vez disso, apontam, o envelhecimento estaria associado com reduções na duração e na profundidade do sono exigidas para se manter alerta durante o dia.
“Os resultados reforçam a tese de que não é normal para as pessoas mais velhas sentir sonolência durante o dia. Não importa se o indivíduo é jovem ou idoso, se ele ou ela sentir sono durante o dia isso significa que não dormiu o suficiente na noite anterior ou que sofre de um distúrbio do sono”, disse Derk-Jan Dijk, professor da Universidade de Surrey, no Reino Unido, principal autor do estudo.
A pesquisa foi conduzida no Centro de Pesquisa Clínica da universidade britânica e envolveu 110 adultos saudáveis sem problemas de sono, sejam distúrbios ou mesmo reclamações. Do total, 44 eram jovens (20 a 30 anos), 35 de meia-idade (40 a 55) e 41 eram mais velhos (de 66 a 83 anos).
O artigo Age-related reduction in daytime sleep propensity and nocturnal slow wave sleep, de Derk-Jan Dijk e outros, pode ser lido na Sleep (SLEEP 2010;33(2):211-223) em www.journalsleep.org.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Ginecologistas franceses tentam provar a existência do "ponto G"

Ginecologistas franceses reuniram-se em uma conferência em Paris para tentar provar a existência do “ponto G” feminino. A iniciativa é uma reação às conclusões de uma recente pesquisa do King’s College, de Londres (Inglaterra). “O estudo do King's College mostra falta de respeito em relação ao que as mulheres dizem”, afirma o cirurgião francês Pierre Foldès, co-autor de uma técnica para reparar os danos causados por excisões do clitóris.
Para ele, as conclusões estão completamente erradas porque foram baseadas somente em observações de ordem genética. “É evidente que existem variabilidades na sexualidade feminina”, afirma Foldès. De acordo com o ginecologista Sylvain Mimoun, organizador da conferência em Paris, o ponto G estaria situado a uma distância de cerca de três centímetros da entrada da vagina. “Se uma paciente me perguntar onde está seu ponto G, eu mostro. Qualquer que seja a maneira como chamamos essa zona sensível, G, M ou B, podemos estar certos de sua existência”, diz Mimoun.
Segundo ele, o estudo britânico foi iniciado a partir de falsos pressupostos. “Existem três ideias falsas sobre o ponto G: pensar que ele está situado na mesma área em cada mulher, que ele teria o tamanho de uma moeda de 50 centavos e que ele sempre permite ter um orgasmo”, enumera o ginecologista.
Mimoun afirma que o ponto G é uma área que responde a estímulos. De acordo com o especialista, não se trata de uma questão genética, mas de funcionalidade. “Se uma mulher conhece intimamente sua vagina, ela pode descobrir coisas, incluindo a zona do ponto G. Se ela nunca é tocada, nunca acontecerá nada”, explica.
Para os especialistas franceses, o ponto G seria uma área que as mulheres aprendem a conhecer no decorrer de suas experiências sexuais. “É possível que todas as mulheres tenham um ponto G, mas apenas um terço delas conhece sua existência”, acredita Mimoun. O ponto G foi identificado pela primeira vez em 1950 pelo médico alemão Ernst Gräfenberg.
Fonte: BBC Brasil

Coração em nova perspectiva

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) têm obtido resultados importantes em um estudo com foco na quantificação de fluxos de cálcio e na participação de transportadores de cálcio na contração e relaxamento de ventrículos de corações de ratos em desenvolvimento.
No miocárdio desses mamíferos, a maior parte do cálcio que produz contração tem origem em um local de estoque intracelular, o retículo sarcoplasmático. O estudo verificou que o transporte do mineral entre o retículo sarcoplasmático e o citoplasma da célula cardíaca é o principal sistema responsável pelo desenvolvimento de contração e relaxamento no coração dos animais, desde o dia do nascimento.
A pesquisa foi conduzida por José Wilson Magalhães Bassani, professor titular da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação, e por Rosana Almada Bassani, do Centro de Engenharia Biomédica.
“Até então, acreditava-se, principalmente com base em dados de biologia molecular e de inibição da função reticular, que o retículo sarcoplasmático tinha um papel secundário no acoplamento excitação-contração no coração do recém-nascido”, disse Rosana à Agência FAPESP.
“Nosso estudo, com foco quantitativo na interação dos diferentes transportadores, realizado em células vivas intactas, contribuiu para a reversão desse conceito equivocado. Além disso, com relação à importância do retículo sarcoplasmático no transporte de cálcio, há mais semelhança entre corações imaturos e maduros do que se acreditava anteriormente”, apontou.
Os estudos feitos na Unicamp demonstram que o vazamento de cálcio do retículo sarcoplasmático tem um importante papel na geração da atividade espontânea de células marca-passo cardíacas, e também em células miocárdicas com sobrecarga de cálcio, podendo levar, nesse último caso, ao aparecimento de arritmias.
“Esse fenômeno tem recebido grande atenção de pesquisadores em todo mundo, mostrando-se um possível alvo de intervenções terapêuticas em certos casos de arritmia cardíaca”, disse Rosana.
O projeto de pesquisa, que teve início com o Projeto Temático “Transporte de cálcio em miócitos ventriculares de ratos durante o desenvolvimento pós-natal”, apoiado pela FAPESP, aponta ainda que o padrão de interação entre os diversos transportadores de cálcio em células miocárdicas em corações de recém-nascidos apresenta diferenças com relação ao padrão adulto, o que pode nortear o desenvolvimento e a administração de medicamentos para uso pediátrico.
“Ainda não está bem claro qual é o impacto da regulação neural sobre os transportadores de cálcio miocárdico durante o desenvolvimento dos indivíduos”, disse Rosana. Para investigar melhor a questão, o grupo conta atualmente com um Auxílio à Pesquisa – Regular da FAPESP, coordenado pela pesquisadora e que dá continuidade aos trabalhos desenvolvidos anteriormente.
Segundo ela o interesse da pesquisa nesse caso abrange questões relacionadas ao transporte de cálcio no miocárdio, buscando esclarecer desde aspectos fundamentais, como o processo de acoplamento excitação-contração (liberação fracional de cálcio do retículo sarcoplasmático e sua regulação), até o envolvimento desse íon na geração de arritmias cardíacas.
“Resultados preliminares mostraram que os miócitos cardíacos de ratos neonatos respondem com considerável mobilização de cálcio ao neurotransmissor simpático noradrenalina, mesmo que a inervação simpática do coração ainda não esteja desenvolvida nesses animais”, disse Rosana.
Isso indica que, desde o nascimento, as células cardíacas já estão aparelhadas para produzir contrações mais intensas em resposta à sinalização neuro-hormonal simpática.
“Espera-se que o conhecimento adquirido no conjunto dos estudos possa contribuir para entendimento das modificações fisiológicas da função cardíaca e sua regulação durante o desenvolvimento pós-natal e em condições fisiopatológicas”, ressaltou.

Estimativa dos fluxos de cálcio
As equipes dos pesquisadores, no Laboratório de Pesquisa Cardiovascular do Centro de Engenharia Biomédica, também estudam quantitativamente o transporte e a regulação de cálcio no coração, com o objetivo de estabelecer a importância de cada transportador e melhorar o entendimento sobre as relações entre eles.
Entre as abordagens em andamento, José Wilson Bassani destaca o esforço pelo desenvolvimento de novos métodos para a estimativa dos fluxos de cálcio e a quantificação da contribuição de diferentes transportadores do íon para processos como desenvolvimento de contração e relaxamento do coração.
“Essa abordagem tem permitido identificar variações na interação de transportadores com espécies animais, inclusive em humanos, além de condições patológicas, como hipertensão arterial e insuficiência cardíaca”, disse.
O professor explica que o íon cálcio desempenha múltiplas funções nas células do organismo humano, afetando a função celular desde o nível genético e regulatório até as atividades elétricas e mecânicas. “Em músculos, o cálcio é o principal sinalizador para a contração e, particularmente no coração, sua concentração citoplasmática oscila precedendo cada contração”, explicou.
No coração, o íon é necessário para a geração da atividade elétrica e do disparo e manutenção da atividade contrátil. Além disso, diversos transportadores de cálcio existentes na célula cardíaca regulam as variações intracelulares do íon para a execução das diversas funções do coração.
“Em muitas doenças cardiovasculares, as alterações do transporte celular de cálcio podem ser uma das causas primárias do mau funcionamento da bomba cardíaca, gerando insuficiência contrátil e alguns tipos de arritmias”, conta.
Resultados obtidos pela equipe têm sido publicados em importantes revistas científicas internacionais, como o American Journal of Physiology, Biophysical Journal, Journal of Physiology, Journal of Molecular and Cellular Cardiology, Cell Calcium, European Journal of Physiology e IEEE Transactions on Biomedical Engineering.

Parkinson e coração

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – As causas da doença de Parkinson ainda não são completamente conhecidas. Sabe-se que essa desordem degenerativa é caracterizada pela disfunção dos neurônios secretores de dopamina (mediador químico importante para a atividade normal do cérebro) e afeta regiões cerebrais responsáveis pelo controle muscular, provocando tremores, rigidez nos músculos e diminuição de mobilidade.
Novos estudos têm indicado também a associação da doença com problemas no coração, como se viu no 18th WFN World Congress on Parkinson’s Disease and Related Disorders, realizado em Miami, nos Estados Unidos, em dezembro último.
De acordo com as pesquisas, sintomas cardíacos podem anteceder os sintomas motores causados pela doença de Parkinson, e pode haver uma independência entre os sintomas cardíacos e os motores da doença em pacientes humanos.
Segundo o estereologista Antonio Augusto Coppi, responsável pelo Laboratório de Estereologia Estocástica e Anatomia Química (LSSCA) do Departamento de Cirurgia da Faculdade de MedicinaVeterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP), que apresentou no congresso de Miami um trabalho relacionando os efeitos da doença no coração, os estudos recentes ressaltam novas formas de manifestação clínica da doença de Parkinson.
“Antes, quando se falava em Parkinson, havia uma clara referência ao indivíduo com dificuldade de tirar a carteira do bolso em um supermercado ou que não conseguia atravessar a rua. Ou seja, eram apenas sintomas motores. Hoje, já se sabe que o paciente pode também apresentar sintomas generalizados, como os cardíacos. Mas se esses sintomas antecedem os motores, sucedem ou se eles ocorrem simultaneamente, ainda é uma incógnita”, disse Coppi à Agência FAPESP .
O docente coordena a pesquisa intitulada “Caracterização comportamental, funcional e morfológica das cardioneuromiopatias tóxicas (MPTP) e geneticamente induzidas em camundongos com alta expressão de alfa-sinucleina humana”, apoiada pela FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, na qual se busca adequar modelos (químico e genético) eficazes para estudar a doença de Parkinson.
A equipe de Coppi induziu a doença de Parkinson nos animais por meio do uso do 1-metil-1-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidropirimidina (MPTP), de modo a analisar seus efeitos no miocárdio, na inervação do coração e nos neurônios do sistema nervoso central.
Segundo o pesquisador, a manifestação clínica do Parkinson tem mudado muito. “A pesquisa procura entender de que forma a doença afeta o coração. Investigamos se a droga MPTP causa alteração no coração e, simultaneamente, no encéfalo. O objetivo é ver se o MPTP pode ser um bom modelo para se quantificar os efeitos da doença de Parkinson no coração”, explicou.
Nos resultados preliminares, o grupo de camundongos que recebeu a droga apresentou, à análise morfológica estereológica estocástica tridimensional, uma atrofia do ventrículo esquerdo do coração e “uma tendência ao aumento do número de núcleos de fibras cardíacas (cardiomiócitos) desse mesmo ventrículo, o que é sugestivo de uma proliferação compensatória dessas fibras”, disse Coppi.
Além disso, os animais apresentaram taquicardia (sem aumento da pressão arterial) e diminuição global da inervação cardíaca, incluindo distúrbios da inervação simpática. Os dados foram corroborados pelo decréscimo nas concentrações de neurotransmissores (catecolaminas) no coração –dopamina e noradrenalina.
“Quando o coração apresenta redução no seu suprimento nervoso, tem também menos capacidade de se contrair e atuar como bomba propulsora na distribuição do sangue para o resto do corpo”, explicou.
O caráter inovador do projeto reside no fato de se usar estereologia estocástica tridimensional para quantificar “associadamente” o músculo cardíaco, a inervação cardíaca e os neurônios do sistema nervoso central e ver como isso pode estar conjuntamente afetado pela doença de Parkinson.
“Se a droga causar lesões no cérebro e, simultaneamente, no coração, é um bom indício de que o MPTP possa ser um bom modelo químico para se estudar a forma cardíaca do Parkinson. Embora a droga já fosse utilizada na literatura para induzir a doença de Parkinson em camundongos e em primatas, os estudos sempre enfocaram o cérebro, mas sem abordar o aspecto morfoquantitativo do coração”, destacou Coppi.
O modelo desenvolvido é análogo ao que desenvolve em outra pesquisa relacionando a doença de Huntington (desordem neurodegenerativa hereditária que afeta principalmente o sistema nervoso central) e efeitos no coração, também apoiada pela FAPESP.
Caráter sistêmico
A grande mudança de paradigma nas novas pesquisas, de acordo com Coppi, é que a doença de Parkinson pode se iniciar pelo sistema nervoso periférico. “E, a partir daí, pode afetar os órgãos que são inervados por esse sistema periférico e sem qualquer relação com os neurônios do cérebro”, disse.
“Até então se achava que a doença de Parkinson começava no sistema nervoso central e, depois, poderia evoluir para um quadro periférico, afetando outros órgãos. Agora, novas hipóteses são formuladas de que pode ocorrer algo periférico primeiro, ou seja, algo não cerebral, e depois evoluir para o cérebro”, reforçou.
Sobre os sintomas motores da doença, o professor da FMVZ-USP, destaca que o estudo comportamental está sendo conduzido com resultados muito interessantes. “Os animais induzidos com MPTP apresentam diminuição acentuada da locomoção (mobilidade) quando comparados aos animais sadios”, disse.
A próxima etapa do estudo será comparar o modelo químico (MPTP) com o modelo genético. Animais geneticamente modificados que já possuem o gene para a doença de Parkinson estão sendo importados. “Queremos ver se no animal transgênico ocorrerão alterações similares às observadas no modelo químico. Esperamos encontrar resultados robustos que nos ajudem a entender a evolução do Parkinson em pacientes humanos”, disse.
Coppi enfatiza o caráter interdisciplinar do estudo, que contempla análise morfológica, comportamental, funcional e bioquímica, ao destacar a participação na pesquisa de docentes colaboradores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP: Maria Dagli e Frederico da Costa Pinto; da Universidade Federal de São Paulo: Monica Andersen e Dulce Casarini; e da Escola de Educação Física e Esporte da USP: Patrícia Brum.
Mais detalhes sobre a pesquisa podem ser obtidos com o professor Coppi por e-mail (guto@usp.br, skype (antonio.augusto.stereo), telefone (11) 3091 - 1214 ou visitando o site do LSSCA (www2.fmvz.usp.br/lssca).

terça-feira, 9 de março de 2010

Técnica de 'lavagem cerebral' pode aumentar sobrevivência de prematuros

Uma técnica criada por pesquisadores britânicos, que "lava o cérebro" de bebês muito prematuros, poderá ajudar na sobrevivência destas crianças.

O estudo, da Universidade de Bristol, envolveu 77 bebês prematuros. O sangramento no cérebro é um dos problemas mais temidos para a maioria destes bebês, pois pode causar dano cerebral ou até mesmo levar à morte.

A técnica dos pesquisadores britânicos, que envolve a drenagem do cérebro durante a introdução de um novo fluido no lugar, pode reduzir este risco.

Os cientistas afirmam que o procedimento é realizado durante alguns dias na criança e é necessário um acompanhamento para garantir que a pressão no cérebro do bebê não aumente muito.

Mas a técnica só poderá ser usada em bebês muito prematuros, com grandes hemorragias, que podem levar o cérebro e a cabeça a se expandirem muito, em um problema conhecido como hidrocefalia.

O neurocirurgião pediátrico Ian Pople, um dos líderes da pesquisa, disse que espera que a técnica esteja disponível em breve no sistema de saúde público da Grã-Bretanha.

– Esta é a primeira vez que qualquer tratamento, em qualquer lugar do mundo, mostrou benefícios para estes bebês tão vulneráveis –, afirmou.

Atualmente o tratamento padrão para crianças prematuras consiste em inserir várias vezes agulhas na cabeça ou na coluna para remover o excesso de fluidos acumulados, durante alguns meses, antes que um dreno seja inserido para retirar o fluido pelo abdome.

A pesquisa da Universidade Bristol, publicada na revista especializada Pediatrics, descobriu que o novo tratamento, chamado de Drift, é mais eficaz.

Primeiro bebê

Um dos primeiros bebês que recebeu o novo tratamento, durante os primeiros testes, foi o britânico Isaac Walker-Cox, de South Gloucestershire, hoje com nove anos.

Ele tinha apenas 1% de chances de sobrevivência quando nasceu, 13 semanas antes do tempo previsto.

A mãe, Rebekah Walker-Cox, afirmou que o menino atualmente tem uma leve paralisia no lado esquerdo do corpo, mas leva uma vida normal.

– Ele não tem nenhum problema mental, sua média de leitura é acima do normal e ele é muito bom com computadores. Ele leva a vida normalmente e é um menino expansivo e feliz –, afirmou.

– Esta nova pesquisa é muito interessante e sempre aprovamos qualquer (pesquisa) que tenha o potencial de melhorar os resultados para bebês nascidos doentes ou prematuros –, disse Andy Cole, da instituição de caridade britânica para crianças prematuras Bliss.

– Os primeiros resultados desta pesquisa são encorajadores e estamos ansiosos para ver como estas descobertas podem ser traduzidas para os tratamentos que podem garantir melhores resultados para estes bebês tão vulneráveis –, acrescentou.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Estudo mostra que cheiro das mulheres seduz mais do que os perfumes

Investigação demonstra que os homens reagem à exposição a cheiro de mulheres na fase fértil do período menstrual.
A indústria de perfumaria recebeu agora uma má notícia, com a publicação na revista especializada Psychological Science de um estudo que sugere a maior eficácia do não uso de perfume quando uma mulher pretende atrair um homem.
Esta ideia, que contraria toda a tradição cultural das civilizações humanas, baseia-se numa experiência realizada pela equipa de Saul Miller e Jon Maner, da Universidade da Florida.
Os cientistas realizaram dois ensaios separados, tendo por base experiências efectuadas com animais que mostravam haver uma correlação positiva entre os sinais de odor emitidos pelas fêmeas em ovulação e os níveis de testosterona nos machos.
Aplicada aos seres humanos, a experiência teve dois passos. Foi pedido a um grupo de mulheres o uso da mesma T-shirt ao longo de três noites, em várias fases do ciclo menstrual. Depois, pedia-se a homens que cheirassem as camisolas e respondessem a um questionário, ao mesmo tempo que davam amostras de saliva para medição dos níveis de testosterona. Em simultâneo, era testado um grupo de controlo que cheirava T-shirts que ninguém usara.
Os homens que cheiraram as camisolas usadas por mulheres que estavam na fase fértil do ciclo menstrual registaram níveis de testosterona mais elevados. No segundo passo da experiência, verificou-se também que os homens classificavam as T-shirts usadas por mulheres na fase fértil do período como tendo um odor mais agradável.
Em resumo, o nível de testosterona reage a sinais de fertilidade, o que favorece a reprodução. A conclusão da equipa de cientistas aponta para a "primeira prova directa" de que existe resposta biológica dos homens a sinais olfactivos emitidos pelas mulheres na fase de ovulação.
Há dois anos, fora publicado um estudo que demonstrava um aumento da hormona cortisol (ligada ao stress) em mulheres heterossexuais, após cheirarem suor masculino. Durante as experiências, foi descoberta a importância da função de um composto chamado androstadienona, um derivativo de testosterona, que a indústria de perfumaria usa nos seus produtos.As duas investigações revelam um cenário complexo da função dos odores na reprodução da nossa espécie, mistérios que a cultura tornou ainda mais difíceis de compreender totalmente.

Cérebros favoráveis à depressão

Agência FAPESP – Quais são as características moleculares que fazem com que o cérebro de uma pessoa seja mais suscetível à ansiedade e à depressão e menos propenso a responder ao tratamento com medicamentos?
Um novo estudo, publicado pela revista Neuron, tenta responder à questão e abrir novos caminhos para o desenvolvimento de estratégias mais eficientes para o tratamento da depressão, um dos principais problemas de saúde pública em todo o mundo.
Embora mecanismos cerebrais associados com a depressão e com a ansiedade não sejam totalmente conhecidos, pesquisas recentes têm indicado o papel em distúrbios depressivos de uma combinação de eventos estressantes com fatores biológicos predispostos.
Os medicamentos antidepressivos mais populares, com os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), funcionam ao aumentar os níveis do neurotransmissor serotonina no cérebro.
“Infelizmente, mais da metade de todos os pacientes com depressão não responde ao primeiro tratamento medicamentoso. Por conta disso, é fundamental tentar esclarecer a natureza exata tanto dos fatores de predisposição da depressão como dos mecanismos por trás da resistência ao tratamento”, disse René Hen, da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, principal autor da nova pesquisa.
Estudos anteriores em humanos indicaram que a regulação de receptores de serotonina pode estar relacionada com a depressão e com a resposta ao uso de antidepressivos.
Os receptores 5-HT1A são encontrados em neurônios de serotonina, nos quais inibem a liberação da molécula neurotransmissora, e em áreas específicas que recebem a inervação serotonérgica, os heterorreceptores.
Segundo os autores do estudo, os autorreceptores são críticos para estabelecer o “tom serotonérgico” no cérebro. Uma alteração genética que pode regular os níveis dos receptores 5-HT1A foi relacionada à suscetibilidade à depressão e à diminuição na resposta a tratamentos medicamentosos.
Hen e colegas desenvolveram um novo sistema por meio do qual se pode manipular especificamente autorreceptores sem alterar os heterorreceptores.
Em testes, camundongos com níveis mais altos de autorreceptores exibiram uma resposta psicológica abrupta ao estresse agudo, tiveram mais problemas de comportamento e não apresentaram resposta comportamental ao tratamento com antidepressivos. Quando os níveis do autorreceptor 5-HT1A foram reduzidos antes da terapia antidepressiva, os animais passaram a responder ao tratamento.
O artigo 5-HT1A Autoreceptor Levels Determine Vulnerability to Stress and Response to Antidepressants p40 (10.1016/j.neuron.2009.12.003), de René Hen e outros, pode ser lido na Neuron em www.cell.com/neuron/abstract/S0896-6273(09)00980-5.

Cerveja pode ajudar a fortalecer os ossos

O consumo moderado de alguns tipos de cerveja pode ajudar a fortalecer os ossos, segundo um estudo norte-americano publicado pela revista especializada Journal of the Science of Food and Agriculture.
Segundo pesquisadores da Universidade da Califórnia, a cerveja seria uma fonte importante de silício, componente da dieta que contribui para melhorar a densidade óssea.
Pesquisas mais antigas já indicavam a importância do silício para o crescimento e o desenvolvimento dos ossos.
Apesar disso, alguns nutricionistas advertem que os possíveis benefícios da cerveja podem ser cancelados pelo consumo excessivo de álcool, já que a ingestão de mais de duas unidades de álcool por dia aumenta o risco de fraturas dos ossos.
O estudo do Departamento de Ciência dos Alimentos da Universidade da Califórnia analisou cem marcas de cervejas comerciais e verificou que elas tinham uma quantidade de silício entre 6,4 miligramas por litro e 56,5 miligramas por litro.
Não existem recomendações mínimas para o consumo de silício, já que, segundo o Departamento de Agricultura do governo norte-americano, o consumo do mineral não é considerado essencial.
Segundo os cientistas da Universidade da Califórnia, o silício é encontrado no grão da cevada utilizado para a fabricação do malte da cerveja e também, em menor quantidade, no lúpulo.
O estudo indicou que as cervejas com as maiores quantidades de silício são as ales (cervejas de fermentação a temperaturas mais altas) claras e as lagers (com baixa fermentação ou fermentação a frio).
Nas cervejas escuras, o processo de torração dos grãos de cevada reduziria a quantidade de silício.
As cervejas feitas com trigo, segundo os pesquisadores, teriam uma quantidade pequena de silício.
Os pesquisadores disseram que os resultados da pesquisa mostram que o consumo moderado de cerveja pode ajudar a combater a osteoporose, doença que provoca a deterioração da densidade dos ossos ao longo do tempo e favorece a ocorrência de fraturas.
O estudo foi coordenado por Charles Bamforth, professor de ciências da cerveja na Universidade da Califórnia, num posto acadêmico patrocinado pela fabricante de cervejas Anheuser-Busch.
O resultado das pesquisas foi recebido com cautela por outros cientistas e nutricionistas.
Claire Bowring, da Sociedade Nacional de Osteoporose, da Grã-Bretanha, disse que não recomenda a ninguém aumentar o consumo de álcool com base no resultado dos estudos.
– Enquanto pequenas quantidades de álcool parecem trazer benefícios para a densidade óssea, já se demonstrou que o consumo em quantidades maiores enfraquece os ossos e aumenta o risco de fratura –, disse ela à agência britânica de notícias Press Association.
– Também há muitas outras preocupações de saúde relacionadas ao álcool que não podem ser ignoradas –, diz.
Catherine Collins, nutricionista do hospital-escola St. George, em Londres, observa que as quantidades necessárias de consumo de silício são pequenas e seus benefícios para os ossos menos importantes do que os relacionados ao consumo de cálcio e vitamina D.

Banho de sol aumenta libido masculina

Um estudo feito por pesquisadores na Áustria sugeriu que o banho de sol pode aumentar a libido masculina pois a vitamina D produzida eleva a concentração de testosterona no sangue.
Boa parte da vitamina D é sintetizada pela pele ao ser exposta à luz do sol e o restante é proveniente dos alimentos.
O estudo, divulgado na revista Clinical Endocrinology, incluiu 2.299 homens e constatou que os homens tinham uma concentração menor tanto da vitamina quanto do hormônio durante o inverno e uma concentração mais alta no auge do verão.
A testosterona pode ter um impacto sobre a libido e os níveis de energia do homem.
Ela também tem funções essenciais tanto em homens quanto em mulheres, mantendo a força muscular e a densidade óssea.
Winfried Marz e seus colegas que participaram do estudo disseram que os cientistas deveriam agora verificar se suplementos de vitamina D têm o mesmo efeito sobre a testosterona.
Ad Brand, do Sunlight Research Forum, na Holanda - uma organização sem fins lucrativos criada para informar o público sobre as descobertas científicas sobre os efeitos do sol sobre a saúde disse:
– Os homens que cuidam para que o seu organismo tenha um suprimento de vitamina D suficiente estão fazendo algo bom para os seus níveis de testosterona e sua libido, além de outras coisas.
Mas especialistas em câncer advertem que exposição excessiva ao sol é prejudicial à saúde.
Allan Pacey, especialista em andrologia da Universidade de Sheffield, disse: "Nós sabemos que, em termos médicos, nós podemos aumentar a libido e o bem-estar geral dos homens com baixa concentração de testosterona através de uma terapia de reposição hormonal."
– Mas isso é dentro de um conjunto determinado de circunstâncias clínicas em que a produção de testosterona é baixa.
– Se um homem saudável nota mudanças significativas durante o ano todo não é tão claro e eu recomendaria aos homens que tenham bom senso se usarem camas de bronzeamento nos meses de inverno por causa dos riscos associados ao uso excessivo.
Jessica Harris, da Pesquisa do Câncer da Grã-Bretanha, também advertiu contra a exposição excessiva ao sol e lembrou:
– As pessoas também podem aumentar sua concentração de vitamina D comendo mais alimentos como peixes oleosos, tais como salmão, truta ou cavala.

Obesos e diabéticos têm 7 vezes mais chances de morrer de gripe suína

Portadores de obesidade, diabetes e colesterol elevado têm 7,58 vezes mais chances de morrer se contraírem a gripe suína do que pessoas que não apresentam estes problemas.
A constatação faz parte de estudo realizado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de São Paulo no Brasil. O levantamento, divulgado, analisou 10.249 casos da doença notificados pelos municípios paulistas, até 7 de dezembro de 2009.
O estudo pode ajudar na definição dos grupos prioritários que serão vacinados na campanha nacional de imunização contra gripe suína. Já entre os portadores de câncer e HIV as chances de óbito por gripe A (H1N1) são 4,17 maiores.
O risco de portadores de doença renal crônica morrerem após contraírem o novo vírus é 3,72 vezes maior, segundo o estudo, com 19,4% de mortes entre 98 casos com a doença. As chances de óbito são 3,40 vezes mais altas entre os cardiopatas crônicos e 1,94 vezes entre os tabagistas.
Entre as mulheres grávidas, o risco de morte para aquelas que estão no segundo ou terceiro trimestre de gestação é 4,3 vezes maior do que para aquelas no primeiro trimestre, segundo o estudo da Secretaria.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Fumo e aneurisma

Agência FAPESP – O risco de quem fuma ter um aneurisma aumenta significativamente se o indivíduo for portador de certas variantes genéticas comuns. A afirmação é de um estudo apresentado na Conferência Internacional da American Stroke Association's, realizado na semana passada em San Antonio, no Texas.

Joseph Broderick, professor da Universidade de Cincinnati, e colegas identificaram que as chances de desenvolver um aneurisma intracraniano aumentaram entre 37% e 48% para pessoas que tinham as variantes presentes nos cromossomos 8 e 9.

Mas, quando a presença desses genes era combinada com o hábito de fumar o equivalente a um maço de cigarros por dia, o risco aumentava mais de cinco vezes, de acordo com a pesquisa.

“É como acender um fósforo: fumar aumenta grandemente o risco de aneurisma em pessoas com susceptibilidade genética”, disse Broderick.

O estudo ressalta que o cigarro é a principal causa ambiental de aneurisma intracraniano. De 70% a 80% dos casos de aneurismas ocorrem em indivíduos que fumavam. No estudo, 82,5% dos participantes fumou em algum período da vida.

Aneurismas intracranianos também ocorrem em vários membros de famílias suscetíveis. Aneurisma é a dilatação irregular de uma artéria que pode se romper ou trombosar. O rompimento pode levar a uma hemorragia do tipo subaracnóidea. Quando isso ocorre, cerca de 40% dos pacientes morrem e a maior parte dos demais experimenta problemas sérios causados por danos ao cérebro promovidos pelo rápido sangramento.

Os cientistas examinaram 406 pacientes de famílias com pelo menos dois casos de aneurisma intracraniano e 392 outras pessoas no grupo de controle.

“É uma mensagem importante para os membros de famílias com casos de aneurisma: se você fumar estará multiplicando a predisposição genética”, disse Broderick. Segundo o pesquisador, todos os membros de famílias com casos de aneurisma intracraniano deveriam simplesmente parar de fumar.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Portadores de doenças raras ainda encontram dificuldades

No Dia Mundial das Doenças Raras – lembrado neste domingo em mais de 30 países – a Sociedade Brasileira de Genética Médica e a Aliança Brasileira de Genética alertam que os brasileiros que se encontram nessa situação ainda enfrentam dificuldades para conseguir diagnóstico e tratamento, sobretudo no Sistema Único de Saúde (SUS).

Alguns tipos de doenças são classificadas como raras quando afetam menos de uma pessoa para cada grupo de 2 mil. Mas a representante da Aliança Brasileira de Genética, Martha Carvalho, lembrou que o total de brasileiros afetados por doenças raras é representativo e demanda políticas públicas urgentes.

Mãe de um rapaz de 30 anos portador da Síndrome do X Frágil, Martha destacou que 80% das doenças raras têm origem genética. Ela e outros dois irmãos possuem uma mutação que chegou a ser passada a cinco membros da família até que o diagnóstico fosse feito.

– Imagine a dimensão disso, quantas pessoas nasceram [com a síndrome] porque nenhum profissional suspeitou de causa genética. É uma questão de saúde pública, não só de família, porque pode ser prevenida – alerta.

Para ela, uma das maiores urgências é que o governo brasileiro incentive investimentos, sobretudo na produção de medicamentos para doenças raras, geralmente de alto custo.

Martha considera como uma ação importante a revisão dos currículos dos cursos de medicina no país, já que muitos médicos não são capacitados corretamente para atender a demanda na área de genética. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica, Salmo Raskin, há mais de 200 geneticistas atuando no Brasil e a saída poderia ser que cada um deles coordenasse um centro de referência para o treinamento de outros profissionais de saúde.

– Falta visibilidade e isso não deveria ser a coisa mais importante para uma política pública, mas sim se a questão se tornou epidemiologicamente importante. É um absurdo – reclamou, ao lembrar que, no Hemisfério Norte, as doenças raras estão entre as principais causas de mortalidade infantil.

Em países do Hemisfério Sul, segundo ele, as doenças raras são negligenciadas em decorrência do alto número de mortes em crianças provocadas pela desnutrição e a diarréia, por exemplo.
Ainda não foi feito um mapeamento dos portadores de doenças raras no país. Mas a Aliança Brasileira de Genética contabiliza mais de 600 mil pessoas.